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Neymar: um 10 de personalidade zero

Antes de dizer que “agora os babacas vão falar merda”, dá uma conferida nesse vídeo do pessoal da página Mais Cinco Minutos, senhor Neymar Jr.

Pela sua visão, tá tudo bacana no nosso esporte, em nosso país, não é mesmo? Inclusive, vossa senhoria andou apoiando certos grupelhos políticos por aí, né? Se lembra? Um tal candidato à presidência meio suspeito.

É fácil falar quando pouco se faz por uma camisa. Dizer que poucos sabem “o que vocês sofrem para estar aí” é uma vergonha homérica. Aberração.

Quer dizer que aquilo que era motivo de orgulho, agora virou algo passível de sofrimento, ou segunda opção? “Ah, deixa eu ver aqui na minha agenda se eu posso servir a minha seleção”.

Baita saco de merda você falou hein, Tois? Era melhor ficar quietinho na sua festa com os “parças”. Aliás, você é um grande jogador, dos melhores do mundo. Pode e deve fazer o que quiser. Isso não se discute.

Como craque que é, sendo o nosso 10, espera-se golaços e grandes jogadas, também, fora das quatro linhas. Porém, o que adianta um 10 de carisma e personalidade zero igual a você? Com posicionamentos questionáveis, marqueteiros, que não contribuem em absolutamente nada para a melhora do futebol? 

E, olha que tem muito camarada nesse vídeo que eu nem vi jogar, mas sei reconhecer que, ao menos, tinham respeito com o POVO (eita povão que anda sumido das arenas excludentes). Esses caras aí, sentiam orgulho de vestir a enferrujada AMARELINHA, que, nos últimos tempos virou símbolo de uniforme contra a democracia.

O futebol brasileiro atualmente é o retrato daqueles que o comandam. Tivemos a chance de mudar quando sofremos nosso maior golpe, em 2014, e ganhamos o Dunga como solução. Parabéns aos envolvidos. Estão no caminho certo, como disse o brilhante Gilmar Rinaldi.

Hoje vivemos a era de credibilidade zero em todas as esferas da nossa sociedade, inclusive a seleção — ou o time da CBF, a principal culpada pelo sepultamento de uma camisa que envergava varais. De um peso absurdo. Duma identidade perdida.

Você é craque, Neymar. Mas do que adianta seus pedidos de desculpas com um texto mais corrigido que esse meu aqui? Por ser essa celebridade toda, sucesso das mídias, músicas e baladas você perdeu a essência. Até o seu sorriso moleque, maloqueiro, da rua, deu lugar aos biquinhos e selfies de mentira, com gente de mentira.

Não é a primeira vez que você se acha acima de todos. Sua personalidade representa perfeitamente os novos tempos: rasos da profundidade de um pires.

O caminho será árduo.

Como diz a música: “SALVE A SELEÇÃO”.

Salvem o Brasil. E aqui não falo só de futebol. O momento é esse.

Em 2014, Neymar apoiou Aécio Neves. Confira:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=TXjmklot7so[/youtube]

NO BRASIL, O ÍDOLO SUCUMBE

Incompetência, mau trato e dívidas exorbitantes são algumas palavras que sintetizam e ajudam a explicar a escassez de ídolos, cada vez mais constante, em nosso esporte bretão.

Embora grande parte das pessoas tivesse certa antipatia, por conta de um ou outro comportamento e da grande exposição midiática, nossa última referência técnica foi Neymar, que, durante quatro anos brilhou pelo Santos e, em seguida, voou para Barcelona – onde, desde o ano passado, é estrela mundial.

Atualmente, a seca é tão grande que temos dificuldades em procurar, ao menos, cinco nomes em times grandes da enfadonha Série A que possuem algum vínculo especial com suas torcidas.

Por outro lado, poucas equipes ainda têm o privilégio de contar com jogadores que nasceram, brilharam lá fora e retornaram “para casa”. Casos de Alex, Ronaldinho Gaúcho, que rescindiu há uma semana seu contrato com o Atlético-MG e, o mais recente, Robinho, que inciou ontem sua terceira passagem pelo Peixe.

Outro fator preponderante para encorpar este atual cenário é a falta de identidade da maioria dos atletas com seus clubes. A relação, antigamente, até certo ponto mais romântica com as cores da camisa, atualmente restringe-se a algo vazio e superficial, fugindo do necessário. Do básico. Do profissionalismo.

Na última temporada europeia, o futebol perdeu três grandes nomes. No Manchester United, a lenda Ryan Giggs pendurou as chuteiras e assumiu a prancheta. O eterno camisa 11 agora compõe a comissão técnica do holandês Louis Van Gaal, novo treinador dos Red Devils.

Na Bota, o torcedor da Internazionale não verá mais seu capitão dentro das quatro linhas. Javier Zanetti, recordista de jogos dos Neunazzuris, com 857 partidas, parou. A partir da próxima temporada, o ex-zagueiro assumirá um cargo importante dentro do clube: será nomeado como vice-presidente. Além disso, a diretoria resolveu aposentar a camisa 4 em forma de homenagem ao argentino pelos serviços prestados.

Pelos lados da Catalunha, Puyol se aposentou e deixou uma carta ao zagueiro Piqué, emocionando a todos em sua despedida no Camp Nou.

É bom deixar claro que jamais nenhum jogador será maior que um clube. Porém, o futebol, em sua essência, sempre foi feito de ídolos. De caras que mantivessem vivas as esperanças do torcedor, representando-os dentro de campo, sejam nas vitórias ou derrotas. Ídolos são fundamentais na formação e caracterização de uma torcida. Ídolo não só leva a marca. Morre com ela. Vira lenda.

Ou M1to.

Rogério Ceni. 41 anos de vida. 25 de São Paulo Futebol Clube. Goleiro-artilheiro. 100 gols. Inúmeras taças, e prestes a mudar de time ao final deste ano. O time do aposentados. Fato é que ele será “o último dos moicanos” em nossos quintais e, principalmente, nos corações tricolores. O último jogador em atividade a simbolizar perfeitamente a palavra ídolo.

Em tempos nos quais a pauta é o baixíssimo nível técnico do Brasileirão, vale ressaltar que a cada dia aparecem novos postulantes a ídolos. Mas, cuidado: dificilmente eles serão. Pois cometem um erro. Jogam para serem ídolos, não para serem humanos.

Esse é o último ano de Rogério Ceni como atleta profissional Crédito: Rubens Chiri / saopaulofc.net

 

UMA GERAÇÃO QUE NÃO MERECE O RÓTULO DO FRACASSO

Na semana da final contra a Espanha, ano passado, pela Copa das Confederações, o medo de perder misturava-se com a pressão que uma derrota às vésperas do Mundial causaria. O time canarinho vinha bem, conquistando resultados importantes e imponentes, passando a devida confiança à torcida, que começou a acreditar e jogar junto.

Por outro lado, ainda faltava o grande teste.

Mais que apenas vencer os melhores do mundo na época, a vitória, além do título, traria de volta a confiança e recolocaria o Brasil junto aos tops do futebol – lugar onde sempre esteve.

Vencemos os espanhóis com autoridade e, um ano depois, a semifinal diante da Alemanha tem o mesmo enredo. Mesmo se Neymar estivesse em campo, teríamos aquela pulga atrás da orelha. A incerteza do sucesso, às vezes, tira a vontade de ganhar. E Felipão sabe disso.

Hoje, sabemos que não somos mais a única referência no futebol. Nos tornamos prevísiveis. Comuns. Mas ainda competitivos. Talvez, nos acostumamos mal com Ronaldos, Romários, Rivaldos e demais craques e, por isso, não temos mais a paciência para esperar o amadurecimento dessa nova safra de bons talentos.

Somos imediatistas por natureza. E, se, caso, formos eliminados diante da boa equipe de Joachim Lowe, entendo que não seria justo eleger um vilão, como sempre fizemos. Até porque, essa geração não merece o rótulo do fracasso.

Seleção brasileira posa para foto antes da estréia no Mundial 2014 Créditos: Vipcomm
Seleção brasileira posa para foto antes da estréia no Mundial 2014 Créditos: Vipcomm

Os quatro semifinalistas têm as mesmas condições de cumprimentar a presidente Dilma no próximo dia 13, no Maracanã, antes de receber a taça de campeão. O Brasil, pelo que já fez, é, sim, um vencedor. Afinal, esta Copa é disputada palmo a palmo, com um equilíbrio que transcende a magia desse esporte.

QUEM SERÁ O NOVO BETINHO?

Em 2012, o Palmeiras de Felipão chegava às semifinais da Copa do Brasil com um dos piores times de sua história. O caminho até a conquista foi árduo, duro, dramático e emocionante. Tendo a cada jogo, um capítulo especial, em que a superação de limites se tornava o ponto forte daquele grupo limitado.

Enquanto todos pintavam uma classificação tranquila do favorito e badalado Grêmio, eis que aconteceu o “impossível”.

A camisa alviverde envergou o varal e a vaga na final veio graças às poucas referências técnicas daquele elenco. Barcos foi decisivo no Sul. Já Valdívia, selou a vaga em São Paulo, com um belo gol no fim da batalha de Barueri.

Porém, às vésperas da finalíssima, uma notícia ruim tirou do torcedor palestrino o sorriso da confiança de viver após tanto tempo uma decisão. Com uma crise de apendicite, o camisa 9 argentino ficou de fora da partida contra o também “favorito” Coritiba, que, de forma consecutiva, chegava novamente a disputa do título. 

Em Copas do Mundo, na campanha do bi, em 1962, no Chile, Pelé se lesionou e, em seu lugar, entrou o botafoguense Amarildo, apelidado pelo eterno Nelson Rodrigues de “possesso”.

Amarildo foi um coadjuvante de luxo para Garrincha conduzir a Seleção ao topo do mundo novamente. 52 anos depois, na aguardada Copa no Brasil, nos perguntamos agora quem será o novo Amarildo, dos 23 comandados de Scolari, diante da Alemanha, no Mineirão. E Garrincha? De fato, não sabemos. Talvez, não teremos nenhum dos dois. Teremos força. Como teve aquele Palmeiras de 2012.

Garrincha e Amarildo foram peças fundamentais na conquista do bi Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo
Garrincha e Amarildo foram peças fundamentais na conquista do bi Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo

O provável aponta para as entradas de Bernard ou Willian. Entretanto, uma duvida paira no ar quanto a capacidade desses jogadores substituírem Neymar. Ao certo, nos bastidores, a estrela de Felipão costuma ser extremamente decisiva em momentos de tensão.

Há dois anos, o Palmeiras perdia seu principal atacante para aquela que seria a sua “final de Copa do Mundo”. O Bigode, por sua vez, inventou o desconhecido e recém-chegado Betinho, motivou ainda mais seus jogadores com tudo que havia acontecido e o resultado final todos sabem.

Óbvio que a proporção das competições não tem comparação, não cabe. Mas, após a confirmação da ausência de Barcos, parecia que estava tudo perdido. Assim como aconteceu na última sexta-feira, após o anúncio da lesão de Neymar, que teve uma das vértebras fraturadas pelo colombiano Camilo Zúñiga.

O Brasil está vivo. Vivíssimo. E quem acha o contrário, de fato, não conhece o “modo felipônico” de trabalhar.

Em 2012, o desconhecido Betinho fez o gol do título do Palmeiras Crédito: Getty
Em 2012, o desconhecido Betinho fez o gol do título do Palmeiras
Crédito: Getty

BESTAS OU BESTIAIS

É inegável que as maiores expectativas em torno de atuações individuais nesta Copa se dão em torno de Neymar, Messi e CR7. Como já destaquei em textos recentes, Alemanha, Espanha e Holanda possuem equipes excelentes, mas não contam com um “fora de série” e apostam suas fichas na força de seus conjuntos.

Na estreia brasileira Neymar não foi brilhante, mas quando precisou mostrar seu talento, ele não decepcionou. A mesma coisa aconteceu com a Argentina de Messi. Se o ex melhor do mundo não encheu os olhos com sua atuação, lhe bastou apenas um momento de brilho pra encaminhar a vitória hermana na estreia.

Neymar tem o suporte de uma equipe mais coesa que a Argentina de Messi, mas com um poderio ofensivo evidentemente inferior. Ambos carregam seus pesos nos ombros, sendo Neymar a de conduzir os donos da casa ao título, ainda que com apenas 21 anos de idade, em sua primeira Copa. Já Messi chega para a sua terceira Copa, mas a primeira onde claramente os olhos do mundo aguardam ansiosamente uma atuação a altura do que ele já cansou de fazer pelo Barcelona. A Copa de 2014 está para Messi como a de 2006 esteve para Ronaldinho Gaucho. Lá o brasileiro naufragou junto do insosso time de Parreira.

Neymar em um jogo de Copa tem 2 gols, Messi em 3 Copas chegou ao mesmo número. Isso não quer dizer nada, mas aponta a indigesta situação a qual Messi terá que conviver.

A situação de Cristiano Ronaldo é claramente mais complexa. O melhor do mundo atua por uma seleção que não lhe dá, nem de longe, condições de sonhar com o título. Ainda assim a cobrança lhe chega como se assim fosse.

Sua estreia, no entanto, não pode ser considerada decepcionante. Visivelmente fora das melhores condições físicas, até que começou bem o jogo diante da favorita de muitos, a Alemanha. Buscou jogo e encontrou certa esperança na postura inicial ofensiva da seleção portuguesa. Mas o gol em um pênalti – que pra mim não foi – seguido da expulsão do destemperado Pepe, além das lesões de Hugo Almeida e Coentrão, minaram as parcas esperanças do Bigode. CR7 sucumbiu, a Alemanha impôs o seu ritmo forte e não venceu por mias por que tirou o pé no segundo tempo.

Neymar e Messi seguem suas vidas “tranquilas” na primeira fase, diante de adversários do escalão intermediário da bola, enquanto CR7 terá que juntar os cacos portugueses e, mesmo contra seleções também inferiores a sua, lutar contra a maré negativa, o forte revés da estreia, além da má vontade de muitos.

A mesma má vontade que certamente terão que conviver Neymar e Messi, dependendo dos papéis de suas seleções na continuação do mundial.

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