Arquivo da tag: Tite

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Há quem diga que a verdade está nas conversas em mesas de bar, bancas de jornais e nos papos informais antes do início de expediente nas empresas. Habitual frequentador destes ambientes, ouvi em um deles que Douglas era o parceiro ideal para armar as jogadas que fariam Alexandre Pato finalmente brilhar no Corinthians. Embasado em algum estudo ou não, fato é que o autor da sentença acertou na mosca. Os lançamentos em profundidade do meia foram determinantes para que o atacante fizesse dois gols na partida contra o Flamengo no Pacaembu, no dia em que o Timão completou 103 anos de sua fundação. Comemoração de gala, com uma goleada de 4 x 0, dois gols anotados pelo supracitado Pato.

Tudo bem que parte desta bela atuação se deve também pela instabilidade do Flamengo de Mano Menezes, junto a um grupo que tem muito do Corinthians – 2009 em suas fileiras. Mesmo assim, a equipe rubro-negra ainda não lembra aquele tal equilíbrio. Especialmente André Santos, muito perdido em campo, até sem função definida no estranho esquema de Mano, e com Elias sendo o mais lúcido da equipe, com boa movimentação. Foi muito pouco, frente à eficiência do clube aniversariante.

Havia Douglas muito inspirado, e como disse antes, em boas jogadas com Pato, com aqueles lances em profundidade que faziam falta ao Corinthians. Me pergunto se, após a vitória, Tite continuará com o discurso ‘não temos elenco’  (em tempo: se levarmos em conta a falta de laterais, não temos mesmo).

De resto, ainda há para o Corinthians a boa atuação da defesa, sempre com Gil, um gigante ao longo do ano, e Felipe fazendo bem o papel de Paulo André, que se não é brilhante, atua com segurança. Fábio Santos desta vez não comprometeu, e Alessandro, seu improvisado substituto jogou pouco tempo. É nesta posição que temos a maior limitação, isso é claro. Além disso, temos a dificuldade no meio de campo em relação a Ibson, que não vem aparecendo muito nos jogos.

Paradoxo: em oposição ao ‘não temos elenco’, como Adenor solucionará a questão de quem deve sair da equipe titular, já que parece impossível que Douglas seja preterido neste momento? Se sair Romarinho, o meio de campo fica mais lento? E Danilo, corre risco de perder espaço com Tite?

O próximo compromisso do Timão é contra o Internacional, na quarta-feira, e todas estas questões poderão ser respondidas. Vamos aguardar.

Atualização de última hora: com o corte de Fred da Seleção, devido à grave lesão que sofreu, Pato foi convocado por Felipão e desfalcará o Corinthians por pelo menos três jogos, a começar por este de quarta-feira. Pois é.

Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.
Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.

VERDADES INCONTESTÁVEIS

Das verdades incontestáveis:

Verdade número 1: no domingo, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Coritiba, o Corinthians foi beneficiado pelos erros da arbitragem (veja bem: ERROS). Especialmente o erro que validou o pênalti em Danilo, cobrado por Guerrero e que culminou no único  gol do fraco futebol praticado pelos corintianos, não só neste jogo, mas como vem sendo padrão neste campeonato.

Verdade número 2: na quarta-feira, pela Copa do Brasil, contra o fraquíssimo Luverdense, o Corinthians foi prejudicado pela arbitragem, que validou o gol feito por Misael após uma ajeitada marota na bola com a mão.

Verdade número 3: nenhum destes fatos está relacionado, não deve ser encarado como uma compensação dos deuses do futebol e não anulam o fato de que o Corinthians atual está péssimo e tem tudo para, caso continue neste ritmo, não chegar a lugar nenhum no ano de 2013, que já se aproxima de  seu final (o tempo passa, o tempo voa).

O que impressiona mais é que neste jogo contra o fraco time da cidade de Lucas do Rio Verde, absolutamente ninguém jogou bem. Nem Gil, com números impressionantes ao longo do ano, esteve à altura de suas atuações. Romarinho errou tudo. Pato, não obstante o fato de que a bola não chega até ele, teve muita dificuldade em acertar os passes. Danilo, antigamente um ponto de equilíbrio do time, ficou sumido. Ibson não existiu. Alessandro sentiu falta de ritmo jogando pela direita, e no segundo tempo, deslocado para esquerda num acesso de Professor Pardal que tomou a mente de Adenor, ficou ainda mais perdido.

Verdade número 4: não dá pra disputar mata-mata como se estivesse jogando por pontos corridos, administrando resultado. Em pontos corridos isso já passou do limite do aceitável, o que dizer de um jogo contra um time pequeno num mata-mata?

Verdade número 5: não é mais tempo de ressaltar que temos bom elenco. O time tem limitações, a diretoria e a comissão técnica erraram muito em não investir ou preparar bons jogadores para as laterais. Era necessário. Outra coisa: Ibson não é reforço, e nem tem futebol para ser titular. Não é cornetagem, não é implicância. É um fato.

Verdade número 6: a atitude de Sheik durante a semana foi muito mais do que nobre, todo o apoio por fazer coisas que ajudem a diminuir a intolerância em um mundo tomado por preconceito. Mas é preciso jogar futebol. E continuar com atitudes nobres também.

Verdade número 7: o Luverdense tem um time que corresponde com seu potencial financeiro e com a divisão que disputa no Campeonato Brasileiro, que é a  Série C.

Verdade número 8 (a derradeira): O time acima jogou melhor do que o Corinthians. Ponto final.

Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.
Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.

O QUE O TÍTULO DA RECOPA NOS EVIDENCIA?

Mais uma vez, esta seção conta com a colaboração do amigo Samuka, que assistiu no Pacaembu a final da Recopa, e a quem encomendei este texto, que ficou incrível. Confiram.

Por Samuka Araújo

É impressionante como a Conmebol tem a capacidade de desvalorizar seus produtos! Marcar para o mesmo dia e horário os jogos de duas competições continentais é o mais recente exemplo do fogo amigo da confederação que “cuida” do futebol na América do Sul.

A Recopa Sul-Americana não tem, obviamente, o mesmo valor de uma Copa Libertadores, mas tem sua importância. No caso do Corinthians, a Recopa 2013 teve tripla importância. Primeiro, por ser uma disputa direta com um rival (freguês, mas rival). Em segundo lugar, por ser um título internacional, algo que até pouco tempo era o calcanhar de Aquiles do Timão. Por fim, por reafirmar a capacidade do grupo corintiano que, mesmo com modificações de algumas peças titulares, mantém seu padrão tático e técnico.

A perda de importantes jogadores foi suprida com boas peças de reposição trazidas recentemente (não contemos o Ibson) ou que já estavam em período de gestação, como é o caso do bom volante Guilherme. A evolução do substituto de Paulinho demonstra que a saída do ídolo será sentida, mas com menos intensidade do que imaginávamos. Outro que encontrou seu espaço foi Romarinho. O garoto se confirma como um jogador que não é craque, mas é extremamente importante em jogos decisivos. Uma espécie de Tupãnzinho do século XXI! Ele tem jogado bem taticamente, mas ainda precisa fechar um pouco mais na marcação, ao estilo Jorge Henrique. Outro jogador decisivo, Emerson renovou contrato e voltou a jogar bem. Que seus últimos dois anos de carreira sejam tão bons e vitoriosos quanto as duas temporadas que ele já jogou no Timão. E o que falar de Danilo? Suas jogadas e gols falam por si…

Chegar próximo ao nível técnico do time que em 2012 conquistou o continente e o mundo ainda requer tempo. Porém, um dos pontos altos do Corinthians, a liderança de Tite sobre o grupo, ainda é forte, mesmo após os problemas com Jorge Henrique ou depois de ter colocando jogadores como Chicão e Pato no banco. Tais elementos demonstram que o segundo semestre pode ser promissor e alcançar o objetivo de jogar a quinta Libertadores seguida é algo tangível.

                “Chegar ao topo é difícil e mais difícil é se manter lá”, diria o clichê. O Corinthians 2013 já faturou dois títulos, mas não atingiu seu maior objetivo: repetir as importantes conquistas do ano anterior. Conquistar, novamente, uma vaga para a Taça Libertadores é o mínimo que o torcedor espera do segundo semestre. Mal acostumado que está, aguarda a referida vaga com as mãos para cima, pronto para levantar mais um troféu, seja ele da Copa do Brasil ou do Brasileirão. Menos que isso, deixará a sensação de que 2013 poderia ter sido melhor. Quem mandou nos acostumar assim?

samuka

Nota: Tão bacana quanto acompanhar in loco o Timão campeão, foi conhecer os ferozes (e corintianos) Tozo e Viana.  Demais, meus caros!

samukaferozes

TUDO NOSSO!

O espírito de equipe campeã funcionou novamente, e o Corinthians anota mais um título em seu currículo. Nenhuma surpresa se analisarmos a fase de cada um dos envolvidos na competição – a Recopa Sul Americana.

Danilo foi o melhor em campo.
Danilo foi o melhor em campo.

Embora a atuação corintiana neste início do Campeonato Brasileiro não esteja sendo das melhores (derrota para o time reserva do Atlético Mineiro no último domingo, com um futebol apático e sem criatividade), a fase do rival São Paulo é infinitamente pior. A diferença é que o Corinthians está acertando suas peças de reposição. Edenílson está adaptado à lateral e fez partida exemplar, especialmente por ter enfrentado o fraco Juan. Guilherme, com missão muito mais difícil, a de ser o cara a substituir Paulinho, errou pouco e deu qualidade e efetividade aos toques no meio de campo. Já o São Paulo não acerta nada: a defesa compromete, o meio não funciona e o ataque não leva perigo. No esquema de três volantes implantado pelo recém-chegado Paulo Autuori, só Rodrigo Caio foi boa alternativa, mesmo assim não conseguiu fazer as coisas funcionarem. Lúcio, o jogador de seleção que veio para dar segurança à zaga tricolor, é o mais atrapalhado e nervoso da equipe, e – surpreendentemente – se posiciona muito mal.

Se do lado tricolor não há este símbolo de calma, do lado alvinegro este está representado em Danilo. Peça-chave de Tite, o meia comandou todas as principais jogadas e ainda fez o seu no segundo tempo. O merecido gol do título, depois de um igualmente importante gol de Romarinho ainda no primeiro tempo, em boa triangulação com Sheik e Guerrero (fazendo muito bem o papel de pivô).
Para o Corinthians, além da comemoração da Tríplice Coroa e a consagração sobre o rival, fica o ânimo renovado para tentar melhorar os resultados no Brasileirão e pensar na Copa do Brasil, que está por vir.

Para o São Paulo, sobrou a crise. Problema para Paulo Autuori administrar.

A CAMISA 8 EM BOAS MÃOS

Num lance de solidariedade involuntária entre colegas de função, Rogério Ceni salvou Cássio. A responsabilidade de um empate na noite de quarta-feira, 3 de julho de 2013, cairia toda na conta do goleiro corintiano. Mas houve um Renato Augusto em campo, acionado após uma lesão atrás da outra no meio campo alvinegro. Primeiro Danilo, depois seu substituto, Douglas. Antes disso, com o Timão em vantagem, placar aberto por Guerrero, aconteceu de Aloisio marcar com um chute direto e ver Cássio falhar bisonhamente, ‘ajudando’ a bola a chegar ao fundo da rede. E parecia que ia ficar nisso. Aloisio seria o dono da situação, um herói para o Tricolor, que vinha muito mal, especialmente nas laterais, as avenidas paralelas Juan e Douglas.

Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.
Renato Augusto fazendo bom uso da camisa que já foi de Sócrates e de Paulinho.

Mas Rogério se adiantou, e Renato, herdeiro da camisa 8, do recém-saído ídolo Paulinho, muito consciente da situação, mandou por cobertura, sem chances para o veterano goleiro. Fechou o placar e ganhou a noite. E provavelmente a vaga de titular.

Porque sinceramente, não dá pra ter Douglas em campo e Renato Augusto no banco. Não faz o menor sentido. Talvez Tite ainda tivesse dúvidas quanto à condição física de Renato, mas isso se desfez neste primeiro jogo da Recopa. O treinador vai precisar arranjar lugar para ele na equipe.

Em compensação, o substituto oficial de Paulinho, Guilherme, embora não tenha comprometido, também não empolgou o torcedor. Conseguiu mandar uma bola na trave, mas nada mais do que isso. Tem características bem diferentes do antecessor, um estilo um pouco mais defensivo. Talvez com ele em campo, o Corinthians tome menos gols, o que, digamos, não é também uma novidade, já que a zaga tem se portado bem, especialmente com Gil, que pouco falha. No ataque, embora não tão produtivos, Emerson e Guerrero parecem continuar firmes. Romarinho, entre o meio e o ataque, também foi bem, e não se vê lugar para Pato na equipe neste momento.

Numa comparação que se faz injusta por força das circunstâncias, o Corinthians, embora com alguns problemas e um certo comportamento ‘burocrático’, ainda permanece alguns degraus acima do rival. Ney Franco nem de perto tem o mesmo controle sobre sua equipe tal qual Tite tem sobre o Timão. Além de boas opções no banco de reservas, Adenor tem à sua disposição a aplicação tática de seus jogadores. Faz a diferença. Na comparação, que diferença real têm Juan e Fábio Santos? Quase nenhuma em termos de qualidade técnica, ambos são fracos. Mas o segundo faz parte de um esquema organizado e solidário. No São Paulo, parece que os jogadores não se entendem. Ainda é assustador ver Lúcio avançando ao ataque feito um caminhão sem freio. Não há sentido e resultado prático nisso. É de se pensar.

Agora, os dois times decidem no Pacaembu, no dia 17 de julho, o título da Recopa. O peso está todo nas costas do São Paulo e de seu treinador Ney Franco. Se é que até lá ele ainda poderá ser dono do cargo. Aguardemos.

Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.
Cássio bobeou e quase complicou o Corinthians.