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NO BANCO, NÃO HÁ FAVORITO

Ancelotti e Simeone equilibram final da UCL, que tem Real como melhor equipe (Crédito de imagem: AP)
Ancelotti e Simeone equilibram final da UCL, que tem Real como melhor equipe (Crédito de imagem: AP)

O Atlético de Madrid, finalista da UEFA Champions League, conseguiu diminuir o estigma de ser o primo pobre da capital espanhola. Ganhou respeito. Venceu o campeonato nacional com merecimento e ressurgiu para o cenário mundial.

Toda bela campanha tem um protagonista. E esta, conta com o bom trabalho de uma figura conhecida nos corredores do Vicente Calderón: Diego Simeone. Para muita gente, o sucesso do ex-jogador foi uma surpresa.

Marcador implacável, por vezes até agressivo, Cholo foi um dos líderes de uma Argentina promissora nos anos 90. Com a camisa da seleção, venceu duas vezes a Copa América, uma Copa das Confederações, além de ter sido medalhista de ouro nas Olimpíadas de 1996. Uma carreira de bastante sucesso.

Por outro lado, muitos ídolos têm medo de trocar a chuteira pela prancheta. No caso de Simeone, isso não aconteceu. Sem titubear, o treinador logo mostrou qualidades em seu primeiro ano na nova função, ao ser campeão argentino com Estudiantes e, depois, River Plate. Após passagem pelo Catania, da Itália, o ex-volante chegou ao Atlético.

E não demorou muito para levantar sua primeira taça: a Liga Europa 2011/12. No ano seguinte, faturou a Supercopa da Europa e, de quebra, levou ainda a Copa do Rei. Nessa temporada, batalhou duro para que o Atlético alcançasse o tão sonhado título espanhol, quebrando um jejum de 18 anos. E o troféu veio, na última rodada, num empate suado com o Barcelona, no Camp Nou.

Simeone já está na história. É o craque do time, mesmo estando fora de campo. O ídolo da torcida. A referência. Estudioso, o hermano surpreendeu até José Mourinho, mostrando que, além de saber montar fortes esquemas defensivos, também arma times que jogam bonito e tem boa posse de bola – características que ajudaram a equipe espanhola eliminar o Chelsea, em Londres, nas semifinais.

Simeone é a bola da vez. Após o mundial, seu nome está sendo cotado para assumir o posto de Sabella no comando da Albiceleste, além de equipes importantes do futebol europeu na próxima janela de transferências.  Se vencer a Liga dos Campeões neste sábado, poderá consolidar-se como o melhor técnico da temporada. Algo incontestável até o momento.

Se Simeone é novidade, o mesmo não vale pra Carlo Ancelotti, comandante do Real Madrid. Calmo, sem demonstrar muitas expressões, o italiano de 54 anos possui vasta experiência no cargo de treinador. Até chegar ao clube merengue, Ancelotti passou por Juventus, Milan, Chelsea e Paris Saint-Germain. Por todos esses times, além de deixar boas impressões, foi campeão.

Com 15 títulos no currículo, ele quer, dessa vez, entrar para a história do Real Madrid como o técnico da conquista de “La Décima”. Para isso, precisa confirmar o favoritismo que sua equipe ostenta diante do rival conhecido.

Na última edição da Copa do Rei, o Real conseguiu duas vitórias confortáveis diante do Atlético. Um 5 a 0 no placar agregado, se vingando da eliminação sofrida na edição anterior. Mas, de um modo geral, há um equilíbrio aparente nos dérbis recentes.

Nos últimos cinco jogos, cada um saiu vencedor por duas vezes, e houve um empate. O último encontro aconteceu no segundo turno da Liga BBVA, quando houve um 2 a 2 emocionante no Vicente Calderón. No primeiro turno, a vitória foi colchonera em pleno Santiago Bernabéu, vitória por 1 a 0, gol de Diego Costa, duvida para o jogo de logo mais.

Com 45 vitórias, seis empates e cinco derrotas em 56 jogos dirigindo o Real Madrid (um aproveitamento de 80,36%), Ancelotti leva vantagem sob Simeone. Os números do argentino são bem inferiores, mas ele possui mais jogos à frente do Atlético. Em 143 partidas, Cholo viu sua equipe vencer 95 delas, empatar 26 vezes e sofrer 22 derrotas – 66,43% de aproveitamento.

É óbvio: estatística não ganha jogo. É papo para jornalista. Ainda mais quando se trata de técnicos, que não marcam gol. No entanto, com grandes jogadores à disposição, qualquer alteração, seja no emocional ou no fator tático, pode fazer a diferença.

O Real é mais time que o Atlético. Porém, no banco de reservas este duelo não tem favorito.

O MOMENTO DO ADEUS

O escocês Alex Ferguson deixa o comando técnico do Manchester United FC após 27 anos e 38 títulos pelo clube inglês e torna-se exemplo eterno de longevidade ao ocupar cargo onde a instabilidade é mais que inerente à função.

E não houve como aguardar o final da temporada para o anúncio. A família estadunidense Glazer, acionista majoritária do clube, colocou o United no New York Stock Exchange, o mercado acionário dos Estados Unidos e, com tal entrada, o clube, a exemplo de qualquer empresa que participa na NYSE, adere a regras estritas do mercado, entre elas a que força as companhias a tornarem públicas qualquer informação interna de relevância como a troca de qualquer alto executivo. Ferguson encaixa-se no contexto.

Recrutado no Aberdeen escocês no ano de 1986, Ferguson transformou o Manchester United com estilo rígido, muitas vezes beirando o autoritarismo. De vencedor intermediário no país, o United tornou-se o maior campeão inglês superando o Liverpool FC. Não à toa, já que o escocês faturou 12 títulos da English Premier League.

Provavelmente, o ano de ouro de Alex Ferguson no comando Red Devil ocorreu na temporada 1998-1999 quando a equipe ganhou a chamada The Treble, tríplice coroa de títulos nacionais e europeus, que correspondem a FA Cup, English Premier League, além da UEFA Champions League de forma dramática com virada histórica sobre o FC Bayern nos acréscimos e placar final de 2×1 em Barcelona. Não satisfeitos com o sucesso, os Red Devils foram ao Japão e derrotaram os brasileiros do SE Palmeiras por 1×0 na Copa Intercontinental de clubes que transformar-se-ia no atual Mundial de Clubes da FIFA.

A cobiçada UCL seria reconquistada pelo Manchester United de Alex Ferguson na temporada 2007-2008 contra o conterrâneo Chelsea FC.

Sucesso gerencial absoluto de Ferguson, mas nunca sem certa dose de polêmica, como mencionado.

Vários jogadores astros sofreram nas mãos de Sir Ferguson. Desde David Beckham até Ruud Van Nistelrooy, passando por Jaap Stam e Dwight Yorke, foram vários os entreveros na relação “jogador-treinador/manager”.

O que foi problema sério para alguns é apontado como razão maior do sucesso do treinador no clube ao longo de 27 anos: o método disciplinar.

Alex Ferguson deixa o banco de reserva ao final da temporada para entrar no mundo dos escritórios e das viagens representativas ao assumir as funções de diretor e embaixador do clube de Manchester no alto de seus 71 anos.

Exaltar a longevidade no cargo faz-se mister. Fato raro no mundo da bola, mais escasso ainda na cultura imediatista de resultados no Brasil. Exemplos de longa presença de treinadores no cargo? Há dois casos emblemáticos. Luís Alonso Pérez, o Lula, comandou o mítico Santos FC de 1954 a 1966. Mais recentemente, Telê Santana permaneceu no São Paulo FC de 1990 até 1995, retirando-se por problemas de saúde. Ainda assim, nada que se aproxime dos 27 anos de Ferguson.

Nada melhor que encerrar lembrando o momento que alçou o Manchester United de Alex Ferguson à condição de melhor equipe do mundo em 1999 quando os Red Devils derrotaram o Bayern de forma dramática por 2×1 no Camp Nou de Barcelona.

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ERA DIA DO CHELSEA

Em dia que tudo deu certo, além de repetir espírito guerreiro anteriormente apresentado contra o Barcelona, o novo rico inglês Chelsea FC conquistou sua primeira Champions League contra o FC Bayern em plena Munique, após empate por 1×1 e decisão em penalidades (4×3), em dia de redenção para seu proprietário bilionário, o russo Roman Abramovich.

Chelsea levanta a taça pela 1ª vezE como certas coisas são impossíveis de serem explicadas à luz da ciência no futebol!

O Chelsea chega à conquista de sua tão desejada UCL em temporada das mais fracas do clube na sua liga nacional, a English Premier League, desde a chegada do capital russo de Abramovich em 2003.

De fato, a temporada foi conturbada. No início, Abramovich contratara o badalado treinador português André Villas Boas, revelação continental na temporada anterior. Era a aposta em alguém que poderia se tornar o novo José Mourinho do futebol europeu.

 

Allianz Arena

Mas, a exemplo do que ocorrera em 2009 com o brasileiro campeão do mundo, Luiz Felipe Scolari, Villas Boas não caiu nas graças do núcleo duro do elenco, isto é, os jogadores líderes e mais influentes do Chelsea.

O resultado foi o mesmo de três anos atrás. A equipe londrina fazendo o “mínimo ético” dentro de campo, inclusive complicando-se contra equipes contra as quais jamais teria qualquer problema em passar por cima em condições normais de temperatura e pressão. Comportamento digno de ressalvas.

Bayern comemora gol aos 83 minutos de jogo. Cara de título, mas não rolou.

A gota d’água para a sobrevivência de Villas Boas no ambiente “infernal” do clube (como o próprio Scolari chamaria o clima organizacional do clube) viria nas partidas contra o Napoli, já pela fase eliminatória da UCL.

Enfrentando a torcida apaixonada da Itália meridional, o Chelsea levara sonoro 3×1 no Estádio San Paolo. A Champions estava por um fio. De quebra, os azuis estavam longe da disputa pelo título ou mesmo da zona de classificação para a próxima edição do torneio europeu na Premier League.

Drogba empata com cabeceio fulminante

Aí, no intervalo das pernas da eliminatória contra o Napoli, Abramovich mais uma vez interveio, e mais uma vez a favor do famoso núcleo duro de medalhões do time. Era o fim da linha para André Villas Boas.

Qual era a solução emergencial para o momento delicado do time na temporada? O simples. Efetivar, ao menos interinamente, o auxiliar ítalo-suíço Roberto Di Matteo, cujo segredo do sucesso seria não ir de encontro às vontades das estrelas do elenco que, até então, não justificavam a fama dentro de campo.

Eis que veio a partida da volta contra o Napoli em Stamford Bridge. No final, vitória por 4×1 do Chelsea e 4×3 no agregado. Parecia outro time dentro de campo, já sob a batuta de Di Matteo.

O ápice da temporada, já com a Premier League ida para o espaço havia tempos, viria contra o todo-poderoso Barcelona de Josep Guardiola e o gênio Lionel Messi.

Arjen Robben tem penalidade defendida por Petr Cech

Como dissera Frank Lampard, o Chelsea tinha “negócio inacabado” contra o Barcelona, referindo-se a derrotas anteriores que os Azuis haviam sofrido para os catalães mediante arbitragens repletas de dúvidas.

Jogando com muita raça e contando com sorte e incompetência do adversário superior, além de perfeito catenaccio à italiana de Di Matteo, o Chelsea superaria a máquina catalã.

Os Azuis prontos para as penalidades

O sonho da final em Munique estava realizado. Os obstáculos continuavam a ser enormes. Dessa vez, o nome dele era Bayern de Munique, menos pelo time, clamorosamente superado na Bundesliga e na Copa da Alemanha pelo Borussia Dortmund, mais pelo fato de ter chegado à decisão que seria em sua casa, a imponente Allianz Arena.

 

O JOGO

Ambas as equipes entraram desfalcadas para a grande final devido às suspensões por acúmulo de cartões amarelos. Regulamento contestado por muitos, porém acertado como forma de coibir o jogo violento nas semifinais.

Bastian Schweinsteiger lutou muito, mas foi punido com perda de pênalti no final

A maior surpresa na escalação ficou por conta do Chelsea. Roberto Di Matteo vinha com Ryan Bertrand, com apenas 22 anos, na lateral esquerda.

O Bayern dominaria as ações no 1º tempo.

De fato, os alemães desperdiçariam inúmeras oportunidades de gol durante os 90 minutos, não definindo o jogo no tempo regulamentar e abrindo brechas para a ação fatal do perigosíssimo Chelsea.

Drogba converte penalidade final

No final do 1º tempo, Mario Gomez seria virtualmente cornetado nas redes sociais em todo o mundo por perder grande oportunidade.

O Chelsea acordaria para a vida somente aos 34 minutos do 1º tempo com chances perdidas por Juan Mata e Salomon Kalou, que forçaria boa defesa de Manuel Neuer.

Era o típico jogo perigoso para o time da casa. O Bayern jogava mais, possuía maior volume de jogo, mas não liquidava a fatura. Do outro lado, o Chelsea, que sobrevivera a verdadeiras guerras contra oponentes mais fortes na competição, era o típico adversário “difícil de matar”, aquele time que ao imaginar que está morto, ressurge das cinzas como fênix.

Aos 83 minutos de jogo, veio o gol que pareceria ser o do título do Bayern, após cabeceio no chão de Thomas Muller, a bola passaria por Petr Cech, tocaria o travessão e entraria.

A partir daí, como imaginar que o abalado e cansado Chelsea encontraria forças para reagir a poucos minutos do final?

Mas, como foi dito, o Chelsea é aquele adversário “difícil de matar”, o famoso “time encardido”, no jargão do futebol brasileiro.

Aos 88 minutos, escanteio para os ingleses cobrado por Juan Mata e concluído com cabeceio fulminante de Didier Drogba.

Era o empate do tempo extra de 30 minutos.

De mais relevante na prorrogação, a penalidade cometida sobre Franck Ribery e a chance de ouro da consagração de Arjen Robben e do Bayern. Mas, já tudo transparecia para não ser dia do Bayern e Petr Cech faria a defesa.

 

A final da UCL parou a reunião do G8 em Camp David, Estados Unidos

Nas penalidades, tudo começaria bem para o Bayern com a primeira série da sequência de cinco penalidades sendo desperdiçada pelo Chelsea.

Mas, a punição para os bávaros foi impiedosa. Ivica Olic teve sua cobrança defendida por Cech e, como ápice do castigo, Bastian Schweinsteiger, após grande atuação durante os 120 minutos, chutou na trave.

Na cobrança derradeira, Didier Drogba consagrar-se-ia com o quarto e decisivo gol da decisão.

Chelsea FC grande campeão, pela primeira vez, da UEFA Champions League, na temporada 2011-2012.

Grande campeão proveniente da Inglaterra, novo rico com dinheiro russo do bilionário Roman Abramovich. Claro, até aí outros clubes importantes do país também recebem enormes aportes financeiros de outras regiões do globo como Estados Unidos, países árabes, etc.

Mas, ainda resta longo caminho para os Azuis atingirem patamar de importância e tradição na história do futebol inglês que já possuem clubes como o Liverpool (com 5 Champions League) ou mesmo o Manchester United.

De qualquer forma, sempre há um começo para tudo. Ainda assim, Roman Abramovich deveria lidar com a questão das lideranças do elenco de seu time, caso contrário, muito treinadores terão problemas ao trabalhar no clube. Mas, por ora é momento de festejar em azul.

SOBRE COMO SUPERAR O MAIS FORTE

E foi o que ocorreu nesta última semana, culminando com o empate heroico do Chelsea com o Barcelona no Estádio Camp Nou por 2×2 (3×2 para o Chelsea no agregado) nesta terça-feira: o gigante batido, e não somente uma vez, e não somente pelos londrinos, mas também pelo arquirrival Real Madrid.

Cena do filme Rocky IV: como vencer o mais forte?

Tentar explicar pode passar por algo como recorrer ao lugar comum de dizer que somente o futebol proporciona tal possibilidade. Evidente, não deixa de ser a mais pura verdade, afinal que outro esporte coletivo expõe a derrota de uma equipe mais forte? O basquete, o vôlei, o futebol americano? Muito mais improvável.

O que dizer então das bolas na trave e da penalidade máxima desperdiçada? Fato é que boa pontaria também faz parte dos fundamentos do futebol e, se não for bem executado, é dar sopa para o azar na certa.

Se na quarta-feira da semana passada, o Chelsea contou com toda a sorte do mundo para fazer o placar de 1×0 em Londres, o mesmo já não pode ser dito sobre a partida do último sábado contra o Real Madrid válida pela Liga espanhola quando os merengues se impuseram sobre os blaugranas por 2×1 também no Camp Nou.

Ali, o Madrid fez partida digna de um gigante contra os melhores do mundo, ainda que a posse de bola tivesse se mantido com os catalães na maior parte do tempo como de praxe. Os anfitriões conseguiram o gol inaugural com Sami Khedira logo aos 17 minutos de jogo, mantiveram o Barça em desvantagem até 70º minuto com Alexis Sanchez empatando. Contudo, três minutos depois, voltaram a desempatar em grande jogada entre Cristiano Ronaldo e Mesut Özil com gol do português.

E não foi somente o placar. O time de José Mourinho forçou os campeões do mundo a jogarem fora de suas características habituais: lançamentos em profundidade sem eficácia, tentativas de jogadas de linha de fundo não mais produtivas e jogo aéreo. Algo que, talvez aí resida alguma limitação deste time do Barcelona, os comandados de Josep Guardiola não gostam e não sabem fazer.

No final, vitória justa do Madrid.

E eis que o Barcelona chegava para a segunda perna da semifinal contra o Chelsea, equipe que possui um grupo de atletas cujo núcleo líder detém super poderes e goza da admiração do chefe e proprietário do clube, o bilionário russo Roman Abramovich.

Inesperada festa do Chelsea no Camp Nou

Tamanha força nas mãos de certos jogadores que, a exemplo do que haviam feito com Luiz Felipe Scolari em 2009, fizeram com que não hesitassem em boicotar o treinador português André Villas Boas. Algo que ficou escancarado nas oitavas-de-final da UCL quando os azuis perderam para o Napoli por 3×1 com Villas Boas no banco e, já sem o português persona non grata do citado grupo, como que num passe de mágica, jogaram muito em Londres para virar o placar agregado ao fazer 4×1 em Stamford Bridge.

Este Chelsea era sabedor, já no jogo de Londres, de que jogar no mano a mano com o Barcelona era suicídio, afinal, trancados na defesa, já deram sorte nesta mesma primeira partida.

A solução era repetir a dose e rezar.

Só que no banco dos azuis havia um italiano, Roberto Di Matteo, portanto alguém que, somente pela origem, poderia significar prenúncio de um velho e bom catenaccio.

E lá estava ele, o esquema tático do ferrolho, culturalmente tão admirado pelos italianos para tentar o quase impossível: frear o ímpeto do Barça.

Só que desta feita era um Barça levemente ferido que ia a campo para defender seu título europeu. Duas derrotas consecutivas na temporada, principalmente a última contra o bom Real Madrid de José Mourinho em Barcelona.

E lá foram eles para o jogo.

No Barcelona, a novidade era a ausência de Daniel Alves e a presença de Gerard Piqué ao lado de Carles Puyol com o auxílio de Javier Mascherano e Sergio Busquets como volantes.

Estratégia de Guardiola que se foi quando Piqué lesionou-se e foi substituído pelo brasileiro.

Perdas também no Chelsea com a distensão de Gary Cahill e a promoção de José Bosingwa.

O Barça forçava o jogo a seu estilo e o Chelsea se defendia como podia até os 34 minutos, quando houve a primeira falha defensiva de marcação e Isaac Cuenca teve tempo de cruzar para Busquets marcar.

Mais 3 minutos de jogo e outro sério revés para os ingleses. John Terry é flagrado golpeando Alexis Sanchez nas costas com o joelho e é expulso justamente.

Não bastassem os problemas, o possível golpe de misericórdia viria cinco minutos mais tarde quando Andrés Iniesta ampliou o placar.

A partir daí, a sensação geral era de que a fatura estava concluída, e seria com goleada do Barça.

Ledo engano.

Aos 45 minutos, Ramires recebe pela direita e encobre com maestria o goleiro Victor Valdez. 2×1 antes do final do 1º tempo que classificava o time inglês, apesar de todos os obstáculos.

O que se viu no 2º tempo foi um Chelsea extremamente defensivo e um Barcelona tentando penetrar de todas as formas a seu estilo que, naquele momento, mostrava-se insuficiente.

Aos 4 minutos, penalidade clara de Didier Drogba em Cesc Fábregas. Lionel Messi bateu e acertou a trave. Até os grandes craques têm seu dia de vilão.

 Petr Cech fazia seus milagres, rebatia bolas trabalhadas do Barça na conclusão final, tocava milagrosamente na bola evitando as redes e fazendo-a tocar na trave.

Mas não era dia do Barcelona que pressionara muito, ainda que não apresentasse o mesmo futebol vistoso na 2ª etapa.

E o gol de empate do Chelsea veio com o espanhol Fernando Torres, que entrara no decorrer do jogo. O criticadíssmo Torres recebeu lançamento, avançou livre, driblou Valdez e encerrou a disputa pela vaga.

Os 2×2 finais, sob todas as circunstâncias que o cercaram, pareciam roteiro clichê de Hollywood, como aqueles em que o mais fraco, desacreditado, sofre de todas as formas contra o gigante mais poderoso e, portanto, favoritíssimo, mas com superação vence no final para delírio geral.

Analogias hollywoodianas à parte, mudanças podem ocorrer na equipe catalã. Não se sabe o que será do técnico Josep Guardiola, que não tem contrato para a próxima temporada por ora. Ao mesmo tempo começam a surgir especulações na imprensa italiana de que Silvio Berlusconi estaria disposto a tê-lo na direção técnica do Milan, tendo como outra opção Fabio Capello para o cargo.