Barcelona e, principalmente, Paris Saint Germain saíram-se quase que classificados da rodada inaugural de ida das oitavas de final da UEFA Champions League e mostram, além de força própria, enorme defasagem técnica do Bayer Leverkusen e, especialmente, falta de tradição internacional do Manchester City.
Bayer 04 Leverkusen 0x4 Paris Saint Germain FC
Lveverkusen, Alemanha
Com grandes atuações do francês Blaise Matuidi e do sueco Zlatan Ibrahimovic, o PSG praticamente finalizou a série eliminatória contra os alemães do Leverkusen ao impor goleada de 0x4 como visitante.
Desde o início, tudo parecia destinado ao êxito francês quando Matuidi abriu o placar logo aos 2 minutos após assistência de Marco Verratti.
Mais tarde, em apenas três minutos de disputa, a questão foi definida a favor dos visitantes com dois gols de Ibrahimovic (de pênalti aos 38 e belo gol aos 41 minutos).
Edinson Cavani foi a grande ausência devido a lesão, abrindo novamente espaço para Lucas Moura que teve boa atuação.
O astro Ibrahimovic atingiu a marca de 10 gols na competição em apenas 6 partidas e é o artilheiro.
Manchester City FC 0x2 FC Barcelona
Manchester, Inglaterra
A cada nova edição da UCL as expectativas se renovam a respeito do Manchester City. Será dessa vez que os fortes competidores ingleses proporcionarão grandes espetáculos em termos de competitividade no cenário europeu?
Mais uma vez, aquela sensação de frustração parece ficar no ar para todos os fãs.
Ao receber o consagrado Barcelona em seu Etihad Stadium, a atmosfera de expectativa criada era enorme. Não à toa. O Manchester City vinha de resultados recentes avassaladores na badalada English Premier League. O pensamento óbvio predominante era de que o todo poderoso Barça teria finalmente pela frente alguém com poder de fogo de agredi-lo com força.
Mas o que se viu foi um Barcelona dominante, dando-se ao luxo de reeditar seus grandes momentos tiqui-taca de outrora e com Lionel Messi decisivo como todo grande craque deve ser.
Em lance capital da partida, repleto de dúvidas de arbitragem pelo alto de nível de dificuldade, Martín DeMichelis, na incumbência de marcar Messi, cometeu falta que o árbitro sueco Jonas Eriksson entendeu ter sido dentro da área. Penalidade convertida pelo supercraque que bateu colocado no centro do gol, enganando Joe Hart. Eriksson, de quebra, mostraria cartão vermelho para DeMichelis. Momento decisivo da partida, de argentino para argentino.
Se o Barça já demonstrava superioridade, a supremacia tornou-se flagrante contra os Citizens reduzidos a dez homens.
Neymar Jr. entrou aos 28 minutos do 2º tempo e, já aos 90 minutos de jogo, tabelou com Daniel Alves para o lateral concluir a gol e determinar enorme vantagem no placar agregado.
Tudo nas mãos do Barcelona e missão mais que inglória para o Manchester City.
Na partida tecnicamente mais esperada na abertura da 3ª rodada da fase de grupos da UEFA Champions League, o Arsenal, líder da English Premier League, recebeu os vice-campeões continentais do Borussia Dortmund e se deram conta de que confrontos de tal porte não permitem erros. No aniversário de Arsene Wenger, presente de grego para o treinador francês Gunner que viu a vitória alemã por 1×2. Já o Napoli venceu na França e embolou o Grupo F. No clássico mais tradicional, o Milan lutou para conseguir manter empate em 1×1 com o Barcelona. Chelsea e Atlético Madrid vencem fora de casa e o Porto reencontra Hulk.
GRUPO E
Steua Bucareste 1×1 FC Basel
Bucareste, Romênia
Os suíços do Basel estavam prestes a sair da Romênia com 3 pontos na conta após gol inaugural do chileno Marcelo Díaz no início da etapa final. Aí o técnico do Steua, Laurentiu Aurelian Reghecampf, lançou Florian Filip e Leandro Ângelo Martins “Tatu”.
Nos minutos finais, Leandro Tatu, que havia sido vaiado ao entrar em campo, aproveitou cruzamento, estufou as redes suíças e mandou o Estádio Arena Nationala se calar.
Noite de Tatu que salvou os anfitriões de derrota.
Schalke 04 0x3 Chelsea FC
Gelsenkirchen, Alemanha
Noite de Leandro Tatu em Bucareste, noite de Fernando Torres em Gelsenkirchen.
O espanhol concedeu aos Azuis de Londres boa margem de vantagem ao marcar duas vezes na Veltins Arena. No final, Eden Hazard concluiu a fatura.
Contudo, apesar dos 0x3, o time de José Mourinho não foi largamente dominante na Alemanha. Basta recordar, antes de tudo, a boa campanha do Schalke 04 até o confronto contra o Chelsea com duas vitórias e nenhum gol sofrido. As ausências de Klaas-Jan Huntelaar e Jefferson Farfan foram sentidas e o técnico Jens Keller teve dificuldade em manter a efetividade da equipe.
Já Mourinho fez cinco modificações em relação à última partida contra o Cardiff City pela EPL. O destaque ficou com o posicionamento de Cezar Azpilicuelta atuando recuado pela esquerda.
A vitória fora de casa deu a liderança do grupo aos ingleses.
No início do jogo, o Arsenal teve dificuldades em organizar-se ao deparar-se com forte e típica forte marcação em saída de bola por parte do Borussia Dortmund.
Assim, o gol inaugural dos alemães era questão de tempo e, em nova marcação pressão em saída de bola, Marco Reus roubou bola de Aaron Ramsey, tocou para Robert Lewandowski que serviu o armênio Hendrikh Mkhitaryan que concluiu a gol. Vibração de Jürgen Klopp nas cadeiras do Emirates Stadium, suspenso e impossibilitado de dirigir a equipe no banco.
A partir de então, o Arsenal conseguiu o equilíbrio das ações, mas a partida nunca foi fácil para nenhuma das partes.
O empate viria aos 41 minutos de jogo com o atacante Olivier Giroud que aproveitou cruzamento de Bacary Sagna e indecisão entre o goleiro Roman Weidenfeller e Neven Subotic.
Na 2ª etapa, o Arsenal teve ligeiro domínio durante a maior parte do tempo. Santi Cazorla acertou o travessão após bela jogada pela direita.
Mas, não era dia dos anfitriões e em contra ataque fatal, Kevin Grosskreutz assisitiu Robert Lewandowski para fuzilar a gol.
Vitória do Dortmund que relembra a todos o equilíbrio do grupo.
Olympique Marseille 1×2 SSC Napoli
Marselha, França
Com gols do espanhol José Maria Callejón e do colombiano Duván Zapata, o Napoli obteve contundente vitória na França contra o Olympique Marseille, que marcaria o gol de honra no final com André Ayew, embolando completamente o Grupo F ao colocar os três favoritos, que brigam por duas vagas, igualmente com 6 pontos.
A partida que apresentava aquela velha situação no futebol, o antigo ídolo de um clube que volta a atuar nos mesmos domínios de outrora, mas defendendo a nova agremiação que o contratou.
Eis a situação do atacante brasileiro Givanildo Vieira de Souza, mais conhecido por Hulk.
E Hulk teve grande atuação. Dos seus pés partiu o cruzamento para o gol único de Aleksandr Kerzhakov.
Os portistas, apesar de verem o ex-ídolo do lado oposto, não esqueceram de reverenciá-lo. A decepção ficou, sim, por conta dos próprios anfitriões que tinham a obrigação de vencer em casa.
FK Austria Wien 0x3 Club Atlético de Madrid
Viena, Áustria
Afinal, até onde chegará Diego Costa?
Desta vez, após gol inaugural de Raúl García logo aos 8 minutos de jogo, Costa marcaria duas vezes e levaria o Atlético Madrid à liderança com folga no grupo.
Atuação que coloca lenha na fogueira a respeito do futuro do brasileiro no futebol de seleções. Basta recordar a discordância de Luiz Felipe Scolari a respeito da possibilidade de vê-lo jogar na Roja.
Era de fundamental importância para os escoceses do Celtic vencer a partida teoricamente mais fácil do grupo contra o jovem time holandês do Ajax.
Com quase 60 mil pessoas no Celtic Park, os alviverdes lograram o êxito com gols de James Forrest de pênalti e Beram Kayal.
No Ajax, o gol de honra de Lasse Schöne veio somente nos acréscimos, lembrando sempre a expulsão Viktor Fischer.
O Celtic sobrevive e sonha com uma das vagas.
AC Milan 1×1 FC Barcelona
Milão, Itália
No clássico mais repleto de tradição da rodada, o inconstante Milan recebeu o Barcelona no Estádio San Siro de Milão.
O Milan teve início eletrizante com Massimiliano Allegri escalando Ricardo Kaká aberto à esquerda e Robinho no lugar de Mario Balotelli.
Em jogada rápida de Kaká, Robinho abriu o placar logo aos 8 minutos de jogo.
Entretanto, não deve haver dúvida da superioridade técnica do Barcelona em relação ao Milan. O empate era questão de tempo. Entre outras dificuldades milanistas, estavam as sérias dificuldades na saída de bola.
E foi numa delas que o Barça puxou contra ataque desde a intermediária para conclusão de Lionel Messi.
No 2º tempo, o Milan limitou-se a se defender e evitar derrota em casa. Ainda assim, Robinho atrapalhou-se em conclusão após cruzamento ao furar a bola. Eis um sério problema do ex-santista em sua passagem pelo clube rossonero: a quantidade de gols fáceis desperdiçados.
No Barcelona, Messi, sem apresentar tudo o que sabe, foi o melhor mesmo assim. Já Neymar foi a grande decepção, tendo uma grande chance de gol em belo chute cruzado rasteiro que passou próximo à trave.
Já pelo lado do Milan, fica a esperança de melhora com o bom futebol de Kaká, sem ter sido brilhante. Na 2ª etapa, curiosamente, apoiou de modo ostensivo a defesa ao marcar as descidas do lateral direito Daniel Alves. Outra boa atuação ficou por conta de Riccardo Montolivo.
O Barça caminha tranquilo para conquistar o primeiro lugar definitivo no grupo.
E não poderia ser diferente para alegria de todos os fãs do futebol: as seleções tradicionais e favoritas começam a atingir a qualificação para a Copa do Mundo do Brasil em 2014.
As duas datas FIFA sequenciais do calendário internacional do futebol foram utilizadas pelas federações continentais realizarem mais duas etapas no processo de apuramento dos qualificados para disputarem o Mundial.
Nesse ínterim, nunca é demais ressaltar o óbvio: datas FIFA foram criadas para que as seleções nacionais atuem e seleções nacionais utilizam-se de jogadores dos clubes. Algo que inviabiliza a atividade dos próprios. Traduzindo: no mundo coerente, em datas FIFA, seleções jogam e clubes não. Contudo, parece que o Brasil não aprendeu a lição.
Pelas eliminatórias da UEFA, Grupo B, a Itália confirmou nova vinda ao Brasil (após a Copa das Confederações) ao bater a Bulgária por 1×0 em Palermo com gol de Alberto Gilardino e, em seguida, derrotar de virada a República Tcheca por 2×1 no Juventus Stadium de Turim graças ao artilheiro Mario Balotelli.
Que venham toda a força e tradição da Azzurra tetracampeã, especialmente com a presença do showman Mario Balotelli, além da categoria de Andrea Pirlo.
Já a briga pela segunda posição, que dá direito a disputa de repescagem, está embolada entre Bulgária, Dinamarca, República Tcheca e Armênia.
No Grupo D, a Holanda não precisou fazer muito para fechar sua ida ao Brasil. Primeiramente, foi a Tallinn e empatou com a anfitriã Estônia em 2×2 com gols de Arjen Robben e Robin Van Persie. Na sequência, foi a Andorra para fazer apenas 2×0 na seleção local com gols do próprio Van Persie. A Laranja fez 22 pontos e deixou a briga da repescagem para Hungria, Turquia e Romênia.
Outra seleção europeia que se aproxima do Brasil em 2014 e merece destaque é a Bélgica. A badalação não é exatamente por resultados fantásticos obtidos em Copas do Mundo, apesar de boas campanhas já realizadas, mas pela quantidade de jogadores importantes que militam em ligas nacionais de ponta como a English Premier League.
Na sua última partida pelas Eliminatórias, dia 6 de setembro pelo Grupo A, frente à Escócia em Glasgow, vitória por 2×0 com gols de Steven Defour do FC Porto e Kevin Mirallas do Everton FC. Além dos anotadores citados, não é possível esquecer de nomes como Daniel Van Buyten do FC Bayern, Toby Alderweireld do Atlético Madrid, Kevin de Bruyne do Chelsea FC, Marouane Fellaini do Manchester United FC e Vincent Kompany do Manchester City FC.
Outra super força, a Alemanha, ainda não se classificou matematicamente, mas segue firme no Grupo C na liderança com 22 pontos após receber a vizinha Áustria na Allianz Arena de Munique e aplicar tranqüilos 3×0 com gols de Miroslav Klose, Toni Kroos e Thomas Muller. A vaga da repescagem é disputada por Suécia, a própria Áustria e Irlanda, já com poucas chances.
No equilibrado Grupo E, a Suíça tomou as rédeas com 18 pontos e a Islândia é a grande surpresa na vice-liderança com 13. E exatamente as duas seleções se enfrentaram em Berna e os islandeses demonstraram força ao empatarem em 4×4 com os anfitriões. Na rodada seguinte, os suíços foram a Oslo em impuseram 2×0 sobre os noruegueses com gols do zagueiro do FC Basel, Fabian Schär. Já a Islândia recebeu a Albânia em Reykjavic em obteve novo bom resultado ao fazer 2×1. A Islândia vai deixando equipes mais fortes como Noruega e Eslovênia para trás por ora.
Problemas para Portugal no Grupo F. Após oito rodadas, a seleção do técnico Paulo Bento está com 17 pontos, um atrás da Rússia. Os portugueses foram a Belfast e necessitaram do talento de Cristiano Ronaldo, que com hat-trick, garantiu vitória por 2×4 de virada. Só que os russos jogaram duas vezes e venceram ambas as partidas (4×1 sobre o Luxemburgo e 3×1 sobre Israel). Agora Portugal pode ter que encarar a repescagem. Israel corre por fora.
No Grupo G, Bósnia e Grécia lutam pela vaga direta. Ambos estão com 19 pontos. A Eslováquia corre por fora com 12 pontos.
A Inglaterra corre risco no embolado Grupo H. Lidera com 16 pontos, mas tem Ucrânia e Montenegro com 15 e Polônia com 13. Ainda assim, o time de Roy Hodgson fez 4×0 na Moldávia em Wembley e conseguiu bom empate sem gols contra a concorrente Ucrânia em Kiev.
No Grupo I, a Espanha lidera com 14 pontos e uma partida a menos. A Roja foi a Helsinki e impôs placar de 0x2 sobre a Finlândia com gols de Jordí Alba e Álvaro Negredo. Resultado que ajudou a França que perdeu dois pontos na Geórgia ao empatar sem gols com a seleção local e depois vencer a Bielorrússia por 2×4 em Gomel. A Espanha deverá se classificar e a França deverá ser outra a encarar a repescagem.
Na América do Sul, a Argentina foi a Assunção e impôs vitória maiúscula sobre o Paraguai por 2×5 com dois gols de pênalti de Lionel Messi, além de Sergio Agüero, Angel di Maria e Maxi Rodriguez marcando. Os porteños atingiram 29 pontos na liderança da Eliminatória da CONMEBOL e garantiram-se para a Copa.
A Colômbia é a vice-líder com 26 pontos. Recebeu o Equador e fez 1×0 para, em seguida, ir a Montevidéu e perder por 2×0 para um ressurgido Uruguai que já havia vencido o Peru por 1×2 fora de casa. Agora, o time de Oscar Tabárez é o 5º colocado com 22 pontos na indefinida eliminatória sul-americana. A decepção é o Paraguai, lanterna e eliminado.
Na CONCACAF, o México é a grande decepção e corre sérios riscos. Na 7ª rodada, recebeu Honduras e perdeu incrivelmente por 1×2 em pleno Estádio Azteca da Cidade do México. Na sequência foi a Columbus e sofreu nova derrota, agora por 2×0, para os Estados Unidos do técnico Jürgen Klinsmann.
Situação caótica que provocou a demissão do técnico José Manuel de la Torre. O novo treinador da Seleção El Tri é Victor Vucetich, ex-Monterrey. Vucetich terá que tirar o México da péssima 5ª posição na classificação com apenas 8 pontos. A Eliminatória é liderada pelos Estados Unidos com 16 pontos e a Costa Rica com 15.
Confira as classificações na Europa, América do Sul e América do Norte-Caribe:
Qual é a dimensão do estrago que um mal planejamento pode causar? O que um time mal montado, um técnico inexperiente e uma diretoria incompetente podem trazer de prejuízos para uma grande instituição futebolística?
Um rebaixamento? Dívidas sem fim? Derrotas acachapantes?
São muitas perguntas e respostas não encontradas, problemas que contaminam uma marca, um clube, uma torcida, um esporte. Fatos que infelizmente fazem parte do cotidiano do nosso futebol.
O que se viu hoje foi, sem dúvidas, o maior vexame de uma história centenária e gloriosa. O Santos não vendeu apenas Neymar para o Barcelona, vendeu sua dignidade também.
Arranhou seu nome tão reverenciado no exterior. Envergonhou sua torcida e seus seguidores, envergonhou os brasileiros que ali estavam representados ou pelo menos deveriam estar.
Um time bi campeão mundial, tri campeão da América. Um clube que já parou uma guerra, que outrora encantou o mundo com o maior time de todos os tempos, que revelou o atleta do século…
Sinceramente não dá pra entender…
A tristeza é grande, não apenas pelo Santos, mas principalmente pelo futebol brasileiro. Está tudo errado por aqui e já faz muito tempo.
Vemos clubes grandiosos assolados por administrações desastrosas em todos os âmbitos. Gestões que culminaram em dívidas, salários atrasados, rebaixamentos, humilhações…
O fato é, enquanto o futebol brasileiro se contentar em ser exportador de matéria-prima e permitir que dirigentes se perpetuem em seus cargos, dificilmente a situação mudará.
Depois de tantas perguntas, a questão que fica é: ainda somos o país do futebol?
A dramática saída definitiva de Tito Vilanova do comando técnico do FC Barcelona por motivos de saúde força os dirigentes blaugranas a irem ao mercado em busca de novo treinador e o escolhido é o argentino Gerardo “Tata” Martino, fortemente vinculado ao Newell’s Old Boys, a exemplo do supercraque Lionel Messi, além de bom trabalho na Seleção Paraguaia. A contratação evidencia a boa reputação de treinadores sul-americanos argentinos e chilenos na Europa em detrimento de seus correspondentes brasileiros que não se firmam no Velho Continente.
Clima de comoção e tristeza em toda a Espanha pela saída de Tito Vilanova que necessitará de total dedicação aos tratamentos para sua enfermidade. Algo que impossibilita a conciliação com os trabalhos no Barça. Fãs, adversários, colegas, todos desejam pronta recuperação a Tito.
Situação que obrigou os dirigentes catalães a procurarem de última hora um bom treinador que se encaixasse dentro dos padrões de trabalho do clube.
Eis que surge o nome de Gerardo “Tata” Martino, 50 anos, argentino de Rosário, como Lionel Messi, com carreira absolutamente vinculada ao Newell’s Old Boys, novamente como Lionel Messi nos primórdios, discípulo de Marcelo Bielsa que goza de reputação de possuidor de idéias inovadoras e adepto de trabalhar com gente oriunda das bases do clube. Nada mais Barcelona que isso.
Martino estreiou nos idos de 1980 como jogador de meio de campo aos 17 anos de idade. É o recordista de partidas disputadas pelo NOB com 505 participações e 35 gols.
Os vínculos de Tata com Bielsa proveem do início dos anos 90 quando El Loco surgia no cenário de novos e talentosos treinadores argentinos. O NOB do treinador Bielsa, que contava com Martino atuando no meio de campo, sagrar-se-ia campeão do Torneio Clausura de 1992.
O título nacional conduziria o time de Rosário à Copa Libertadores daquele ano. Bielsa voltaria a mostrar competência ao atingir a final da competição contra o São Paulo FC de Telê Santana. Após uma vitória por 1×0 para cada lado, os brasileiros levariam a taça nas penalidades. Martino estava lá atuando contra os tricolores paulistas tanto no Parque Independência quanto no Morumbi.
Como treinador, Gerardo Martino deu início à carreira em 1998, tendo se destacado com títulos nacionais conquistados no futebol paraguaio. Desempenho que o alçou à posição de selecionador nacional daquele país mais tarde, em 2007.
Martino permaneceria no cargo até 2011 quando teve seu grande momento na Copa América disputada na Argentina.
O Paraguai de Martino não seria derrotado pela Seleção Brasileira de Mano Menezes. Foram dois confrontos com dois empates em jogos difíceis (2×2 na fase de grupos e 0x0 nas quartas de final com vitória paraguaia nas penalidades mais toscas da história do futebol sul-americano de seleções). A queda somente viria na final contra o Uruguai de Oscar Tabarez (3×0).
Em seguida, Martino retornaria às origens ao assumir a direção técnica do NOB, atingindo as semifinais da Copa Libertadores de 2013 após eliminação frente ao Atlético/MG nas penalidades.
Agora, Tata recebe chance de ouro ao assumir o Barcelona. Mais uma vez, o futebol europeu vem em busca dos conhecimentos de um treinador argentino.
Argentinos, chilenos, Gerardo Martino, Diego Simeone, Manuel Pellegrini, eis a armada sul-americana em ação no comando técnico de equipes europeias de expressão. Mais uma vez, treinadores brasileiros são esquecidos pelo mercado do Velho Continente. Exceções a Luiz Felipe Scolari ou Vanderlei Luxemburgo, que sequer foram bem-sucedidos nos clubes que trabalharam (é bem verdade que há o ótimo trabalho de Felipão na Seleção Portuguesa), há este abismo de afirmação entre treinadores brasileiros e sul-americanos do Cone Sul.
Resta esperar o que Martino fará com o estilo de toque de bola primaz que o Barcelona apresentou no passado próximo. Poderá ser reeditado nas mãos do argentino? Ou o Barça definitivamente mudará seu estilo de jogo?