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QUEM PAGARÁ A CONTA?

As semifinais da Copa do Brasil colocaram os dois melhores time do Brasil no caminho de duas camisas igualmente tradicionais, mas que não vivem seu melhor momento.

O time a ser batido em 2014 enfrentou um irregular, porém esforçado, Santos, que dentro das suas infinitas limitações precisava reverter uma vantagem simples de 1×0 conquistado no Mineirão.

A Vila Belmiro foi  o palco escolhido para virada. Haverá contestações de muitos em relação ao fato de não ser o Pacaembu o escolhido para um jogo dessa dimensão, mas é na Vila que o Santos se sente em casa e assim foi feito.

12 mil vozes e a pressão corriqueira do estádio fizeram com que a vantagem de 1×0 sucumbisse em apenas 1 minuto, Robinho abriu o placar e incendiou a partida.

Contudo, foi justamente o gol que escancarou as realidades dos times e do jogo. O Cruzeiro, líder do certame nacional, experiente e “cascudo” não sentiu o gol inicial e foi cirúrgico para empatar. Na primeira descida, 1×1 e um balde de água fria no Santos.

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Como se não bastasse a chuva e o gramado pesado, os garotos do Santos sentiram a pressão e a dificuldade da decisão. Caberia aos “medalhões” chamarem a responsabilidade, mas também não foram capazes disso diante da calma e precisão do Cruzeiro.

O 3×1 necessário até foi construído. Aos “trancos e barrancos” e na superação, o Santos alcançou o resultado necessário para chegar à final, mas era muito cedo. O Cruzeiro tinha muito tempo para anotar 1 tento e o Santos tinha pouca perna para impedir.

Prevaleceu mais uma vez a eficiência e a experiência e o 3×3 era inevitável. O torcedor não enxergava isso, mas a cada substituição, o gol do Cruzeiro se aproximava e carregado pelos braços da torcida, a resistência do time durou até os 35min do 2° tempo.  Momento chave, o momento da eliminação e o anúncio do fim da temporada do Santos.

O alvinegro encerra mais uma temporada sem títulos, sem vaga na Libertadores e sem previsões otimistas de futuro.

Os 90 minutos diante do Cruzeiro foram suficientes para não salvar 2014 e comprometer 2015. O clube vive uma crise “invisível” e deve fechar o ano novamente deficitário.

O que se sabe é que a Diretoria será renovada, muitos jogadores sairão, mas o saldo das decepções e da péssima gestão dos últimos dois anos fica a cargo de quem?

Afinal, quem pagará a conta?

PÉS NO CHÃO PARA VOAR MAIS ALTO!

Um dos clássicos mais tradicionais do Brasil, que na década de 60 era certamente o maior de todos, hoje não possui mais o mesmo encanto.

Santos e Botafogo nem de longe tem os elencos gloriosos de tempos passados. O time carioca mal consegue manter o atual plantel, enfrenta grave crise e corre sério risco de voltar à Série B.

Já a situação do Peixe não é tão desastrosa, mas o time ainda enfrenta dificuldades para engrenar e vê na Copa do Brasil a esperança de salvar a temporada.

Em suma, o confronto das quartas de final escancarou a realidade do Botafogo e deu bons indícios para o time da Vila. Porém, quem está no futebol há muito tempo sabe que existe uma máxima que não pode ser ignorada: “pés no chão”.

É fato que os 5×0 foram sonoros, inapeláveis e encheram de moral um time que precisava justamente desse “algo a mais” para galgar degraus e almejar “voos” mais ousados.

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Contudo, o adversário superado não pode criar a ilusão no Santos de que o time está pronto. O foco deve ser mantido, pois o abismo que separa o Botafogo do Cruzeiro (próximo confronto) é do tamanho da goleada aplicada.

Sendo assim, para voltar à disputa pela conquista da América, o Santos precisa de “pés no chão” e regularidade, já que se a meta é salvar o ano e voar mais alto em 2015, agora, só faltam 4 jogos para alcançá-la.

QUE SAUDADE DA COPA!

Retorno de Robinho, Vila Belmiro lotada, dois times na parte de cima da tabela e a rivalidade recente aflorada. Todos os ingredientes para um grande jogo…

Contudo, o que se viu em campo foi mais um episódio do “desastroso” Campeonato Brasileiro, a liga mais nivelada do mundo, só que por baixo.

De um lado, a evidente “falta de vontade” de atacar. Do outro, a intenção de fazê-lo, mas sem qualidade.

O Santos viveu de lampejos de Robinho, que mesmo fora de ritmo destoa dos demais. (Bom sinal? Não. Apenas mais um reflexo do empobrecimento de nosso futebol). 

Já o Corinthians, mais uma vez cirúrgico, cumpriu a proposta de seu treinador e foi premiado com os três pontos. (Justo? Bom, o futebol não costuma ser um esporte justo).

De fato, em meio a lamentações e adendos, o Campeonato Brasileiro segue, mas segue sem brilho, segue com um futebol “pobre”, com jogos melancólicos e clássicos muito mais brigados do que jogados.

E o futebol brasileiro? Este segue da mesma forma, como um reflexo de sua liga nacional, não evitando uma frase que insiste em pairar pela mente: “Que saudade da Copa!”

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Obrigado, Costa Rica!

Dominante nas arquibancadas do estádio Castelão e ampla favorita para o jogo, a tradicionalíssima celeste protagonizou a primeira zebra da Copa do Mundo 2014. Um dos postulantes ao título de “carrasco” da seleção brasileira sucumbiu diante da inexpressiva Costa Rica e se complicou no grupo da morte.

Mesmo com o desfalque de Suárez, ninguém poderia esperar um placar que não fosse a vitória uruguaia. Contudo, o que se viu em campo em nada se assemelha à celeste aguerrida e eficiente de 2010.

Forlán, melhor jogador daquela Copa, nem de longe lembrou o grande jogador de outrora. Cavani, um oásis em meio a tantos “brucutus” uruguaios até anotou o seu tento, mas sozinho nada pode fazer.

Há 4 anos, esse mesmo estilo de jogo de marcação forte aliado ao talento de Forlán foi suficiente para colocar o Uruguai entre as quatro melhores seleções do mundo, mas há 4 anos…

Para continuar no caminho das vitórias é preciso renovar, “oxigenar” uma equipe com novas peças e, muitas vezes, com uma nova forma de jogar.

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No “chato” futebol moderno temos visto reinar nos gramados um futebol burocrático, de forte marcação, extremamente físico e que vive de contra-ataques.

A escola uruguaia, como muitas outras, é retrógrada e não é só a derrota de hoje que mostra isso, a Costa Rica apenas fez o “favor” de escancarar tal fato, pois há muito tempo vemos times jogando dessa maneira.

Que a derrota inesperada sirva de lição para o Uruguai de que camisa, por mais tradicional que seja, não ganha jogos sozinha, de que quando se tem qualidade não se deve abrir mão jamais da ousadia e da vontade de jogar para frente, quase que “sem responsabilidade”.

Que mais “Costas Ricas” protagonizem zebras como essa. Que o futebol que abdica do ataque não vença e que retrógrados “Uruguai´s” abandonem esse estilo de jogo pragmático.

Vamos torcer para o “imponderável” continuar pregando suas peças, pois é justamente disso que vive o futebol, do encanto do “impossível” e do talento acima de tudo.

Obrigado, Costa Rica!

 

A DESPEDIDA DO REINO E DA PRINCESA

Quando confirmado o adversário santista na segunda fase da Copa do Brasil, certamente se imaginou vida fácil para o time de Oswaldo de Oliveira.

Porém, o simpático time do Princesa do Solimões fez questão de mostrar que “bobo”, no futebol, não existe mais.

O simples fato de ter levado o segundo jogo para Vila Belmiro já pode ser considerado uma grande vitória, marcar dois gols no estádio então, quase um título. (Três, se considerarmos o bizarro tento anotado pelo “figurão” Clayton He-Man)

O ousado clube amazonense não chegou a ameaçar a classificação do Santos, mas expôs a grande limitação técnica da defesa alvinegra.

Com o departamento médico abarrotado de zagueiros, Oswaldo de Oliveira tem tentado “se virar” com o que tem. David Braz, que sequer era relacionado para os jogos, virou titular.  Bruno Uvini, desconhecido pelo próprio treinador, mal chegou e já beliscou o seu lugar no time.

Sendo assim, a contratação de um bom zagueiro para o andamento da temporada deve ser colocada como prioridade e a pausa durante a Copa pode ser a grande aliada do time.

De fato, mesmo entre todos os altos e baixos, o Santos, se não encanta, tem se mostrado cascudo, pois com apenas duas derrotas no ano, segue firme na briga pelos dois títulos que ainda lhe restam na temporada. Além disso, se mantem invicto até o fim da Copa do Mundo jogando na Vila Belmiro, já que esse foi o último jogo da equipe, no estádio, antes do evento começar.*

Enfim, na despedida provisória da terra do Rei, a princesa não reinou e os príncipes brilharam. Ah, e o He-man? Esse vai ter que mostrar a sua força em outro lugar…

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* México e Costa Rica irão utilizar a estrutura do Santos durante a Copa do Mundo.