Todos os posts de Felipe Oliveira

Estudante de Jornalismo da FIAM, Felipe é mais um dentre os milhares de apaixonados por futebol e tudo que o envolve. Amante dos bons sons e metido à músico, se arrisca desde os 12 anos a batucar por aí o melhor dos instrumentos: a bateria. Vez ou outra dá seus pitacos em alguns assuntos trepidantes que envolvem o meio futebolístico, porém no FFC assina oficialmente a coluna "Oras Pois, Pois", da simpática Portuguesa de Desportos - clube querido por todos os paulistanos.

Neymar: um 10 de personalidade zero

Antes de dizer que “agora os babacas vão falar merda”, dá uma conferida nesse vídeo do pessoal da página Mais Cinco Minutos, senhor Neymar Jr.

Pela sua visão, tá tudo bacana no nosso esporte, em nosso país, não é mesmo? Inclusive, vossa senhoria andou apoiando certos grupelhos políticos por aí, né? Se lembra? Um tal candidato à presidência meio suspeito.

É fácil falar quando pouco se faz por uma camisa. Dizer que poucos sabem “o que vocês sofrem para estar aí” é uma vergonha homérica. Aberração.

Quer dizer que aquilo que era motivo de orgulho, agora virou algo passível de sofrimento, ou segunda opção? “Ah, deixa eu ver aqui na minha agenda se eu posso servir a minha seleção”.

Baita saco de merda você falou hein, Tois? Era melhor ficar quietinho na sua festa com os “parças”. Aliás, você é um grande jogador, dos melhores do mundo. Pode e deve fazer o que quiser. Isso não se discute.

Como craque que é, sendo o nosso 10, espera-se golaços e grandes jogadas, também, fora das quatro linhas. Porém, o que adianta um 10 de carisma e personalidade zero igual a você? Com posicionamentos questionáveis, marqueteiros, que não contribuem em absolutamente nada para a melhora do futebol? 

E, olha que tem muito camarada nesse vídeo que eu nem vi jogar, mas sei reconhecer que, ao menos, tinham respeito com o POVO (eita povão que anda sumido das arenas excludentes). Esses caras aí, sentiam orgulho de vestir a enferrujada AMARELINHA, que, nos últimos tempos virou símbolo de uniforme contra a democracia.

O futebol brasileiro atualmente é o retrato daqueles que o comandam. Tivemos a chance de mudar quando sofremos nosso maior golpe, em 2014, e ganhamos o Dunga como solução. Parabéns aos envolvidos. Estão no caminho certo, como disse o brilhante Gilmar Rinaldi.

Hoje vivemos a era de credibilidade zero em todas as esferas da nossa sociedade, inclusive a seleção — ou o time da CBF, a principal culpada pelo sepultamento de uma camisa que envergava varais. De um peso absurdo. Duma identidade perdida.

Você é craque, Neymar. Mas do que adianta seus pedidos de desculpas com um texto mais corrigido que esse meu aqui? Por ser essa celebridade toda, sucesso das mídias, músicas e baladas você perdeu a essência. Até o seu sorriso moleque, maloqueiro, da rua, deu lugar aos biquinhos e selfies de mentira, com gente de mentira.

Não é a primeira vez que você se acha acima de todos. Sua personalidade representa perfeitamente os novos tempos: rasos da profundidade de um pires.

O caminho será árduo.

Como diz a música: “SALVE A SELEÇÃO”.

Salvem o Brasil. E aqui não falo só de futebol. O momento é esse.

Em 2014, Neymar apoiou Aécio Neves. Confira:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=TXjmklot7so[/youtube]

MEU GRANDE AMIGO

A amizade que começa desde cedo e dura para a vida toda (Foto: Flickr – Fabiana Velôso)

Confesso que após voltar do feriado não senti falta do futebol, meu grande amigo. Me senti mal por isso. Talvez minha viagem tenha sido muito boa, capaz de me desconectar por dias de uma paixão que fez eu escolher uma profissão. Talvez ingressar nessa profissão, de modo tão intenso, por outros meandros, tenha despertado em mim outros horizontes que não tenham conexão direta com a pelota, que anda tão desinteressante por conta dos desinteressados.

Talvez.

Mas bastou chegar quarta-feira para me deslumbrar novamente com o futebol e seus melhores analistas: os torcedores. Afinal, são por eles e para eles que o meu amigo ainda sobrevive àqueles que tentam o tornar chato.

Não vão conseguir.

A vida vai passando e, como um túnel, vai afunilando. A todo instante nossas decisões e funções nesta terra devem estar plenamente definidas em nossas mentes e ações. Vivemos sob a mira do julgamento. Vivemos na busca constante por autoafirmação.

No futebol não é diferente. E ser torcedor, também.

Quem não quer garantir a zoeira do dia seguinte no trabalho, escola ou faculdade? Mas tudo depende do seu amigo, o seu clube, fazer a parte dele. Imagine só como deve estar sendo difícil ser amigo do Vasco. E amigo do Corinthians? O dono da festa? Em contrapartida, há quem diga que amor de amigo é mais forte do que qualquer outro amor.

Sigamos.

Assim como neste esquema de vida maluco, o BR15 prova a cada rodada o quanto queremos logo acabar com ele. Faltam 14 rodadas, porém a cada gol ou mudança na tabela, analisamos como se fosse a última rodada. Ou o fim do mundo. Torcedores se desesperam aos montes com as oscilações, na mesma medida em que outros se empolgam, mesmo que discretamente, com a ascensão de suas cores na classificação.

Parafraseando a vida, que nos prega novas peças todos os dias, muitos clubes pensam em desistir e adotam o discurso de priorizar outra competição, como o mata mata. Algo mais rápido, fácil e rentável a curto prazo.

Como se você fosse um engenheiro que não conseguiu emprego e, por isso, frustrado, sem grana, apertado, decidiu dar um tempo no seu sonho e buscar o mais emergencial, óbvio e arriscado.

Nas vidas em jogo do mercado de trabalho do Brasileirão, Santos e Flamengo bateram a meta do mês e subiram de cargo. Corinthians e Atlético-MG seguem como chefes, observados de perto pelo Grêmio, forte candidato a roubar suas vagas.

São Paulo, Atlético-PR, Palmeiras, Fluminense, Sport e Inter, inscritos no concurso público por uma única vaga no G4, seguem sem estudar direito a matéria e deixam a disputa acirrada pelo tão sonhado emprego de chegar à Libertadores.

Lá embaixo, Goiás, Avaí, Joinville e Vasco continuam sem saber o que fazer de suas duras vidas e, no momento, aceitam qualquer coisa, menos ficar desempregado e desamparado no limbo da Série B.

Ah! Já ia me esquecendo. Não desisti do futebol. Ele ainda é meu grande sonho. Minha grande meta. Meu grande amigo.

Afinal, como dizem: amigo de verdade é aquele que você pode ficar longe por décadas, mas quando se reencontram, parece que nunca estiveram distantes.

Estive longe por 3 dias.

Por um futebol que enxergue o ídolo como ídolo, não como um “simples reforço”

Ídolo, Lugano jogou no São Paulo de 2003 a 2006 (Créditos: spfc.net)

A diretoria do São Paulo vetou a volta do uruguaio Diego Lugano, ídolo do clube e, sobretudo, do são-paulino. Sinônimo de raça e determinação nos tempos áureos da década passada, o zagueiro, recentemente, demonstrou muita vontade de retornar ao Morumbi. No entanto, Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol, em comum acordo com o técnico Juan Carlos Osório, freou o ímpeto do defensor, convencendo Aidar a não promover o retorno do jogador de 34 anos, que, segundo eles, “não acrescentaria, pois a prioridade do momento é um zagueiro canhoto”.

Lugano, que não é canhoto e foi contratado pelo Cerro Porteño, seria utilizado como garoto-propaganda pelo inoperante departamento de marketing tricolor. Não receberia salários, apenas lucraria com sua própria imagem. Partindo deste ponto de vista, Aidar pensou que seria até um bom negócio, pois ter um ídolo deste quilate de volta faria bem à imagem, ultimamente, desgastada do clube, que, mesmo em fase conturbada nos bastidores, faz boa campanha no BR15.

Porém, um dos setores mais desequilibrados da equipe é o defensivo. A chegada de alguém experiente fortaleceria ester setor, sobretudo após as saídas de Denílson e Souza – este, um dos pilares do meio campo. Sem sua dupla de volantes titular, o time ficou penso em um lugar onde não poderia, principalmente agora, que está em fase de reconstrução nas mãos de Osório,  que não sabe quem será o próximo a ser desfalque no coletivo da semana.

Fato é que Lugano está em fase descendente. Desde que deixou o Fenerbahçe, em 2011, sua carreira degringolou. Em compensação, continuou sendo referência na seleção de Óscar Tabárez. Inclusive, disputou o Mundial do Brasil como capitão da Celeste. Líder, era escalado bem protegido, sob a vanguarda dos volantes e seu companheiro de zaga, o outro Diego, Godín, que vive ótima fase no futebol europeu. Algo que não aconteceria no atual São Paulo. Não porque o treinador fosse incapaz de criar uma fórmula e encaixá-lo em um esquema, mas sim, por falta de material humano.

Quem viu suas últimas atuações, percebeu que não dispõe mais de tanta impulsão e velocidade, marcas registradas de alguém que conquistou uma torcida exigente sem jogar um grande futebol. Mas que sempre jogou por ela. Pelas cores. Pela raça. Um cara que foi muito São Paulo. É muito ídolo. O único, me arrisco, depois de Raí, (até porque, Rogério Ceni não entra aqui). Ídolo, que agora não merece cair na tentação e imediatismo do ex. Risco desnecessário, capaz de desgastar uma imagem construída com o suor uruguaio de compatriotas como Pablo Forlán e Darío Pereira. Construída com conquistas e divididas. Carrinhos e carreatas. Taças e lágrimas.

Por um futebol que enxergue o ídolo como ídolo, não como um “simples reforço”. Como salvador da pátria. Por um futebol que saiba preservar a história de expoentes que personificaram a marca, a instituição e a torcida – o maior patrimônio. Por um futebol que valorize os ídolos e, isso, necessariamente, não significa que eles devem ser recontratados. Mas sim, continuarem eternizados.

SOMOS TODOS ANTIS. SOMOS TODOS FUTEBOL

Pelas oitavas de final da Libertadores, deu Guaraní-PAR em Itaquera (Foto: Andre Penner/AP)

Ontem, lembrei de 2012. Ano ruim. Fora o mito do fim do mundo que fracassou, meu mundo caiu quando o meu verde desbotou de volta à Série B, após breve período de alegria. Mais ainda, quando meu rival sorriu demais na América que já foi minha e, como senão bastasse, no mundo da pelota tratou de pintar o Japão de preto e branco. Era demais para a minha rivalidade. Foi demais para eles, imagino.

Lembro-me, também, que nos jogos antecedentes ao dia 04 de julho de 2012, tomaram as redes sociais a palavra mais escrota da história recente do futebol: ANTI. Afinal, o que é ser um anti? Na época, alguns corintianos dotados pelo senso de exclusividade vendido por parte da mídia, diziam com todas as letras que “todos estavam contra o Corinthians”, esquecendo-se de vez o real significado da palavra rivalidade. Até porque, sem ela não há razão de existir o futebol. Que graça teria eu comemorar os feitos gloriosos do meu time sem ridicularizar meu rival, tão grande quanto eu, tão significante quanto eu? A vitória não teria sentido. Acredito que nem poderíamos chamar de vitória. Mas mero simbolismo.

Ontem, Corinthians e São Paulo, integrantes do grupo da morte, morreram abraçados nas oitavas. O Tricolor caiu nos pênaltis, em BH, para Fábio, que pegou tudo em SP, e garantiu a vaga do reformulado Cruzeiro. Já no Itaquerão, o bravo Guaraní, não da “Capital”, mas do Paraguai, segurou o ímpeto alvinegro controlando seus ânimos, enervando o adversário. Acabou premiado, com merecimento, classificando-se às quartas de final da, já histórica, Copa Libertadores 2015.

Do lado corintiano, muita coisa deve mudar. Tem que mudar. Há uma semana, o mais incrível é que uma leva de desculpas surgiram da noite para o dia tentando abafar a má fase, que é nítida, mas parece não existir. Gente que falava em time de Champions League agora se escora nos salários atrasados. Assim é fácil! Mas será que as contas vazias dos jogadores são tão influentes assim para todo esse declínio técnico? Acho que não. Ainda mais para um time experiente como o Corinthians. Achei este texto do Esporte Fino bom por isso, pois foi na ferida, esmiuçou bem os problemas do Timão, que, muitas vezes, passam batido nas mesas redondas por aí, seja por má vontade ou vontade demais, pois tratam de analisar somente o óbvio, criando diversos factoides em cima de fatos que mereciam mais aprofundamento e credibilidade.

“Os encantos de aparecer em rede nacional mostrando todo o seu conhecimento adquirido são enormes. Mas Tite poderia ter se poupado, colocado os pés no chão e lembrado que àquela altura do ano o que ele tinha era apenas um bom reinício no Corinthians. Só”. É isso. A soberba. De Guerrero. Da prioridade. O futebol dá dessas lições.

Sempre falei que Tite voltou ao Corinthians passando a impressão de nunca ter saído. O problema é a especulação. E, justo ele, que parece ser tão contido quanto ao “oba oba”, caiu. Vai precisar se reinventar. Mais uma vez. Tem potencial, mas precisa ser bombeiro, como em 2011, quando ressurgiu levantando o Penta do Brasileirão.

No Morumbi, a situação não é muito diferente. A escassez de títulos incomoda. Não que a desclassificação seja por conta disso. Não é. Mas a prepotência e as já perceptíveis pataquadas de Carlos Miguel Aidar deixam o torcedor são-paulino com os dois pés e uma atrás em relação ao futuro do clube, que amargou mais uma vez uma eliminação para um brasileiro. A segunda para a Raposa, inclusive. Quanto ao jogo em si, o time de Milton Cruz até que tentou segurar o adversário fora de casa. Mas sucumbiu e acabou eliminado no turbilhão de adrenalina que são as cobranças de pênaltis. Além disso, a partida também marcou a despedida do capitão Rogério Ceni na Libertadores. O cara que tem sido mais São Paulo em uma terra onde muitos parecem ter esquecido o que significam aquelas 3 cores.

Por outro lado, não pelo futebol brasileiro, mas somente por suas torcidas, cruzeirenses e colorados festejam nesta quinta e, até a próxima partida, a honra de seguirem, por eles e por seu povo, na competição mais importante do continente.

Enquanto isso, nas redes sociais os antis comemoram a desgraça alheia. Como tem que ser. Como sempre será.

NO PALMEIRAS DE HOJE VALDÍVIA NÃO CABE MAIS

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Já tentei escrever sobre o Valdívia inúmeras vezes. Procurava caprichar. Na busca incessante por palavras bonitas, analogias diferentes, caia sempre na vala comum e não conseguia sair do óbvio quando a pauta era o chileno. Acredito que tenho uns 3 textos à respeito do camisa 10 alviverde em meus rascunhos. Não publiquei nenhum. Afinal, todos falavam o que só se fala dele: a ausência. Não tem como fugir. Não é questão de polemizar. É a realidade. É o Valdívia.

Há uma semana me arrepiei com o jogo de despedida do último camisa 10 do Palmeiras: Alex. Fora o show do dono da festa, que ainda reúne capacidade física e técnica de jogar profissionalmente, estavam presentes ídolos que foram responsáveis pela minha palestrinidade nesses 23 anos dedicados a um só amor, a uma só cor: o verde da esperança. Entretanto, ao mesmo tempo, esse verde é, também, um verde que nunca amadurece quando se fala em Valdívia – o ídolo que nunca foi ídolo. O jogador-problema. O famoso “sem noção”.

Na boa, cansei de falar dele. Já fui um “Valdivete” assíduo. Confesso. O defendi inúmeras vezes. Gritei seu nome no estádio. Mas cansei. Após a entrevista do último sábado, em que foi aos microfones com um discurso típico de alguém mimado, demonstrando pura arrogância ao cobrar da diretoria agilidade na renovação de seu vínculo com o clube, pois, caso contrário, poderia acontecer com ele o mesmo que ocorreu com Kardec e Wesley, larguei mão.

Dentro de campo, quando raramente joga, é diferenciado. Porém, poucas vezes o palmeirense viu essa tal diferença, no máximo uma ilusão, um brilhareco ali e acolá. Nada além disso.

O que mais me assusta é uma parte considerável da torcida ainda o idolatrar, como se viu no duelo contra o Mogi Mirim, no último sábado. Falando em tratamento, em sua coletiva no Allianz Parque, o chileno ratificou que sua renovação vai se decidir de acordo com o tratamento que receber da diretoria. Segundo ele, se ocorrer “sacanagem”, não haverá renovação.

Engraçado que sacanagem é o que ele mais fez com o clube que sempre o tratou bem, mesmo quando foi, por várias vezes, antiprofissional e, inúmeras vezes, também, ridicularizou a imagem do palmeirense, que nunca podia contar com sua principal peça. Sacanagem é o salário que aceitaram pagar por um pseudo-ídolo que retornou ao clube com um Paulistão no currículo. Sacanagem é nunca poder contar com quem sempre se esperou muito e nunca recebeu nada. Sacanagem é ver o clube finalmente se acertar na parte administrativa, pensar grande e, ainda, se ver refém de um jogador meia-boca. Pequeno.

Está nítido que o pacote Valdívia não cabe mais nos moldes do Palmeiras atual. Não só por não aceitar o contrato de produtividade, mas num contexto geral. Valdívia é um cara que mais atrapalha do que ajuda. Só levanta polêmicas. Só cria polêmicas. Dentro de campo é inquestionável com a pelota nos pés, porém, quase sempre, sua companheira são as muletas ou o twitter. Alexandre Mattos sabe disso e já agiu. Nobre também, mas o presidente ainda é temeroso quanto a possível pressão que pode vir da torcida caso não renove com o “Mago”. Principalmente se o clube for eliminado do Paulistão.

A verdade é que o palmeirense de bom gosto cansou de assistir nas segundas-feiras as reestreias de um ídolo de vidro. Um jogador que não se enquadra mais. Os tempos alviverdes são outros. São profissionais e, nesse contexto, Valdívia ainda é leigo.