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Mais do que sorte João Henrique!

Bem próximo a completar os seus cinco anos, João Henrique já é um rapazinho cheio de personalidade. É ele quem escolhe as roupas que quer vestir, o lanche que vai levar para a escolinha e as peças infantis que quer assistir.

E é ele também quem escolhe inclusive os temas das suas festinhas de aniversário. A do próximo mês será a do Ben 10. Mas a do ano que vem ele faz questão que seja do São Paulo Futebol Clube, time que ele escolheu para torcer e cada dia se interessa mais.

Neste domingo o pequeno João, que é meu sobrinho, veio nos fazer uma visita e estava trajando o uniforme do tricolor como se fosse entrar em campo. Disse-me que era para dar sorte, pois estava preocupado com o time desde o empate no meio da semana.

Minutos antes de começar o jogo no Moisés Lucarelli ele abandonou o vídeo game e sentou-se ao meu lado para acompanharmos juntos a partida do São Paulo diante a Ponte Preta de Campinas. E nós gostamos do que vimos.

Um time bem mais organizado e com uma eficiente troca de passes, principalmente pelo meio de campo, onde os jogadores Jadson, que fez uma bela estréia, e do Maicon, que já vinha merecendo uma vaga de titular na equipe, deram um bom equilíbrio ao tricolor.

Junte-se a isso, uma equipe vibrante que procurou o gol desde os primeiros minutos graças a uma escalação ofensiva que o técnico Leão montou para o seu time e que surtiu efeito logo aos quatro minutos.

Após chute cruzado de Cícero, Willian José dominou e bateu prensado com seu marcador e a bola foi morrer no canto esquerdo do goleiro Lauro, abrindo o placar e fazendo o pequeno João soltar o seu primeiro grito de gol do dia.

E a primeira etapa seguiu com uma Ponte Preta lutadora, mas com uma falta gritante de qualidade técnica para alguns jogadores  e o São Paulo com bastante espaço para jogar tentava encaixar um contra-ataque para marcar o segundo gol.

No segundo tempo a preocupação do Joãozinho voltou, quando a Macaca empatou a partida com um gol de cabeça do jogador Guilherme, após cobrança de escanteio.

O gol da Ponte deixou a partida mais emocionante com um São Paulo buscando a vitória e explorando bem as jogadas de linha de fundo, principalmente com o lateral Cortês, que vem mantendo uma boa regularidade na equipe.

E foi de um cruzamento dele que deu origem ao segundo gol são-paulino. Aos vinte minutos o lateral cruzou rasteiro, Lucas dividiu com o goleiro e a bola ainda bateu na trave antes de entrar. Mais gritos e festa diante da TV.

Em outros tempos o time se fecharia e ficaria esperando o apito final do árbitro, ao menos no jogo de hoje a equipe procurou atacar e ampliar o marcador 

E aos vinte e nove minutos em outra jogada pela lateral, desta vez pela direita, Lucas recebeu, passou pela marcação e cruzou para Willian José que escorou para o segundo dele e o terceiro do Tricolor.

No final do jogo o pequeno me olhou com uma carinha de que a roupa da sorte havia dado resultado. Eu o olhei com vontade de explicar que a partida de hoje ia além disso e que teremos um ano glorioso pela frente.

Mas não era momento para filosofias e sim festejar a volta da liderança, uma boa vitória fora de casa e sobretudo saber que tenho um pequeno grande torcedor são paulino ao meu lado.

Eu sou um homem de sorte:

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O FUTEBOL E SEUS EXEMPLOS. DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

 -Incrível como surgem dores estomacais ou no peito desses senhores de larga vivência no submundo da política, do esporte e de todo o mais. Basta a casa começar a cair para o lado deles que já rola uma internação básica. O hospedado – ops – internado da vez é o dono da Copa de 2014, Ricardo Teixeira. Bastou a comissão de Constituição e Justiça do Senado convidá-lo para explicar todas as críticas que a organização da Copa vem recebendo que o proprietário da seleção amarela sentiu dor de estômago. Ah, vá!

-No sábado o Palmeiras enfrenta o América MG, lanterna e virtual rebaixado à série B, sem Marcos e Kleber. Marcão continua com o procedimento de preservação para que agüente toda a temporada e para, quem sabe, adiar por mais uma temporada sua aposentadoria. Kleber fica de fora por uma tendinite no joelho. Nem duvido que haja mesmo um problema no joelho do outrora Gladiador, mas que veio muito a calhar, veio. Peça nula ao longo de todo o BR11, Kleber só é notado quando abre a boca para geralmente causar tumulto interno no elenco. Se foi sacado do time por contusão, não posso afirmar. Mas não me esquivo em dizer que para mim a medida já deveria ter sido tomada antes, por deficiência técnica e moral. O “amor” de Kleber que segundo o próprio é verde, mas já flertou com o rubro-negro, agora parece que anda de flerte com o alvinegro paulistano. Haja amor, “Gladiador”.

-Por outro lado, o alviverde ganha o retorno de Valdívia. Depois de 30 dias afastado se recuperando de um estiramento conquistado em um amistoso pelo Chile, o meia retorna para fazer uma partida e depois se apresentar novamente ao técnico chileno. A seleção chilena agradece ao “O Centro Fisioterápico e SPA Palmeiras” pela recuperação e pagamento dos vencimentos de seu atleta. Piada a parte, o retorno de Valdivia pode sim trazer a qualidade de volta ao time. Não mudo o que penso sobre o que sempre pensei de Valdívia. É diferenciado e desde que queira, muda o patamar do time. Aliás é o único ali com essa condição.

Não são poucos os exemplos de que o mercantilismo vem acabando a uma velocidade avassaladora com o romantismo que em outrora o futebol sustentava. A simplicidade do atleta saído da periferia, o tal amor a camisa, ao esporte, o senso de cidadania antes de qualquer outra coisa, são situações as quais as novas gerações de torcedores talvez não notem mais no esporte. São tão raras que viraram exceção. Tão exceção que valem a citação.

– Se o torcedor não tem mais a mesma identificação com a seleção amarela pelos sucessivos escândalos da CBF, pelos “Ricardos Teixeiras” da vida, pela seleção ter se transformado em vitrine para transações milionárias, pelos amistosos modorrentos e por jogadores com quase nenhuma identidade com a entidade, vale enaltecer e torcer por alguém como o lateral Bruno Cortês. Destaque positivo na última partida contra a Argentina, tem sido para mim também o melhor da posição no BR11.

Cortês é caso raro no atual cenário da bola. Casou-se recentemente, e ao contrário dos mega-eventos que costumam ser os casórios dos boleiros, Cortês optou pelo esquema “0800”, como o próprio definiu. Bruno levou seus convidados para um dos restaurantes da rede Habib´s e lá se sentiu próximo de seus iguais, próximo do mundo de onde ele saiu. A simplicidade do feito chamou a atenção da mídia, mas não comoveu sequer seus companheiros de Botafogo. Somente Lucas Zen foi a comemoração. Fato é que Cortês já é um vencedor, como tantos outros garotos que surgem da mesma vida simples que ele, mas que no atual boom midiático gerado pelo esporte, acabam perdendo por completo o laço com suas origens.

Que Cortês possa escolher como local de suas próximas festas a casa noturna que estiver na moda, o castelo medieval mais suntuoso possível. Certamente nessas festas os convidados irão. Mas pelo que demonstra, Cortês nunca vai deixar o seu “0800” de lado

-Em 2002 Marcos era o melhor goleiro do mundo, ídolo nacional, santo palmeirense e pentacampeão pela seleção brasileira. Seu Palmeiras começou aquele BR02 como um dos favoritos à conquista. Terminou rebaixado. E Marcos que de tantas glórias havia participado na história alviverde, fazia parte agora do capítulo mais sombrio dos então quase 90 anos do clube.

Só que ele ainda era o Marcos da seleção pentacampeã, tinha mercado no mundo todo, tanto que no início de 2003 recebeu proposta do poderoso Arsenal para assumir a vaga do veterano David Seaman que iria se aposentar. Era a chance de sair da série B do BR e jogar a Champions League. Marcão até foi ao clube, mas diz que ao entrar sentiu que aquele não era seu lugar, que o seu estava no Brasil, precisando dele mais do que nunca.

E assim foi, por amor a única camisa que vestiu em sua vida, São Marcos voltou para jogar a série B pelo seu Palmeiras. Contada nos dias de hoje a história parece conto da Disney, mas é real, como é também real a história do argentino Fernando Cavenaghi.

-Revelado pelo River Plate da Argentina, o atacante passou os últimos anos peregrinando por Spartak Moscou, teve depois passe adquirido pelo Bordeaux, que o emprestou ao Mallorca. Na atual temporada estava emprestado ao Inter de Porto Alegre. Mas o carinho pelo clube de berço continuava pulsante. E então o seu River Plate foi o primeiro gigante do futebol argentino a ser rebaixado. Vexame histórico, motivo de chacota de todos os adversários. Para Cavenaghi foi um chamado de volta. O atacante conversou com os dirigentes do Bordeaux, donos de seus direitos federativos, que entenderam sua vontade e o liberaram para negociar com o River. O presidente Daniel Passarella abriu o jogo com o jogador e disse que não tinha dinheiro para bancá-lo e então ouviu de Cavenaghi: “E quem está falando em dinheiro?”. Recebendo metade do que recebia no Inter, Cavenaghi joga a agora a 2ª divisão argentina pelo clube do coração.

-Saímos então da Argentina e vamos até a Espanha. Lá encontramos o jovem zagueiro Javi Poves. Revelado pelo Real Madrid, Poves vinha jogando pelo Sporting Gijón. E eu digo “vinha”, pois Poves decidiu remar contra todas as marés e encerrar uma carreira que ainda estava no início.

Não está em nenhuma doença grave ou lesão a razão de sua decisão. A razão é exatamente o futebol, segundo Poves ,“um mundo de dinheiro e corrupção”. Durma-se com um barulho desses. Quando o sonho de todo jogador é atuar em uma liga milionária como a espanhola, Poves abdica de sua conquista por não aceitar os meandros de seu esporte. “Quando se vê por dentro, o futebol internacional é só dinheiro e corrupção. É capitalismo, e o capitalismo é a morte. De que vale ganhar 1000 euros se 800 estão manchados de sangue? Não quero fazer parte de um sistema onde as pessoas ganham dinheiro graças à morte de outras na América do Sul, África ou Ásia, cravou o jovem zagueiro.

Nem acho que é para tanto. O futebol como toda instituição mercantilista e feita de gente bem e má intencionada, de coisas boas e ruins. Mas o fato reside na consciência de Poves, algo raríssimo na boleirada de hoje que ganha a primeira merreca e já se mete em correntes de ouro que valem casas, em carros conversíveis no estilo rapper.

E a atitude do zagueiro não surpreendeu seus companheiros de clube. Segundo relatos de alguns jogadores do Gijón, Poves pedia para que seus vencimentos fossem entregues em mãos, sem depósito bancário. Com isso, segundo ele, as sujas instituições financeiras não lucrariam em cima do seu dinheiro. Isso sem contar no dia em que o patrocinador do clube deu um carro para cada jogador, mas Poves o devolveu, alegando que o seu Smart já era suficiente para o seu ir e vir.

De Ricardo Teixeira a Javi Poves, personagens antagônicos de um mesmo cenário, do mesmo esporte. Exemplos do nefasto, mas também do sublime de um esporte que transcende o mérito desportivo.

Cheers,