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QUANDO O ROCK IMITA O FUTEBOL

dunga coletivaO recém-readmitido treinador da seleção, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, ganhou há alguns anos uma homenagem curiosa. Seu nome batiza a banda de trashcore Carlos Dunga, de Florença, onde o treinador foi ídolo e capitão da Fiorentina. Caso queira conhecer o som da banda, veja o link abaixo:

http://carlosdunga.bandcamp.com/

dunga banda

Vale lembrar outros casos de bandas com nome de jogadores, como por exemplo o Roque Junior, da Irlanda do Norte:

http://www.lastfm.com.br/music/Roque+Junior

Roque+Junior

E também a banda Vagner Love, da Inglaterra:

https://t.co/2NmFO4O8cm

vagner love

E você, montaria uma banda com nome de jogador de futebol?

NÃO VEJO NADA, O QUE EU VEJO NÃO ME AGRADA

José Maria Marin, um dirigente que enxerga longe.
José Maria Marin, um dirigente que enxerga longe.

Os presidentes (sim, o atual e o sucessor, já escolhido) da Confederação Brasileira de Futebol parecem ser alheios aos conceitos de ‘inovação’ e ‘gestão de mudanças’. Em contrapartida, se mostram claramente fiéis aos seus próprios valores. É, de certo modo, o caminho inverso do que é recomendado a um treinador dentro de campo: mesmo perdendo, preferem recuar.

Fiéis a suas premissas, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero montaram uma verdadeira ‘tropa de choque’ para cuidar do futebol das seleções. Em coletiva na quinta-feira, dia 17 de julho, mostraram que vieram mais para confundir do que para explicar.

Primeiramente, Alexandre Gallo, mantido no cargo, até porque tem o perfil que agrada aos dirigentes, fez longa explanação sobre os erros cometidos na falta de conexão entre a Seleção principal e as categorias de base. Porque claro, se é para exorcizar a comissão técnica que está de saída, é melhor queimar logo de vez. Mesmo que se faça parte disso. Gallo tem o perfil disciplinador. Chegou a implicar com cortes de cabelo de jovens jogadores. A direção dá respaldo.

Na sequência da coletiva, foi indicado Gilmar Rinaldi, agente de jogadores até a véspera de sua indicação e também com o mesmo perfil disciplinador. Pergunte a Romário sobre os tempos de Flamengo, época em que Rinaldi tinha cargo de dirigente.

Por fim, a já dada como certa indicação de Dunga como treinador, um imenso passo para trás da CBF. A fórmula é simples: se havia a impressão de que o trabalho de Felipão e Parreira era de formar ‘família’, trazer todo o grupo para junto, estreitar as relações, é hora de chamar um ‘gritalhão’, um ‘disciplinador’, mais preocupado com critérios comportamentais do que técnicos e táticos.

Muito estilo no vestir.
Muito estilo no vestir.

Que o caro leitor não se engane com o retrospecto ‘menos pior’ de Dunga em relação à atuação da Seleção Brasileira na Copa de 2014. É um treinador fraco. Fez parte de um grupo vencedor em 1994, como jogador e capitão. Mas o time tetracampeão, de 20 anos atrás, já não trazia em si nada inovador, afinal de contas foi campeão graças a grandes atuações individuais, que puderam se desprender de um esquema travado e sem criatividade.

Pode dar certo? Pode, como tudo na vida. Mas não é inovação, e pelo retrospecto desta curta passagem de Marin pela presidência, e a se contar pela atitude conjunta com seu sucessor, podemos dizer que o céu é só uma promessa.

Chazinho de Coca – Foi uma tragédia anunciada, não foi?

Dunga esteve ao longo de quatro anos a frente da seleção brasileira. Mas eu critico a sua seleção a somente dois desses quatro anos, tendo em vista que o Ferozes FC existe tem pouco mais de dois anos.

Nesse tempo não houve uma única vez que eu dediquei um texto meu para elogiá-lo. Algumas passagens sim, lógico. Ninguém consegue errar sempre. E veja, esse “errar” é baseado no meu conceito de erro no que se aplica a seleção brasileira. Até ontem Dunga tinha quase 70% de aprovação popular. Não sou a voz da verdade e nunca quis ser.

Não torci contra o Brasil. Não consigo, não posso, não faz parte do meu perfil. Mas sempre estive na contramão do técnico da nossa seleção.

Por isso, meus amigos, eu abro hoje o meu Word e me sinto tranqüilo para escrever sobre a derrota brasileira. Aliviado jamais. Mas convicto de que assisti hoje a uma tragédia anunciada.

Crucificar o coitado do Felipe Mello é justo?

Poderia fazê-lo. Mas acho muito mais cabível criticar Kaká e Luis Fabiano, que era onde morava a minha esperança de jogo, mas nunca, jamais o pobre Felipe Mello. Nunca olhei com bons olhos o Robinho, mas do trio ofensivo foi o que desempenhou melhor papel.

Antes de criticar o bipolar volante, acho mais correto criticar quem o colocou onde jamais deveria estar. O dono da seleção. O senhor todo poderoso do discurso perfeito, da coerência plena. O salvador da lavoura da moralidade no futebol. E de todo e qualquer “bla, bla, bla” que você quiser rememorar que o nosso ex-técnico proferiu nesses 4 anos.

Ninguém é genial um dia e uma anta no outro. Ninguém é grande jogador no 1º tempo e no 2º torna-se cabeça de bagre.

Mas com Felipe Mello isso aconteceu.Tanto nas transmissões da TV, nos tweets da vida, nos comentários alheios de quem estava ao meu lado.

Caramba, ele foi o Felipe Mello de sempre. O mesmo que vem de temporada pífia na Juventus da Itália. Não houve surpresas com ele. Houve confirmação. Somente.

Surpreendente foi a falha de Julio Cesar. Monstro Julio Cesar, goleiraço. Mas que humanamente falhou.

Surpreendente foi a ausência de Luis Fabiano em campo. Foi o apagadissimo Kaká, esse ao longo de toda a Copa, justo ele que era a grande esperança de bom jogo desse time.

“Ahhh, mas ele veio machucado”.

Certo, então ninguém pode cornetar o Rooney e o Torres por seus rendimentos na Copa. A situação é a mesma. Fora que isso flagra mais um erro dentro do tal “planejamento” do Dunga. Não ter substituto a altura pro cara é um erro fatal. Como acabou sendo.

Não é justo, nem mesmo com o Dunga, que os que até o meio-dia elogiavam o trabalho do treinador agora passem a crucificá-lo. A seleção brasileira perdeu onde todo mundo sabia que podia perder.

No “pacote Dunga” já vinha o destempero de Felipe Mello, a falta de opções de banco para mudar o jogo e mesmo a incapacidade de leitura da partida do cara.

Talvez não viesse o time medroso do 2º tempo. A apatia do 2º tempo.

O jogo teve dois tempos bem distintos.

O 1º tempo do Brasil. A Holanda partiu pra cima, mas ficou com a sua retaguarda exposta para os contra-ataques brazucas. Zagueiros e laterais anos luz de distância um do outro. O Brasil poderia ter definido o jogo ali, naqueles 45 minutos, mas não o fez.

O 2º tempo foi todo da Holanda. Ajudada muito pela apática atuação dos comandados de Dunga, ainda que vencendo por 1X0. A Holanda se ajustou na retaguarda, os laterais encostaram em Van Bommel e Sneijder, a zaga deixou de ficar exposta e o Brasil parou de jogar na medida em que Robben e Sneijder – nome do jogo – ganhavam o campo.

Diferentemente do Brasil, que poderia ter fechado a conta no 1º tempo e não o fez, a Holanda poderia ter feito 3 ou 4 gols, fez 2, a medida certa para conquistar a sua justa classificação.

Aos que preferem culpar o pobre coitado do juiz, ou o mais coitado ainda do Felipe Mello, alegrem-se. Mick Jagger esteve lá. Seu pé frio também pode ser usado como desculpa para essa tragédia anunciada.


Cheers,

Chazinho de Coca – Ganso joga bola.

Ganso joga bola , não levanta a gola. Ganso levanta a bola.

Ganso não dança, faz dançar. Dança o marcador que lamenta o fato de seu fardo.

Dança quem em lista fez Ganso dançar. Dança quem com Ganso poderia dançar.

Ganso apagado é luz para o seu time. Ganso iluminado é estelar para a seleção. Ilumina os caminhos de um time campeão. Leva as trevas o pobre rival sem ação.

Ganso não levanta a gola. Levanta os olhos, ergue a cabeça, conduz a bola. Acerta o passo. Acerta o ângulo.

Ganso cerra os punhos, salta, soca o ar. Lembra “Ele” ao comemorar.

Gola é coisa para rock star. Bola é coisa para quem sabe jogar.

Ganso joga.

Chazinho de Coca – Uma seleção de volantes. Culpa de Ricardo Teixeira.

Quando se pensa em seleção, seja ela do que for, imagina-se a escolha das melhores peças, animais, vegetais, pessoas, jogadores – de futebol, inclusive.

Mas para que essa escolha possa se aproximar do que se entende por justiça, o selecionador deve também ter sido escolhido baseado em seus êxitos, em seus trabalhos anteriores.

No caso mais específico da seleção brasileira de futebol, o sujeito responsável por selecionar os melhores atletas do país deve também ser o melhor ou estar entre os melhores do país.

Dunga sequer era técnico de futebol quando Ricardo Teixeira, o dono da CBF e conseqüentemente do futebol brasileiro, o chamou para assumir o principal posto do esporte que é a paixão nacional.

Então antes de qualquer cornetagem, vamos debitar da conta da CBF do Ricardão a culpa por qualquer insatisfação gerada pela seleção escolhida pelo capitão do tetra.

Feito isso, vamos tentar pensar com a cabeça do Dunga.

Como jogador Dunga foi um voluntarioso volante, aguerrido, comandante em campo. Seu principal mérito não era como jogador, mas como líder.

Marcou uma era de futebol pouco vistoso do Brasil, a chamada “era Dunga”. Depois conquistou o tetra, numa seleção que tinha Romário e Bebeto como estrelas.

Não por acaso o selecionado de Dunga tem a sua cara. Uma zaga praticamente irretocável, deixando margem para discussão apenas na sua lateral esquerda e na opção por Doni no gol, sendo que o cara sequer joga em seu time.

O meio campo de Dunga é de fazer chorar qualquer admirador de um futebol de passes, triangulações, vistoso, de arte, de fazer chorar qualquer admirador do futebol brasileiro. O único verdadeiro meia desse time é Kaká. Cracaço! Mas que vem de uma temporada irregular, além de seguidas contusões. Se Kaká vier a faltar ou se necessário for dar mais qualidade ao setor, Dunga terá de improvisar.

Não, não me venha dizer que Elano é meia. Não é. Julio Baptista muito menos. Exceto Kaká, todo o resto do setor é formado por VOLANTES. Sejam 1º´s ou 2º´s, mas volantes. Volantes, como foi Dunga. Dunga que não tem em seu meio sequer um “Dunga”, no quesito entrega.
Muito menos um Mauro Silva, menos ainda um Mazinho. Ambos, 2º´s volantes na Copa de 94. Ambos, melhores que todos os volantes que Dunga chamou.

Sequer igualar aquela seleção que já era bastante pragmática Dunga conseguiu.

O ataque de Dunga não é lá tão passível de críticas. Mas levar Grafitte e ao mesmo tempo vender o papo de coerência é demais pra minha cabeça. Nada contra a opção. Grafitte vem bem no futebol alemão.

Mas com Dunga Grafitte teve apenas UMA oportunidade e jogou somente vinte e poucos minutos.

Diego Tardelli foi chamado mais de uma dezena de vezes e também vem bem no futebol brasileiro.

Pesou o que aqui? O país onde cada um exerce o seu jogo? O futebol alemão é realmente a cara do Dunga. O brasileiro não.

Se a justificativa para não levar Ganso (e Neymar) é a tal da experimentação e Grafitte carimbou sua passagem para a África atuando somente vinte e poucos minutos, então para mim a palavra de ordem de Dunga é a “incoerência”.

Torcer para essa seleção do Dunga será realmente um exercício patriótico para mim. O meu lado passional, muitas vezes ufanista, irá me dizer – “Vai Josué, tabela com o Gilberto Silva e arma pro Julio Baptista marcar um gol de placa”. Já o racional, antes de duvidar que a cena descrita possa ser capaz de acontecer, irá juntar forças com o lúdico, onde pensarei que se essa seleção faturar o hexa, o verdadeiro futebol brasileiro terá saído derrotado, levantando a taça uma seleção de volantes que bem poderia ser a seleção alemã – com todo o respeito que os tricampeões mundiais merecem.

Obrigado Ricardo Teixeira.