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A COPA É O GONGO RUBRO-NEGRO

Como um boxeador próximo de levar um nocaute e vê sua chance de sobrevivência ao soar do gongo. Assim está a pausa do BR14 para o Flamengo.

O rubro-negro entrou em um espiral negativo que pelo andar da carruagem dificilmente seria reversível com os jogos ocorrendo as quartas e domingos como vinha sendo. O calendário não pode servir como desculpa para o péssimo trabalho realizado por Ney Franco até o momento, claro. Alberto Valentim está ai para mostrar que é possível reconfigurar uma equipe, por mais limitada que seja, em curto período de tempo. Seja por meio de novas peças ou rearranjando as de sempre.

A política do Flamengo é hoje a de recuperação financeira. Diminuiu consideravelmente sua dívida milionária desde que a atual direção assumiu. O que é muito louvável em um mundo onde se gasta mais do que se pode e se deve o que não deve. Mas a demissão de Jaime de Almeida, da maneira como aconteceu, mostra que a condução assertiva do clube não se reflete nas tratativas dos campos. E se optou por demitir o técnico que aparentemente era querido pelo grupo, que trouxesse um muito melhor. Não é o caso de Ney Franco, que está dentro da rasa média dos treineiros brasileiros.

Como alento ao torcedor rubro-negro, podemos lembrar do Palmeiras de 2006, que terminou a “primeira” fase do BR daquele ano na lanterna e muitos pontos atrás do primeiro clube fora do Z4. Tite chegou e usou a pausa da Copa de maneira brilhante, retomando o campeonato com outra postura e, emendando uma série de bons resultados, tirou o time daquela situação. E poderia ter ido até mais longe, não tivesse se indisposto com a direção da época, o que acabou por demiti-lo de maneira patética.

Serve o exemplo para o Flamengo. Mas é bom lembrar que Ney Franco não é o Adenor. Então não é qualquer pausa que irá reverter esse momento terrível dos cariocas.

E se a pausa pode ser boa para o Flamengo, pode não ser tão boa assim para o líder Cruzeiro. Ainda que apenas 3 pontos do 2º colocado, o time mineiro é o único que apresenta um grande futebol. Certamente teria todas as condições de ampliar essa margem consideravelmente nas próximas rodadas, aproveitando-se do baixo nível do futebol apresentado pelos rivais.

A pausa pode não afetar o bom futebol cruzeirense, mas pode aumentar o poder de fogo dos rivais diretos, que prometem se mexer. Deve haver maior equilíbrio no retorno da Copa.

Ney Franco Flamengo Jayme de Almeida 2014

SÃO PAULO 1 X 2 CORINTHIANS – UM TIME FORA DE SINTONIA E UMA EQUIPE EM HARMONIA

No primeiro Majestoso da Recopa Sul-Americana, disputado entre São Paulo x Corinthians, ficou claro que de um lado temos uma equipe pronta, que mesmo com a saída de Paulinho, manteve o padrão tático (Guilherme pode sim fazer o time continuar funcionando), a intensidade e a força de sempre. E, do outro, nota-se apenas a existência de um time – que há tempos encontra-se em formação e, principalmente, fora de sintonia.

Na noite de ontem, o que se viu no estranho gramado do Cícero Pompeu de Toledo foi um Corinthians frio como sempre, porém menos agressivo no ataque, mas ainda mortal e, sobretudo, com sorte. O São Paulo, apático como de costume e ainda dependente das arrancadas de Oswaldo, mostrou novamente possuir um setor criativo nulo, capitaneado pela péssima atuação do até aqui mico chamado Paulo Henrique Ganso. Já está mais do que provado que Jádson e o camisa 8 não podem atuar juntos.

No truncado primeiro tempo, Guerrero abriu o placar para os “visitantes” em jogada rápida de Romarinho para cima do fraco e recém-integrado lateral Juan. Aliás, um dos pontos fracos deste estranho time tricolor comandado pelo ameaçado Ney Franco (Muricy está desempregado) é justamente as alas. Por mais experiente que seja, Clemente Rodriguez, contratado durante a Copa das Confederações, ainda é uma incógnita. Incrível mesmo é o azar ou talvez a falta de competência dos dirigentes são-paulinos ao contratarem laterais. Desde a saída de Cicinho que o clube não acerta nos nomes para a posição.

No primeiro minuto da etapa complementar, Cássio errou e quase virou protagonista. Entretanto, mesmo sem ser o mesmo de um ano atrás, o Corinthians tem acertado muito. Assim como acertou Renato Augusto, no lindo e decisivo gol marcado em cima do errado Rogério Ceni. Adiantado mais uma vez.

O resultado de 2 a 1 a favor dos Alvinegros pode até não significar tanto, afinal esta decisão simboliza nada mais do que um título simbólico criado pela Conmebol para encher linguiça no já estufado e errôneo calendário do futebol brasileiro. Mas trata-se de um clássico. Um clássico que há algum tempo tem ganhado um teor de rivalidade gigantesco. Um clássico capaz de instalar crises. Um clássico. O clássico.

O tabu corintiano continua no Morumbi. Cabe ao São Paulo, agora no Pacaembu, na segunda partida, reverter a situação e jogar o que não tem jogado: futebol. Ao time do Adenor, basta continuar sendo o Corinthians dos últimos tempos: campeão.

Renato Augusto garantiu a vitória do Corinthians sobre o São Paulo, no Morumbi, pelo primeiro jogo da Recopa
Renato Augusto garantiu a vitória do Corinthians sobre o São Paulo, no Morumbi, pelo primeiro jogo da Recopa

 

 

A CAMISA 8 EM BOAS MÃOS

Num lance de solidariedade involuntária entre colegas de função, Rogério Ceni salvou Cássio. A responsabilidade de um empate na noite de quarta-feira, 3 de julho de 2013, cairia toda na conta do goleiro corintiano. Mas houve um Renato Augusto em campo, acionado após uma lesão atrás da outra no meio campo alvinegro. Primeiro Danilo, depois seu substituto, Douglas. Antes disso, com o Timão em vantagem, placar aberto por Guerrero, aconteceu de Aloisio marcar com um chute direto e ver Cássio falhar bisonhamente, ‘ajudando’ a bola a chegar ao fundo da rede. E parecia que ia ficar nisso. Aloisio seria o dono da situação, um herói para o Tricolor, que vinha muito mal, especialmente nas laterais, as avenidas paralelas Juan e Douglas.

Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.
Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.

Mas Rogério se adiantou, e Renato, herdeiro da camisa 8, do recém-saído ídolo Paulinho, muito consciente da situação, mandou por cobertura, sem chances para o veterano goleiro. Fechou o placar e ganhou a noite. E provavelmente a vaga de titular.

Porque sinceramente, não dá pra ter Douglas em campo e Renato Augusto no banco. Não faz o menor sentido. Talvez Tite ainda tivesse dúvidas quanto à condição física de Renato, mas isso se desfez neste primeiro jogo da Recopa. O treinador vai precisar arranjar lugar para ele na equipe.

Em compensação, o substituto oficial de Paulinho, Guilherme, embora não tenha comprometido, também não empolgou o torcedor. Conseguiu mandar uma bola na trave, mas nada mais do que isso. Tem características bem diferentes do antecessor, um estilo um pouco mais defensivo. Talvez com ele em campo, o Corinthians tome menos gols, o que, digamos, não é também uma novidade, já que a zaga tem se portado bem, especialmente com Gil, que pouco falha. No ataque, embora não tão produtivos, Emerson e Guerrero parecem continuar firmes. Romarinho, entre o meio e o ataque, também foi bem, e não se vê lugar para Pato na equipe neste momento.

Numa comparação que se faz injusta por força das circunstâncias, o Corinthians, embora com alguns problemas e um certo comportamento ‘burocrático’, ainda permanece alguns degraus acima do rival. Ney Franco nem de perto tem o mesmo controle sobre sua equipe tal qual Tite tem sobre o Timão. Além de boas opções no banco de reservas, Adenor tem à sua disposição a aplicação tática de seus jogadores. Faz a diferença. Na comparação, que diferença real têm Juan e Fábio Santos? Quase nenhuma em termos de qualidade técnica, ambos são fracos. Mas o segundo faz parte de um esquema organizado e solidário. No São Paulo, parece que os jogadores não se entendem. Ainda é assustador ver Lúcio avançando ao ataque feito um caminhão sem freio. Não há sentido e resultado prático nisso. É de se pensar.

Agora, os dois times decidem no Pacaembu, no dia 17 de julho, o título da Recopa. O peso está todo nas costas do São Paulo e de seu treinador Ney Franco. Se é que até lá ele ainda poderá ser dono do cargo. Aguardemos.

Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.
Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.

TRABALHO MAL FEITO, MEU FILHO!

O desgaste era notório e as cobranças praticamente insustentáveis, somado a tudo isso a ausência de bons resultados e um time sem qualquer padrão tático.

De fato, não era preciso um olhar muito clínico para se comprovar que o ciclo de Muricy já havia se encerrado, para muitos, nem deveria ter começado.

Em 2011, quando o treinador assumiu a equipe, o Santos precisava de alguém que desse solidez a defesa do time, para que o talento de Neymar, Ganso e cia pudesse fazer a diferença.

Com Dorival Jr., o alvinegro exibia em campo um vasto repertório de jogadas ofensivas, o volume de jogo durante as partidas era sufocante para o adversário e o time que tinha como proposta de jogo se defender a todo momento era goleado facilmente.

Entretanto, quando aquele mágico Santos enfrentava uma equipe que também saia para o jogo, a dificuldade era flagrante, já que a defesa se mostrava vulnerável, tanto pela falta de um volante cabeça de área para protege-la, quanto pela ausência de um bom goleiro.

Visando a solução para os problemas defensivos, o Santos foi buscar um técnico especialista no assunto, o multi campeão Muricy Ramalho. O nome era forte e as expectativas as mais promissoras possíveis.

Quando chegou ao clube, o Santos era, até então, o favoritíssimo para conquista da Libertadores. Contudo, penou no 1° turno da competição e se viu a beira da eliminação. Precisando de 3 vitórias em 3 jogos, Muricy percebeu ali que teria muito trabalho em pouco tempo hábil para tal.

As coisas caminharam, a equipe se classificou e sagrou-se campeã. Muricy alcançava um dos poucos títulos que faltavam para o seu repertório e o Santos voltava ao Mundial de Clubes depois de 48 anos.

O futebol brilhante de outrora (2010) não existia mais, porém o Santos era um time encorpado, mais competitivo e tinha o Brasileiro inteiro para se preparar para o torneio mais importante de sua história. Parecia que a aposta da diretoria do Santos tinha dado certo, Muricy era mesmo o nome certo para dirigir o time.

Errado…

Desde a conquista da Libertadores, o treinador não conseguiu mais um padrão tático, não criou uma identidade, uma forma de jogar. O Santos patinou no Brasileiro, foi surrado no Mundial e passou o ano de seu centenário apostando única e exclusivamente em Neymar, em partes deu certo, o time conquistou dois títulos, mas a eliminação para o Corinthians na Libertadores e o pífio Brasileirão mostraram que o trabalho do técnico não estava sendo bem feito.

Ora, é claro que um time que possui em seu plantel um jogador como o Neymar, certamente terá dificuldade na falta do mesmo. Mas são justamente nessas ausências que entra o trabalho do bom treinador.

Muricy sem o craque não conseguia montar o time, não se tinha um esquema de jogo, não havia um padrão tático, a equipe atuava como se Neymar ainda estive ali. Mesmo erro cometido por Ney Franco após a saída de Lucas e que não foi cometido por Tite.

O treinador do Corinthians não teve em suas mãos um Neymar ou um Lucas logo de cara, e por isso, optou por montar um conjunto forte que não dependesse de um único jogador. Quando Paulinho tornou-se o “Neymar” de Tite, o treinador conseguia suprir sua ausência, pois já tinha um esquema de jogo pré-estabelecido.

Mesmo com Alessandro, Fábio Santos, Chicão, Castán, Ralf e tantos outros jogadores longe de serem brilhantes, Tite alcançou o tão esperado padrão, o equilíbrio como o próprio gosta de citar. Dessa forma, o Corinthians, sem ser brilhante, tornou-se a equipe a ser batida e até hoje colhe os frutos.

Quando Tite sair, um legado será deixado. O próximo treinador apenas dará prosseguimento a um trabalho bem feito em todos os aspectos. No caso do Santos, Muricy não deixou legado algum, desmotivado e retrógrado, o treinador se acomodou, pois tinha Neymar e não conseguiu dar identidade a um Santos promissor.

A saída de Muricy é uma vitória da base santista, o grande motor do clube e o que o mesmo simplesmente ignorou. A saída de Muricy é uma vitória do bom futebol,  pois mesmo com um investimento exacerbado no trabalho do treinandor, o Santos nunca teve uma forma de jogar e perdeu toda sua essência de um futebol vistoso e ofensivo.

A saída de Muricy é um alento para todos os grandes clubes que insistem em apostar em técnicos retrógrados, que bancam a permanência de medalhões que já passaram do prazo. Treinadores orgulhosos que ainda acreditam que suas formas de trabalhar sejam as mais corretas, treinadores que não inovam e principalmente, que não arriscam.

Chega de Felipão, Luxemburgo, Muricy. Vamos dar lugar ao novo e ao diferente.

Vamos resgatar o verdadeiro futebol brasileiro!

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RÁPIDAS E RASTEIRAS DO TRIO DE FERRO.

POR JOÃO PAULO TOZO

– A janela de transferências para o futebol árabe fechou, Valdívia ficou. Bom para o Palmeiras, para o torcedor que voltou a nutrir carinho e admiração pelo meia, mas será que foi bom para ele? Fontes confiáveis dão conta de que ele queria sim permanecer no clube, já que sua convivência com Felipão e a aceitação por parte do elenco nunca foram tão grandes. O empecilho é a distância de sua família, que se mostra irredutível em retornar ao Brasil após o caso do seqüestro.

Valdívia é ótimo jogador, disparado o melhor meia do time. Mas é inconstante, sobretudo quando não está focado. Se sua cabeça não estiver no clube, sua permanência pode não ser tão benéfica assim em um time fechado, que enfim atingiu a paz de espírito. Os próximos jogos deverão nos apontar as respostas para esse dilema.

Hoje contra o Bahia, Felipão deve armar o ataque com Mazinho e Barcos, apesar da ótima exibição de Obina no fim de semana. O velho Bigode quer valorizar o grupo que conquistou a Copa do Brasil, as peças que foram fundamentais. Mas ao meu modo de ver, cabe Obina e Barcos, sem que com isso Mazinho precise sair do time. Mais ainda hoje que Valdívia, lesionado, não joga. Um time com Bruno; Artur, Wellington (jovem zagueiro que vem mostrando muita qualidade), Mauricio Ramos e Juninho; Henrique, Araujo e João Vitor; Mazinho recuado e Barcos centralizado com Obina aberto pela direita, como aliás jogou boa parte da partida contra o Náutico, tem tudo para pelo menos não dar errado. Lembrando que na próxima semana o Palmeiras inicia disputa da Copa Sulamericana em mata-mata contra o Botafogo. Ter variações será fundamental na luta desse que certamente é o título a ser buscado nesse 2º semestre.

– O Corinthians venceu o Cruzeiro por 2X0 em grande exibição de Paulinho. Mais uma, como de praxe. É o termômetro do campeão da Libertadores. O Corinthians brilha e geralmente vence fácil quando seu volante/meia está inspirado. Penso com meus botões que, exceto Neymar, um extraterrestre, que se há uma vaga a qual deve haver um dono certo nessa seleção outrora brasileira, esta deve ser de Paulinho.  Não que hoje a seleção aponte verdadeiramente ou merecidamente quem é melhor, mas ainda nos serve como parâmetro.

Outro corintiano, geralmente desprezado, talvez por ser um jogador low profile da casta de Ademir da Guia – longe de compará-los em campo, pelo amor de san gennaro – mas que se fosse válida a velha máxima de que futebol é momento e hoje uma vaguinha nesse time do Mano, ao menos no banco, deveria ser dele, é o meia Danilo. Pense nos jogos decisivos do Corinthians nos últimos tempos. Em qual Danilo não foi fundamental, o diferencial? Mas para a Conmebol o melhor meia da última Libertadores foi o argentino Riquelme, que na final sumiu. Vai entender…

-No São Paulo a troca de Leão por Ney Franco mostrou resultados. Os mesmos. Aliás, os mesmos desde que Muricy Ramalho saiu. Um time insípido, com valores individuais interessantes, mas que parecem polarizar lideranças internas. Enquanto isso aguardam o retorno do Messias Rogério Ceni, de 39 anos e que não deve ter ainda muito tempo de futebol.

Que a presença de Ceni acabe com essas polarizações, já que com ele dentro é ele quem manda, o que é natural e merecido, não deve ser assim por muito mais tempo. Ceni é o filtro do elenco. Algo muito parecido com o trabalho que hoje vem exercendo muito bem Cesar Sampaio no Palmeiras.

Chamar Ney Franco de “Ney Fraco” não me parece justo, como não foi justa a maneira com que JJ espantou Leão do clube. Aliás, o único cargo que não foi mudado desde o tri do brasileirão foi justamente o de presidente. Perpetuado, auto condecorado dono do clube, Juvenal Juvêncio acelera na contra mão do que o futebol de hoje exige. Com ele o São Paulo fechou o único olho que tinha aberto nas épocas em que o futebol brasileiro era um reino de cegos.

Está perdendo jogos, está campeonatos. Está perdendo o terreno que a muito custo conquistou.