É com muito prazer que inicio minha saga aqui no Ferozes com a seção Balls and Swagger. Para o meu texto inaugural resolvi contar uma história – polêmica! – que envolvem personagens de três coisas que eu amo: rock’n’roll, futebol e odiar o Manchester United, sem clubismo, como dizem por ai. Mais especificamente, dois personagens, um Deus e um boleiro mediano com um implante de cabelo feito pelo jardineiro mais badalado de toda Inglaterra.
O ano era 2007 e a história começa assim, era aniversário de 22 anos desse tal jogador chamado Wayne Rooney, e sua esposa, Colleen, querendo proporcionar ao maridão, fã de oasis, um momento único, teve a brilhante ideia de comprar uma Gibson Les Paul Sunburst, vermelha alaranjada, que custava aproximadamente 2.000 libras, ou 8.000 reais, e mandar a guitarra para ser autografada por nada mais nada menos que Noel Gallagher, ex-oasis, e torcedor fanático do City, clube que tradicionalmente tem a maior torcida de Manchester.
Noel, tocado com o singelo pedido fez o que só um gênio do seu naipe faria, pediu ao seu então companheiro de banda, Gem Archer, que pintasse a guitarra de azul celeste, cores do City, logo em seguida com um pincel branco escreveu sobre toda a guitarra trechos do hino do clube, o clássico “Blue Moon”, e desejou: “Feliz Aniversário Bob Esponja”, confira a arte fina abaixo. Como um lorde inglês que é, devolveu a guitarra com uma carta a esposa de Rooney que dizia:
“Da próxima vez que você quiser que eu assine algo para o Rooney mande um de seus Bentleys.”
Segundo o próprio Noel, ao saber do presente, Rooney prontamente o colocou em leilão no Ebay e doou o dinheiro para caridade, dias depois enfrentou o City e marcou um gol na vitória por 3 a 1 dos red sh*** que foram as redes também com Saha e Cristiano Ronaldo, Wayne, juvenil que é, mandou uma foto dele comemorando com Rio Ferdinand o primeiro gol do jogo com a dedicatória: “De Bob Esponja para Noel, tenha um bom dia”, foto que foi devolvida por Noel com um adesivo do Bob Esponja colado em seu rosto, gênio!
Rooney disse que não a vendeu no Ebay e que ainda guarda a guitarra em casa, claro! Vale lembrar que não era a primeira vez que isso acontecia, Gary Neville também pediu um autógrafo em uma guitarra para Noel, que a devolveu com a mensagem: “Feliz aniversário, imbecíl!” Gary Neville também guarda a guitarra e disse que vai deixa-la para os filhos venderem pois é a peça mais valiosa da casa, parabéns Gary, sábia decisão.
Para quem estiver com o inglês em dia segue abaixo um vídeo com o Noel contando a história para o Russel Brand em tempos de BBC.
Todo mundo já viu alguém levando um banho de água gelada nos últimos dias. A ação, já amplamente divulgada e com diversos nomes de peso participando, visa a conscientização sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença do sistema nervoso central que causa paralisia progressiva. A mesma que atinge o grande cientista Stephen Hawking.
Além disso, a ação tem a intenção de arrecadar fundos. O que, parece, não tem sido de grande êxito, mas enfim.
O papo aqui é o seguinte: O argentino Sergio kun Aguero, do Manchester City, fora desafiado por Lionel Messi e Juan Martín Del Potro. O bichão não só aceitou, como desafiou outros figurões como o seu treinador, Manuel Pellegrini, o ator Ricardo darín, além do grande Liam Gallagher, ex Oasis (e atual Beady Eye) e fanático torcedor do City.
No grande e, sobretudo, aguardado duelo das oitavas de final da atual edição da Uefa Champions League, Manchester City e Barcelona protagonizaram um jogo de opostos no Etihad Stadium, na gelada cidade de Manchester, Inglaterra.
De um lado um clube multicampeão, com história e jogadores brilhantes, sendo a maioria criada em seus quintais e outros buscados pontualmente em grandes centros, como é o caso de Neymar. Do outro, uma equipe tradicional porém recém promovida a protagonista no cenário futebolístico mundial graças aos milionários sheiks, donos do clube – que, desta vez, montaram um dos elencos mais fortes da centenária história dos citizens.
Todo este belo enredo apontava para uma grande partida, afinal a sensação da temporada é o City, que possui um ataque fulminante, que já passou da marca dos cem gols, especialmente atuando como mandante. Entretanto, todas as estatísticas citadas ficaram no papel e não se comprovaram diante dos comandados de Tata Martíno. Sem Aguero, machucado, e adotando uma postura de jogo baseada nos contra-ataques durante quase todo os 90 minutos, o City caiu frente ao tiki-taka catalão e agora vê apenas chances remotas de conseguir uma histórica classificação à próxima fase (esta foi a primeira vez que o clube inglês participou da segunda fase do torneio continental).
Após um primeiro tempo marcado pela igualdade e posse de bola da equipe blaugrana, que pouco assustou a meta de Hart, embora o City tenha sido omisso no ataque, contando apenas com chutes do isolado Negredo, a segunda etapa começou com os visitantes partindo para cima. Logo aos 7 minutos, Busquetes recuperou a pelota de Navas em lance que gerou polêmica – o City reclamou de falta no espanhol -, e lançou rapidamente Iniesta, que achou Lionel Messi em plenas condições entre a desorganizada defesa azul. O argentino dominou e colocou na frente. Demicheles saiu a sua caça e aplicou-lhe um carrinho, acertando sua perna direita. O argentino caiu. O lance gerou polêmica, pois Messi teria sido tocado fora da área. O juiz expulsou o defensor e apitou o pênalti, convertido logo em seguida pelo ex-melhor do mundo. 1-0 Barça.
A partir daí a tônica do embate mudou. O Barcelona dominou as ações e o City que, com 11 jogadores insistia em uma postura pouco insinuante como de costume, se viu em uma sinuca de bico. Pellegrini optou por Nasri e Lescott, nos lugares de Navas e Kolarov. A alteração em nada mudou no panorama do jogo. Os espanhóis continuaram tomando conta da partida, enquanto o City aguardava algum milagre. Embora superior, os espanhóis de tanto ciscar e pouco finalizar, permitiram ao ótimo David Silva criar boas oportunidades aos donos da casa, que chegaram a flertar com o empate.
Durante quase toda a etapa final, Daniel Alves mostrou-se muito à vontade, atuando com grande liberdade às costas do mediano Clichy. E foi por este setor que ele marcou o segundo gol do jogo, após boa trama com Neymar, que entrou aos 30 minutos do 2T, fechando o placar e, quem sabe, selando a classificação catalã às quartas de final.
Agora, apenas um milagre no Camp Nou daqui duas semanas para salvar a equipe inglesa. Time e elenco eles possuem, mas bater o Barcelona em seus domínios não é uma tarefa tão simples assim. A chance de levar um bom placar seria no duelo em casa, mas como já dizia a velha máxima do futebol: o medo de perder tira a vontade de ganhar. Foi assim que o estreante e milionário City encarou o Barcelona.
Não da para ser simpatizante em futebol. Não dá para ser simpático a certo clube. Em futebol você ama demais, você exacerba seus sentimentos por sua agremiação do coração.
Se você deixou de ter interesse pelo futebol, desculpe lhe informar, mas você nunca se interessou de fato. Se você não liga se seu clube está em um momento de ostracismo, me perdoe, mas talvez o seu esporte não seja o futebol.
O futebol te obriga a vivê-lo, a senti-lo. Obriga-te a ser parceiro do seu clube de alma no amor e na dor. É fácil ser no amor. Mostra-se forte de verdade a torcida que o é em momentos de dor. Em quarenta e quatro anos dessa dor.
Mostra-se forte de verdade o clube que após 44 anos vivendo as sombras endiabradas de seus vizinhos de maior sucesso, veste enfim “as botas de Jimmy Grimble”, vence o complexo de vira-lata e mostra ao mundo sua nova vocação.
A média de mais de 40 mil pagantes por jogo comprova a nova vocação dos azuis de Manchester. Mas não viesse o decantado título e na temporada seguinte lá estariam eles novamente. 40 mil em campo, centenas de milhares espalhados por Manchester, milhões e milhões distribuídos por 44 anos de espera, alguns nem mais vivos nesta Terra, outros com uma vida construída sem conhecer o sabor da glória. Mas todos conhecedores e detentores do elixir maior do futebol: A inconseqüente paixão pelo clube do coração.
Assim como na história do “Primeiro e Único Jimmy Grimble”, coube ainda ao City externar suas mazelas históricas na última barreira que o separava da consagração. O talento comprovado de seus condutores, momentaneamente diminuído perante o êxito do rival há quilômetros dali. A difamação e a piada gratuita de seus contrários aumentando a cada novo giro do cruel ponteiro do relógio de sua senhoria, o árbitro.
Assim como Jimmy Grimble na ficção, soube o City, na vivência daquela dura realidade, calçar “a botina” da confiança esvaziada por anos como coadjuvante e tornar-se ali, naqueles 5 minutos acrescidos por sua senhoria, o árbitro, o maior de Manchester. Na confiança que sempre lhe faltou em campo, mas nunca se ausentou das arquibancadas, ressurgiu das cinzas do ostracismo de décadas e pode enfim ser o number one inglês.
Por que assim é o futebol. É em histórias como a do magnífico título do Manchester City que ele cresce e vive sua pungente existência. É ele quem dá ao torcedor do mundo a possibilidade de vibrar, ainda que em freqüências reduzidas, com a alegria imensurável daquela gente de azul.
“There’s Only One Jimmy Grimble” é uma produção franco-inglesa de 2000 dirigida por John Hay. Mostra a vida de Jimmy, um garoto tímido que quando ninguém está o observando, mostra uma habilidade monstruosa com a bola nos pés, mas quando as pessoas o olham vira um perna-de-pau. Para piorar Jimmy é torcedor do Manchester City e na escola vive sendo vítima dos coleguinhas que em sua maioria são torcedores do Manchester United. Mas um belo dia ele ganha um par de chuteiras que muda a sua vida para sempre.
Orgulho. Essa foi a palavra mais citada por jogadores e torcedores do Real Madrid após o empate por 2×2 com o Barcelona no Estádio Camp Nou nesta quarta-feira em partida de volta válida pelas quartas-de-final da Copa do Rei espanhola e que classificou os catalães.
E não foi à toa tamanho orgulho. Seguramente foi a melhor exibição do Madrid contra o arquirrival na era Jose´Mourinho.
Exibição providencial, pois, mais do que nunca, o técnico português era questionado em Madri após a derrota por 2×1 na partida de ida.
O 1º tempo merengue foi exuberante, com a equipe sempre marcando sob pressão a saída de bola do Barça.
Cristiano Ronaldo, Gonzalo Higuaín e Mesut Özil construíram suas chances com algumas boas defesas de José Pinto Colorado (que substituía Victor Váldez, relegado ao banco).
O Madrid não marcou, o Barça tratou de fazê-lo. Em grande jogada de Lionel Messi, Pedro abriu o placar aos 43 minutos. Placar que foi ampliado por Daniel Alves em chute diagonal no ângulo, perfeito, sem chances para Iker Casillas. Castigo enorme para o Real Madrid, cujos jogadores saíram inconsolados de campo para o intervalo.
A valentia madridista ficou evidente na 2ª etapa. Com o placar agregrado já em 4×1, os comandados de Mourinho foram à luta. A marcação sob pressão na saída de bola continuava, o Barcelona tentava levar o jogo de forma burocrática até seu final. Os anfitriões sentiam a ausência de Andrés Iniesta, substituído por contusão.
Aos 53 minutos de jogo, Sergio Ramos marca gol legal de cabeça, mal anulado pelo árbitro Fernando Teixeira Vitienes. Revolta geral dos jogadores do Madrid.
Ainda assim, os “blancos” não desistiram.
Em jogada de Özil, Cristiano Ronaldo invadiu a área, driblou Colorado e fez o primeiro gol merengue.
4 minutos mais tarde, roubada de bola sobre Gerard Pique, Karim Benzema aplica lençol sobre Carles Puyol e fuzila para o gol. Era o empate do Madrid.
No final, a partida ficou mais truncada, com faltas e com Pepe, tentando se fazer de vítima, valorizando as cargas que sofria.
Quando Teixeira Vitienes encerrou a peleja, alguns madridistas dirigiram-se a ele. Tarde demais. Classificação justa do Barcelona, mas graças ao desempenho de Madri.
Já o Real Madrid mostrou ser possível derrotar o Barça melhor do mundo. Claro, não será prerrogativa destinada a todos os adversários, mas somente a uns poucos. Poucos como o Real Madrid, um senhor time, mas que teve a infelicidade de ser contemporâneo deste Barcelona que está escrevendo a história do futebol.
Este Madrid de Mourinho é, quase certamente, o segundo melhor time do mundo. Suspeita que poderá ser validada na fase eliminatória vindoura da UEFA Champions League.
VELOZES
Foi quase um discurso ensaiado pelos jogadores do Real Madrid nas entrevistas pós-jogo, e não era para menos, estavam todos orgulhosos do desempenho no Camp Nou. Tudo isso após semana conturbada com especulações de possível saída de Mourinho da direção técnica do clube merengue.
Perguntar não ofende: e se o Real Madrid vencer a Champions, além da Liga Espanhola, que vai bem obrigado? Mourinho será contestado e demitido? E mais, e se ele vencer e não quiser ficar? Bons empregos seguramente não lhe faltarão.
O gol anulado de Sergio Ramos, bem como sua expulsão posterior renderam após a partida. Iker Casillas confirmou à imprensa local que disse ao árbitro Vitienes na entrada dos vestiários: “Vá fazer festa com eles!”
E Sergio Ramos, protagonista da trama, jogou no Twitter: “Estou feliz que o clube apele pelo meu segundo cartão amarelo porque, apesar de alguns não pararem de rolar, nem o toquei.” Ramos havia sido expulso por segundo amarelo após falta sobre Sergio Busquets e alegou simulação do jogador.
Lesões no Barça: Andrés Iniesta sofreu ruptura do bíceps femural e Alexis Sánchez sofreu entorse de clavícula.
E Mourinho fez das suas também no pós-jogo. Após parabenizar o Barça pela classificação e afirmar que a vitória foi justa pelo que os “blaugranas” fizeram no jogo de ida, o português, segundo o periódico de Barcelona “Mundo Deportivo”, foi ao estacionamento do Estádio Camp Nou, teria aguardado o árbitro Vitienes e dito a ele: “Vai artista, como você gosta de f@#$% os profissionais!”
Festa na pequena cidade de Miranda de Ebro. O time local, o Mirandés, também classificou-se ao derrotar no placar agregado (pelo critério de gols fora de casa) o Espanyol por 2×1 em casa. Antes, o Espanyol vencera por 3×2 em virada incrível.
O Athletic Bilbao fez 1×0 no Mallorca e foi o outro classificado.
Agora falta a decisão entre Valencia e Levante. Tudo a favor do Valencia após vitória por 4×1 na partida de ida.
Na bota, a Copa Itália teve prosseguimento com a Juventus despachando a Roma por 3×0 no Juventus Stadium de Turim. O destaque ficou para a atuação de gala de Alessandro Del Piero, veterano ídolo juventino.
Já o Chievo Verona recebeu o Siena e se deu mal. Vitória por 1×0 dos visitantes.
Em outro clássico italiano, o Napoli recebeu a embalada Internazionale. Se tudo vai bem na Série A com as 7 vitórias em sequência, os “nerazzurri“ sentiram porque o time de Walter Mazzarri é a sensação italiana da temporada. Vitória napolitana por 2×0 com gols de Edinson Cavani.
Na Carling Cup inglesa o Manchester City enfrentou o Liverpool. Empate de 2×2 em jogo polêmico, já que o árbitro marcou pênalti de Micah Richards em toque de mão. Foi um daqueles lances difíceis e interpretativos que dividem as opiniões. Fato é que um dos gols do Liverpool (convertido por Steven Gerrard) veio deste lance. Com isso, o Liverpool avançou no placar agregado (3×2). Polêmica lançada.
Na outra decisão, mais emoção. O Cardiff City recebeu o Crystal Palace. Fez 1×0, igualou o agregado (1×1) e foi necessária a decisão por penalidades. Vitória dos galeses por 3×1 para delírio da torcida local.
Com isso, final da Carling Cup definida: Cardiff City x Liverpool em Wembley.
Encerrando o giro internacional, nada como encerrar com aqueles que, para muitos, são considerados os “inventores” do rock alternativo. Anunciaram o fim das atividades, mas todos sabem que, por uma grana extra para garantir a aposentadoria, eles podem se reunir para um novo tour mundial. Claro, é o REM, com “All the Best” do álbum de sugestivo nome “Collapse into now” de 2011. Confira.