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SOBRE CORNETEIROS E CORNETADO E O “QUERIDINHO” DO CHEFE.

“O jogo do bichão tem crescido na medida em que os corneteiros tentam desqualificá-lo. Que continuem assim – corneteiros e cornetado”

A frase acima é sobre o chileno Valdívia, é minha e foi escrita ontem após a classificação do Palmeiras para as semifinais do Paulistão 2011.

Valdívia é craque, queiram ou não alguns. É craque, infelizmente para o Mirassol. É craque, do tipo que o maior e próximo rival no Paulistão hoje não tem.

Sem o contundido Cicinho, Felipão mandou o volante João Vítor no setor direito. Por ali pouca coisa conseguiu o Mirassol. Mas quase nada jogou o Palmeiras.

A aposta então foi pelo lado esquerdo, que criou demais. E principalmente, desperdiçou demais.

Rivaldo mais contido, fez grande partida e deu liberdade para os avanços de Luan. Não foram poucas as chances criadas pela dupla. Todas elas claras de gol, claras para se decidir. Todas desperdiçadas pelo camisa 21.

Luan é peça fundamental no esquema tático de Felipão. É um dos nomes mais acionados do time e não por acaso caem em seus pés muitas das chances de gol do time. E é aí que mora o problema.

Importante taticamente, Luan peca pelo lado técnico. É inconcebível que um atacante, mesmo que não tenha faro de gol apurado, desperdice tantas chances como ele fez ontem e como costuma fazer sempre.

Contra o Mirassol as chances quase fizeram falta. Mas contra o Corinthians novas oportunidades desperdiçadas podem ser fatais.

Não acho que Felipão deva sacá-lo do time. É por ali que muita coisa acontece. Mas alguma espécie de “intensivão” nos treinos de finalização deve ser feito com o cara, pelo bem dele, que já não vive em clima de romance com a torcida, mas principalmente pelo bem do time. A vitória de ontem poderia ter sido muito mais tranqüila do que foi.

Mas se a vitória não foi tranqüila, ao menos ela foi justíssima. Pelo 1º tempo soberbo de Valdívia, mas também pela grande 2ª etapa de Márcio Araújo.  Ele que naturalmente pelo passado recente deveria ser o substituto de Cicinho na ala direita, foi beneficiado pela escolha de Felipão por João Vitor e com isso ganhou liberdade para flutuar por todo o meio campo e ainda se aproximar do ataque pelo meio. Não por acaso uma transcrição quase fiel do que foi o 2.º gol do Palmeiras, gol de Márcio Araujo. O “queridinho” do chefe.

O Verdão encara agora o maior rival. Reacende a maior e mais tradicional rivalidade do país. Uma delícia para quem sempre vivenciou e apreciou os grandes duelos entre os dois gigantes.

Um clássico que sempre iguala os desiguais. Mais ainda agora que não há tanta desigualdade técnica. Taticamente vejo o Palmeiras com mais cara de time. Tem até duas ou três peças com a qualificação que ainda falta ao rival. Pontos que geralmente não significam muita coisa quando o duelo é entre eles.

Eles que enriquecem o futebol com suas histórias. Eles que quando estão no topo, tornam o futebol maior do que já é.

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Despeço-me da ferocidade ao som do Mestre Ray Charles, com a magnífica My Bonnie, capturada durante a passagem do grande Mestre por terras brasileiras em 1963:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=VR3LhX6oE3s[/youtube]

O DVD “O Genio: Live in Brazil 1963” (com essa grafia mesmo) é um espetáculo e reúne duas apresentações dele com transmissão da antiga TV Excelsior. Um registro e tanto para os apreciadores dos bons sons.

Cheers,

4ª´S DE FINAIS DO PAULISTÃO. E AGORA?

Terminada a longa e arrastada 1ª fase do Paulistão, poucas foram as surpresas guardadas para a última rodada.

Contra a Ponte-Preta Felipão mandou um Palmeiras recheado de reservas e jogadores pouco aproveitados na temporada. Perdeu de virada por 2X1 e de quebra perdeu a ponta para o São Paulo, que empatou com o Oeste no jogo e com o Palmeiras em pontos, mas leva vantagem por possuir uma vitória a mais que o alviverde.

O São Paulo pega a Portuguesa, no 1º clássico das fases finais. A Lusa que conseguiu sua classificação na bacia das almas, vê a diferença técnica em relação ao São Paulo cair minimamente pelo fato do tricolor não poder atuar no Morumbi, devido ainda punição recebida na partida contra o Corinthians. O SP promete tentar recuperar o mando, o que se vier a acontecer irá transformá-lo em favorito destacado no duelo.

O Palmeiras encara o Mirassol, no Pacaembu. Antes, porém, pega o Santo André na partida de volta das 8ª´s da Copa do Brasil.

O Santo André que, já rebaixado, não foi páreo para o time misto do Corinthians na última rodada. A vitória por 2X0 serviu para segurar a 3ª colocação do Corinthians, que por alguns momentos foi ameaçada pela vitória dos reservas do Santos por 3X0 contra o Paulista.

O Corinthians pega o Oeste nas 4ª´s, enquanto o Peixe encara a Ponte, no que em meu modo de ver será o duelo mais equilibrado da próxima fase.

Com a vitória de 2X1 contra o mistão do Palmeiras, a Ponte terminou a 1ª fase invicta contra os grandes. Será páreo duríssimo para o Peixe.

Agora exercito a salutar prática do prognóstico. Errem comigo e mandem suas previsões também:

São Paulo X Portuguesa – São Paulo

Palmeiras X Mirassol – Palmeiras

Corinthians – Oeste – Corinthians

Santos X Ponte Preta – Ponte Preta

Despeço-me da ferocidade ao som dos Strokes, que confirmou presença no Festival Planeta Terra, no 2º semestre de 2011. Strokes – Barely Legal:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dpmxZw1j_Ng[/youtube]

 

Cheers,

FELIPÃO E KLEBER BRILHAM E O PALMEIRAS VENCE O SANTOS, DE NOVO.

Duelo do melhor ataque contra a melhor defesa, Duelo que também era do único time a não perder em seus domínios, contra o único que não havia perdido fora de casa. No final venceu quem hoje tem um time.

Desde o desmanche do time campeão Paulista e da Copa do Brasil que o Santos vive exclusivamente dos lampejos de seus dois diferenciados – Neymar e Ganso. Hoje ainda conta com o bom Elano, e só. O resto do time santista é fraco, a zaga em relação ao ataque é de uma discrepância perigosíssima.

Inteligente que é, Felipão buscou anular Neymar e Ganso. O meia santista estava anulado pelo seu próprio momento, que não é bom nem dentro e nem fora de campo. Neymar foi marcado por Cicinho, que travou bem o craque peixeiro. Ainda assim o Santos foi melhor na 1ª etapa e sempre com a participação efetiva de Neymar.

Sem Valdívia, o Palmeiras apostou em Lincoln e Patrick na armação e com Kleber espetado, enquanto Adriano centralizava na área. Ou tentava centralizar, já que sua presença no jogo era nula.

Daí entrou o diferencial que hoje tem o Palmeiras – e que não joga – Felipão.

Restando ainda 15 minutos para o final da 1ª etapa, o bigode não teve dúvidas em tirar o inoperante Michael Jackson para a entrada de Luan. Felipão começava a ganhar o clássico ali.

A tática era obrigar a fraquíssima zaga santista a despachar a bola com bicões pra frente. Na velocidade de Luan e Kleber, que pressionavam a saída de jogo do adversário, a tática começou a funcionar. Marcados, Ganso e Neymar recebiam bolas retangulares e tinham que se virar no bumba-meu-boi promovido pelos chutões de sua retaguarda.

Aos 15 da 2ª etapa Martellote mandou Keirrison no lugar Zé Eduardo. Aos 21 Felipão tirou o cansado Lincoln e colocou o jovem e bom João Vitor. A alteração que aparentemente era defensiva, deu velocidade à saída de jogo palmeirense. João é um 2º volante que conduz bem a bola e tem bom passe. Patrick ganhou liberdade para se aproximar de Kleber e foi aí que o Verdão matou o jogo.

Patrick dominou pela meia esquerda, saiu da marcação e deu passe açucarado para Kleber que abria livre. Rafael não saiu para abafar e o Gladiador finalizou tranquilamente.

Felipão ainda sacou Cicinho e fechou o time com Chico. Sacramentando o banho tático em Martellote e a grande vitória no clássico.

Não dá pra cornetar Felipão. Já é campeão? Óbvio que não. Mas há tempos o Palmeiras não tinha um time de verdade. E a montagem começou lá em 2010, quando seu setor defensivo já foi o 2º melhor do BR. Hoje é a melhor defesa do país. Agora Scolari começa acertar a parte ofensiva, que faz gols em todos os jogos e tem em Kleber sua referência técnica, tática e de entrega.

Não é brilhante o Palmeiras. Mas tem no brilho da estrela de Felipão e no brio de Kleber a certeza de que hoje o Verdão é um time muito difícil de ser batido.

No próximo sábado teremos showzaço do Muse e do U2 em SP. Adoro os irlandeses, mas os ingleses são uma das minhas bandas de cabeceira. É por eles que lá estarei. É com eles que me despeço da ferocidade. Muse – Citizen Erased:

http://www.youtube.com/watch?v=8QhJohEOT6Y

Cheers,

COM PATRICK E LINCOLN PALMEIRAS CUMPRE (MUITO BEM) SUA OBRIGAÇÃO. E AGORA, FELIPÃO?

O Linense é o 17º colocado do Paulistão. Vencê-lo em seus domínios não é nada mais do que obrigação de um grande que aspira brigar pelo título. Mas a boa atuação do Palmeiras transformou o jogo em barbada. Deola sequer sujou o uniforme.

E foi baseado, sobretudo, nas boas atuações de Patrick e de Lincoln que o time conduziu o resultado tranquilamente.

Por mais que Felipão diga que Patrick não é meia, é exatamente por ali que ele vem se destacando, chamando inclusive a atenção de um dos grandes meias da história do Palmeiras – Alex. Que lá da Turquia elogiou o crescimento do garoto.

Da molecada da base que o Verdão vem aproveitando, Patrick é o que mais tem evoluído. Ganhou a vaga de Tinga e agora vai dar uma dor de cabeça dos infernos em Felipão quando o técnico contar com a volta de Valdívia.

Como fazer para armar o meio com Patrick, Valdívia e Lincoln?

Sim, Lincoln. O camisa 99 que há dois meses não atuava e que havia praticamente sido descartado, retornou ontem para ser o cérebro do time que vinha acéfalo sem Valdívia. Não só fez bem sua função, como participou de dois dos três gols do time.

Lincoln é mais cerebral que Valdívia. Distribui mais o jogo. Valdívia é mais explosão, arranca com bola dominada e acha espaços onde não tem. O 1º pode colocar alguém em condições de definir uma partida. O 2º pode ser exatamente esse a decidir a partida. Um é o arco e o outro é a flecha.

Em meu modo de enxergar futebol, os dois são complementares, não se anulam de forma alguma. Devem jogar juntos e transformar um time que vive muito de transpiração em um time de inspiração.

E o Patrick?

Patrick jogaria como joga hoje, partindo de trás, dando opção para os alas espetarem nas pontas e também dar sustentação ao ataque, podendo inclusive ser fator surpresa com arremates de fora da área, como no 1º gol de ontem – golaço, melhor dizendo.

Com dois volantes de ofício que podem ser Chico e Pierre, Lincoln e Patrick podem ser os meias, alimentando um ataque que teria Kleber aberto pela esquerda e Valdívia chegando junto pela direita. Em um time sem centroavantes, quanto mais qualidade ofensiva tiver, melhor.

Esse Palmeiras pode ser melhor do que vem sendo, e para isso sequer precisa de grandes contratações.

Ouçam Oasis, filhotes. Ouçam Supersonic:

Muricy fora do Fluminense; Luis Fabiano no São Paulo; Palmeiras e a “Valdiviadependência”; Quem quer Adriano? Radiohead; Programa FFC. Gol!

Texto João Paulo Tozo

Imagens: Wallace Teixeira (Muricy) e Celio Messias (Vinicius)

 

Muricy Ramalho disse não a seleção para no final do ano ser campeão”.

Em dezembro de 2010 essa frase parecia fazer muito sentido, além de me parecer uma troca bem justa, tendo em vista a atual galhofa que é ser técnico da seleção da CBF. Em março de 2011 já não sei mais se a aposta foi tão certeira. Não pela seleção, mas talvez pela calmaria que o emprego de técnico da seleção brasileira transparece ser, enquanto no Fluminense o bicho vem pegando com a quase eliminação da Libertadores, além das dores de cabeça administrativas causadas pela alegada falta de comprometimento da direção com o combinado na assinatura do contrato (melhorias na estrutura do clube e bla, bla, bla), em abril de 2010.

Mauro Cezar da ESPN levantou questão pertinente sobre o pedido de demissão do treinador – “E se fosse o Luxemburgo?”

Em 2002 o então treinador do Palmeiras abandou o barco no meio do caminho, o time caiu para a série B e Luxa carrega essa culpa até hoje – ao meu modo de ver, claro que não só ele, mas merecidamente.

A desclassificação precoce do Flu na Libertadores será debitada da conta de Muricy? Público e crítica demonstram claramente uma maior tolerância com o treinador campeão brasileiro. Mas que a situação é bastante similar, não resta dúvidas.

Muriça puxou o carro das Laranjeiras

Mais ainda se as especulações de que o Santos virá com uma proposta milionária para seduzir o técnico se confirmarem. De repente a frase inicial ganha um complemento extra: “Muricy disse não a seleção para no final do ano ser campeão e agora sai do Flu para ganhar milhão”.

– E Luis Fabiano acertou seu retorno ao Morumbi. E o São Paulo acertou em cheio na contratação. Refresco a memória do amigo que me acompanha a respeito do que penso sobre o “Fabuloso” – Não acho que seja um centroavante em nível de seleção brasileira, de repente para suplente e olhe lá. Mas para clubes, sobretudo perante o atual nível do futebol brasileiro, acho uma contratação sensacional.

Sua média de gols na 1ª passagem pelo Morumbi foi de quase 1 gol por partida. Por outro lado, saiu do São Paulo em atrito com boa parte da torcida que o chamava de pipoqueiro, acredito que injustamente. A ausência de títulos talvez tenha impactado nessa saída menos honrosa do que merecia. Mas apesar disso, retorna com o status de ídolo e fazendo juras de amor. Diz que renegou ofertas maiores de outros clubes brasileiros, dentre as quais os 500 mil/mês do Corinthians.

O Palmeiras venceu o São Bernardo por 2X0 no último sábado e chegou aos mesmos 28 pontos que São Paulo, Corinthians e Santos, mas perde para esses no saldo de gols. É ainda o Palmeiras da “Valdiviadependência”. Na 1ª etapa, com o Mago em campo, jogou bem, com velocidade e matou o jogo sem grandes dificuldades. Na 2ª etapa, sem o chileno que saiu para ser poupado para o jogo da Copa do Brasil, sofreu com a acefalia de outros tempos. Com Tinga em mau momento técnico e sem maiores opções ofensivas para superar a ausência do camisa 10. Ainda assim, o excessivo recuo que Felipão promoveu na 2ª etapa foi descabida, gerou irritação na torcida e deflagrou o 1º desconforto do ídolo bigodudo com seus súditos.

PVC bem lembrou em seu twitter de que 4 jogadores da base estavam em campo: Deola, Gabriel Silva, Patrick e Vinicius.  Desses, Patrick e sobretudo, Vinicius, tiveram atuações destacadas. Eu não me lembro de outro momento em que a aposta na base tenha sido tão forte pelos lados do Palestra Itália. Claro que pela necessidade e pela falta de grana para investir em jogadores prontos. É uma aposta de risco, mais ainda pelo investimento que os rivais tem feito para repatriar grandes nomes. A torcida quer resultados, quer bater de frente com os rivais, com isso joga-se uma responsabilidade enorme nas costas da molecada, que por queimar etapas em seu desenvolvimento, podem acabar se perdendo em meio as dificuldades do clube. Vinicius, por exemplo, tem apenas 17 anos. Mas pode ser nessa dificuldade que surja, enfim, um grande talento da base alviverde – que não seja no gol –  e que ajude agora o time em campo e no futuro o clube, financeiramente falando.

Vinicius: 17 anos e atuação destacada contra o São Berbardo

Sobre Adriano: É um risco enorme apostar no “Imperador”. Sua última temporada na Roma não justifica tecnicamente nenhum investimento em seu jogo. Sua falta de profissionalismo e sua evidente despreocupação em cuidar de sua mente e corpo, corroboram com o prognóstico negativo de seu atual status. O São Paulo de Luis Fabiano não precisa do Adriano. O Corinthians do artilheiro Liedson, idem. O Santos que não tem centroavante, mas tem Neymar e Ganso, talvez não precise arriscar a tranqüilidade interna de seu elenco trazendo Adriano. Mas o Palmeiras já se arrisca na temporada com Adriano Michael Jackson, Luan e Pardalzinho. Arrisca-se tecnicamente. Não será válido arriscar tentando trazer Adriano, que se por um lado pode gerar dores de cabeça na direção e em Felipão com suas aventuras fora de campo, dentro dele pode tranqüilizá-los com o lado técnico?

O que penso como torcedor é: Dores de cabeça o Palmeiras possivelmente terá se não reforçar o ataque. Se for para tê-las, que pelo menos não seja com a falta de rendimento do ataque.

Mas dirigente não pode pensar com a cabeça de torcedor. O buraco é mais embaixo. E pelas palavras de Roberto Frizzo em entrevistas recentes, o torcedor não deve esperar por grandes contratações. Quem sabe Fernandão, que já foi procurado e que agora com a chegada de Luis Fabiano deverá ficar sem espaço no Morumbi.

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Lembrando o feroz que hoje voltamos com o Programa Ferozes Futebol Clube, desta vez já com o sistema da rádio todo restabelecido, portanto ele será AO VIVO. Nas mesmas 20:00 de sempre, falando de futebol, música e demais assuntos pertinentes ou não. Acesse o link abaixo e acompanhe nossas ferocidades na rádio Tape:

http://comunicacidade.unicid.br/radiotape_ferozes.htm

Despeço-me com o sempre espetacular Radiohead e o seu petardo – Reckoner:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=XLVA7Ap1vkQ[/youtube]

Cheers,