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NERVOSISMO A TODA PROVA E ERRO CRUCIAL DA ARBITRAGEM

Jogando em São Paulo, a Seleção Brasileira derrota a Croácia de virada por 3×1 graças a grandes atuações de Oscar e Neymar, além de erro do árbitro Yuichi Nishimura ao marcar penalidade a favor do Brasil. E não ficou apenas nisso. As emoções do jogo inaugural da Copa do Mundo do Brasil foram marcadas por autogol brasileiro, hino novamente cantado à capela e xingamentos mal-educados à presidente brasileira vindos de parte da torcida.

NOT PKO clima era predominantemente de alegria em São Paulo e no restante do País apesar dos rumores de protestos e guerra campal nas ruas das cidades, os torcedores estrangeiros estavam integrados aos locais brasileiros e a festa predominava nos bares e pontos turísticos.

Foi nessa atmosfera de festa que, logo após ao evento de abertura do Mundial, Brasil e Croácia foram a campo para iniciar os trabalhos da mais que esperada Copa do Mundo.

neymar jrComo ocorrera durante toda a Copa das Confederações, o público brasileiro presente cantou com gana o Hino Nacional e continuou a fazê-lo após sua tradicional interrupção. Momento emocional que a torcida brasileira seguramente transformará em padrão no restante da participação a Seleção. Entusiasmo acompanhado pelos jogadores.

E a Copa Brasileira conheceria logo aos 10 minutos de bola em jogo o gol inaugural do torneio de forma inusitada. Em lance fortuito, Ivica Olic, que já havia levado perigo em lance em cabeceio ao gol brasileiro, cruzou para Nikica Jevalic que apenas tocou de leve na bola, desviando-a de leve o suficiente para tocar em Marcelo e entrar. Gol contra brasileiro a favor da Croácia.

CROATIA GOLO Brasil apresentava muito nervosismo como produto de emoção e responsabilidade de atuar em casa. Sentimento que dissipar-se-ia aos poucos após o gol sofrido.

Para buscar o empate foi necessário o talento desequilibrador de Neymar Jr. que chutou rasteiro e colocado de longa distância na trave e, em seguida, para dentro do gol. Grande prestação de Oscar que roubou a bola e serviu Neymar no lance.

Apesar do gol, a partida continuou a apresentar nervosismo por parte dos anfitriões e consciência coletiva dos croatas que preenchiam os espaços e saíam em velocidade para atacar. Tudo isso apesar dos desfalques de Mario Mandzukic e do lateral esquerdo Danijel Panjic.

Na 2ª etapa, a história da partida começaria a mudar por conta de erros do árbitro Yuichi Nishimura. O mais grave deles foi o lance gerador da penalidade que originou o segundo gol brasileiro. Passe de Oscar para Fred na área, leve contato com Dejan Lovren, Fred ao chão e penalidade inexistente marcada. Em seguida, cobrança de Neymar Jr., o goleiro Stipe Pletikosa toca na bola, mas insuficiente para evitar o gol.

nishimuraAlém do erro de Nishimura no pênalti, o árbitro japonês amarelou Neymar Jr. em cotovelada sobre Luka Modric, além de ter marcado falta duvidosa de Olic sobre Júlio César.

Niko Kovac
Niko Kovac

Pairava cheiro de injustiça no ar que foi amenizada, mas não anulada, com o terceiro gol brasileiro nos acréscimos em chute de bico ao estilo futsal de Oscar.

No final, vitória brasileira por 3×1 e alívio para os brasileiros, contudo muita indignação do lado croata expressa na entrevista pós-jogo do técnico Niko Kovac: “Se alguém viu pênalti em qualquer lugar do estádio, que levante a mão. Eu não consigo levantar a mão. Não acredito que aquilo tenha sido pênalti.” Indignação que ressoou por toda imprensa internacional.

oscarDe resto, fora de campo os destaques foram protestos violentos que resultaram em jornalistas brasileiros e estrangeiros feridos e ofensas dirigidas por parte dos torcedores à Presidente brasileira presente no Estádio. Atitude extremamente grosseira, independente do viés político que qualquer cidadão possa ter.

Quanto aos protestos, este que lhes escreve deixa a velha pergunta no ar: onde estavam os insatisfeitos com a vinda da Copa do Mundo promovida pela FIFA no ano de 2007 (ano da candidatura única e definição do País como sede do Mundial atual)? Agora, o momento de reivindicar é errado.

No que se refere às ofensas à autoridade maior presente, quem estiver insatisfeito com o governo federal que trate de votar em alguém diferente nas próximas eleições. Da mesma forma que os adeptos do atual governo devem apoiar o status quo. O que não se admite é grosseria pública em momento de audiência mundial.

Assim iniciamos e assim caminhamos daqui em diante no Mundial. Que haja Copa do Mundo e que tudo dê certo ao longo do evento.

 

 

EXISTE TRABALHO SENDO FEITO

Da conquista da Copa das Confederações por parte da seleção da CBF, muitas ponderações podem e devem ser feitas, muita coisa ganha espaço, exceto o pachequismo e o desdém ao adversário. Sobretudo em uma época em que o levante popular por buscas de melhorias em searas tão mais importantes que as do futebol nos dá a sensação de vivermos o despertar de uma geração mais crítica e analítica, que deixou de aceitar o pão e circo, bem como o de viver o factível, ante as suposições e os achismos oportunistas. Devemos sim usar dessa nova maneira de enxergar a vida para aplicar ao nosso esporte tão amado.

O tom da crítica ao trabalho realizado até a final do último domingo se deu dentro daquilo que víamos em campo e também fora dele. Ao analisar o jogo jogado dentro de campo, não estamos excluindo a necessidade de continuar de olho nos trâmites do jogo de interesse jogado fora dele. A realização das Copas com suas obras faraônicas sustentadas com dinheiro público continuam, não mudaram em nada. Mas o jogo do time de amarelo praticado no campo de jogo, sim. E é esse o tocante de hoje.

Desdenhar da Espanha é uma tremenda burrice. Seja você um pacheco assumido ou alguém mais contido. Ao diminuir os feitos espanhois nos últimos anos, joga-se por terra qualquer mérito enxergado no time de Felipão. Afinal, a seleção cebeéfiana triturou os atuais campeões mundiais, os bicampeões europeus, que vinham de uma longa e merecedora invencibilidade.

Ponderações acerca da condição física com que os espanhóis chegaram para enfrentar os brasileiros são justas, mas não eliminam o ótimo jogo de Neymar e cia. O time do Felipão variou taticamente. Da marcação pressão implacável nos primeiros minutos, passando pela atuação da dupla de volantes que anulou Xavi e Iniesta, chegando ao perfeito jogo tático de Hulk e Oscar. Recuou quando necessário, fazendo uso enfático de um contra ataque mortal, sobretudo pela esquerda com Marcelo e o genial Neymar. Impossibilitou a fluência do jogo espanhol, que mesmo quando teve posse de bola, pouco ou quase nada produziu. E quando o fez, como no quase gol de Pedro – na única grande jogada do ainda melhor time do mundo – encontrou uma barreira intransponível formada por um revigorado Julio Cesar e uma dupla de zagueiros fenomenal com Thiago Silva e um exuberante David Luiz, que foi ao lado de Neymar e Fred o grande nome da final. Perfeito na marcação, implacável na cobertura e preciso nas antecipações.

Não cabe mais desconfianças a respeito da condição técnica de extraterrestre de Neymar. Se nos times de Mano Menezes e mesmo no início de trabalho de Felipão, sem padrão tático, o cara já era o artilheiro isolado, bastou o acerto do time para que ele enfim brilhasse como dele sempre se espera. Melhor jogador do torneio, autor dos mais belos e decisivos tentos. Incontestável!

O time da CBF termina a Copa das Confederações bem mais bonito. Mas pés no chão são mais que necessários. O resultado não serve para transformar esse no melhor time do mundo. Ele não é, ainda. Espanha e Alemanha continuam alguns passos adiante, com trabalhos muito mais consistentes que este iniciado por Felipão. O título em uma Copa como esta também não é parâmetro para projeções. Nenhuma seleção campeã do torneio repetiu o feito na Copa do Mundo a seguir. O próprio time da CBF de Parreira e depois de Dunga nos serve de espelho. E mesmo esse time de Felipão oscila muito. De bons jogos contra Japão e Itália, a um péssimo diante dos uruguaios e depois um jogo brilhante diante dos espanhóis.

Por ora o que fica é isso. Existe trabalho sendo feito. Ele é bom e tende a ficar ainda melhor.

 

neymarfred

 

ATRAVESSOU A PONTE!

Não deixo de pensar que é um tanto perigoso esse estilo do Corinthians de Tite, de iniciar os jogos um tanto disperso, apagado, para reagir em seguida e incendiar as partidas mais para o final da primeira etapa ou início da segunda. Mas é também verdade que a estratégia tem dado certo. Com um elenco invejável, a meu ver o melhor do país, o treinador tem acertado muito nas substituições. Nestas quartas de final do Campeonato Paulista, mais uma vez deu certo.

A pressão do time da Ponte Preta veio logo no início, e o Timão sentiu. A Ponte jogava de forma organizada, embora também não fosse brilhante. Mas a estratégia de Tite funcionou, o time soube administrar a partida, roubar bolas no meio de campo e armar bons contra-ataques. Numa dessas roubadas de bola, Guerrero tabelou bem com Danilo e  exigiu boa defesa de Edson Bastos. Mas Romarinho estava atento e mandou para a rede, abrindo o placar. Daí em diante, só deu Corinthians. O segundo gol, ainda no primeiro tempo, veio de um inesperado chute de Sheik, indefensável para o goleiro. Guerrero, em pênalti contestado pelos campineiros (Sheik caiu dentro da área em lance duvidoso), deixou sua marca aos dez minutos do segundo tempo. Até porque o centroavante merecia fazer o seu, pelo grande esforço em campo.

Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.
Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.

Daí por diante, o time da Macaca não soube conter o nervosismo, especialmente com Baraka, expulso de campo por pisar em Romarinho, e também com Chiquinho, que sedento por mostrar que poderia ter tido mais chances no Corinthians (não conseguiu mostrar), foi afobado e sem objetividade.

Se pelo lado da Ponte havia Chiquinho reclamando da falta de oportunidades que teve no time da capital, pelo nosso lado havia Pato, ainda reserva neste time do Corinthians, mas que não desperdiçou a chance quando entrou em campo, levou perigo duas vezes ao goleiro Edson Bastos, e na terceira tentativa, em drible que entortou quase metade do time de Campinas, marcou o seu golaço. Em pouco mais de 15 minutos em campo, dividiu com Emerson o título de melhor em campo.

Agora, com a vaga na semifinal e o adversário definido (enfrentará o São Paulo), é hora de pensar no Boca Juniors. Lá, encontra mais um que reclamou de falta de oportunidades enquanto esteve no Timão, o atacante Martinez. Este estaria também com a mesma sede de vingança? Veremos.

As novidades no Corinthians ficam por conta da possível negociação do goleiro Julio Cesar com o Vasco e a inusitada inscrição de Zizao na Libertadores, no lugar de Guilherme Andrade, que ficará seis meses sem jogar, por causa de grave lesão. Uma inscrição para fazer número e marketing, certamente.

zizao
“Libeltadoles da Amélica”

DISTÂNCIA ABISSAL

É o maior clássico do futebol inglês, a rivalidade mais efervescente. Na verdade, rivalidade de clubes que expõe rivalidade entre cidades. Mas, hoje, a distância técnica entre Manchester United FC e Liverpool FC é flagrante e no clássico de Old Trafford não poderia ter havido outro vencedor além dos anfitriões por 2×1 em partida válida pela 22ª rodada da Premier League.

Alex Ferguson e Brendan Rodgers

E foi exatamente isso. Tratou-se de confronto onde a rivalidade esteve mais aflorada que aspectos técnicos, dada a dimensão do jogo.

O motivo? Basta recordar que, de um lado, estava em campo equipe super gigante, liderando a liga mais badalada do mundo com folga e com treinador que já tem sua história confundida com o clube que dirige. Eis o Manchester United de Alex Ferguson. Do outro lado, um Liverpool em reconstrução nas mãos do técnico Brendan Rodgers. O maior campeão inglês da Champions League paga o preço da entressafra.

O quesito de maior equilíbrio no clássico ficou por conta dos artilheiros Robin Van Persie (16 gols) pelo lado do United e o polêmico Luis Suárez (15 gols) do Liverpool.

Item do pacote que tratou de ser vencido por Van Persie que abriria o placar aos 18 minutos de jogo. Impressionante a capacidade do craque holandês em marcar. Já são 17 gols na atual temporada da Premier (apenas 1 gol de pênalti).

Nemanja Vidic ampliou no  2º tempo, mas o recém chegado do Chelsea, Daniel Sturridge, recolocaria os visitantes no jogo em apenas 3 minutos.

Confronto de gigantes: Robin Van Persie marcado por Steven Gerrard

Sturridge ganhou a oportunidade de voltar a viver na sua cidade natal e teve chance de ouro de consagrar-se na nova casa ao receber bola na área para concluir, mas arrematou acima do gol a 5 minutos do final.

Manchester United líder na mesma condição confortável.

A vitória Red Devil no clássico colocou pressão no arquirrival Manchester City que também precisou encarar um clássico na rodada. Em missão ainda mais difícil, os Citizens foram a Londres enfrentar o Arsenal no Emirates Stadium.

Expulsão de Laurent Koscielny complicou o jogo para o Arsenal

E os Gunners voltaram a exibir limitações e sucumbiram em casa perante adversário de envergadura.

É bem verdade que os visitantes encontraram maior facilidade após expulsão de Laurent Koscielny ao cometer penalidade em Edin Dzeko que perderia a cobrança.

Assim, O City utilizou-se da vantagem numérica de jogadores para definir o placar no 1º tempo.

Edin Dzeko marca para o City em Londres

O Arsenal somente teria oportunidade de jogar em igualdade a 15 minutos do final da partida quando Vincent Kompany também foi expulso por entrada em Jack Wilshere.

A equipe de Arsène Wenger até demonstrou espírito de luta, mas foi pouco para reverter quadro desfavorável perante os atuais campeões nacionais.

Os campeões europeus do Chelsea FC recuperaram a 3ª posição do campeonato ao bater o Stoke City graças a ótimo 2º tempo dos Blues e dois gols contra marcados pelo desafortunado Jonathan Walters em vitória por 4×0. Foi a primeira derrota do Stoke como anfitrião na atual temporada da Premier League.

Além da goleada imposta fora de casa, o Chelsea foi ajudado pelo empate entre Queens Park Rangers e Tottenham Hotspur por 0x0. Empate conquistado pelo QPR graças a forte sistema defensivo montado pelo técnico Harry Redknapp, além de duas magníficas defesas do goleiro brasileiro Júlio César. Confira.

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Em outra partida de maior relevância na rodada, o Everton do treinador David Moyes recebeu os galeses do Swansea City. Apesar da expectativa, ficaram sem gols.

Rodada que manteve a distância abissal do Manchester United sobre o rival City, recolocou o Chelsea no 3º posto à frente do Tottenham e provocou pequeno distanciamento do Everton sobre o Arsenal. Ambos ainda sonham com vaga na próxima edição da UEFA Champions League.

Resultados e classificação após 22 rodadas.

Queens Park Rangers 0x0 Tottenham Hotspur

Aston Villa 0x1 Southampton

Everton 0x0 Swansea City

Fulham 1×1 Wigan Athletic

Norwich City 0x0 Newcastle

Reading 3×2 West Bromwich

Stoke City 0x4 Chelsea

Sunderland 3×0 West Ham

Manchester United 2×1 Liverpool

Arsenal 0x2 Manchester City

 

Times

P

J

V

E

D

GP

GC

SG

%

1   Manchester United   55 22 18 1 3 56 29 27 83
2   Manchester City   48 22 14 6 2 43 19 24 72
3   Chelsea   41 21 12 5 4 43 19 24 65
4   Tottenham Hotspur   40 22 12 4 6 39 27 12 60
5   Everton   37 22 9 10 3 35 26 9 56
6   Arsenal   34 21 9 7 5 40 24 16 53
7   West Brom   33 22 10 3 9 31 30 1 50
8   Liverpool   31 22 8 7 7 35 28 7 46
9   Swansea   30 22 7 9 6 31 26 5 45
10   Stoke City   29 22 6 11 5 21 24 -3 43
11   West Ham United   26 21 7 5 9 24 27 -3 41
12   Norwich City   26 22 6 8 8 24 34 -10 39
13   Fulham   25 22 6 7 9 33 38 -5 37
14   Sunderland   25 22 6 7 9 24 29 -5 37
15   Southampton   21 21 5 6 10 28 38 -10 33
16   Newcastle United   21 22 5 6 11 27 39 -12 31
17   Wigan Athletic FC   19 22 5 4 13 23 40 -17 28
18   Aston Villa   19 22 4 7 11 17 42 -25 28
19   Reading   16 22 3 7 12 26 42 -16 24
20   Queens Park R   14 22 2 8 12 17 36 -19 21

NAS FALHAS DE SEUS ARQUEIROS ESTÃO AS ÚNICAS SEMELHANÇAS ENTRE PALMEIRAS E CORINTHIANS.

A semelhança nos roteiros das eliminações de Palmeiras e Corinthians chega a espantar. Algozes campineiros, placares iguais, sequencia de gols sofridos e marcados idem, além das fatais falhas de seus arqueiros titulares.

Entretanto, a semelhança termina aqui. A não ser, claro, que apesar do discurso renovador, o Paulistão ainda seja uma menina aos olhos corintianos.

Em termos práticos, o time de Parque São Jorge não precisava desse Paulistão. O de Parque Antarctica sim. E muito.

Ao Corinthians serve o alerta a uma forma encontrada para parar seu jogo e destruir o pragmatismo de Tite que vem dando tanto resultado.

A Ponte congestionou o meio campo, impedindo que Paulinho fosse o fator surpresa de sempre e eliminando os contra-ataques mortais com Emerson Sheik. Uma espécie de 4-5-1, além de uma exibição de encher os olhos de Renato Cajá, sobretudo no 1º tempo, fez a Ponte mostrar a quem quer que tenha se dado ao trabalho o caminho para dificultar as coisas para o campeão brasileiro.

Não que qualquer um possa repetir o feito, mas está dado um dos caminhos de pedras.

Quanto a Julio Cesar a situação é complexa. Sacar o arqueiro em má fase ou dar a ele o moral perdido? Se sacá-lo poderá seu sucessor dar conta do recado em uma fase decisiva de Libertadores? Mas e se o mantiver no time titular, Tite assume o risco de ver seu pupilo ser crucificado, caso volte a falhar, o que tem sido bem sistemático. E se mediante novas falhas de Julio o time acabar eliminado da Libertadores?

Trata-se do mesmo tipo de ponderação que Felipão precisa ter em relação a Deola. Mas Felipão tem uma série de outras a fazer, dentre as quais a se é mesmo válida sua permanência no comando do time.

Nunca fui favorável a rompimento de trabalhos. Mas a situação de Felipão começa a extrapolar a boa vontade.

Disse o treinador após a eliminação para o Guarani que “não era nenhum vulcão ou hecatombe”. Não seria se fosse essa uma situação isolada. Mas a isso você soma a eliminação na Sulamericana de 2010, a campanha medíocre no BR10, eliminação no Paulistão 2011, na Copa do Brasil 2011, nova campanha medíocre no BR11 e mais uma eliminação no Paulistão 2012. Além da clara falta de visão do treinador para buscar novas alternativas para o time.

O esquema do time é claramente deficitário no sistema defensivo, apesar de se vender o contrário. Arma-se um meio campo de pouquíssima pegada para que caiba Marcos Assunção e a sua poderosa bola parada. De fato, no começo do ano ela vinha justificando a escolha. Mas há quantos jogos Assunção não marca gols de falta? Nos dois confrontos contra o Guarani pelo Paulistão ele não marcou nenhum. Já o também veterano Fumagalli fez três usando a mesma arma.

E não acho que precisa ser Assunção o sacado. Precisa sim reforçar o meio campo para que a zaga não fique desprotegida, como cansa de ficar hoje em dia. Henrique faz o que pode e mesmo assim é insuficiente. O zagueiro por vezes aparece na armação do time e até em artilheiro tem se transformado.

Se a preservação de Assunção é justa, não acho o mesmo na insistência do treinador por Marcio Araujo. Se ainda fosse um erudito da bola, vá lá. Mas Araujo é apenas esforçado, o que não vem sendo suficiente. João Vitor é tecnicamente bem superior a ele. Tem o mesmo nível na marcação, mas bem mais qualidade na saída de jogo. Além do que se mostra menos destemperado. Mas quando precisou ser mais ofensivo, ao invés de sacar Araujo, Felipão tirou João Vitor.

Entendo que não exista no elenco uma peça para fazer o que Ralf faz no Corinthians, por exemplo. Deveria ser Chico, mas a comparação não procede em aspecto algum. Só que aí é trabalho do treinador buscar opções. Seja no mercado, seja nas categorias de base. Não é possível que não haja alguém que possa ser testado.

Cicinho é outro que não faz por onde merecer toda essa confiança do Velho Bigode. É ofensivo por natureza, mas caiu drasticamente de rendimento. Por natureza deixa uma avenida as costas. Coisa que com Arthur não costuma acontecer. Também por característica, Arthur ataca menos, mas ajuda mais no setor defensivo. E se na esquerda Juninho mantém o bom nível do começo do ano, suas características também o impedem de ser defensivo. O Palmeiras é uma “Nueve de Julio” em sua retaguarda. E o treinador que ganhou fama ao montar sistemas defensivos impenetráveis, parece não enxergar isso.

Felipão tem histórico, tem história e fez história no Palmeiras. Mas talvez seja hora de preservar sua memória junto ao torcedor.

Não cravo que deva ser sua demissão o caminho. Mas também não sou mais tão convicto de que o acerto seja mantê-lo. E a minha indecisão só se faz por não termos no mercado outro técnico que encha os olhos.  A não ser que comece a se olhar para o mercado externo.

 

Cheers,