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NOVE VEZES CAMPEÃO DE TUDO

Restando apenas duas rodadas para o término do já histórico Brasileirão 2016, somente Palmeiras e Santos podem chegar ao título tão aguardado. E será histórica essa edição de 2016 pois sairá dela o desempate e a supremacia dentro do futebol brasileiro. São eles, Palmeiras e Santos, ambos com 8 títulos de campeonatos brasileiros, os maiores vencedores dos certames nacionais. Ao final dessa temporada somente um deles terá 9 conquistas, o enea tão aguardado e já gerador de tanta discussão.

Discussão já debatida em 2010, quando dei minha opinião sobre a unificação:

http://ferozesfc.blogspot.com.br/2010/12/chazinho-de-coca-comparadando-o.html

Você pode ser de enea, pode ser de penta e pode ser de tri, mas não pode ir contra uma história que não começou a ser escrita depois que você nasceu e nem é endossada por nomenclaturas adotadas pela TV ou pelos jornais.

Se o seu negócio é nomenclatura e isso torna Roberto Gomes Pedrosa, Taça Brasil e Campeonato Brasileiro coisas distintas, então está correto pensar que o Palmeiras será pentacampeão brasileiro, caso conquiste o pontinho que lhe resta em dois jogos a disputar. Como também será correto afirmar que o Santos será tricampeão, caso o Palmeiras perca seus dois últimos jogos e o Peixe garanta os seis pontos em disputa.

Aqui surge um problema para o amigo da nomenclatura, já que desde 1971 com a adoção do “novo” campeonato brasileiro, tivemos anos em que o Campeonato Brasileiro foi, na verdade, Copa União e João Havelange. Seus campeões não são, portanto, campeões brasileiros? Quais foram os campeões brasileiros nessas temporadas?

Você pode ser também dos que acham que a fórmula da disputa é que define o alinhamento histórico da conquista. Tendo em vista que mesmo considerando como campeonato brasileiro somente as disputas a partir de 1971, as regras, o número de participantes e os formatos de disputa foram os mais variados possíveis, desde sistemas eliminatórios, sistemas mistos de grupos e pontos corridos. Mesmo dentro dos atuais pontos corridos o número de clubes participantes começou de um jeito e hoje já é outro.

Se você é de fórmula e quer enquadrar Palmeiras e Santos em suas definições de campeões brasileiros, então para você o Palmeiras tem quatro títulos de campeonato misto e agora está perto de conquistar o primeiro em pontos corridos. Já o Santos não tem nenhum em formula mista, no entanto, briga pelo seu terceiro em pontos corridos.

O que não podem nem o amigo fã de nomenclatura e nem o camarada das fórmulas é desprezar a história. E é ela quem sempre disse, antes mesmo da CBF unificar tudo, que Palmeiras e Santos são os únicos clubes brasileiros a terem vencido todos, absolutamente todos os campeonatos que definiram os campões brasileiros ao longo da história do nosso futebol. Uma história que não passou a ser escrita em 1971 nem tampouco no ano em que você nasceu.

Uma história que te obriga a aceitar uma regra óbvia – a não ser que em algum momento sejam retomados o Robertão ou a Taça Brasil, serão estes dois clubes, Palmeiras e Santos, que brigam em 2016 pelo eneacampeonato, se você é de enea, pelo penta, se você é de penta, ou pelo tri se você é de tri, para todo o sempre, os únicos clubes brasileiros a terem vencido absolutamente tudo o que já se disputou de campeonato nacional.

E será somente um deles, a partir do próximo domingo ou ao término da rodada final, o eneacampeão brasileiro. Se preferir: o único clube de futebol nove vezes campeão do Brasil.

 

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UMA FINAL DE REDENÇÃO

Especulações à parte, a real é que o Santos vai para o jogo decisivo da Copa do Brasil com a vantagem de qualquer empate. Ao Palmeiras cabe vencer pelo placar mínimo e, mais uma vez, decidir nas penalidades, onde Fernando Prass costuma ter 5 metros de largura diante dos rivais, mas que já sucumbiu diante do mesmo Santos em penalidades no Campeonato Paulista, ou vencer com diferença a partir de dois gols para comemorar o tricampeonato de forma menos penosa.

Se na Vila Belmiro o Peixe anda imbatível, fora de casa o Santos não repete nem de perto o mesmo rendimento. No BR15 foi apenas um êxito fora de seus domínios. O grande momento técnico do time de Dorival Jr também já passou, por outro lado, o momento técnico do Palmeiras não é bom há muito tempo. Ainda assim, nos confrontos entre Palmeiras e Santos ao longo de 2015, cada um venceu seus jogos em seus domínios pelo placar mínimo, o que se for repetido na próxima quarta levará a decisão para os pênaltis.

Tudo continua tremendamente aberto, ainda que o Santos pudesse ter saído com uma das mãos na Taça quando Nilson perdeu o gol mais feito do ano aos 50 minutos do 2º tempo. Quando Gabigol desperdiçou penalidade sofrida por Ricardo Oliveira e o mesmo Gabigol perdeu gol feito diante de Fernando Prass. Entretanto, o mesmo Gabigol deu a vantagem considerável que o Peixe leva para a finalíssima, anotando um golaço aos 35 do 2º tempo, redimindo-se dos erros anteriores.

Redenção passa a ser a palavra de ordem no Palmeiras. Um time do qual se esperava melhor nível técnico e tático a essa altura do ano, mas que promove ao seu torcedor um ano muito menos dramático que a temporada anterior e que, aos trancos e barrancos, pode beliscar um título gigantesco e abrilhantar um ano de, como já disse, “redenção”. Como para o Santos, que saiu de postulante ao rebaixamento no início da temporada a campeão Paulista e pode fechar o ano como campeão da Copa do Brasil. Tudo isso é superação, tudo é redenção.

Poderia o Alviverde ter saído com um placar bem mais favorável na primeira partida da final, já que Jackson perdeu gol feito nos primeiros minutos de jogo, o que fatalmente mudaria o layout tático da peleja. Poderia também, desde que o árbitro tivesse seguido o mesmo critério de quando marcou a penalidade santista, ter a chance de abrir o placar em penalidade não dada em Barrios. E no caso de penalidade assinalada, David Braz teria sido expulso e o Peixe seguiria o resto do embate com um jogador a menos e com o revés no placar, desde que o pênalti conferido.

O ano de ambos, os jogos entre ambos e os detalhes supracitados mostram algo que enalteci ontem em minhas redes (anti) sociais: Só perde uma final quem chegou a ela. Não existe sorte, existe competência. Não existe apenas gol perdido, existe defesa feita. Existem papéis sendo desempenhados, alguns com mais ou menos eficácia.

Quarta que vem é no Allianz Parque, com 40 mil palmeirenses pressionando do lado de dentro e outros milhares do lado de fora. Milhões de alviverdes e alvinegros pelo país e pelo mundo afora.

Tudo está aberto, todas as possibilidades seguem válidas. Invalidando o discurso do demérito ou da derrota da véspera.

palmeiras X santos

O FUTEBOL SOBREVIVE POR ELE

É…2014 tem sido mesmo fantástico e, ao mesmo tempo, intenso. Em todos os aspectos. Tivemos praticamente um ano dividido em dois. Dois partidos políticos. Duas frentes de ideias. E dois períodos: um pré-copa e um pós-copa.

No futebol brasileiro, o pré nos reservou o mesmo de outros tempos: os já enfadonhos campeonatos estaduais e suas políticas cada vez mais sujas e menos pensantes quanto ao nível e o melhoramento de nosso esporte.

O pós, tratou de escancarar justamente isso. Até porque, os 7×1 do Mundial nos deixaram feridas abertas e sinais claros de que, caso não seja feita nenhuma mudança brusca e significativa no modo de se gerir, formar, gerenciar e, sobretudo, jogar, continuaremos em queda livre. Continuaremos sendo goleados por cartolas e suas cartas na manga, sempre com o mais manjado dos truques.

Mas, por outro lado, o dia 05 de novembro de 2014 mostrou que o futebol, mesmo quando mal tratado, ainda se supera sozinho. Graças ao seu encanto natural. À sua maneira única de jogar por terra justiças e justiceiros de plantão. Graças aos seus enredos sempre inexplicáveis, sem pé nem cabeça. Por sua capacidade ímpar de formar caráter e formar torcedores. Tanto na derrota, que se transformaria em vitória impossível, quanto na possível vitória que acabaria em derrota impossível. Como entender? Não é preciso.

As semifinais da Copa do Brasil de todas as Copas tem ratificado esta máxima. E o seu principal protagonista talvez seja o Time dos Milagres, da Fé e, principalmente, dos Santos, que fugiram da Bahia para se alocar na Cidade do Galo, em BH – a capital do Esporte Bretão tupiniquim. Como pode? O enredo da classificação do Atlético-MG contra o Flamengo foi exatamente o mesmo do jogo diante do Corinthians, com o mesmo placar. Quem explica? Se é que precisa? A verdade é que o Galo é mesmo doido!

Por falar em Santos, o gigante da Vila mais famosa do mundo jogou como nunca, chegou a estar próximo do êxito, porém sucumbiu de maneira triste e dolorosa ao ainda regular e cirúrgico Cruzeiro. Este, bem perto de repetir a temporada 2003, quando faturou a tríplice coroa, conquistando Campeonato Mineiro, Brasileiro e a Copa do Brasil.

Willian anotou dois gols no jogo da Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)
Willian anotou dois gols na Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)

Já na Sul-Americana, mais precisamente em Guayaquil, no Equador, o São Paulo foi mais que gigante ao suportar a pressão do indigesto dono da casa Emelec. Afinal, a partida, que já começou quente um dia antes, foi um turbilhão de emoções durante os 90 minutos, testando de maneira cruel o coração do mais cético dos são-paulinos.

Mesmo tendo saído atrás no placar, o Tricolor foi valente e conseguiu a virada, com gols de Alan Kardec e Ganso, ainda na etapa inicial.

Aparentemente, a classificação viria de forma tranquila, certo? Ledo engano!

Veio o segundo-tempo e a equipe equatoriana simplesmente amassou a brasileira. Principalmente quando marcou dois gols em sete minutos. Ou, quando quase empatou nas três bolas que explodiram nas traves de Rogério Ceni, que salvaria o time em duas ocasiões e ainda assistiria o atacante Mena desperdiçar chance imperdível. Decisiva.

Resultado: São Paulo nas semifinais de maneira heroica. Fator que pode ser crucial para impulsionar a equipe de Muricy ao bi.

Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)
Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)

Fato é que, mesmo combalido e jogado às traças, nosso futebol brasileiro ainda nos dá motivos plausíveis para mantermos vivo aquele fio de esperança em um futuro melhor. Em um esporte, como um todo, melhor. Mais saudável e menos infectado.

No Brasil e, em todo mundo, acredito que o futebol sobrevive somente por ele. Seja aonde for. Como for. Basta rolar a bola. Basta jogar o jogo. Basta um gol. Uma defesa. Uma virada. Basta senti-lo. Basta.

Assim como classificou Juca Kfouri, em seu blog no UOL, a última noite foi a melhor do ano, mesmo ainda tendo 6 rodadas do Brasileirão e a final entre Cruzeiro x Atlético-MG pela frente.

Cheguei da faculdade, abri o WhatsApp e vi que os jogos estavam emocionantes. Em 3 pelejas, foram 16 gols e três viradas. Épico! Histórico. Chegou uma hora em que fiquei perdido com o controle remoto na mão, não sabendo em qual jogo deixar sem me emocionar.

Ainda restam duvidas que a última quarta salvou a temporada?

Por mim, na boa, poderia acordar amanhã no dia 31, esperando ansiosamente pelos festejos do Réveillon.

Ah! Já ia me esquecendo…

Feliz 2015!

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

QUEM PAGARÁ A CONTA?

As semifinais da Copa do Brasil colocaram os dois melhores time do Brasil no caminho de duas camisas igualmente tradicionais, mas que não vivem seu melhor momento.

O time a ser batido em 2014 enfrentou um irregular, porém esforçado, Santos, que dentro das suas infinitas limitações precisava reverter uma vantagem simples de 1×0 conquistado no Mineirão.

A Vila Belmiro foi  o palco escolhido para virada. Haverá contestações de muitos em relação ao fato de não ser o Pacaembu o escolhido para um jogo dessa dimensão, mas é na Vila que o Santos se sente em casa e assim foi feito.

12 mil vozes e a pressão corriqueira do estádio fizeram com que a vantagem de 1×0 sucumbisse em apenas 1 minuto, Robinho abriu o placar e incendiou a partida.

Contudo, foi justamente o gol que escancarou as realidades dos times e do jogo. O Cruzeiro, líder do certame nacional, experiente e “cascudo” não sentiu o gol inicial e foi cirúrgico para empatar. Na primeira descida, 1×1 e um balde de água fria no Santos.

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Como se não bastasse a chuva e o gramado pesado, os garotos do Santos sentiram a pressão e a dificuldade da decisão. Caberia aos “medalhões” chamarem a responsabilidade, mas também não foram capazes disso diante da calma e precisão do Cruzeiro.

O 3×1 necessário até foi construído. Aos “trancos e barrancos” e na superação, o Santos alcançou o resultado necessário para chegar à final, mas era muito cedo. O Cruzeiro tinha muito tempo para anotar 1 tento e o Santos tinha pouca perna para impedir.

Prevaleceu mais uma vez a eficiência e a experiência e o 3×3 era inevitável. O torcedor não enxergava isso, mas a cada substituição, o gol do Cruzeiro se aproximava e carregado pelos braços da torcida, a resistência do time durou até os 35min do 2° tempo.  Momento chave, o momento da eliminação e o anúncio do fim da temporada do Santos.

O alvinegro encerra mais uma temporada sem títulos, sem vaga na Libertadores e sem previsões otimistas de futuro.

Os 90 minutos diante do Cruzeiro foram suficientes para não salvar 2014 e comprometer 2015. O clube vive uma crise “invisível” e deve fechar o ano novamente deficitário.

O que se sabe é que a Diretoria será renovada, muitos jogadores sairão, mas o saldo das decepções e da péssima gestão dos últimos dois anos fica a cargo de quem?

Afinal, quem pagará a conta?

PÉS NO CHÃO PARA VOAR MAIS ALTO!

Um dos clássicos mais tradicionais do Brasil, que na década de 60 era certamente o maior de todos, hoje não possui mais o mesmo encanto.

Santos e Botafogo nem de longe tem os elencos gloriosos de tempos passados. O time carioca mal consegue manter o atual plantel, enfrenta grave crise e corre sério risco de voltar à Série B.

Já a situação do Peixe não é tão desastrosa, mas o time ainda enfrenta dificuldades para engrenar e vê na Copa do Brasil a esperança de salvar a temporada.

Em suma, o confronto das quartas de final escancarou a realidade do Botafogo e deu bons indícios para o time da Vila. Porém, quem está no futebol há muito tempo sabe que existe uma máxima que não pode ser ignorada: “pés no chão”.

É fato que os 5×0 foram sonoros, inapeláveis e encheram de moral um time que precisava justamente desse “algo a mais” para galgar degraus e almejar “voos” mais ousados.

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Contudo, o adversário superado não pode criar a ilusão no Santos de que o time está pronto. O foco deve ser mantido, pois o abismo que separa o Botafogo do Cruzeiro (próximo confronto) é do tamanho da goleada aplicada.

Sendo assim, para voltar à disputa pela conquista da América, o Santos precisa de “pés no chão” e regularidade, já que se a meta é salvar o ano e voar mais alto em 2015, agora, só faltam 4 jogos para alcançá-la.