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PALMEIRAS: DAS DATAS E HISTÓRIAS, DIGNAS E INDIGNAS

A quarta-feira, 27 de março de 2013 será mais uma daquelas datas para o palmeirense não esquecer jamais.

Bem como aquele 19 de dezembro de 1920, quando ainda chamado de Palestra Itália, o Verdão conquistou o seu primeiro paulistão derrotando o Paulistano e entrou em campo com a seguinte escalação: Primo; Oscar e Bianco Spartaco Gambini; Valle, Picagli e Bertolini; Martinelli, Federici, Heitor Marcelino Domingues, Ministro e Matheus Forte.

Sem poder contar com Valdívia, Henrique, Souza, Vilson e Kleber, Gilson Kleina ganhou ainda um desfalque de última hora, quando o zagueiro Mauricio Ramos sentiu-se mal antes da partida e foi substituído pela aposta Marcos Vinicius, recém promovido da base e que fez às pressas a sua estréia entre os titulares.

Só que em 20 de setembro de 1942, na mais emblemática passagem da história do futebol brasileiro, o ainda Palestra Itália corria sério risco de desaparecer. Com o Brasil declarando guerra contra os países do eixo, iniciou-se uma perseguição descabida contra todo tipo de colônia que estivesse ligada àqueles países. Se em campo o Palestra Italia caminhava para mais um título, fora dele a pressão pelo seu fechamento e repasse de seu patrimônio – legalmente conquistado – para terceiros e interesseiros de plantão era cada vez mais latente.

Para evitar este verdadeiro ultraje, mudou-se então o nome de Palestra Italia para Palestra de São Paulo, mas dias depois veio então a nomenclatura pela qual a entidade tornou-se um colosso mundial: Sociedade Esportiva Palmeiras.

A campanha irretocável do Palestra deu ao agora Palmeiras a oportunidade de conquistar o título justamente contra o São Paulo, o maior interessado no fechamento e arrendamento das posses do antigo Palestra. Na entrada do gramado os jogadores do alviverde carregavam junto a bandeira do Brasil. Em campo o Palmeiras não deu margem para qualquer azar e com um 3X1 ainda no 1º tempo, forçou o São Paulo a abandonar a partida antes de seu término.

Nascia ali naquele dia a expressão “Arrancada Heróica”, onde o Palestra Itália morria líder e o Palmeiras nascia campeão. Campeão como nasceu para ser, amparado por toda a sua estirpe e carga histórica.  E o time que marcou essa passagem foi: Oberdan, Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Viladoniga, Lima e Echevarrieta

Só que então a culpa pelo vexame diante do Mirassol é do técnico Gilson Kleina, apontam os teóricos do apocalipse alviverde.

Com o material humano que ele não tem em mãos, poderia ter feito o que? Talvez ter entrado com Ronny já desde o início para armar o time? Vá lá. Mas falamos do RONNY, não do Julinho Botelho

Era o 10 de janeiro de 1960, Palmeiras X Santos entraram em campo para a partida decisiva do Super Campeonato Paulista de 1959. Único time capaz de parar o Peixe do Rei Pelé, o Palmeiras fez por onde. Em uma partida épica, Pelé abriu o placar aos 14 minutos de jogo. Mas com gols do grande Julinho Botelho, aos 43 minutos, e de Romeiro, aos 3 da segunda etapa, o Verdão conquistou o título. E em campo estavam: Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Américo Murolo, Romeiro e Nardo.

Numa fogueira sem precedentes, Marcos Vinicius sentiu a pressão e em seu 1º toque na bola marcou gol contra.

Dá para culpar o garoto? Não é nem justo.

Desguarnecido em sua retaguarda, o Palmeiras virou presa fácil para os contra-ataques do Mirassol. Veja bem – do MIRASSOL.

10 minutos depois o placar já mostrava 3X0 para os donos da casa. Então Kleina mandou o meia Ronny na vaga de Charles. A melhora foi significativa, tanto que…

Em 1974 o Palmeiras chegava a mais uma final de Paulistão. A missão, além de conquistar a taça, era prorrogar por mais uma temporada a agonia do arquirrival Corinthians, que já chegava ao 20º ano de fila.

Em uma partida carregada de tensão, Ronaldo foi o responsável por colocar a maior parte do Morumbi lotado em mais algumas temporadas de limbo. Gol isolado, comemoração alviverde que foi a campo com: Leão; Jair Gonçalves, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Zeca; Dudu, Ademir da Guia; Edu, Leivinha, Ronaldo, Nei.

… em poucos minutos o placar mostrava 3X2 e o Palmeiras melhor em campo.

Entretanto, na seqüência, Leomir acertou uma falta na gaveta de Fernando Prass. Indefensável. Como indefensável é imaginar que qualquer coisa que eu diga aqui possa livrar a pele de qualquer um em uma derrota contra um time que estava a somente dois pontos da zona de degola e que enfrentava, ainda que combalido e rebaixado nacionalmente, o maior campeão do século XX.

Um campeão que sofria o seu pior momento na história, com 17 anos de fila sem títulos, até aquela tarde fria em temperatura, mas tão quente em emoções. Tão cheia da mais pura carga de uma paixão irreprimível de seu torcedor, mas resguardada pelos anos sendo coadjuvante de tudo. No 12 de junho de 1993 dos dias dos namorados mais doce da vida de qualquer palmeirense. Mesmo daqueles que, como eu, ainda não tinha uma.

O adversário era novamente o maior rival. Mas com o aporte financeiro de uma multinacional, o time montado pelo Palmeiras expressou na diferença de gols o abismo que os separavam naquele momento da história.

Naqueles imemoriais 4X0 com gols de Zinho, Evair, Edilson e novamente Evair, no pênalti mais longo e comemorado desde que o mundo é mundo.  Aquele Palmeiras que nunca sai das retinas do alviverde: Sérgio, Mazinho, Antônio Carlos, Tonhão, Roberto Carlos, César Sampaio, Daniel, Edílson Zinho, Edmundo, Evair.

Não se pode tirar a culpa pelo vexame das costas de ninguém. Mas realocá-la com todo o peso do mundo nas costas de Kleina é de uma covardia sem parâmetros. Uma covardia que, em vias de fato, passou a gerir o dia a dia do clube nos últimos anos. Covardia administrativa, covardia técnica, covardia tática. Covardia em voltar a ser o alviverde imponente. Covardia em ser Palmeiras. O que sabemos, não é fácil para ninguém. Mas quem já foi, deve sempre ser.

Como foram aqueles campeões brasileiros de 1993, que após vitórias por 1X0 e 3X0 contra o Vitória (BA), fizeram o Verdão campeão brasileiro 20 anos depois: Sérgio; Cláudio, CléberAntônio Carlos e Roberto CarlosCésar SampaioMazinhoEdílson e ZinhoEdmundo e Evair.

Como os também campeões brasileiros de 1994. Bicampeões, melhor dizendo. Contra o mesmo Corinthians que penou nas mãos do grande rival por tanto tempo. Nos 3X1 do primeiro jogo e no 1X1 que garantiu um título que veio sob a batuta de:  Velloso; Cláudio, Antônio CarlosCléber e Roberto CarlosCésar SampaioFlávio Conceição e MazinhoEdmundo, Evair e Rivaldo.

Não cabe a Gilson Kleina armar um esquadrão quando se tem um elenco pobre, sofrível, incompatível com o clube e as competições que irá enfrentar. Ainda assim ele armou um time que enfrentou de igual para igual o campeão da Libertadores e foi superior ao São Paulo e ao Santos.

É ele quem coloca a bola pra dentro do gol? Não, não é. Mas é em sua distribuição tática de peças de segunda linha que a bola chega em condições de balançar a rede adversária.

Ele que não conta, como contou Luxemburgo em 1996, com um time estelar. Quando no que se considera a maior campanha de um time desde a profissionalização do esporte Rei, o Palmeiras sagrou-se campeão Paulista com o famoso ataque dos 102 gols. Time que contava com: Velloso, Cafú, Sandro Blum, Cleber e Júnior; Amaral, Flávio Conceição, Djalminha e Rivaldo; Muller e Luizão.

Agora vão demitir o treinador e vão trazer quem? Mano Menezes? Dorival Junior? Pep Guardiola?

Nem Guardiola transforma esse amontoado de jogadores recém chegados, alguns com potencial, outros indignos de vestir a camisa alviverde, em algo parecido com um time do dia para noite.

Com Fernando Prass; Welder (Ayrton), Maurício Ramos, André Luiz e Juninho; Charles (Ronny), Márcio Araújo, Léo Gago (João Denoni) e Wesley; Leandro e Caio, nem Guardiola dá jeito.

A não ser que ofereçam a ele um time como aquele que em 16 de junho de 1999 deu ao clube a sua conquista mais sonhada. Que deu a Felipão, quando este ainda era um grande treinador, a oportunidade de virar uma das páginas mais bonitas dessa história tão recheada delas.

Na sofrida vitória por 2X1 contra o Deportivo Cali, que conduziu a decisão para as penalidades máximas. Na máxima condução de um ídolo a santo. Na máxima expressão de uma conquista que sua existência lhe confere direito. Nas mãos de São Marcos e nos pés de: Arce (Evair), Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Alex (Euller) e Zinho; Paulo Nunes e Oséas.

 

No último grande suspiro de um Palmeiras que era muito Palmeiras.

Tivemos outras brisas de Palmeiras, mas nada que sustentasse a convicção trazida em seu hino. Nenhum time de verde que saiba bem a dureza do prélio. Nenhum que tenha transformado a lealdade em padrão.

E a culpa é do Kleina?

Palmeiras

SOBRE CORNETEIROS E CORNETADO E O “QUERIDINHO” DO CHEFE.

“O jogo do bichão tem crescido na medida em que os corneteiros tentam desqualificá-lo. Que continuem assim – corneteiros e cornetado”

A frase acima é sobre o chileno Valdívia, é minha e foi escrita ontem após a classificação do Palmeiras para as semifinais do Paulistão 2011.

Valdívia é craque, queiram ou não alguns. É craque, infelizmente para o Mirassol. É craque, do tipo que o maior e próximo rival no Paulistão hoje não tem.

Sem o contundido Cicinho, Felipão mandou o volante João Vítor no setor direito. Por ali pouca coisa conseguiu o Mirassol. Mas quase nada jogou o Palmeiras.

A aposta então foi pelo lado esquerdo, que criou demais. E principalmente, desperdiçou demais.

Rivaldo mais contido, fez grande partida e deu liberdade para os avanços de Luan. Não foram poucas as chances criadas pela dupla. Todas elas claras de gol, claras para se decidir. Todas desperdiçadas pelo camisa 21.

Luan é peça fundamental no esquema tático de Felipão. É um dos nomes mais acionados do time e não por acaso caem em seus pés muitas das chances de gol do time. E é aí que mora o problema.

Importante taticamente, Luan peca pelo lado técnico. É inconcebível que um atacante, mesmo que não tenha faro de gol apurado, desperdice tantas chances como ele fez ontem e como costuma fazer sempre.

Contra o Mirassol as chances quase fizeram falta. Mas contra o Corinthians novas oportunidades desperdiçadas podem ser fatais.

Não acho que Felipão deva sacá-lo do time. É por ali que muita coisa acontece. Mas alguma espécie de “intensivão” nos treinos de finalização deve ser feito com o cara, pelo bem dele, que já não vive em clima de romance com a torcida, mas principalmente pelo bem do time. A vitória de ontem poderia ter sido muito mais tranqüila do que foi.

Mas se a vitória não foi tranqüila, ao menos ela foi justíssima. Pelo 1º tempo soberbo de Valdívia, mas também pela grande 2ª etapa de Márcio Araújo.  Ele que naturalmente pelo passado recente deveria ser o substituto de Cicinho na ala direita, foi beneficiado pela escolha de Felipão por João Vitor e com isso ganhou liberdade para flutuar por todo o meio campo e ainda se aproximar do ataque pelo meio. Não por acaso uma transcrição quase fiel do que foi o 2.º gol do Palmeiras, gol de Márcio Araujo. O “queridinho” do chefe.

O Verdão encara agora o maior rival. Reacende a maior e mais tradicional rivalidade do país. Uma delícia para quem sempre vivenciou e apreciou os grandes duelos entre os dois gigantes.

Um clássico que sempre iguala os desiguais. Mais ainda agora que não há tanta desigualdade técnica. Taticamente vejo o Palmeiras com mais cara de time. Tem até duas ou três peças com a qualificação que ainda falta ao rival. Pontos que geralmente não significam muita coisa quando o duelo é entre eles.

Eles que enriquecem o futebol com suas histórias. Eles que quando estão no topo, tornam o futebol maior do que já é.

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Despeço-me da ferocidade ao som do Mestre Ray Charles, com a magnífica My Bonnie, capturada durante a passagem do grande Mestre por terras brasileiras em 1963:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=VR3LhX6oE3s[/youtube]

O DVD “O Genio: Live in Brazil 1963” (com essa grafia mesmo) é um espetáculo e reúne duas apresentações dele com transmissão da antiga TV Excelsior. Um registro e tanto para os apreciadores dos bons sons.

Cheers,

4ª´S DE FINAIS DO PAULISTÃO. E AGORA?

Terminada a longa e arrastada 1ª fase do Paulistão, poucas foram as surpresas guardadas para a última rodada.

Contra a Ponte-Preta Felipão mandou um Palmeiras recheado de reservas e jogadores pouco aproveitados na temporada. Perdeu de virada por 2X1 e de quebra perdeu a ponta para o São Paulo, que empatou com o Oeste no jogo e com o Palmeiras em pontos, mas leva vantagem por possuir uma vitória a mais que o alviverde.

O São Paulo pega a Portuguesa, no 1º clássico das fases finais. A Lusa que conseguiu sua classificação na bacia das almas, vê a diferença técnica em relação ao São Paulo cair minimamente pelo fato do tricolor não poder atuar no Morumbi, devido ainda punição recebida na partida contra o Corinthians. O SP promete tentar recuperar o mando, o que se vier a acontecer irá transformá-lo em favorito destacado no duelo.

O Palmeiras encara o Mirassol, no Pacaembu. Antes, porém, pega o Santo André na partida de volta das 8ª´s da Copa do Brasil.

O Santo André que, já rebaixado, não foi páreo para o time misto do Corinthians na última rodada. A vitória por 2X0 serviu para segurar a 3ª colocação do Corinthians, que por alguns momentos foi ameaçada pela vitória dos reservas do Santos por 3X0 contra o Paulista.

O Corinthians pega o Oeste nas 4ª´s, enquanto o Peixe encara a Ponte, no que em meu modo de ver será o duelo mais equilibrado da próxima fase.

Com a vitória de 2X1 contra o mistão do Palmeiras, a Ponte terminou a 1ª fase invicta contra os grandes. Será páreo duríssimo para o Peixe.

Agora exercito a salutar prática do prognóstico. Errem comigo e mandem suas previsões também:

São Paulo X Portuguesa – São Paulo

Palmeiras X Mirassol – Palmeiras

Corinthians – Oeste – Corinthians

Santos X Ponte Preta – Ponte Preta

Despeço-me da ferocidade ao som dos Strokes, que confirmou presença no Festival Planeta Terra, no 2º semestre de 2011. Strokes – Barely Legal:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dpmxZw1j_Ng[/youtube]

 

Cheers,