Arquivo da categoria: Chazinho de Coca

O Futebol, a ironia, as histórias.

A BLINDAGEM COM FELIPÃO PRECISA ACABAR

Felipão foi contratado pelo Palmeiras com a responsabilidade de conduzir o time ao título mais almejado pela própria direção e, podemos dizer também, pela maior parte da torcida: A Libertadores.

A postura do treinador logo em sua chegada deixou isso bem claro: Time reserva no Brasileirão e força máxima na Libertadores e também na Copa do Brasil, afinal, Felipão carrega consigo a alcunha de “Rei do mata-mata”.

Fato é que os “reservas”, talvez sem tanta responsabilidade assim por conta das opções da comissão técnica, levaram o 2º turno do nacional com os pés nas costas e o time venceu o Brasileirão com toda a justiça. No entanto, nas duas frentes de mata-mata Felipão fracassou, e pouco importa as derrotas, elas são normais em duelos equilibrados como foram os jogos contra Cruzeiro e Boca Jrs, mas a forma como as eliminações aconteceram nos faz olhar de uma maneira diferente para a eliminação no Campeonato Paulista, também com sua força máxima, novamente sem apresentar bom futebol. Melhor dizendo: Sem futebol algum.

O Palmeiras contrata quem quer, acerta muito e também erra bastante em suas escolhas (Carlos Eduardo e Felipe Pires são incompreensíveis), trouxe o excelente Ricardo Goulart e recuperou o ótimo Gustavo Scarpa, mas ao invés de melhorar seu nível, o time regrediu. E é taticamente que ocorre a queda.

O meio-campo e ataque do Palmeiras são excelentes, mas não trocam passes, não realizam uma triangulação sequer. É na triangulação que você consegue criar espaço para fazer o jogador diferenciado mostrar o seu melhor, é básico, mas com o Palmeiras isso não acontece.  Com ligação direta, chuveiro e arremesso lateral como únicos recursos, Felipão reduz significativamente a régua da qualidade, não extrai o melhor da velocidade e drible de Dudu, do passe preciso e a inteligência de Goulart ou da precisão de Scarpa. Mesmo o criticado Borja é vítima desse esquema.

A blindagem com Felipão precisa acabar por parte da diretoria, e também do torcedor. As glórias de 20 anos no passado e também as mais recentes não podem torna-lo imune a críticas. Se escorar no VAR, que acertou ao anular o gol de Deyverson é de um reducionismo atroz. Além do que, dizer que queria ter tirado o time de campo após a anulação do gol é tratar o próprio Palmeiras como um clube qualquer, sem dizer que denota o mais puro desconhecimento da história de um clube que tem como uma de suas principais passagens justamente um capítulo de abandono de jogo, contra o mesmo rival, na epopeia de sua mudança de nome e de todo o contexto histórico.

A direção agora carrega, por mais uma temporada, o pepino por tratar o Campeonato Paulista por “paulistinha”. A batalha de bastidores contra a FPF é legítima e precisa ocorrer, mas um clube de futebol quando entra em campo não pode medir a importância da peleja por conta de suas lutas jurídicas. Os 40 mil torcedores que estiveram no Allianz Parque e os 18 milhões espalhados pelo mundo gostariam, e muito, de comemorar um Paulistão que não vem desde 2008.

felipão

DO RENIGHT AO PORTALUPPI. COMO O RENATO ME FAZ CRER EM UM VELHO CHAVÃO.

Estava aqui acompanhando a coletiva do Renato Gaúcho, o que tem sido cada vez mais um exercício legal de se fazer. Suas coletivas e entrevistas hoje vão completamente na contramão de 99,73% das coletivas enfadonhas e cheias de chavões dos treineiros da nação. Ao contrário do Renight de outrora, o Portaluppi está ponderado, equilibrado, sabe fazer uso do bom humor com sabedoria, o que faz com que mesmo quem não seja gremista acabe nutrindo uma simpatia natural e nada forçada.

 

Aliás, creio que resida exatamente nessa condição de ter aprendido a separar o Renight do Portaluppi, sem que com isso tenha sido necessário “matar” o personagem bonachão de outrora, o grande salto na carreira dele como técnico. O trabalho do campo é excelente, o Grêmio joga um futebol agradável, mas extremamente competitivo. Não é favorito contra os espanhóis, mas diante de tudo o que foi feito no ano e da convicção e condição de seu jogo, independente de adversário, tornou a distância entre o seu Grêmio e o adversário de amanhã menor do que se desenhava ser.

 

Sou simpático a disputa do Grêmio nesse sábado, menos pelo clube, mais pelo Renato, ainda mais pelo futebol brasileiro. Daquele velho chavão do “tal time é o Brasil na competição”, dessa vez o contexto que envolve a partida me faz crer, pela primeira vez, que possa ser verdadeiro.

 

A ofensividade bem trabalhada desse Grêmio do Portaluppi resgata um tanto do que perdemos no decorrer dos últimos tantos anos, onde nossos campões foram quase sempre forjados em moldes de covardia tática, na mais completa resignação e falta das convicções que o futebol brasileiro fora forjado desde sempre, o que encolheu ou impediu drasticamente de florescer os talentos que por aqui nunca rareiam.

 

Independente de o Grêmio vencer seu adversário de amanhã, se tivermos um jogo onde a disputa lhe gabarite a estar próximo do êxito, diante daquele que ostenta hoje a alcunha de melhor time do mundo, creio que possamos estar iniciando um caminho de volta ao que acompanhávamos nas décadas anteriores, com clubes brasileiros exercendo um jogo brasileiro, sem covardias, sem aguardar “aquela bola do jogo” e reduzindo as distâncias que o fator econômico imputa aos clubes de mercados tão díspares.

renato

 

O ZÉ ROBERTO É GRANDE!

“Precisamos resgatar a grandeza desse clube. O Palmeiras é grande, esse é o nosso grito de guerra. Hoje começamos uma nova história dentro desse clube. Sabe por quê? Porque eu quero ver a minha foto dentro desse vestiário”.

Às 20:00 dessa segunda-feira, Zé Roberto irá subir ao gramado do Allianz Parque pela última vez como jogador profissional e com a missão assumida lá no início de 2015 plenamente cumprida. Sua foto, seu nome e sua história passam a estar intrinsecamente atreladas a história do Palmeiras, em um roteiro escrito por ele mesmo naquela primeira preleção de 2015, poucos meses após o Alviverde escapar de mais um rebaixamento na bacia das almas, com novos vislumbres pelo que se desenhava desde então, mas com os velhos fantasmas ainda tão presentes. Coube ao já veterano de 41 anos, com um mundo de bagagem e conquistas nas costas, ser o porta-voz das palavras que todo palmeirense gostaria de dizer naquele vestiário.

Não a partir dele, mas com ele e sua liderança, o Palmeiras voltou a ser nesses quase três anos o Alviverde Imponente dos campos, disputando e conquistando títulos importantes.

Um dos símbolos da retomada palmeirense, foi o “não gol” de Robinho, do Cruzeiro, em uma das tantas decisões na reta final do Brasileirão 2016, em que Zé Roberto salva gol feito com um malabarismo digno de Gol Puskas, a janela perfeita do papel que desempenhou durante esses anos de verde.

ZE ROBERTO

Abriu 2015 afirmando que o Palmeiras é grande. Fechou 2016 reafirmando ser gigante, o maior clube de sua carreira.

Zé Roberto foi vice-campeão Brasileiro pela Portuguesa, em 1996. Campeão Espanhol e da Supercopa da Espanha pelo Real Madrid. Tetracampeão alemão, tricampeão da Copa da Alemanha e campeão da Liga Alemã, todos pelo Bayern de Munique. Campeão Paulista pelo Santos. Campeão do Qatar pelo Al-Gharafa. Bicampeão da Copa América e Bicampeão da Copa das Confederações pela Seleção. Além de Campeão da Copa do Brasil e Campeão Brasileiro pelo Palmeiras.

ze

Bate no peito e Grita, “O Zé Roberto é grande!”.

Após seis anos e cinco meses, Tencati encerra a sua passagem pelo Londrina

A convite do blog, o amigo e leitor Filipe de Almeida Nogueira escreveu sobre o fim da era Tencati no Londrina. 


O cargo de treinador é uma das profissões mais instáveis. E sempre que algum técnico é demitido no futebol brasileiro, o nome de Claudio Tencati vem à tona. Tencati é o mais longevo treinador entre os clubes que disputam as quatro divisões do Campeonato Brasileiro.

 

Paranaense de 43 anos e formado em educação física, Claudio Aparecido Tencati assumiu o Londrina em no dia 21 de abril de 2011. Antes do Tubarão, passou por *Cianorte, Paranavaí e Iraty. *(foi auxiliar de Caio Júnior, vítima no acidente aéreo com a Chapecoense em 2016). Em sua chegada, encontrou o time em reconstrução, após quase cair para a 3° divisão do Paraense em 2010. Também 2011, o time também passou a ser gerido pela SM Sports, que tem como presidente Sérgio Malucelli, e o empresário Juan Figer (aquele) como parceiro. Logo em seu primeiro ano Tencati foi campeão da 2° divisão do Paranense e assim colocando o Tubarão na elite estadual novamente.

 

Em 2013, foi campeão do Torneio do Interior Paranaense, dando um passo importante para o que seria um ano mágico em 2014.

 

Em 13 de abril de 2014, o LEC travou um duelo emocionante com o Maringá Futebol Clube e após o jogo ir para os pênaltis, o LEC sagrou-se *Tetracampeão Paraense, título que o time não comemorava desde 1992. *(1962, 1981, 1992, 2014). Neste mesmo ano o Tubarão disputou o campeonato brasileiro da Série D, após o empate sem gols com o Anapolina-GO, no dia 19 de outubro de 2014 o Tubarão conquistou uma vaga para à Série C.

 

Em 21 de novembro de 2015, o LEC conquistou o acesso à Série B, perdendo a final no Serra Dourada para o Vila Nova-GO, 4×2 no agregado.

 

Em 2016, o time de Tencati termina o Brasileirão da Série B em 6° lugar, 3 pontos atrás do Bahia (4° colocado e classificado para a Série A).

tencati

 

No dia 04 de Outubro de 2017, em Londrina, rolou a final da Primeira Liga frente ao Atlético Mineiro. O Estádio do Café tomado 15.735 torcedores, que ali estavam para o jogo mais importante do clube, nesses 61 anos de existência.

 

O Tubarão foi convidado para o torneio e chegou invicto na final, após eliminar Figueirense, Avaí, Paraná, Fluminense e Cruzeiro.

 

Em um jogo emocionante e decidido nos pênaltis, após empate de 0x0 no tempo normal, brilhou a estrela do goleiro César. E o Londrina Esporte Clube se tornou Campeão da Primeira Liga, vencendo o Atlético Mineiro 4-2 nos pênaltis.

 

Tencati deixa o Tubarão após uma campanha de altos e baixos na Série B 2017, onde o time está na 5° colocação, mas sem chances de acesso faltando apenas uma rodada para o fim.

 

Em reportagem para o UOL em Setembro, Tencati falou sobre os sonhos e aspirações profissionais.

 

“Eu gostaria de buscar outro estado, outra região, um Campeonato Paulista, Carioca, Mineiro, para entender o processo em outras regiões importantes.

É uma necessidade minha como profissional”

 

Claudio Tencati comandou o Londrina em 269 jogos, com 131 vitórias, 72 empates e 66 derrotas – aproveitamento de 57,62% dos pontos disputados.

COM VALENTIM, PALMEIRAS FAZ SEUS MELHORES TEMPOS NO ANO

Já são quatro tempos sob o comando de Alberto Valentim. Tempo após tempo e o Palmeiras foi melhor que no tempo anterior, em todos esses tempos foi mais time e mais bola que em todos os tempos anteriores com Cuca.

Quatro tempos, dois jogos, duas vitórias, cinco gols marcados e um sofrido. Contra times da parte inferior da tabela, sim, mas com atuações convincentes como não se viu ao longo de todo um ano em que jogos contra times da parte baixa e alta de todas as tabelas pareciam um drama, uma dureza, um sofrimento de ver e torcer.

Valentim não está inventando a roda, mas a está fazendo rodar como se esperava dessa engrenagem verde desde o início do ano. É simples ajustar um time com bons jogadores, extrair de cada peça o seu melhor e trazer de volta a confiança. É ela, a confiança, que permite que o mesmo Keno, que fora esquecido tanto tempo por Cuca, tenha sido o melhor jogador das duas últimas rodadas do campeonato. Pertence a ele, Keno, a condição técnica de romper defesas com um drible rápido ou um passe de futsal, mas cabe ao técnico enxergar e oferecer isso ao time posicionando sua peça no espaço onde ela melhor possa se ajustar e ao grupo ajudar.

É a mesma confiança que permite ao desenganado Borja entrar no lugar do lesionado William, no que até a semana passada seria uma fria, e jogar o que não jogou em momento algum em suas poucas oportunidades no ano, marcar um belo gol e ser importante como já se esperava que ele pudesse ser.

Dá-se ao time ajuste tático e se perde de vista fantasmas de ruindade incorporados por jogadores que podem e sempre entregaram mais que os espectros sombrios em que estavam se transformando. Ou alguém ousou reclamar do Egídio ontem?

A reta final do BR17 está aí e o Palmeiras do Valentim tem o seu momento de franco atirador, basicamente vivendo da obrigação de jogar bem – e está.

BORJA