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NOVENTA MINUTOS DE APATIA

Não há outra palavra para definir o comportamento do Corinthians diante do São Paulo no Pacaembu na tarde de domingo, 28/07/2013, que não seja esta: apático. Bem posicionado, sem sofrer muito perigo dentro da área, seguro nas defesas (Cássio sequer precisou fazer muita coisa), mas apático.

Até que ponto é uma tática eficiente caprichar na marcação , se ao final de tudo as finalizações ficarem prejudicadas pelo esquema? Tite, como sabemos, é um estudioso de esquemas táticos. Mas tem insistido demais na mesma estratégia. Com a mudança inevitável após a saída de Paulinho, nos falta aquele cara que chuta de fora da área, que surpreende. Guilherme, que vem jogando bem, tem outro estilo, mais defensivo, embora seja um segundo volante. E nos falta o batedor de faltas, o cobrador de escanteios. Enfim, o cara das bolas paradas.

Apesar do empenho de alguns jogadores de ambos os lados, o jogo passou com o placar em branco.
Apesar do empenho de alguns jogadores de ambos os lados, o jogo passou com o placar em branco.

Em contrapartida, o São Paulo consertou o que estava errado. Paulo Autuori foi esperto enquanto havia tempo e afastou o insubordinado Lúcio – que afinal de contas, o que quer da vida a esta altura da carreira? – e ainda mandou para o banco Paulo Henrique Ganso (e preferiu não utilizá-lo ao longo dos 90 minutos). Funcionou: com Toloi e Paulo Miranda, ainda que o São Paulo não tenha sido efetivo no ataque, impediu todas as jogadas do ataque corintiano.

As substituições mais óbvias e esperadas, Renato Augusto e Pato, no lugar de Émerson e Guerrero, desta vez não surtiram tanto efeito. O primeiro, embora ousado, sentiu a falta de ritmo; o segundo tentou, tentou, tentou… mas ficou no quase. Mais uma vez, o problema aqui é a diferença nos estilos de jogo. Pato não é centroavante. Até se esforça para ser, é verdade. Mas também – a despeito das opiniões que vão do 8 ao 80 – há que se dizer que é responsável por três dos seis gols marcados pelo Corinthians no campeonato Brasileiro.

Douglas, no lugar de Danilo, foi quem melhor jogou no segundo tempo. Quem dera sempre mantivesse essa regularidade.

Se ao São Paulo o que resta é salvar-se – opinião corroborada pelo goleiro Rogério Ceni – ao Corinthians resta livrar-se do marasmo ao qual vem se agarrando fortemente dia após dia.  E isso passa pela reavaliação do esquema tático implantado, à reavaliação do – como gosta dizer Adenor – “me-re-ci-men-to” de alguns jogadores pela vaga (Fábio Santos vem sendo pífio há algumas rodadas, Edenilson ainda não aprendeu plenamente a ser um lateral) e finalmente, por uma injeção de ânimo e reajuste do foco da equipe. É pedir muito?

QUANDO A IDADE NÃO É PROBLEMA

Com as saídas rumo a Europa de Neymar e Lucas, imaginava-se que o posto de protagonista do esporte no país ficaria vago. Entretanto, alguns “vovôs da bola” roubaram a cena. Alex (35), Seedorf (37), Zé Roberto (38) e, agora, Juninho Pernambucano (38) provam ainda reunir condições de atuar em alto nível e, hoje, são destaques de suas equipes no atual, e equilibrado, BR13.

Mesmo após passar da casa do 30, todos sempre prezaram pela manutenção de um bom condicionamento físico. Ambos parecem meninos na aparência conservada, tamanha a desenvoltura e classe demonstradas dentro de campo. A recompensa, talvez, esteja na sorte de nunca terem sofrido com uma grave lesão.

Devido aos longos e vitoriosos anos atuando em grandes centros do futebol europeu, todos desenvolveram muito bem suas habilidades como jogador. Tanto tecnicamente, quanto taticamente. Éticos, bem articulados e convictos de suas representatividades no mundo futebolístico, mantém-se alheios à polêmicas, deixando sempre uma ótima imagem ao grande público.

Craques com a bola nos pés, e sem ela, líderes natos, por onde passaram, sempre exerceram o papel de capitão de suas respectivas equipes. Ídolo do Coritiba, líder invicto do campeonato, Alex, levantou inúmeros troféus com a braçadeira do Fenerbahçe, deixando o time ano passado, com direito a uma homenagem em forma de estátua, na entrada da sede do clube. Na mesma linha, Clarence Seedorf, o holandês mais brasileiro do mundo, fez história com o manto de Ajax, Milan, Inter de Milão, Real Madrid e, agora, escreve outro brilhante capítulo em sua carreira vitoriosa com a consagrada camisa alvinegra do Botafogo. Campeoníssimo na Alemanha, Zé Roberto, atualmente comandante da meia-cancha do Grêmio, mostra a mesma habilidade dos tempos áureos de Portuguesa, Bayern de Munique, Bayer Leverkusen e Hamburgo. Por último, Juninho Pernambucano. O ‘Reizinho de São Januário’ retornou pela terceira vez ao Vasco, seu grande amor, no último fim de semana. Trajando a camisa 10 cruz-maltina, o craque reestreou sendo peça fundamental na vitória do Gigante da Colina no clássico diante do Fluminense, no “New Maracanã”.

Ainda no Brasileirão-13, temos exemplos de atletas que são praticamente eternos. Como é o caso de Paulo Baier, do Atlético-PR, atualmente com 38 anos. Na mesma linha, tudo leva a crer que o ídolo máximo do São Paulo Futebol Clube, Rogério Ceni, hoje com 40, pendure suas luvas ao final desta temporada. Ainda mais pelo atual momento da equipe paulista, que vive crise sem fim. E o que dizer do “imparável” arqueiro esmeraldino Harlei? Com 41 primaveras e mais de 800 jogos com a camisa do Alviverde Goiano, o baixinho da camisa 1 prova a cada jogo e treino que ainda tem muita lenha para queimar.
Duas vezes melhor do mundo, com seus 33 anos, Ronaldinho Gaúcho, principal jogador do Atlético-MG, demonstra a cada passe, gol ou vitória, se sentir um novato no elenco do Galo – atual finalista da Libertadores e um dos favoritos ao título do certame nacional.

Paulo Baier, Ronaldinho, Rogério Ceni e Harlei - craques perto dos quarenta e outros que já passaram (Foto: Stéfano Bruno - Jornalismo FC)
Paulo Baier, Ronaldinho, Rogério Ceni e Harlei – craques perto dos quarenta e outros que já passaram (Foto: Stéfano Bruno – Jornalismo FC)

Fato é que nos tempos modernos de um futebol cada vez mais competitivo, a idade, se acompanhada de alguns cuidados básicos, prova não ser problema, mas solução. Aos jovens atletas de hoje, que sigam os exemplos dos ídolos do futebol de ontem. Não, pera…de hoje também.

Perto dos 40, Zé Roberto, Juninho, Alex e Seedorf conseguem jogar em alto nível.

Perto dos 40, Zé Roberto, Juninho, Alex e Seedorf ainda conseguem jogar em alto nível (Foto: Felipe Oliveira – Ferozes FC)

 

PETR CECH: CRAQUE NO GOL E NA BATERIA

É comum ouvir e ler por aí histórias sobre jogadores de futebol que se arriscam no mundo da música, especialmente no Rock. Ronaldo Giovanelli, ex-goleiro do Corinthians e hoje comentarista da Band era roqueiro, teve banda e tudo mais. Rogério Ceni, o M1to Tricolor, é também amante das guitarras distorcidas e fã assumido de AC/DC entre outras bandas lendárias do seguimento. Outro goleiro, este um dos melhores do mundo na atualidade, também é entusiasta do melhor dos estilos. Trata-se de Petr Cech, camisa 1 do Chelsea F.C, da Inglaterra.

Campeoníssimo com a camisa dos Blues, Cech prova neste vídeo, na qual apresenta-se junto a banda Eddie Stoilow, no festival Checo Rock For People, que, além de utilizar as mãos para defender bem o gol de seu clube, também as aproveita na música. Neste caso, na Bateria.

“Numa banda, se o baterista falha, tudo se desmorona”, disse Petr Cech, em declarações antes do concerto. Além da Eddie Stoilow, no festival tocaram bandas como Queens of the Stone Age, Bloc Party e Gogol Bordello.

Assista o vídeo em que o arqueiro arrebenta na batera no cover da emblemática música “Smell Likes Teen Spirit”, do Nirvana.

DETALHE: Cech é canhoto! Algo raro para baterista.

Petr Cech mostrando habilidades com as mãos em outro seguimento (FOTO: TESTOSTERONA)
Petr Cech mostrando habilidades com as mãos em outro seguimento
(Foto: Testosterona)

 

SÃO PAULO 1 X 2 CORINTHIANS – UM TIME FORA DE SINTONIA E UMA EQUIPE EM HARMONIA

No primeiro Majestoso da Recopa Sul-Americana, disputado entre São Paulo x Corinthians, ficou claro que de um lado temos uma equipe pronta, que mesmo com a saída de Paulinho, manteve o padrão tático (Guilherme pode sim fazer o time continuar funcionando), a intensidade e a força de sempre. E, do outro, nota-se apenas a existência de um time – que há tempos encontra-se em formação e, principalmente, fora de sintonia.

Na noite de ontem, o que se viu no estranho gramado do Cícero Pompeu de Toledo foi um Corinthians frio como sempre, porém menos agressivo no ataque, mas ainda mortal e, sobretudo, com sorte. O São Paulo, apático como de costume e ainda dependente das arrancadas de Oswaldo, mostrou novamente possuir um setor criativo nulo, capitaneado pela péssima atuação do até aqui mico chamado Paulo Henrique Ganso. Já está mais do que provado que Jádson e o camisa 8 não podem atuar juntos.

No truncado primeiro tempo, Guerrero abriu o placar para os “visitantes” em jogada rápida de Romarinho para cima do fraco e recém-integrado lateral Juan. Aliás, um dos pontos fracos deste estranho time tricolor comandado pelo ameaçado Ney Franco (Muricy está desempregado) é justamente as alas. Por mais experiente que seja, Clemente Rodriguez, contratado durante a Copa das Confederações, ainda é uma incógnita. Incrível mesmo é o azar ou talvez a falta de competência dos dirigentes são-paulinos ao contratarem laterais. Desde a saída de Cicinho que o clube não acerta nos nomes para a posição.

No primeiro minuto da etapa complementar, Cássio errou e quase virou protagonista. Entretanto, mesmo sem ser o mesmo de um ano atrás, o Corinthians tem acertado muito. Assim como acertou Renato Augusto, no lindo e decisivo gol marcado em cima do errado Rogério Ceni. Adiantado mais uma vez.

O resultado de 2 a 1 a favor dos Alvinegros pode até não significar tanto, afinal esta decisão simboliza nada mais do que um título simbólico criado pela Conmebol para encher linguiça no já estufado e errôneo calendário do futebol brasileiro. Mas trata-se de um clássico. Um clássico que há algum tempo tem ganhado um teor de rivalidade gigantesco. Um clássico capaz de instalar crises. Um clássico. O clássico.

O tabu corintiano continua no Morumbi. Cabe ao São Paulo, agora no Pacaembu, na segunda partida, reverter a situação e jogar o que não tem jogado: futebol. Ao time do Adenor, basta continuar sendo o Corinthians dos últimos tempos: campeão.

Renato Augusto garantiu a vitória do Corinthians sobre o São Paulo, no Morumbi, pelo primeiro jogo da Recopa
Renato Augusto garantiu a vitória do Corinthians sobre o São Paulo, no Morumbi, pelo primeiro jogo da Recopa

 

 

A CAMISA 8 EM BOAS MÃOS

Num lance de solidariedade involuntária entre colegas de função, Rogério Ceni salvou Cássio. A responsabilidade de um empate na noite de quarta-feira, 3 de julho de 2013, cairia toda na conta do goleiro corintiano. Mas houve um Renato Augusto em campo, acionado após uma lesão atrás da outra no meio campo alvinegro. Primeiro Danilo, depois seu substituto, Douglas. Antes disso, com o Timão em vantagem, placar aberto por Guerrero, aconteceu de Aloisio marcar com um chute direto e ver Cássio falhar bisonhamente, ‘ajudando’ a bola a chegar ao fundo da rede. E parecia que ia ficar nisso. Aloisio seria o dono da situação, um herói para o Tricolor, que vinha muito mal, especialmente nas laterais, as avenidas paralelas Juan e Douglas.

Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.
Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.

Mas Rogério se adiantou, e Renato, herdeiro da camisa 8, do recém-saído ídolo Paulinho, muito consciente da situação, mandou por cobertura, sem chances para o veterano goleiro. Fechou o placar e ganhou a noite. E provavelmente a vaga de titular.

Porque sinceramente, não dá pra ter Douglas em campo e Renato Augusto no banco. Não faz o menor sentido. Talvez Tite ainda tivesse dúvidas quanto à condição física de Renato, mas isso se desfez neste primeiro jogo da Recopa. O treinador vai precisar arranjar lugar para ele na equipe.

Em compensação, o substituto oficial de Paulinho, Guilherme, embora não tenha comprometido, também não empolgou o torcedor. Conseguiu mandar uma bola na trave, mas nada mais do que isso. Tem características bem diferentes do antecessor, um estilo um pouco mais defensivo. Talvez com ele em campo, o Corinthians tome menos gols, o que, digamos, não é também uma novidade, já que a zaga tem se portado bem, especialmente com Gil, que pouco falha. No ataque, embora não tão produtivos, Emerson e Guerrero parecem continuar firmes. Romarinho, entre o meio e o ataque, também foi bem, e não se vê lugar para Pato na equipe neste momento.

Numa comparação que se faz injusta por força das circunstâncias, o Corinthians, embora com alguns problemas e um certo comportamento ‘burocrático’, ainda permanece alguns degraus acima do rival. Ney Franco nem de perto tem o mesmo controle sobre sua equipe tal qual Tite tem sobre o Timão. Além de boas opções no banco de reservas, Adenor tem à sua disposição a aplicação tática de seus jogadores. Faz a diferença. Na comparação, que diferença real têm Juan e Fábio Santos? Quase nenhuma em termos de qualidade técnica, ambos são fracos. Mas o segundo faz parte de um esquema organizado e solidário. No São Paulo, parece que os jogadores não se entendem. Ainda é assustador ver Lúcio avançando ao ataque feito um caminhão sem freio. Não há sentido e resultado prático nisso. É de se pensar.

Agora, os dois times decidem no Pacaembu, no dia 17 de julho, o título da Recopa. O peso está todo nas costas do São Paulo e de seu treinador Ney Franco. Se é que até lá ele ainda poderá ser dono do cargo. Aguardemos.

Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.
Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.