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CHANCE DE FAZER HISTÓRIA

Por João Paulo Tozo

Mais que conquistar a Copa Sulamericana, o que motiva o desacreditado time da Ponte Preta rumo aos inesperados resultados é a chance de fazer uma história, de reescrever uma história, a partir de um time campeão.

A caminhada da Ponte Preta na Copa Sulamericana pode ser considerada como “sorte de campeão”, afinal o time está praticamente rebaixado no Brasileirão e traz seus triunfos na competição continental na base da superação, muitas vezes aproveitando as poucas/ únicas chances que aparecem – vide duelo contra o Velez.

Os comparativos com a temporada 2012 do Palmeiras saltam aos olhos do mais atento. Mas há uma diferença crucial nas trajetórias: o calendário.

O Verdão de Scolari foi campeão da Copa do Brasil também desacreditado. Eliminado nas semifinais daquela edição, Vanderlei Luxemburgo, então técnico do Grêmio, usou desse discurso para justificar o feito alviverde. Para ele, o time que viria ser campeão invicto, contava muito mais com o fator sorte do que qualquer outra coisa.

Havia certo exagero do professor. Aquele Palmeiras encarou a Copa do Brasil como a chance de salvar o ano, até pela formatação da competição e amparado pelo histórico copeiro de Luís Felipe Scolari.

Mas o Palmeiras sagrou-se campeão da Copa do Brasil na metade do ano, tendo ainda o restante da temporada para tentar se livrar do rebaixamento no BR12, que ao final do ano se confirmou. Com a Ponte a situação é diferente. As competições ocorrem simultaneamente e suas fases decisivas estão intercaladas.

É claro que há também uma nítida diferença técnica entre os adversários que a Macaca encara nos certames do nacional e sulamericano, mas existe algo que impacta explicitamente no comportamento da equipe – a chance de fazer história.

Clube profissional mais antigo do país, a Ponte Preta fez sua estreia em competições internacionais somente em 2013, exatamente nesta edição da Copa Sulamericana. Desacreditada, desafiada pelo passado de glórias mais acentuado do seu grande rival da cidade, posta como o time simpático da ocasião. O tipo de denominação que clube algum gosta de ter.

Sagrar-se campeã pela primeira vez, sendo em campos internacionais, ainda que em uma competição de segundo escalão, pode e deve apagar qualquer decepção pelo provável rebaixamento. Essa briga, certamente já presente na planificação da equipe no início da temporada. Ser campeã sulamericana não.
Nem o mais entusiasmado torcedor ponte pretano contava com uma caminhada tão cheia de encantamento.

A chance de fazer história é o principal motor que alavanca esse modesto, mas bravo time rumo ao título inédito. Mais que o titulo internacional, mas o título. O êxito. A chance de conseguir soltar de uma vez por todas o tão libertador grito de “é campeão”.

ponte semi

ALEX: O CAMISA 10 QUE O BRASIL “NÃO TEM”

Em noite de Fluminense 1X0 Cruzeiro, Corinthians 2X0 Grêmio, o jogo espetacular ficou mesmo por conta de Coritiba 5X3 Ponte Preta. Com direito a duas situações de viradas e mais uma atuação genial do meia Alex.

Números simplesmente já não explicam mais a autoridade técnica que o camisa 10 do Coxa impõe ainda em campo, do alto de seus 35 anos. Mas eles poderiam aqui constar. São títulos, recordes, estatísticas suficientes para credencia-lo a ser um dos maiores da história do futebol brasileiro.

“Mas falta a seleção para marca-lo”, dirá o torcedor com senso crítico menos apurado.

Falta mesmo?

Nem cabem mais exemplos de jogadores extraordinários que não conseguiram conquistar uma Copa ou sequer tiveram na seleção da CBF uma história compatível ao que fizeram em seus clubes. Em contrapartida, outros tantos de qualidade técnica questionável (sendo bem polido) obtiveram “êxito” em seleções, em Copas, mas suas trajetórias em clubes não lançaram em suas carreiras a luz do inquestionável.

Importantes são os clubes, não a seleção. São nos clubes, em temporadas inteiras, em 70, 80 jogos, que um jogador mostra o merecimento da alcunha craque. Não serão 7 partidas enfiadas no meio de temporadas que definirão a importância de A ou B.

Copas são legais, nos permite assistir embates entre escolas diferentes do mesmo esporte. Tem o choque cultural, histórico, de retórica nos gramados. Mas para o craque, se ele não fizer 7 jogos impecáveis, mas na temporada for determinante para que em 80 partidas seu clube tenha êxito, estará feito o seu trabalho. Está marcado o seu nome. Está feita a sua história.

É assim com o genial Alex, que em 2002 foi preterido por Felipão na Copa, após ter feito parte de todo o período preparatório. A escolha do Bigode por Ricardinho nunca ficou muito clara. O título conquistado posteriormente diminuiu qualquer tentativa de ruído, bem como pela exclusão de Romário. Mas ali as portas do time da CBF praticamente se fecharam para Alex, que depois nunca mais fez questão de ser lembrado, preferindo ser história na Turquia, onde hoje virou estatua, virou ídolo.

Verdade seja dita. Lobby nunca lhe faltou. Dentre todos os defeitos que se enxerga em veículos de imprensa esportiva, não se lembrar de Alex na seleção não consta. E ainda que o mote da ausência de um 10 cerebral seja retomado em toda convocação amarela, desde 1996, quando Alex despontou no Coxa, ela nada mais é que uma tremenda muleta adotada, uma falácia jogada aos ventos.

O Brasil não produz mais camisas 10 cerebrais. Mas isso não quer dizer que não o tenha. Tem e faz tempo. Tempo que parece não impactar no futebol desse soberbo Alex. Camisa, futebol e perfil nota 10.

ALEX
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Divirtam-se com alguns números do footstats, em matéria da ESPN, que apontam a produtividade de Alex, sozinho, superior a de muitos times milionários da série A:

ATRAVESSOU A PONTE!

Não deixo de pensar que é um tanto perigoso esse estilo do Corinthians de Tite, de iniciar os jogos um tanto disperso, apagado, para reagir em seguida e incendiar as partidas mais para o final da primeira etapa ou início da segunda. Mas é também verdade que a estratégia tem dado certo. Com um elenco invejável, a meu ver o melhor do país, o treinador tem acertado muito nas substituições. Nestas quartas de final do Campeonato Paulista, mais uma vez deu certo.

A pressão do time da Ponte Preta veio logo no início, e o Timão sentiu. A Ponte jogava de forma organizada, embora também não fosse brilhante. Mas a estratégia de Tite funcionou, o time soube administrar a partida, roubar bolas no meio de campo e armar bons contra-ataques. Numa dessas roubadas de bola, Guerrero tabelou bem com Danilo e  exigiu boa defesa de Edson Bastos. Mas Romarinho estava atento e mandou para a rede, abrindo o placar. Daí em diante, só deu Corinthians. O segundo gol, ainda no primeiro tempo, veio de um inesperado chute de Sheik, indefensável para o goleiro. Guerrero, em pênalti contestado pelos campineiros (Sheik caiu dentro da área em lance duvidoso), deixou sua marca aos dez minutos do segundo tempo. Até porque o centroavante merecia fazer o seu, pelo grande esforço em campo.

Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.
Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.

Daí por diante, o time da Macaca não soube conter o nervosismo, especialmente com Baraka, expulso de campo por pisar em Romarinho, e também com Chiquinho, que sedento por mostrar que poderia ter tido mais chances no Corinthians (não conseguiu mostrar), foi afobado e sem objetividade.

Se pelo lado da Ponte havia Chiquinho reclamando da falta de oportunidades que teve no time da capital, pelo nosso lado havia Pato, ainda reserva neste time do Corinthians, mas que não desperdiçou a chance quando entrou em campo, levou perigo duas vezes ao goleiro Edson Bastos, e na terceira tentativa, em drible que entortou quase metade do time de Campinas, marcou o seu golaço. Em pouco mais de 15 minutos em campo, dividiu com Emerson o título de melhor em campo.

Agora, com a vaga na semifinal e o adversário definido (enfrentará o São Paulo), é hora de pensar no Boca Juniors. Lá, encontra mais um que reclamou de falta de oportunidades enquanto esteve no Timão, o atacante Martinez. Este estaria também com a mesma sede de vingança? Veremos.

As novidades no Corinthians ficam por conta da possível negociação do goleiro Julio Cesar com o Vasco e a inusitada inscrição de Zizao na Libertadores, no lugar de Guilherme Andrade, que ficará seis meses sem jogar, por causa de grave lesão. Uma inscrição para fazer número e marketing, certamente.

zizao
“Libeltadoles da Amélica”

NÃO COMPLIQUEM O INCOMPLICÁVEL. NÃO COMPLIQUEM O FUTEBOL

Independentemente da camisa em campo, erros grotescos cometidos pela arbitragem tem comprometido o espetáculo e revoltado os torcedores neste BR12. Digo num âmbito geral. É uma vergonha! Que vem sucessivamente ocorrendo há anos e nenhuma providência séria tem sido tomada.

Permitir que alguns campeonatos sejam decididos por erros de árbitros é inaceitável, concordo.
Mas criar neles uma teoria da conspiração buscando  justificar o péssimo futebol apresentado em campo é papo de arquibancada.

Infelizmente tal sina tem acontecido com o Fluminense, atual líder do Brasileirão, que está há duas vitórias de se tornar Tetracampeão Nacional.

No jogo do último domingo, contra a Ponte Preta, em São Januário, a equipe de Abel Braga penou para sair com os três pontos na conta.

Logo no inicio, o garoto Luan – não aquele – acertou um chutaço no ângulo do ótimo goleiro Diego Cavalieri, abrindo o placar para a Macaca. 1-0.

Rival direto pelo caneco, porém ainda longe do líder, o Atlético-MG, que também venceu na rodada com polêmica envolvendo a arbitragem, agradecia ao céus a derrota do primeiro colocado. No caso do Galo,  se confirmado fosse o revés do tricolor das laranjeiras, a distância seria diminuída para 6 pontos, tendo confronto direto daqui dois jogos. O Grêmio, por sua vez, jogava no mesmo horário. Vencia seu jogo em casa por 1 a 0, contra o Botafogo. A festa azul já era tida como certa, afinal quarta-feira teremos simplesmente Grêmio x Fluminense.

Rodada perfeita para os amantes do futebol e adversários do Fluminense! Alguns já diziam que enfim o campeonato pegaria fogo. Mas não foi dessa vez.

Dois lances capitais, no Rio de Janeiro, mudariam tudo.

O primeiro, um lance passivo de interpretação. Bola na mão ou mão na bola? Eis a questão. Coube então ao árbitro tomar a decisão baseada em seus critérios: pênalti. Fred bateu e conferiu, empatando a partida.

Toque na bola com o braço de Luan: lance interpretativo. Créditos: Blog do Mauro Cezar Pereira

10 minutos depois, erro grave do juiz. Desta vez não houve falta. O jogador da Ponte Preta é nitidamente agarrado pela camisa por seu oponente, Marcos Júnior. Falta. Porém, na visão do árbitro – que devido o montante de criticas que recebera, logo após o jogo fora afastado – a falta foi marcada, só que erroneamente para o Fluminense. Wagner bateu e encontrou a cabeça de Gum, que com um leve desvio virou a partida. 2-1 Flu. Liderança assegurada. Polêmica no ar!

Marcos Júnior agarra Renê Junior, falta não marcada em favor do time de Campinas. Créditos: Blog do Mauro Cezar Pereira

Tirando os dois equívocos, vale ressaltar que o Fluminense jogou muito bem e mereceu a vitória. Aliás, vem merecendo, no campo, ser Campeão. Mas infelizmente os corriqueiros erros de arbitragem insistem em manchar a brilhante campanha tricolor. Uma pena.

Pois bem, assim que Nielson Nogueira Dias colocou ponto final no jogo de São Januário, não faltaram provocações em redes sociais acusando o clube carioca de receber favorecimento da CBF nas últimas quatro partidas.

Na minha opinião, a verdade é uma só: todos os clubes estão sendo prejudicados pela incapacidade técnica dos chamados “árbitros”. Porém, nos últimos jogos é fato que a favor do líder da Série A erros gritantes e passiveis de contestações tem acontecido. Mas não vejo como culpa do Fluminense, mas sim de quem apita. De quem comandada os tais apitadores. É estranho.

A filosofia deste site é não puxar sardinha para A, B, C ou D. Não ficar em cima do muro também faz parte de nossa cultura. Prezamos pelo jogo limpo. Afinal, o futebol é um esporte dos jogadores, não dos árbitros. Árbitro nenhum deve ser protagonista de uma partida de futebol. Quando sua presença não é notada, é sinal que foi bem. Fez seu papel.

Ou é tomada uma posição severa quanto aos inúmeros erros desta máfia do apito, ou seremos obrigados a debater futuramente a veracidade e o merecimento de alguns títulos. Como é obrigado a debater, por exemplo, o corintiano, sobre o título de 2005. O botafoguense, sobre o de 1995 e por aí vai…

Queremos apenas a aplicação da regra. Queremos, sobretudo, transparência. Exigimos justiça no futebol. Principalmente fora dele.
É falta? Marquem. Não é? Deixem seguir. É simples.

Não compliquem o incomplicavél. Não compliquem o futebol!

Edilson Pereira de Carvalho foi punido pelas falcatruas em 2005 Crédito: Gazeta Press

COM A MARCA DO ARTILHEIRO

15 partidas. 14 gols. Este é Bruno Mineiro – o artilheiro lusitano. O artilheiro do Brasil.

Com a saída de Edno no início do ano, o setor ofensivo rubro-verde ficou fraco, carente.
Embora com um sobrenome divino, Ricardo Jesus não fez milagres durante sua rápida passagem pelo clube. De fato, não agradou. Era necessário então a contratação de um autêntico camisa 9. Um oportunista. Um goleador. Um cara que resolvesse os problemas do time.

No mercado, as opções de qualidade estavam cada vez mais escassas. Fora o dinheiro em caixa, que era pouco.
E outra: quem seria o louco de aceitar jogar num clube rebaixado no Paulistão e aspirante a tal no Brasileiro? Sim, por incrível que pareça, havia um “louco”.

Artilheiro pelo Atlético-PR no Campeonato Estadual deste ano, a diretoria da Portuguesa, na base da sorte, achava um tal de “Bruno Mineiro”, que sem brilho por onde passou, sempre tratou de deixar seus golzinhos.

A partir daí, da zona de rebaixamento à parte intermediária da tabela, um novo panorama se instaurou no clube do Canindé.

Geninho, que chegou sob a desconfiança de todos, aos poucos ganhou o grupo e formou uma família. O time encorpou, ganhando padrão tático e o mais importante: confiança! Mas o grande diferencial da equipe seria a presença do artilheiro no comando de ataque. O time jogaria em sua função. Ele seria o craque!

E foi assim, em noite inspirada de Bruno Mineiro, que deixou sua marca três vezes, assumindo a artilharia da competição, com 14 gols, que a Portuguesa atropelou o Sport Recife no Canindé por 5 a 1 e se distanciou de vez da luta contra o rebaixamento.

DETALHE: os cinco gols marcados pela Lusa foram anotados por ex-jogadores do Leão da Ilha. E para piorar ainda mais a vida dos pernambucanos, foi de BM9, inclusive, o gol que garantiu o acesso da equipe para a Série A no ano passado. Que fase!!!

Bruno Mineiro comemora um dos três gols contra o Sport Recife (Foto: Ale Vianna / Ag. Estado)

ARTILHEIROS EM CLUBES DE MENOR EXPRESSÃO
Conversando com Yuri, colega de faculdade e seguidor do Ferozes FC, discutíamos sobre os tais artilheiros que se dão bem em times de menor expressão. Porém, quando recebem a grande chance da carreira em times maiores, não correspondem como esperado. Destes, temos inúmeros exemplos, mas citávamos um em especial: Roger, atualmente na Ponte Preta.

Refrescando um pouco a cuca, para quem não se lembra Roger passou – sem deixar o mínimo de saudades – por São Paulo e Palmeiras, respectivamente. Fora que rodou o Brasil e o mundo até voltar a Ponte Preta, clube que o revelou. De fato é que o atual camisa 9 da Macaca sempre deixou sua marca por onde passou. Entretanto, quando jogou em time grande nunca foi protagonista. Nunca foi artilheiro.

Roger, em tempos de São Paulo

– Com todo respeito do mundo as agremiações em que já passou, mas será que se lhe for concebida a chance de atuar em um clube de ponta do Eixo Rio-SP ou Sul/Minas, Bruno Mineiro se dará bem? Tenho lá minhas dúvidas. Pois certos jogadores parecem que nascem predestinados a jogar somente em equipes menores.

O mais provável é que se confirmada sua artilharia ao final do campeonato, propostas não irão faltar.

Só para constar, Aloísyo, único destaque do fraco Figueirense, já desperta forte interesse do São Paulo para a próxima temporada.

Até a próxima!