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ÁRBITRO PRA QUE?

No último 23 de setembro, Atlético MG e Grêmio duelaram em partida nervosa e de muitas jogadas ríspidas. Muito por conta em não da vitória do já líder Fluminense, que na noite anterior havia batido o Náutico por 2X1.

Em um dos lances, Ronaldinho Gaucho deu uma entrada dura em Kleber. Lance passível de expulsão direta. Mas Heber Roberto Lopes assim não considerou e nem amarelo aplicou.

Como todo lance polêmico que acontece em toda rodada desde que o mundo é mundo, o lance foi discutido ao longo de toda aquela semana e a decisão do juiz criticada. Muitos disseram que se fosse o contrário e certamente Kleber teria sido expulso. Por conta dos antecedentes do sujeito e bla, bla, bla.

Mas a decisão do árbitro foi aquela. Como é dele a decisão de validar gols em impedimentos, anotar pênaltis inexistentes e por aí vai. O que vem depois são os elogios ao acerto ou criticas ao erro.

Ontem o STJD decidiu que entende mais de apito do que o assoprador em questão e tirou Ronaldinho do confronto do Galo de amanhã, contra o Internacional, lá no Beira Rio.

Cabe ao STJD interpretar o que é gol ou não? O que é pênalti ou não? O que é de cartão amarelo ou vermelho? E o que não é de cartão algum?

Está valendo do que ser árbitro no Brasil?

No campo e na bola o Fluminense caminha a passos largos rumo ao merecido título. Não vou ser leviano em sugerir beneficiamento.

Mas que cheira mal, cheira.

ENCARDIU!

Quem vem acompanhando minhas observações acerca dos jogos do Palmeiras, certamente já notou que minha principal crítica ao esquema de jogo de Felipão se dá pela ineficiente marcação no meio campo, ainda que por ali joguem três volantes: Marcos Assunção, João Vitor e Marcio Araujo.

Assunção é um dos líderes, capitão e tem a tão decantada bola parada. João Vitor não é um exímio marcador, mas dá combate e tem alguma qualidade no passe. Marcio Araujo é o João Vitor, só que sem bom passe.  Nenhum dos três é um legítimo 1º volante e isso sobrecarrega a zaga, que se vê constantemente exposta e tendo que confrontar mano a mano o ataque adversário. O “Deus nos acuda” é ampliado quando o lateral direito é Cicinho, que por vocação avança muito e abre uma avenida as suas costas. Não dá. Não pode.

O letárgico Palmeiras desse início de BR12 deu margem para uma série de previsões em cima da decisão contra o Grêmio, pelas semifinais da Copa do Brasil. Nenhuma delas favorável ao alviverde. Perfeitamente cabível, diga-se.

Enxergando o obscuro cenário para os lados do time de Palestra Itália, ontem às 9:00 matinais, ao tentar vislumbrar alguma maneira do Palmeiras não ser uma presa tão fácil para o Grêmio em seu alçapão, fiz a seguinte “sugestão” a Felipão:

“Grêmio com 12 vitórias nos últimos 13 jogos. Tem os retornos de Marcelo Moreno e Kleber ao ataque. 3º colocado no BR12.

Palmeiras vem sem Valdívia (talvez para sempre.), com 3 derrotas em 4 jogos no BR12, vice-lanterna da competição.

Cenário claramente favorável ao Grêmio. O que eu faria se fosse o Felipão: Deola (não confio no Bruno), Arthur, Amaro, Heleno e Juninho com o Henrique a frente da zaga como um libero/1º volante; Assunção, João Vitor e Daniel Carvalho; Mazinho e Barcos” (você pode acompanhar a íntegra da discussão em nosso grupo de discussões no Facebook: https://www.facebook.com/groups/410938200003/)

Por volta das 20:00 Felipão soltou a escalação: Bruno, ARTHUR, Amaro, Heleno, Juninho e HENRIQUE A FRENTE da zaga. Assunção, João Vitor e Daniel Carvalho. Luan e Barcos.
Foi melhor ainda do que minha sugestão. E a razão para imaginar que armado dessa maneira o Palmeiras poderia fazer frente ao Grêmio era até simples.
Henrique é o destaque individual desse time há tempos. Um zagueiraço de qualidade inigualável no cenário brazuca. Xerife em sua área, sobe com propriedade ao meio campo e por vezes surge na área como elemento surpresa. Thiago Heleno e Leandro Amaro se viram bem na retaguarda. O problema sempre foi a marcação no meio campo. Adiantando Henrique para atuar como 1º volante, o problema da falta de marcação teria enormes chances de ser sanado. Neste caso tinha mesmo que sobrar para Marcio Araujo, que na pesagem das contribuições do trio de volantes acaba ficando para trás e, em minha opinião, fica completamente sem função tática. Assunção e João Vitor ficam mais tranqüilos para serem os 2º volantes que de fato são.  
Arthur é um lateral que quase não apóia o ataque, mas também não deixa espaço para o ataque adversário passear. Por ali atacou Kleber, que foi completamente anulado. Na verdade Arthur foi muito mais um 3º zagueiro pela direita do que um lateral. Ao longo do jogo o mais atento pode perceber que Kleber, notando que por ali nada conseguiria, acabou indo buscar jogo na outra extremidade.
O problema crônico do time foi resolvido pela 1ª vez no ano. Deu posse de bola ao Grêmio, mas minou suas armas, murchou o ímpeto gremista e controlou muito bem o empate, o que para um visitante estava de bom tamanho.
Se Daniel Carvalho estivesse em boa jornada e fatalmente os espaços deixados pelo Grêmio poderiam ter sido melhor aproveitados. Barcos voltou uma porção de vezes para ser ele o armador – o que fez muito bem, aliás. Atuando como pivô, abusou de tentar usar a velocidade de Luan, mas falta ao ponta palmeirense pensar na mesma sintonia de Barcos.
Com o jogo caminhando para seu final e o zero apontando no placar, o Grêmio instintivamente avançou suas linhas. A essa altura Luxemburgo já havia tentado de tudo, mudando todo o ataque. Bruno, no entanto, pouco trabalhou.
O espaço deixado pelos gremistas, aliada a entrada de Cicinho na vaga do contundido Arthur, deu o toque fatal ao nó tático que Felipão empregou em Luxa. Com Arthur a jogada do 1º gol não aconteceria. Cicinho finalmente encaixou grande jogada e deixou Mazinho, que entrara na vaga de Daniel Carvalho, na cara do gol para finalizar. Já eram passados os 40 minutos do 2º tempo e o Grêmio desmantelou. Mais 3 minutos e Juninho serviu Barcos, que de cabeça matou Vitor e só não matou de vez o Grêmio no duelo pois estamos falando de futebol.

Felipão teve uma noite do grande técnico que já foi e que pode voltar a ser. E o Palmeiras que vive assustado, ontem pouco susto levou. Deu mostras de que pode conquistar a Copa do Brasil.

Mais do que cascudo, ontem o Palmeiras foi encardido.

Fim de feira

Moradei foi infeliz nos dois lances capitais do jogo contra o Botafogo.

Numa de nossas conversas no grupo do Ferozes FC no Facebook, João Paulo Tozo cravou que este é o campeonato com o mais baixo nível técnico dos últimos anos. Realmente, os clubes parecem estar contando os dias para o ano acabar, e essa disputa ponto a ponto entre os times no topo da tabela tem um quê de apática e desinteressada. Um clima de “tanto faz”. Tanto é verdade, que a maioria dos clubes já começa a revelar seu planejamento para o próximo ano.

Montillo seria uma boa opção no meio de campo corintiano?

Prova disso é a informação de que o Corinthians estaria interessado na contratação do meia Montillo, do Cruzeiro, time que enfrenta uma crise monstruosa, e que corre sério risco de disputar a série B no próximo ano. Segundo circula por aí, o Timão inclusive cogita usar Jorge Henrique como moeda de troca na transação envolvendo o meia argentino. Especulações à parte, está claro que falta ao Corinthians um meia que atue pelo lado direito, além do fato dos atuais donos do meio de campo alvinegro atuarem melhor quando jogam avançados. A armação das jogadas fica um tanto prejudicada. Não resta dúvida que a contração do argentino seria uma boa. Eu preferiria que JH ficasse no Corinthians, mas se este fosse o preço para ter um bom jogador, não me oporia. Vamos ver no que dá.

Outro nome especulado foi o do rebeldinho Kléber “cotovelo”… ops, digo “gladiador”, em sério litígio com o Palmeiras, depois de vários desentendimentos, que chegaram ao ápice na discussão a respeito da confusão que envolveu o volante João Vitor. Sinceramente? Além de não enxergar necessidade alguma de um jogador como Kléber no elenco corintiano, ainda acho que não vale a pena investir em um jogador caro e com um histórico de indisciplina e atitudes duvidosas.

Também em crise em seu clube atual, o Manchester City, Carlitos Tevez voltou à pauta no Timão.  Neste caso, a diretoria não nega o interesse em sua contratação, mas para isso o valor de seu passe teria de ser reduzido. Aparentemente, o caso parece caminhar para um acordo entre Tevez e seu treinador Roberto Mancini, culminando em sua reintegração ao elenco do City. Ou também a possibilidade – mais realista, convenhamos –  de Carlitos acertar com algum outro time europeu .

Além destes, fala-se na contratação do volante Guilherme, da Lusa, e do atacante Osvaldo, do Ceará, também pretendido pelo São Paulo.

Enquanto isso, os holofotes se dividem entre as fanfarronices do presidente Andres Sanchez e os altos e baixos do time comandado por Tite. E a liderança caiu no colo do Timão outra vez, por conta do empate do Vasco contra o Atlético-PR.

Confesso que peguei no sono assistindo ao jogo contra o Botafogo, logo após o gol do Loco Abreu, e não sei o que opinar sobre a partida. Só sei que era pedir demais que Moradei fizesse duas partidas seguidas jogando bem. Pelo que soube, os dois gols do Botafogo foram desviados por ele. Aí fica difícil.

Hoje na trilha, uma versão ao vivo de “Stripsearch”, do Faith no More. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=EsnipPuN3rU[/youtube]

A CRISE DA VEZ NO PALMEIRAS SERVIU PARA ALGUMA COISA

Que o Palmeiras é uma máquina de crises todos já sabemos. Semana após semana, jogo após jogo, algo ou alguém gera um fato que se transforma em factóide, que por sua vez é alimentado com um show de desinformação e má vontade por parte de alguns (não todos) que deveriam levar ao público a informação melhor apurada.

Se as crises ainda servissem para mudar algo dentro do clube, tudo bem. Mas as bombas explodem, o factóide é gerado, os departamentos entram em conflito, a hierarquia é quebrada, mas absolutamente nada acontecia. Enquanto isso time definha.

A agressão ao volante João Vitor é condenável, como toda agressão.  Mas pelo menos dessa vez a nova crise serviu para algo – separar o joio do trigo.

Quem é joio e quem é trigo nessa história?

Oras, basta elencar os personagens principais de mais essa novela.

João Vitor é coadjuvante, apesar de ter sido o estopim da vez. Os protagonistas são o ex camisa 30 do time e o técnico Felipão.

Cabe todo tipo de julgamento sobre o trabalho de Scolari nesse seu retorno ao clube. Mas duvidar das boas intenções do velho Bigode, isso jamais. Não se pode dizer o mesmo do outrora Gladiador.

A crise institucional no Palmeiras é histórica, mas fechando a janela de fatos para os acontecimentos mais recentes, fica bem claro onde foi que toda essa situação degradante teve início – na vitória do Palmeiras por 5X0 contra o Avaí – bem típico do alviverde criar crise até quando se obtém um grande resultado em campo. Naquela noite o jogador que vestia a camisa 30 trouxe ao conhecimento do universo a proposta do Flamengo por seu futebol. Daquela noite em diante o que se viu foi um show de desrespeito a história do clube, sobretudo ao torcedor que o aclamou como ídolo, que fez uma festa poucas vezes vista para recebê-lo de volta.

Partiram dele quase que 100% das declarações e/ou situações que gerariam as convulsionais e semanais crises internas e externas.

A gota d água foi o motim proposto pelo jogador em “solidariedade” a João Vitor. Muito a calhar na véspera de um jogo contra o Flamengo, diga-se de passagem. Sugestão prontamente rechaçada por Felipão, este sabedor das conseqüências que sofreria o time e o clube.

Parece que a boleirada quase que em sua totalidade ficou ao lado do jogador num primeiro momento, exceto Marcos Assunção. Mas, de todo apoio ou desagravo recebido, um fato, uma situação, um posicionamento dentro do elenco deixa bem claro, pelo menos para mim, qual é o lado correto dessa história – a desaprovação do goleiro Marcos ao tal motim.

Declarar apoio a João Vitor e repudiar a violência é até sensato e plausível, mas lesar o clube é de uma indecência descomunal. Se o tal motim tivesse sido levado a sério, o W.O renderia ao Palmeiras a perda de 6 pontos. Isso o deixaria com 34 e o lançaria diretamente a briga contra o rebaixamento. Que grande ato de solidariedade tentou prestar o tal camisa 30, não?

A rota de colisão entre o atacante e Felipão gerou o afastamento do camisa 30 e o fortalecimento de Scolari dentro do clube e, pelo menos para mim, deve sim servir para reaproximar técnico e torcedor. As cobranças em relação a Felipão podem e devem ficar restritas a parte tática e técnica do time, aos resultados em campo. Jamais sobre sua conduta referente a instituição, a qual ele sempre buscou privilegiar em todas as suas posturas.

Referente a agressão ao volante, volto a dizer que sou contra e repudio, mas prefiro esperar o desenrolar dos próximos acontecimentos para chegar a uma conclusão. As imagens gravadas mostram uma agressão mútua, mas não quem iniciou a confusão. Que foi motivada pela situação do time, não resta dúvidas. Mas qual foi o estopim do atrito não se pode afirmar. Como também não se pode ser leviano, como vi ontem muita gente dentro e fora da imprensa sendo, de apontar A, B ou C como culpado.

O que se tira de positivo do ocorrido foi a postura do time em campo, horas após esse inferno interno. De time derrotado previamente, o Verdão fez frente a um Flamengo que poderia entrar na briga pelo título em caso de vitória, e só não saiu vencedor do duelo por mais um erro de arbitragem, que validou gol irregular dos donos da casa. De time que só tinha jogadas em bola parada com Marcos Assunção, o Palmeiras chegou ao seu gol em boa trama pelo meio, apresentou um jogo com variação de jogadas pelas pontas e com boas trocas de passes.

Que mais esse triste capítulo na história recente do clube sirva para colocar o time nos eixos e para reconquistar a confiança de seu torcedor. Por que pelo menos já serviu para mostrar quem é quem dentro do Palmeiras.

Veja os melhores momentos do jogo:
http://www.youtube.com/watch?v=p83k0PA1qvg

 

Cheers,

O FUTEBOL E SEUS EXEMPLOS. DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

 -Incrível como surgem dores estomacais ou no peito desses senhores de larga vivência no submundo da política, do esporte e de todo o mais. Basta a casa começar a cair para o lado deles que já rola uma internação básica. O hospedado – ops – internado da vez é o dono da Copa de 2014, Ricardo Teixeira. Bastou a comissão de Constituição e Justiça do Senado convidá-lo para explicar todas as críticas que a organização da Copa vem recebendo que o proprietário da seleção amarela sentiu dor de estômago. Ah, vá!

-No sábado o Palmeiras enfrenta o América MG, lanterna e virtual rebaixado à série B, sem Marcos e Kleber. Marcão continua com o procedimento de preservação para que agüente toda a temporada e para, quem sabe, adiar por mais uma temporada sua aposentadoria. Kleber fica de fora por uma tendinite no joelho. Nem duvido que haja mesmo um problema no joelho do outrora Gladiador, mas que veio muito a calhar, veio. Peça nula ao longo de todo o BR11, Kleber só é notado quando abre a boca para geralmente causar tumulto interno no elenco. Se foi sacado do time por contusão, não posso afirmar. Mas não me esquivo em dizer que para mim a medida já deveria ter sido tomada antes, por deficiência técnica e moral. O “amor” de Kleber que segundo o próprio é verde, mas já flertou com o rubro-negro, agora parece que anda de flerte com o alvinegro paulistano. Haja amor, “Gladiador”.

-Por outro lado, o alviverde ganha o retorno de Valdívia. Depois de 30 dias afastado se recuperando de um estiramento conquistado em um amistoso pelo Chile, o meia retorna para fazer uma partida e depois se apresentar novamente ao técnico chileno. A seleção chilena agradece ao “O Centro Fisioterápico e SPA Palmeiras” pela recuperação e pagamento dos vencimentos de seu atleta. Piada a parte, o retorno de Valdivia pode sim trazer a qualidade de volta ao time. Não mudo o que penso sobre o que sempre pensei de Valdívia. É diferenciado e desde que queira, muda o patamar do time. Aliás é o único ali com essa condição.

Não são poucos os exemplos de que o mercantilismo vem acabando a uma velocidade avassaladora com o romantismo que em outrora o futebol sustentava. A simplicidade do atleta saído da periferia, o tal amor a camisa, ao esporte, o senso de cidadania antes de qualquer outra coisa, são situações as quais as novas gerações de torcedores talvez não notem mais no esporte. São tão raras que viraram exceção. Tão exceção que valem a citação.

– Se o torcedor não tem mais a mesma identificação com a seleção amarela pelos sucessivos escândalos da CBF, pelos “Ricardos Teixeiras” da vida, pela seleção ter se transformado em vitrine para transações milionárias, pelos amistosos modorrentos e por jogadores com quase nenhuma identidade com a entidade, vale enaltecer e torcer por alguém como o lateral Bruno Cortês. Destaque positivo na última partida contra a Argentina, tem sido para mim também o melhor da posição no BR11.

Cortês é caso raro no atual cenário da bola. Casou-se recentemente, e ao contrário dos mega-eventos que costumam ser os casórios dos boleiros, Cortês optou pelo esquema “0800”, como o próprio definiu. Bruno levou seus convidados para um dos restaurantes da rede Habib´s e lá se sentiu próximo de seus iguais, próximo do mundo de onde ele saiu. A simplicidade do feito chamou a atenção da mídia, mas não comoveu sequer seus companheiros de Botafogo. Somente Lucas Zen foi a comemoração. Fato é que Cortês já é um vencedor, como tantos outros garotos que surgem da mesma vida simples que ele, mas que no atual boom midiático gerado pelo esporte, acabam perdendo por completo o laço com suas origens.

Que Cortês possa escolher como local de suas próximas festas a casa noturna que estiver na moda, o castelo medieval mais suntuoso possível. Certamente nessas festas os convidados irão. Mas pelo que demonstra, Cortês nunca vai deixar o seu “0800” de lado

-Em 2002 Marcos era o melhor goleiro do mundo, ídolo nacional, santo palmeirense e pentacampeão pela seleção brasileira. Seu Palmeiras começou aquele BR02 como um dos favoritos à conquista. Terminou rebaixado. E Marcos que de tantas glórias havia participado na história alviverde, fazia parte agora do capítulo mais sombrio dos então quase 90 anos do clube.

Só que ele ainda era o Marcos da seleção pentacampeã, tinha mercado no mundo todo, tanto que no início de 2003 recebeu proposta do poderoso Arsenal para assumir a vaga do veterano David Seaman que iria se aposentar. Era a chance de sair da série B do BR e jogar a Champions League. Marcão até foi ao clube, mas diz que ao entrar sentiu que aquele não era seu lugar, que o seu estava no Brasil, precisando dele mais do que nunca.

E assim foi, por amor a única camisa que vestiu em sua vida, São Marcos voltou para jogar a série B pelo seu Palmeiras. Contada nos dias de hoje a história parece conto da Disney, mas é real, como é também real a história do argentino Fernando Cavenaghi.

-Revelado pelo River Plate da Argentina, o atacante passou os últimos anos peregrinando por Spartak Moscou, teve depois passe adquirido pelo Bordeaux, que o emprestou ao Mallorca. Na atual temporada estava emprestado ao Inter de Porto Alegre. Mas o carinho pelo clube de berço continuava pulsante. E então o seu River Plate foi o primeiro gigante do futebol argentino a ser rebaixado. Vexame histórico, motivo de chacota de todos os adversários. Para Cavenaghi foi um chamado de volta. O atacante conversou com os dirigentes do Bordeaux, donos de seus direitos federativos, que entenderam sua vontade e o liberaram para negociar com o River. O presidente Daniel Passarella abriu o jogo com o jogador e disse que não tinha dinheiro para bancá-lo e então ouviu de Cavenaghi: “E quem está falando em dinheiro?”. Recebendo metade do que recebia no Inter, Cavenaghi joga a agora a 2ª divisão argentina pelo clube do coração.

-Saímos então da Argentina e vamos até a Espanha. Lá encontramos o jovem zagueiro Javi Poves. Revelado pelo Real Madrid, Poves vinha jogando pelo Sporting Gijón. E eu digo “vinha”, pois Poves decidiu remar contra todas as marés e encerrar uma carreira que ainda estava no início.

Não está em nenhuma doença grave ou lesão a razão de sua decisão. A razão é exatamente o futebol, segundo Poves ,“um mundo de dinheiro e corrupção”. Durma-se com um barulho desses. Quando o sonho de todo jogador é atuar em uma liga milionária como a espanhola, Poves abdica de sua conquista por não aceitar os meandros de seu esporte. “Quando se vê por dentro, o futebol internacional é só dinheiro e corrupção. É capitalismo, e o capitalismo é a morte. De que vale ganhar 1000 euros se 800 estão manchados de sangue? Não quero fazer parte de um sistema onde as pessoas ganham dinheiro graças à morte de outras na América do Sul, África ou Ásia, cravou o jovem zagueiro.

Nem acho que é para tanto. O futebol como toda instituição mercantilista e feita de gente bem e má intencionada, de coisas boas e ruins. Mas o fato reside na consciência de Poves, algo raríssimo na boleirada de hoje que ganha a primeira merreca e já se mete em correntes de ouro que valem casas, em carros conversíveis no estilo rapper.

E a atitude do zagueiro não surpreendeu seus companheiros de clube. Segundo relatos de alguns jogadores do Gijón, Poves pedia para que seus vencimentos fossem entregues em mãos, sem depósito bancário. Com isso, segundo ele, as sujas instituições financeiras não lucrariam em cima do seu dinheiro. Isso sem contar no dia em que o patrocinador do clube deu um carro para cada jogador, mas Poves o devolveu, alegando que o seu Smart já era suficiente para o seu ir e vir.

De Ricardo Teixeira a Javi Poves, personagens antagônicos de um mesmo cenário, do mesmo esporte. Exemplos do nefasto, mas também do sublime de um esporte que transcende o mérito desportivo.

Cheers,