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O PROBLEMA REALMENTE ERA O TÉCNICO?

O São Paulo não vive uma boa fase desde 2008. O último grande título conquistado pelo tricolor foi o Campeonato Brasileiro de 2008, o título marcou o nome de Muricy como Tri-Campeão consecutivo do Torneio sob comando da equipe do Morumbi. Com um amadorismo enorme da diretoria tricolor, o clube vive uma escassez de bons resultados e uma série de fracassos nos últimos anos, deixando o “modelo de gestão” ser apagado, ou no minimo esquecido.

 

De lá pra cá, a equipe que era considerada “Modelo de Gestão no Futebol” vem enfrentando tempos de vacas magras. Sempre considerada como favorita aos principais títulos em disputa, o tricolor vem fracassando com freqüência e vê seus rivais paulistas crescendo e criando uma estrutura de gestão que causa inveja aos dirigentes retrógrados que insistem em se manter no Morumbi.

 

A troca de técnicos é constante nos últimos anos e a falta de um time base incomoda a torcida que foi acostumada à grandes conquistas. De fato o time que era considerado modelo, se tornou comum e a falta de organização da Diretoria, afastando jogadores, emprestando e depois o colocando de volta no elenco, mostra o amadorismo que toma conta do time da Fé.

 

Juvenal Juvêncio efetuou mudanças no Estatuto é Soberano em seu cargo. Na última semana demitiu o treinador Ney Franco, que levou o tricolor ao Título da Copa Sul-Americana 2013 e o retorno do Tricolor à Copa Libertadores (Uma das piores campanhas do time no Torneio).

 

De fato, as coisas entre jogadores e Comissão Técnica não estavam muito bem, era nítida a falta de entrosamento e o incomodo de ambos os lados, inclusive com declarações publicas. Ney Franco foi embora e a partida seguinte seria contra o Santos no Morumbi, nada melhor que vencer um clássico para que a Paz voltasse a reinar no Tricolor.

 

O time do Peixe que após a saída de Neymar ainda corre pra se encaixar, venceu o São Paulo em pleno Morumbi e afundou ainda mais o time da fé em uma crise que não parece ter fim. Completamente sem padrão tático o tricolor procura um técnico que coloque “Ordem na casa”, para a torcida Muricy Ramalho é o nome que conseguirá fazer o tricolor trilhar novamente o caminho dos títulos, mas o alto salário emperra a negociação, abrindo espaço para uma possível chegada de Paulo Autuori.

 

Muricy Ramalho e Paulo Miranda - Os dois principais candidatos à assumir o Tricolor
Muricy Ramalho e Paulo Miranda – Os dois principais candidatos à assumir o Tricolor

 

Aguardaremos o novo treinador, que dará sobre-vida a equipe mas não resolverá os problemas que ficam por trás das 4 linhas, uma renovação tem de ser feita já!

Mudanças para o próximo semestre.

Quando o presidente do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio, disse que iria contratar um treinador já empregado deixou os dirigentes de Santos e Palmeiras com uma pulga atrás da orelha.

A diretoria do time praiano logo resolveu se mexer e renovou o contrato do seu técnico, Muricy Ramalho até o final do ano que vem.

A do Palmeiras ainda teria uns poucos dias para se preocupar, já que a equipe esta na final da Copa do Brasil, e treinador nenhum, em sã consciência abandonaria o barco numa hora dessas.

Nesse meio tempo, pouco menos de uma semana, desde que Emerson Leão deixou o clube, nomes como o do português André Villas-Boas ex Chelsea, Jorginho ex Portuguesa e Vadão circularam na imprensa como prováveis comandantes tricolor.

Mas o time do Morumbi acabou optando pelo treinador da seleção brasileira sub-20 Ney Franco, que foi liberado pelo presidente da CBF, o rei das medalhas Marin, e assinou contrato com o clube até o final de 2013.

O treinador apesar de não ser de ponta, merece toda a consideração do torcedor são paulino pois mostrou bons trabalhos nas equipes por onde passou e também na seleção de base.

É esperar para ver.

Reforços:

Além de anunciar o novo treinador, o São Paulo tenta arrumar a sua zaga e anunciou a contratação do novo camisa 3, Rafael Tolói, sonho antigo do time, que chega para um contrato de cinco temporadas.

O xerife, que veio de Goiás, enfrentou a resistência do ex-técnico Emerson Leão, mas agora poderá completar a posição que tanto incomoda os dirigentes e torcedores são paulinos.

O tricolor ainda se reforçou um pouco mais com a permanência do volante Denilson, que teve o seu empréstimo renovado por mais um ano, junto ao Arsenal, e com a suspenção leve, de apenas dois jogos, um já cumprido, que o avante Luís Fabiano levou do STJD na ultima terça.

Agora é colocar a cabeça no lugar e fazer o que sabem, jogar futebol e trazer os títulos de volta para a nossa galeria.

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“EU SEI MUITO”

A nova safra de torcedores brasileiros é muito chata. Sequer entendem a essência das rivalidades e acham que podem delimitar até onde um rival deve torcer contra a agremiação que historicamente foi a antítese da sua.

É muito “mimimi” e nenhum conhecimento de nada. “Nóis contra o mundo”, “chupa anti” e bla bla blas que tornam as noites nobres do esporte bretão um martírio para qualquer um que queira ter suas preferências, mas com um fundo de discernimento pelo menos.

Em muitos casos noto uma síndrome de “apequenamento”. Como se o fato do time X estar em uma boa fase obrigasse todos os outros torcedores a aceitarem a situação e louvarem a tal agremiação, numa onda de “veja só, crescemos e queremos ser respeitados”. Em outros verifico um misto de soberba com pedantismo digno dos discursos mais rasos.

Em 1999 o Palmeiras, então campeão da Libertadores, disputou o mundial contra o Manchester United. Vejam só a montagem que data da época.No ano seguinte fez nova final de Libertadores contra o Boca Jrs. É até hoje alguns vendem o discurso de que Corinthians e Boca são irmãos e não é raro achar corintianos com camiseta do clube argentino.

Quer verificar a grandeza de seu clube? Basta notar o quanto de ruído ele causa nas torcidas adversárias. O dia que esse ruído não ocorrer, fique atento. Ai sim o “apequenamento” pode estar em trâmite.

 

Dito isto, vamos ao que de fato importa.

No Corinthians X Santos mais importante da história só deu alvinegro, mas o paulistano.

Da 1ª fase irretocável e que lhe deu vantagem para todo o resto da competição, ao pragmatismo inteligente de Tite. A campanha corintiana tem sobrado.

Em comparação a santista, perde nos ápices de brilho, mas ganha disparado na competitividade que o torneio exige.

O Corinthians foi mais time – entenda esse mais time no campo da tática, do ser aguerrido – desde o começo. Os duelos só deixaram isso evidente.

Com algumas peças em baixa, casos de Elano, Leo e Borges – e coloco aqui também o técnico Muricy – O Santos dependeu exclusivamente do brilho do genial Neymar. Que é genial sim, ainda que estejam tentando colocar sua capacidade em julgamento pela má jornada nos últimos jogos. O moleque vem de temporadas inteiras em alto nível. Três ou quatro jogos não jogam tudo isso no lixo. Mas PH Ganso sim vem de um ano inteiro vivendo da expectativa criada e nada tem criado.

No jogo de ontem, após um 1º tempo onde o Santos conseguiu equilibrar e desequilibrar num lampejo de Neymar, Tite virou o jogo na virada de etapa. Mandou Liedson na vaga de William e com um homem de área efetivo limitou as linhas de trás do Santos a redobrarem a atenção e apoiarem menos. Diminuiu o ímpeto santista que terminou em alta e em vantagem a 1ª etapa. Enquanto isso os três homens de frente do Peixe quase nada produziam e muito em conta da má jornada de Borges, mas sobretudo pela ineficiência de Ganso. Demorou Muricy a notar que ao invés de 3 homens no ataque, ele precisava reforçar a armação do time e também povoar o meio campo, onde o Corinthians quase sempre trucida o esquema adversário. Quando mandou Leo para fazer dupla com Ganso já era tarde.

Como tarde me parece ser qualquer elogio a ser feito para esse time do Corinthians, sobretudo para Tite, que com suas “treinabilidades”, seus “fala muito” e seus discursos estrategicamente sonolentos, chama para si uma responsabilidade de 50 anos que o clube carrega. Tira do elenco, que nada tem a ver com esse histórico de derrotas na Libertadores, toda a carga negativa acumulada por todos esses anos tragicômicos de participações em Libertadores.

Ainda não foi campeão, mas nunca esteve tão próximo de ser. Mais do que qualquer outro já esteve. Afinal, para o Corinthians, essa final é inédita. Bem como sua condição de time a ser batido na competição continental.

Outro discurso que Tite adora adotar é o “eu sei muito”. Tá mostrando que sabe mesmo.

Aplausos para o Adenor.

A CORRETA ESCOLHA DE TITE E A INVENCIBILIDADE DO PALMEIRAS

No primeiro semestre de 1999 o Palmeiras disputava paralelamente três competições: Libertadores, Copa do Brasil e Paulistão. Chegou as finais da Libertadores e Paulistão e semifinais da Copa do Brasil.

Enquanto foi possível Felipão escalou o time titular em todas as competições. Quando precisou priorizar, não teve dúvidas em escolher a Libertadores.

As finais da maior competição interclubes do mundo (ao lado da Champions) ocorreram exatamente entre as também finais do Paulistão.

A derrota por 1X0 no jogo de ida contra o Deportivo Cali ligou o sinal de alerta e para a 1ª partida da final do Paulistão Felipão mandou um time 100% reserva contra o fortíssimo Corinthians. Resultado: 3X0 Timão e a vaca palmeirense no Paulista foi para o brejo.

Na quarta-feira seguinte aconteceu a finalissima da Libertadores  e o Verdão venceu, com muito sufoco, o Deportivo Cali por 2X1, o que levou a partida para os pênaltis e então o alviverde conseguiu sua tão sonhada Libertadores. Depois, na partida de volta da final do Paulistão, time misto contra o Corinthians e um placar em 2X2 deixou claro que Felipão havia feito o certo. E não apenas por ter vencido a Libertadores, mas por ter priorizado o que de fato interessava ao clube e ao torcedor.

O que teria acrescentado ao clube vencer mais um entre tantos Paulistas e ficar com a sensação de que a Libertadores lhe escapou por entre os dedos?

O porquê dessa história toda?

Ontem no clássico contra o Santos Tite armou um Corinthians misto e acabou derrotado pelos donos da casa pelo placar mínimo, perdendo também uma longa invencibilidade. Um início de caça as bruxas teve início, isso porque Muricy escalou o Santos completo e venceu.

Venceu por 1X0, atuando mal, com um Neymar apagado e displicente, dando chances para o mistão corintiano conseguir algo melhor. Mistão e com dois jogadores a menos. Já que a inoperância de Adriano e Alex é de irritar até quem não torce pelo time.

“Ah, mas é clássico e a rivalidade pede que se escale o que tem de mais forte.”

Até a página 2 é assim mesmo que funciona. Mas com todo o respeito ao tri da Libertadores. O Corinthians é o maior rival do Santos, mas o inverso não ocorre. Fosse contra Palmeiras ou São Paulo e fatalmente o próprio torcedor alvinegro pediria a força máxima, o que não ocorreu contra o alvinegro praiano.

Tite tem o time nas mãos. Sabe com quem pode contar e até onde pode. Em termos de grupo hoje o Corinthians é o mais forte time do país. O Santos tem melhores individualidades, mas não tem um grupo coeso, começando só agora construir um sistema defensivo mais concreto.

O torcedor há de concordar comigo que o Peixe jogou 2011 inteiro vivendo da genialidade de Neymar e de lampejos de Ganso e cia, mas sofrendo com o excesso de gols sofridos. Quando encarou o Barcelona não viu a cor da bola. Se tivesse um sistema defensivo mais eficiente e a derrota poderia ter sido menos acachapante.

O Corinthians encara na quarta-feira o Nacional, o mais fraco time de sua chave na Libertadores. Precisa vencer e mostrar serviço, até por que quase levou chumbo na estréia. O Santos recebe nada mais do que o Inter, um adversário evidentemente mais forte do que o corintiano. E o Peixe vem de derrota na estréia.

A meu ver errou Muricy e não Tite nas escolhas do clássico de ontem. A vitória mínima e jogando mal convenceu alguém?  Se não vencer o Inter terá sido válida do que a vitória contra o Corinthians? Até em termos de álibi para os jogos da Libertadores Tite foi mais feliz do que Muricy e o próprio Muricy corrobora com essa opinião quando diz ter escalado o time titular apenas para agradar a torcida.

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A derrota corintiana serviu para tornar o Palmeiras o único invicto dos times paulistas. Ainda que o empate em 0X0 contra o São Caetano derrubou o time para a 3ª colocação.

Alguns dizem se tratar de uma invencibilidade inútil, no que não concordo.

Um time que quase caiu para a série B há menos de 5 meses acumula agora mais 15 jogos de invencibilidade. O ataque melhorou consideravelmente com as entradas de Daniel Carvalho e principalmente Barcos, além da nova função de Maikon Leite, caindo pelos dois flancos do campo. A bola parada de Marcos Assunção passou a ser “apenas” mais uma arma em meio ao repertório do time e as coisas podem ainda melhorar com a volta e Valdívia e contratação de Wesley.

Em termos de conjunto o Verdão ainda não é forte como o Corinthians. Ainda que hoje tenha mais opções, Felipão não conseguiria mandar um mistão num clássico contra o Santos, por exemplo.

Acumula já 5 empates no Paulistão, o que justifica sua classificação apesar de invicto. Por outro lado quando vence geralmente marca muitos gols. Tem tido poder de recuperação e já não se abala tanto quando sai atrás no placar.

É evidente a evolução nos últimos meses e é por isso que a invencibilidade, apesar da 3ª colocação, tem que ser comemorada pelo torcedor sim. O caminho percorrido está sendo o correto.

JOGO DO ANO?

Por: Almir Breviglieri

A palavra mito possui uma série de significados que vão desde os mais simples e óbvios aos mais elaborados filosoficamente. Entre as diversas interpretações do vocábulo em questão, pode-se dizer que se trata de uma personalidade ou fato que, por ser irreal, simboliza algo possível apenas por hipótese.

Pois bem, é exatamente o que a imprensa brasileira criou ao longo do semestre – um mito chamado Barcelona x Santos, o jogo do ano.

Os 4×0 do Barça sobre o Peixe deste domingo em partida decisiva do mundial de clubes da FIFA evidenciou o patamar ao qual pertence cada equipe.

Talvez a dura realidade de Yokohama não teria sido tão dura se o Santos que tivesse ido a campo contra o melhor time do mundo fosse aquele do mês de junho, embalado e reconfigurado através do dedo de Muricy Ramalho, aliando à habilidade da dupla Neymar e Ganso um sistema defensivo sólido e protegido. Foi a alma do negócio para o Santos faturar a Libertadores.

Na sequência do título veio a repetição de erros que outros clubes brasileiros já cometeram no passado: relaxamento e “abandono” do campeonato nacional.

Resultado da brincadeira: perda de ritmo de jogo, de pegada, falta de sequência de prática do jogo em alto nível.

E deu no que deu.

Quanto ao Barcelona, não há muito mais a acrescentar. É a prática de um futebol que mais lembra futsal, com troca de passes perfeitos, rápidos e com movimentação constante de seus jogadores. Nada de lançamentos em profundidade, jogadas de linha de fundo e jogo aéreo. Que Carles Puyol, Gerard Piqué e Javier Mascherano não levem a mal, mas a zaga não é um primor, já que o sistema defensivo da equipe é simples: manutenção absurda da posse de bola. Afinal, como ser atacado se o adversário não vê a cor da bola?

Ah, o jogo!

Pois é, repetindo alguns erros do Manchester United na final da Champions League, o Santos não foi páreo para o hegemônico time da Catalunha.

Ao retomar a posse de bola, a equipe santista falhava nos passes. O que significou o desperdício das poucas chances para mostrar seu jogo.

Ainda no item “queimando a posse de bola”, o bom goleiro Rafael Cabral, talvez com o intuito de evitar marcação sobre pressão na saída de jogo, rifava a bola na reposição.

Paulo Henrique Ganso permaneceu sem ação, estático em campo. Aliás, era nítido nos jogadores santistas, até mesmo nos mais descontraídos do time como Neymar, o peso e o medo nos momentos que antecederam o início da partida.

Ao final, os 4×0. Sim, goleada com show de Andrés Iniesta, Lionel Messi e Xavi.

Seria muito pedir a um clube brasileiro, que teve seu auge técnico no mês de junho, para enfrentar em condições de igualdade o Barcelona de Josep Guardiola. Os mais conceituados do mercado como Real Madrid e Milan, demonstrando alguma competitividade, já haviam falhado.

Jogar contra o Barcelona atual faz lembrar o boxe dos tempos de Mike Tyson no auge de sua carreira.

Tyson era devastador. Aniquilava seus oponentes em poucos rounds de luta. Colocaram-no contra os melhores, mas os melhores, atemorizados com a superioridade do campeão, mudavam sua forma de atuar e falhavam clamorosamente. Provavelmente teriam fracassado se tivessem mantido seus respectivos estilos. Aí residia a interrogação. Como parar Tyson?

E como parar o Barcelona?

De qualquer maneira, superioridade flagrante à parte, os jogadores do Santos não podem utilizar a desculpa de que jogaram contra os melhores para justificar a atuação do time em Yokohama.

Faltou sim mais pegada, determinação, faca nos dentes.

O que fica deste mundial da FIFA é a confirmação de uma hegemonia global chamada FC Barcelona. Em contrapartida, o que se espera é que surja, o mais breve possível, alguém que possa contrabalançar a potência hegemônica.