Arquivo da tag: Chazinho de Coca

A NOVELA WESLEY E OS DESTAQUES DO CHOQUE-REI.

Não há nenhum absurdo na tentativa do Palmeiras em viabilizar o montante financeiro para a contratação de Wesley mediante participação efetiva de seus mais de 16 milhões de torcedores.

O sistema escolhido para a captação desses recursos é o “crowdfunding”, que já é amplamente utilizado mundo afora, sobretudo para a realização de eventos musicais.

Em sua estréia no FFC, nossa colaboradora musical “Marina Cervi”, escreveu exatamente sobre esse sistema, onde a produtora Music Mob pretendia trazer ao Brasil o show da banda Nada Surf, contando com a ajuda de seus fãs, ávidos por uma apresentação da banda em terras tupiniquins. Confira:

http://www.ferozesfc.com.br/music-mob-seja-um-mobber/

Na ocasião, o montante necessário não foi atendido e a apresentação da banda foi agendada mediante outras vias.

E o risco do Palmeiras é único e exclusivamente este – Não conseguir chegar aos valores esperados.

No futebol a utilização do crowdfunding é inédita e se dá por meio do MOP (My Own Player). Acesse através do link: https://web6.mopbr.com/?ref=wesleynoverdao

Mas Wesley será jogador do Palmeiras, com ou sem este dinheiro. É o que garante PVC em seu blog, além de Roberto Avallone em seu programa na CNT.

Como já relatado por este blogueiro na semana passada, Luiz Gonzaga Belluzzo entrou forte na negociação. 2º Avallone, o ex presidente viabilizou um crédito de 4 milhões de reais junto a Udinese, ainda pela contratação de Gabriel Silva. O valor já paga a 1ª parcela de Wesley.

A 1ª tentativa do clube era obter o aporte de alguma empresa, que até surgiu, mas não para bancar a contratação e sim emprestar o valor, para depois o clube devolver em suaves prestações, o que não era interessante no ponto de vista da direção.

A impressão que tenho é a de que o clube não acha que Wesley valha os 21 milhões de reais, mas o quer para deixar Felipão contente. Além, óbvio, de fortalecer um time que começa a mostrar em campo uma clara melhora técnica e tática em comparação a 2011.

O Palmeiras tem 28 dias para conseguir os 21 milhões de reais. Com um mínimo de 100 reais a ser investido pelos interessados. Para chegar ao montante o clube precisa que a ação atinja uma média de 800 mil reais por dia. Até o presente momento foi arrecadado 140 mil reais. Portanto, acho pouco provável que o sucesso da ação seja pleno. O que não irá significar fracasso. Pelo contrário. Outros clubes já pensaram em usar a mesma ação e declinaram por temer não obter um retorno meramente razoável.

A chegada de Wesley deverá enfim fechar o esquema de Felipão para seu meio campo. Podendo atuar como meia pela direita, ele pode cair pelo lado no qual Cicinho ontem deu espaço para os avanços do São Paulo. Foi ali que o tricolor conseguiu equilibrar um jogo que caminhava para um amplo domínio alviverde. Neste cenário Valdívia ou Daniel Carvalho teriam maior liberdade e menos responsabilidade de marcação.

Por outro lado, ficou claro na partida contra o São Paulo que Marcos Assunção não tem condições físicas de ser um volante de marcação. No 2º tempo ele caminhou em campo. Ainda assim, trata-se de uma arma letal e a qual eu não acho que se deva abrir mão. Wesley pode então fazer a atual função de Assunção, com maior capacidade de marcação e liberar o veterano de 36 anos para jogar mais próximo da área, distribuindo jogo e sendo venenoso nas bolas paradas.

No eletrizante choque-rei de ontem os dois times mostraram suas virtudes e falhas. No Palmeiras, a variação de jogadas mostrou-se nos três gols do time. Um de bola parada com Daniel Carvalho, outro em boa trama de ataque entre Maikon Leite e finalização de grande categoria e habilidade de Barcos, alem de outro com boa assistência de João Vitor, onde mais uma vez Barcos mostrou que deve mesmo ser o centroavante que o time não tem desde a era Evair. No 2º tempo, entretanto, a condição física do time caiu drasticamente e foi quando o São Paulo equilibrou as ações. Daniel Carvalho e Marcos Assunção pararam e seus suplentes ainda não são do mesmo nível.

Já Leão mandou a campo Fernandinho, que mudou a cara do jogo atuando exatamente em cima do cansado Assunção. Não a toa o golaço do atacante ocorreu em jogada em cima do volante alviverde. Cortês foi outro ótimo destaque do tricolor. O lateral parece jogar há anos no Morumbi e foi pela esquerda muito mais do que um mero lateral, cobrindo em grande parte do tempo a função que Jadson até agora não conseguiu realizar. Ontem foi mais uma jornada apagada da contratação mais cara do ano no time de Leão.

O jogo foi memorável, assim como o resultado o foi para o líder Corinthians, que agora abriu 4 pontos em relação a Guarani e Palmeiras.

ALTERAÇÃO NA CBF: SAI 6 E ENTRA MEIA DÚZIA.

A boca minúscula e cheia de felicidade tem dado conta de que o presidente da CBF, Ricardinho Teixeira, irá pedir demissão do cargo.

“ALELUIA, MOTHEFUCKERS”, podem pensar os mais entusiasmados.

Repense essa questão, meus caros.

Primeiro que a idéia de trazer ao mundo essa boa nova justamente em épocas carnavalescas trata-se de uma grande movimentação do ainda estrategista Teixeira. Afinal, as zabumbas, cuícas e ziriguiduns irão certamente fazer mais barulho do que qualquer trama Ricardista. E em meio a essa sinfonia podem surgir das trevas os seus intrépidos “sucessores”. Pela ordem:

-José Maria Marin: O Zé das Medalhas. Responsável pela cena mais patética do ano futebolístico que está apenas começando, quando furtivamente “deixou cair” em seu bolso a medalha de campeão da Copa SP de Jrs de um dos jogadores do Corinthians.

– Fernando Sarney: Filho do José. Irmão da Roseana. Investigado na chamada “Operação Faktor”, acusado de desvios de verba pública ao longo de 10 anos. Fernando é adepto da censura aos meios de comunicação. Em 2009 solicitou ao TJD que impedisse o jornal O Estado de SP de publicar informações acerca da Operação Faktor.

O futebol brasileiro está lascado (para não dizer outra coisa), mas muitíssimo bem pago. Só não se sabe a quem.

Como visto, a saída de Ricardo Teixeira pode não ser um golaço assim tão grande do futebol brasileiro.

O 8 OU 80 DE ARNALDO TIRONE. E O PALMEIRAS TENTANDO RESSURGIR NO CENÁRIO.

Sejamos justos. Se em 2011 a administração de Arnaldo Tirone mereceu nota 0, nesse início de 2012 ele vem dando demonstrações de que quer tirar notas mais altas.

Se quando as coisas dão errado o culpamos, acho justo que quando começam a funcionar façamos o mesmo tipo de análise.

O surpreendente contrato com a Kia, a contratação de Barcos e agora a um passo de anunciar Wesley. Tem gente bancando que vem mais por aí, entre jogadores e mais patrocínios.

Em campo o time vem mostrando que pode voltar a brigar diretamente contra os rivais. No clássico contra o Santos, a lesão de Valdívia tinha tudo para ter sido lamentada ao final da partida. Não que não tenha sido. Mas a grata surpresa com o bom futebol de Daniel Carvalho, que substituiu Valdívia, além da força do time para conseguir a virada contra o campeão da Libertadores , ganharam mais destaque por parte de Felipão do que a perda de seu camisa 10.

Destaques individuais chamam a atenção também. Cicinho fez partida irrepreensível no aspecto ofensivo e sobretudo defensivo, quando teve que marcar “apenas” Neymar. Juninho também começa a se soltar pela esquerda e mostrar o bom futebol dos tempos de Figueirense. Se o ataque ainda peca na hora de finalizar, o meio campo cria inúmeras oportunidades, além de gerir um domínio de maior posse de bola.

Não é um time de futebol vistoso, mas mostra estar bastante competitivo. As chegadas dos tais “camarões” podem dar o que ainda falta ao time – condição de desequilibrar uma partida onde o time joga de igual para igual, como a de ontem.

Detalhe: Em 11 clássicos disputados no estádio Eduardo José Farah, em Prudente, o Palmeiras venceu 8 e empatou 3. Não conheceu ainda derrota na quente cidade do interior paulista.

Despeço-me da camaradagem ao som do Stone Roses – Made of Stone

 

 

Cheers,

UM 04 DE DEZEMBRO DE 2011 COM CARA DE 21 DE JUNHO DE 2000.

Costumo dizer que de todos os grandes festejos futebolísticos que vivenciei, o maior de todos eles aconteceu no 21 de junho 2000. Naquela noite nenhum grande clube brasileiro conquistou uma taça. Mas todos os torcedores que não eram palmeirenses festejaram com um foguetório que eu nunca mais vi repetir.

Naquela noite, nos pênaltis, o Palmeiras perdeu a chance de ser bicampeão da Libertadores. O Boca Jrs não só ganhou o título, como teve por um breve momento a adesão de todo o resto da massa de torcedores paulistas. Mas uma parte dela continuou simpatizante ao clube argentino até os dias de hoje. Afinal de contas, os próprios gostam de afirmar que os corintianos possuem grande identificação com o Boca. Fato que comprovei em duas viagens recentes que fiz para Buenos Aires.

Depois essa ligação foi fortalecida pela passagem de Carlitos Tevez pelo Parque São Jorge e também pelas eliminações que o maior rival do Boca, o River Plate, impôs ao alvinegro paulista em edições recentes da Libertadores. Mas tudo começou naquele 21 de junho de 2000.

O Palmeiras perdeu a chance do bi. O Corinthians até hoje não foi campeão da competição. Mas nenhum dos dois deixaram de ser enormes como sempre foram e sempre serão. Mas o que cresceu naquela noite de 21 de junho de 2000 foi a rivalidade entre eles. Ainda que o Corinthians não tivesse absolutamente nada a ver com aquela final. Assim como Palmeiras não tem agora nesse quase título corintiano no BR11.

E tudo isso só acontece por que no futebol, mais do que em qualquer outro esporte ou esfera das relações humanas, a rivalidade é a essência do esporte. É ela quem transforma clubes em instituições religiosas. É ela quem transforma torcedores em apaixonados enlouquecidos e ensandecidos.

E qualquer torcedor deve, antes de qualquer outra coisa, respeitá-la e entendê-la. Caso contrário o sujeito torna-se apenas um simpatizante, como temos em muitos esportes digníssimos, mas nenhum deles futebol.

O porquê dessa explanação?

Para mostrar o quanto é legítimo torcer contra. O quanto é importante para esse esporte que não haja “simpatia” pela glória do adversário. Para que haja sim respeito pela história que determinado clube escreveu ao lado do seu. Mas que só existe tal história porque aquele clube é a antítese do seu.

Posto isso, vamos reduzir o universo da análise para este Brasileirão que termina no próximo dia 04. Um BR11 de nível técnico aquém dos clubes que o disputam, mas emocionante como somente um BR consegue ser. Pelo tamanho de seus clubes, pela força de suas torcidas. Pela imensa rivalidade que alimenta e sustenta o futebol.

Não compreender isso é não entender o futebol. Que me desculpem os torcedores de bocha.

Termina dia 04 e tudo indica que o campeão seja o Corinthians. Dono da liderança por 25 rodadas. Time com maior regularidade na competição e que voltou a encaixar uma sequencia importantíssima de bons resultados justamente no momento em que um legítimo campeão precisa mostrar sua força.

O Corinthians mostrou a força de um campeão.  Dentro do que pode se esperar do nível desse BR, o time mostra futebol de campeão. Está com pinta de campeão e deve confirmar esse título no próximo dia 04.

O Vasco da Gama é o time mais impressionante do ano. De campanha vexatória no Cariocão, a Campeão da Copa do Brasil, semifinalista da Sulamericana e agora chega a última rodada podendo ser campeão brasileiro.

Uma missão mais do que ingrata, quase que improvável. Só não é impossível por que se trata de um time que vem fazendo das improbabilidades o seu combustível de superação.

E a superação para o Vasco, nesse próximo incrível dia 04, passa também pela rivalidade entre Corinthians e Palmeiras. Uma rivalidade que extrapola as quatro linhas.

Um jogo que aparentemente tem um favorito destacado. Afinal é o líder contra o 11º. É um quase campeão contra um time que beirou a zona do rebaixamento. Um time que vive a tranqüilidade da campanha quase irretocável contra um turbilhão de crises e polêmicas.

Mas é um Corinthians X Palmeiras. Um clássico que mais do que qualquer outro clássico costuma igualar os desiguais.

Mas ainda assim, mesmo que a desigualdade seja anulada pelas camisas, ainda cabe ao Vasco vencer o seu também maior rival. E esse ainda brigando por vaga em Libertadores.

Uma mão e 4 dedos corintianos estão na taça do BR11. Agarram-se ao mindinho alvinegro o sonho vascaíno e a rivalidade alviverde. Feliz de quem entende e respeita isso.

Viva o emocionante BR11. Viva as rivalidades históricas. Viva o futebol.

Cheers,

ALICE IN CHAINS: O FIM DE UMA ESPERA QUE PARECIA SER ETERNA

Tenho uma relação de amor e ódio com a chuva em dias de shows. Ela atrapalha, transforma o piso em lama, muitas vezes atrasa a apresentação. Mas por outro lado ela separa os meninos dos homens. Os entusiastas afastam-se, os fãs permanecem firmes e fortes. É como uma sentença divina separando o joio do trigo.

Alguns dos grandes shows que vi na vida tinham a chuva como pano de fundo. Na última segunda-feira foi assim mais uma vez. Não tem como odiá-la.

Fui ao SWU única e exclusivamente para ver uma das bandas que mais emplacou trilhas sonoras em minha vida. Ainda que houvesse uma série de outras enormes atrações que mereciam mais atenção de minha parte: Faith no More, Crystal Castles, Black Rebel Motorcycle Club, Ash. Acabei mesmo assistindo “apenas” Stone Temple Pilots e Alice in Chains, a segunda a razão de minha ida ao evento.

Evento que, diga-se de passagem, vende a conversa de sustentabilidade, arrebata um monte de gente nessa conversa mole, mas na prática deixa muito a desejar. Ações simples que nem precisam ser associadas a tal sustentabilidade, como meras lixeiras, eram artigos de luxo. Cem reais o estacionamento onde, caso seu carro tenha sido um dos tantos que atolaram devido a lama do local, mais cinqüenta dinheiros devem ter sido desembolsados para que os excelentíssimos funcionários pudessem tirar seu carro do buraco com a ajuda de um trator.

Nas proximidades havia estacionamentos cobrando “módicos” 25 reais. Além dos que como eu e minha trupe, optaram por alugar uma van para levar e trazer em segurança e tranqüilidade. Isso sim é sustentabilidade, que o diga minha conta corrente.

A cerveja de mesma marca variava de 5 a 8 reais dentro do mesmo evento. Como explicar? Fichas adquiridas em determinado ponto não valiam em outro lugar. Uma lástima!

Em organização o SWU tem muito, mas muito mesmo o que aprender com o Planeta Terra.

Pontos falhos e gritantes, que só não se tornaram os “destaques” do evento porque o line-up foi caprichado ao extremo. E as bandas colaboraram muito.

Muito já foi dito sobre todas as ótimas apresentações. A grande maioria elogiosa aos shows, ao público. Para não chover mais uma vez no mesmo molhado, até por que basta de tanta chuva, permito-me comentar apenas sobre o show da banda que me fez sair de São Paulo e ir até Paulínia.

Sim, foi o Alice in Chains o culpado por eu ter tomado toda aquela chuva. Foi só a partir do momento em que a banda confirmou presença que eu também confirmei a minha.

Infelizmente não tinha o ídolo Layne Staley, mas tinha Jerry Cantrell, também ídolo. Responsável pela composição de algumas das trilhas sonoras da adolescência até o fim dos dias desse eterno entusiasmado com seus artistas de cabeceira. Tinha Sean Kinney, Mike Inez e tinha um ótimo, carismático e corajoso William Duvall. Sim, corajoso.

Há de se ter muita coragem para substituir um ícone como Layne Staley , vocalista de uma das bandas com os fãs mais ardorosos da cena musical, sujeito de qualidades sempre evidenciadas, tido como uma das grandes vozes de todos os tempos.

Duvall não apenas tirou de letra a responsabilidade, como incorporou seu estilo ao atual layout da banda. Óbvio, não é Layne Staley. Diferente do estilo compenetrado e soturno do eterno ídolo, Duvall é mais inquieto, movimenta-se mais pelo palco. Merece e ganhou o respeito de quem ainda tinha alguns pés atrás com ele, onde me encaixo.

O repertório impecável surpreendeu até o mais esperançoso dos fãs. Do início arrasador com a sequencia das 3 primeiras faixas do espetacular álbum “Dirt” (Them Bones, Dam That River e Rain When I Die), o que se sucedeu foi um passeio justo e arrebatador por toda a obra do AIC.

Nem mesmo o momento dedicado aos sons do grandioso último álbum, “Black Gives Way To Blue”, fez o público perder o foco, pelo contrário. Sinal de que o trabalho de Duvall foi sim muito bem aceito pelos fãs.

Em “Nutshell”, além da surpresa pela presença do petardo (que abre a apresentação do AIC no mitológico acústico MTV de 1996), Jerry Cantrell trouxe consigo, na emoção de sua voz embargada, as presenças de Layne Staley e de Mike Starr (baixista original falecido em 2010), oferecendo a canção aos saudosos e inesquecíveis amigos.

A sequencia final com “Angry Chair”, “Man in The Box”, “Rooster”, “No Excuses” e “Would?” foi consagradora.

Uma banda que sempre conviveu ao lado das tragédias e que sobreviveu a todas elas merece muito mais do que meros aplausos. Merece reverência. Toda a minha.

18 anos após a passagem dos caras por aqui, todos os anos de uma espera que eu já imaginava ser eterna. Não estive no Hollywood Rock de 1993, mas estive no SWU de 2011. Situações diferentes proporcionadas por uma banda que está sim diferente em idade, em postura, em bagagem, mas que continua sendo o mesmo Alice in Chains grandioso de sempre.

Para o bem dos que tem bons ouvidos de ouvir, o Alice In Chains resiste ao tempo e sua vivência ainda é pungente.

Se você não esteve presente ao show do AIC, veja o que perdeu. Se você foi um dos felizardos, reveja o quão memorável foi:

Nutshell:

Would?

http://www.youtube.com/watch?v=E33fyWi6QK4

 

Cheers,