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VALE A PENA ACREDITAR NO TRABALHO DE FELIPÃO.

Texto: João Paulo Tozo

Imagem: Lancenet

Chuvas e trovoadas eram esperadas no caminho do Palmeiras nesse início de 2011.

Processo eleitoral fora de época, contratações modestas, seca de títulos, desconfiança de tudo e todos. O ambiente mais do que favorável para os teóricos do apocalipse – “O Palmeiras é o mais fraco dos grandes”. “Felipão está decadente”.

O empate em 0X0 na estréia e o péssimo futebol deu sustentação ao discurso. Era o começo, mas o fim já era conhecido.

Fato é que, com a 4º rodada do Paulistão encerrada ontem, o Palmeiras do “decadente” Felipão só não é o melhor time do campeonato por um gol – 8 a 7 a favor do Santos. Mas na pontuação já acontece a igualdade.

Tirone foi eleito presidente e, apesar de não ser o preferido da torcida, começa sua caminhada com um tom sereno, de postura firme diante dos problemas do clube, que são enormes, mas não maiores do que o próprio clube. Não tem feito oba-oba, mostra-se com os pés no chão, mas não desencanta o torcedor que espera por uma temporada mais próspera.

Nesse início de temporada, depois de novelas “Gauchisticas”, surgimento de pseudo palmeirenses “Osórios” da vida, surge o planejamento feito através das cabeças que de fato precisam ser pensantes – Tirone, Frizzo e Felipão.

Mais do que apontar as virtudes do time na partida de ontem, vale ressaltar alguns pontos em tom de defesa ao técnico alviverde.

Esperava-se mais de seu time em 2010? Sempre se espera mais de um clube do tamanho do Palmeiras. Mas aquele time não era o time do Felipão. Ainda que as chegadas de Kleber e Valdívia tenham dado grande ganho técnico ao time, foi na chegada de Rivaldo, Luan, entre outros, que residiu a implicância de muitos referentes ao trabalho de Scolari.

Felipão disse que faria esse time jogar e que brigaria pau a pau pelos títulos.

Ainda é cedo para cravar que sua fala vingou. Mas há motivos para acreditar em seu trabalho. Ele começa a saltar a vista do mais atento.

Sem Gabriel Silva que está na seleção, não há opções na lateral esquerda. A escolha por Rivaldo parecia das menos plausíveis. O cara toca na bola e ouve vaia. O ambiente não é bom para ele. Mas Felipão o bancou, deu moral, mais ainda. Deu função tática importante ao cara.

Ontem, pela 1ª vez desde que chegou ao clube, Rivaldo foi aplaudido pela torcida. Deu ao lado esquerdo a força no apoio que não havia até então. Mais que isso. Recompôs a retaguarda quando o time foi atacado por ali. Muito em função do resgate do bom jogo de outro patinho feio – Luan.

Neste falso 4-3-3 de Felipão, Luan é o 3º pela esquerda. Mas é muitas vezes o 1º do meio ou o 2º, encostando em Rivaldo na faixa lateral esquerda. Ou seja, o cara ocupa todos os lugares por ali.

Velocidade e disposição tática são suas virtudes, o que tem sobressaído em relação a sua falta de técnica mais refinada. Luan não é o virtuoso que vai dar espetáculo. Mas tem sido peça chave do esquema. Surgiram de seus pés as jogadas de 4 dos 8 gols do time até aqui. E ontem, se não foi aplaudido, Luan ao menos não escutou as costumeiras vaias. É outro que começa a ser resgatado por Felipão.

Rivaldo e Luan podem ser os exemplos de Felipão para o resgate do moral de um clube que vive as turras com a sua própria essência.

Não passa só pelo resgate desses jogadores o vislumbre de uma temporada melhor para os alviverdes. Mas passa pelo trabalho desempenhado por eles, em prol de um grupo que começa a ser formado e que tem nas chegadas de outros valores como o bom Cicinho, dos jovens João Vitor e Adriano e também pelos valores que lá já estavam, mas que não tinham grandes oportunidades, como Patrick. Que de moeda de troca, tornou-se peça importante do elenco e já começa a anotar seus gols e a cair no gosto do torcedor. Passa também pelo retorno em alto estilo de São Marcos e de toda a aura vencedora que o Santo carrega consigo.

Felipão começa a selar um processo de paz entre time e torcida. O que em termos de Palmeiras é muitas vezes mais importante do que ter um timaço.

Vale a pena acreditar no trabalho de Scolari. Sempre valerá a pena acreditar no Palmeiras.

Despeço-me do camarada que me acompanha ao som dos Beatles – Taxman:

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Cheers,