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NAS FALHAS DE SEUS ARQUEIROS ESTÃO AS ÚNICAS SEMELHANÇAS ENTRE PALMEIRAS E CORINTHIANS.

A semelhança nos roteiros das eliminações de Palmeiras e Corinthians chega a espantar. Algozes campineiros, placares iguais, sequencia de gols sofridos e marcados idem, além das fatais falhas de seus arqueiros titulares.

Entretanto, a semelhança termina aqui. A não ser, claro, que apesar do discurso renovador, o Paulistão ainda seja uma menina aos olhos corintianos.

Em termos práticos, o time de Parque São Jorge não precisava desse Paulistão. O de Parque Antarctica sim. E muito.

Ao Corinthians serve o alerta a uma forma encontrada para parar seu jogo e destruir o pragmatismo de Tite que vem dando tanto resultado.

A Ponte congestionou o meio campo, impedindo que Paulinho fosse o fator surpresa de sempre e eliminando os contra-ataques mortais com Emerson Sheik. Uma espécie de 4-5-1, além de uma exibição de encher os olhos de Renato Cajá, sobretudo no 1º tempo, fez a Ponte mostrar a quem quer que tenha se dado ao trabalho o caminho para dificultar as coisas para o campeão brasileiro.

Não que qualquer um possa repetir o feito, mas está dado um dos caminhos de pedras.

Quanto a Julio Cesar a situação é complexa. Sacar o arqueiro em má fase ou dar a ele o moral perdido? Se sacá-lo poderá seu sucessor dar conta do recado em uma fase decisiva de Libertadores? Mas e se o mantiver no time titular, Tite assume o risco de ver seu pupilo ser crucificado, caso volte a falhar, o que tem sido bem sistemático. E se mediante novas falhas de Julio o time acabar eliminado da Libertadores?

Trata-se do mesmo tipo de ponderação que Felipão precisa ter em relação a Deola. Mas Felipão tem uma série de outras a fazer, dentre as quais a se é mesmo válida sua permanência no comando do time.

Nunca fui favorável a rompimento de trabalhos. Mas a situação de Felipão começa a extrapolar a boa vontade.

Disse o treinador após a eliminação para o Guarani que “não era nenhum vulcão ou hecatombe”. Não seria se fosse essa uma situação isolada. Mas a isso você soma a eliminação na Sulamericana de 2010, a campanha medíocre no BR10, eliminação no Paulistão 2011, na Copa do Brasil 2011, nova campanha medíocre no BR11 e mais uma eliminação no Paulistão 2012. Além da clara falta de visão do treinador para buscar novas alternativas para o time.

O esquema do time é claramente deficitário no sistema defensivo, apesar de se vender o contrário. Arma-se um meio campo de pouquíssima pegada para que caiba Marcos Assunção e a sua poderosa bola parada. De fato, no começo do ano ela vinha justificando a escolha. Mas há quantos jogos Assunção não marca gols de falta? Nos dois confrontos contra o Guarani pelo Paulistão ele não marcou nenhum. Já o também veterano Fumagalli fez três usando a mesma arma.

E não acho que precisa ser Assunção o sacado. Precisa sim reforçar o meio campo para que a zaga não fique desprotegida, como cansa de ficar hoje em dia. Henrique faz o que pode e mesmo assim é insuficiente. O zagueiro por vezes aparece na armação do time e até em artilheiro tem se transformado.

Se a preservação de Assunção é justa, não acho o mesmo na insistência do treinador por Marcio Araujo. Se ainda fosse um erudito da bola, vá lá. Mas Araujo é apenas esforçado, o que não vem sendo suficiente. João Vitor é tecnicamente bem superior a ele. Tem o mesmo nível na marcação, mas bem mais qualidade na saída de jogo. Além do que se mostra menos destemperado. Mas quando precisou ser mais ofensivo, ao invés de sacar Araujo, Felipão tirou João Vitor.

Entendo que não exista no elenco uma peça para fazer o que Ralf faz no Corinthians, por exemplo. Deveria ser Chico, mas a comparação não procede em aspecto algum. Só que aí é trabalho do treinador buscar opções. Seja no mercado, seja nas categorias de base. Não é possível que não haja alguém que possa ser testado.

Cicinho é outro que não faz por onde merecer toda essa confiança do Velho Bigode. É ofensivo por natureza, mas caiu drasticamente de rendimento. Por natureza deixa uma avenida as costas. Coisa que com Arthur não costuma acontecer. Também por característica, Arthur ataca menos, mas ajuda mais no setor defensivo. E se na esquerda Juninho mantém o bom nível do começo do ano, suas características também o impedem de ser defensivo. O Palmeiras é uma “Nueve de Julio” em sua retaguarda. E o treinador que ganhou fama ao montar sistemas defensivos impenetráveis, parece não enxergar isso.

Felipão tem histórico, tem história e fez história no Palmeiras. Mas talvez seja hora de preservar sua memória junto ao torcedor.

Não cravo que deva ser sua demissão o caminho. Mas também não sou mais tão convicto de que o acerto seja mantê-lo. E a minha indecisão só se faz por não termos no mercado outro técnico que encha os olhos.  A não ser que comece a se olhar para o mercado externo.

 

Cheers,