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O FUTEBOL SOBREVIVE POR ELE

É…2014 tem sido mesmo fantástico e, ao mesmo tempo, intenso. Em todos os aspectos. Tivemos praticamente um ano dividido em dois. Dois partidos políticos. Duas frentes de ideias. E dois períodos: um pré-copa e um pós-copa.

No futebol brasileiro, o pré nos reservou o mesmo de outros tempos: os já enfadonhos campeonatos estaduais e suas políticas cada vez mais sujas e menos pensantes quanto ao nível e o melhoramento de nosso esporte.

O pós, tratou de escancarar justamente isso. Até porque, os 7×1 do Mundial nos deixaram feridas abertas e sinais claros de que, caso não seja feita nenhuma mudança brusca e significativa no modo de se gerir, formar, gerenciar e, sobretudo, jogar, continuaremos em queda livre. Continuaremos sendo goleados por cartolas e suas cartas na manga, sempre com o mais manjado dos truques.

Mas, por outro lado, o dia 05 de novembro de 2014 mostrou que o futebol, mesmo quando mal tratado, ainda se supera sozinho. Graças ao seu encanto natural. À sua maneira única de jogar por terra justiças e justiceiros de plantão. Graças aos seus enredos sempre inexplicáveis, sem pé nem cabeça. Por sua capacidade ímpar de formar caráter e formar torcedores. Tanto na derrota, que se transformaria em vitória impossível, quanto na possível vitória que acabaria em derrota impossível. Como entender? Não é preciso.

As semifinais da Copa do Brasil de todas as Copas tem ratificado esta máxima. E o seu principal protagonista talvez seja o Time dos Milagres, da Fé e, principalmente, dos Santos, que fugiram da Bahia para se alocar na Cidade do Galo, em BH – a capital do Esporte Bretão tupiniquim. Como pode? O enredo da classificação do Atlético-MG contra o Flamengo foi exatamente o mesmo do jogo diante do Corinthians, com o mesmo placar. Quem explica? Se é que precisa? A verdade é que o Galo é mesmo doido!

Por falar em Santos, o gigante da Vila mais famosa do mundo jogou como nunca, chegou a estar próximo do êxito, porém sucumbiu de maneira triste e dolorosa ao ainda regular e cirúrgico Cruzeiro. Este, bem perto de repetir a temporada 2003, quando faturou a tríplice coroa, conquistando Campeonato Mineiro, Brasileiro e a Copa do Brasil.

Willian anotou dois gols no jogo da Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)
Willian anotou dois gols na Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)

Já na Sul-Americana, mais precisamente em Guayaquil, no Equador, o São Paulo foi mais que gigante ao suportar a pressão do indigesto dono da casa Emelec. Afinal, a partida, que já começou quente um dia antes, foi um turbilhão de emoções durante os 90 minutos, testando de maneira cruel o coração do mais cético dos são-paulinos.

Mesmo tendo saído atrás no placar, o Tricolor foi valente e conseguiu a virada, com gols de Alan Kardec e Ganso, ainda na etapa inicial.

Aparentemente, a classificação viria de forma tranquila, certo? Ledo engano!

Veio o segundo-tempo e a equipe equatoriana simplesmente amassou a brasileira. Principalmente quando marcou dois gols em sete minutos. Ou, quando quase empatou nas três bolas que explodiram nas traves de Rogério Ceni, que salvaria o time em duas ocasiões e ainda assistiria o atacante Mena desperdiçar chance imperdível. Decisiva.

Resultado: São Paulo nas semifinais de maneira heroica. Fator que pode ser crucial para impulsionar a equipe de Muricy ao bi.

Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)
Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)

Fato é que, mesmo combalido e jogado às traças, nosso futebol brasileiro ainda nos dá motivos plausíveis para mantermos vivo aquele fio de esperança em um futuro melhor. Em um esporte, como um todo, melhor. Mais saudável e menos infectado.

No Brasil e, em todo mundo, acredito que o futebol sobrevive somente por ele. Seja aonde for. Como for. Basta rolar a bola. Basta jogar o jogo. Basta um gol. Uma defesa. Uma virada. Basta senti-lo. Basta.

Assim como classificou Juca Kfouri, em seu blog no UOL, a última noite foi a melhor do ano, mesmo ainda tendo 6 rodadas do Brasileirão e a final entre Cruzeiro x Atlético-MG pela frente.

Cheguei da faculdade, abri o WhatsApp e vi que os jogos estavam emocionantes. Em 3 pelejas, foram 16 gols e três viradas. Épico! Histórico. Chegou uma hora em que fiquei perdido com o controle remoto na mão, não sabendo em qual jogo deixar sem me emocionar.

Ainda restam duvidas que a última quarta salvou a temporada?

Por mim, na boa, poderia acordar amanhã no dia 31, esperando ansiosamente pelos festejos do Réveillon.

Ah! Já ia me esquecendo…

Feliz 2015!

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

O ‘VOLTA TITE’ SEM ‘VOLTA TITE’

Nunca fui defensor da demissão de um treinador antes da conclusão de um trabalho. Além do fato de gerar uma multa rescisória que onera os cofres do clube, tira a chance de colocar as coisas nos eixos, que é uma possibilidade em muitos casos. Foi assim quando, bancado pelo à época presidente Andres Sanchez, Tite foi mantido no cargo, mesmo após a vergonhosa e emblemática derrota para o Tolima na pré-Libertadores em 2011. Com a manutenção, o treinador foi capaz de trabalhar e lapidar uma equipe que ganhou quase tudo que disputou, tornando-o o treinador mais vitorioso da história do clube.

Não é o caso do Corinthians atual. O substituto e antecessor de Tite, Mano Menezes, vem fazendo uma campanha medíocre, em que o time alterna atuações que dão pro gasto e derrotas para times que não vêm fazendo campanhas exatamente primorosas.

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¯\_(ツ)_/¯

Exceção para o Atlético Mineiro, time que vem bem organizado por Levir Culpi, conforme bem observou João Paulo Tozo em sua postagem ‘Galo Doido’ (clique aqui para ler). Num jogo que parecia fadado a garantir o acesso do Corinthians às semifinais da Copa do Brasil, já que havia uma vantagem garantida no jogo de ida, em sua Arena, o alvinegro paulista caiu no Mineirão. Cometendo todos os erros possíveis, mesmo com a disposição e a luta de um extremamente dedicado Guerrero, que abriu o placar, e saiu de campo aos prantos, vendo os colegas cederem uma inacreditável derrota.

Sem citar individualmente os jogadores, há uma vulnerabilidade técnica impressionante no Corinthians. Isso se demonstra na repetitiva e nauseante forma de atuar sempre que abre o placar: o time recua todo, abdica de ir ao campo de ataque, e mesmo assim não consegue se defender como pensa que consegue.

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Seria mesmo o momento de pedir a volta de Tite?

Em meio às especulações acerca da continuidade de Mano à frente do time (a direção se apressou em avisar que nada muda, mas você acredita na palavra de dirigentes de futebol?), é natural que se recorra ao nome do treinador dos mais recentes sucessos do clube, que não trabalhou em lugar algum depois de sua saída, e sempre tem seu nome especulado por setores da imprensa e até por alguns torcedores, saudosos dos bons momentos de dois anos atrás.

Cabe lembrar, porém, que os últimos meses de trabalho de Tite pelo Corinthians não eram muito diferentes dos atuais e pífios momentos. Ainda que eu acredite e valorize muito seu trabalho, não gostaria que ele fosse pensado como única opção para ‘salvar’ o time. Até porque não há tempo para isso agora, nem acho que alguém possa fazer isso sem contar com uma reformulação do elenco que precisa ser iniciada muito em breve.

Pois bem, voltando ao que disse no primeiro parágrafo, refaço minha opinião a respeito da manutenção de Mano no comando, e não vejo mais como possa motivar esta equipe, muito diferente da unidade que havia anteriormente.

Então, caso a queda seja consumada, a possibilidade é que Sylvinho, ex-lateral esquerdo vencedor, e auxiliar técnico do clube, assuma o comando interinamente e conduza a equipe até o final do ano. Depois seria a hora de escolher um novo treinador. Como no título desta postagem, acho que não é hora de revival, levando em conta o desastre que foi este atual. Deixa Tite continuar estudando o futebol e vamos pensar em novos nomes. Sugestões?

P.S.: Será que o Mano vai dançar?[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=tlqSmgFEATs[/youtube]

GALO DOIDO

Uma eliminação da forma como aconteceu a do Corinthians, frente ao Atlético MG, pela Copa do Brasil, fatalmente gera uma série de apontamentos para supostos culpados e a busca quase que imediata para a razão do ocorrido. Esquecemos, porém, que se houve um eliminado é porque temos um classificado. E, neste caso, não é um vencedor qualquer. O apelido de “doido” dado ao Galo há tempos não lhe é atribuído de graça.

É claro que da forma como aconteceu nós podemos olhar para o lado perdedor e achar suas falhas, seus culpados. Mas nunca um único culpado. Aqui, claramente sintetizado na figura de seu treinador, que há tempos desagrada boa parte da torcida.

Não sou adepto da cultura vigente no futebol brasileiro da troca de comando durante a competição, a não ser em casos extremos. Extremo, hoje, não passa nem perto de ser o caso alvinegro. Mano tem suas falhas, mas não me parecem elas suficientes para sua queda antes do término da temporada.

Mas vejamos o Galo primeiramente. Campeão da Libertadores em 2013 através do trabalho espetacular do até então “chorão” e derrotista Cuca. A base daquele time vivia no alicerce técnico de Ronaldinho Gaucho, Vitor e Bernard. Após o título continental Bernard foi vendido, Fernandinho chegou para sua vaga, mas o Galo não foi mais o mesmo naquele 2º semestre. Ao término da temporada foi a vez de Cuca sair para fazer seu “pé de meia” e, por mais que a base tenha sido mantida, Paulo Autuori, seu substituto, destruiu aquele grande trabalho e o Atlético definhou. Levir Culpi chegou sob o viés da desconfiança, ainda que carregasse um bom histórico no mesmo Galo e após as dificuldades corriqueiras em início de trabalho, refez o Atlético MG, já sem Ronaldinho Gaucho também, este por sua opção, e agora colhe um fruto belíssimo em tão pouco tempo. O Galo seja talvez, no momento, o clube brasileiro a viver a curva mais ascendente, mesmo no BR14.

Alicerce técnico deste atual momento, Diego Tardelli vem sendo convocado merecidamente por Dunga para a seleção brasileira, onde vem se destacando ao lado de Neymar. Foi assim contra a Argentina e contra o Japão, em jogo que ocorreu dias antes do duelo decisivo de seu Galo contra o Corinthians. Pelo alvinegro paulistano, Elias e Gil também foram convocados para os mesmos jogos em que Tardelli foi destaque, mas estes sem o mesmo brilho.

No retorno ao Brasil quase que em cima da hora, Tardelli firmou-se como a referência técnica e de liderança do time de Levir e jogou como titular contra o Corinthians, sendo peça importante na vitória. Já Elias e Gil, segundo o próprio Mano Menezes, em decisão conjunta, o que denota participação de ambos na decisão, optaram por não começar jogando.

Ao que me consta, são também, o elogiado zagueiro e o sempre festejado meio campista, referencias técnicas e de liderança desse time corintiano. Dai a apontar o dedo para Mano Menezes, para Petrus e demais jogadores que não possuem nem de longe a carga histórica e a qualidade dos dois selecionáveis fica fácil demais.

Todo mundo tem sua fatia de culpa e elas precisam sim ser apontadas, até para que seja feita justiça. Uma justiça que emprega necessariamente, mais do que qualquer demérito corintiano, um enorme mérito do Galo de Levir, do Galo de Tardelli, do Galo que é hoje, o time mais “doido” do país.

tardelli

O PROBLEMA NÃO É DO METRÔ

E de repente, do dia para noite, ou da noite para o dia, melhor dizendo, descobriu-se o óbvio, o ululante – futebol às 22 da madrugada não permite que o torcedor retorne para sua casa usufruindo do sistema de metrô.

Só que é assim desde mil novecentos e guaraná com rolha. Quantas centenas de vezes não tive que sair antes do término dos jogos no Pacaembu para poder usar o metrô e não ser obrigado a me desfazer de consideráveis quantias monetárias depositadas nas mãos de taxistas?

Resposta: Nenhuma. Mas é porque muitas vezes me faltam parafusos ou estou de carona. Mas e quem não lida com essa situação da mesma maneira?

Ai sim, se lasca todo.

Mas como num passe de mágica isso virou questão de estado. Os dirigentes passaram a cobrar as autoridades. As autoridades concordaram em receber os dirigentes. A mídia se deu conta, todo mundo agora comenta.

Só que o problema desse imbróglio todo não é o metrô. Ele funciona dentro deste mesmo horário desde sempre. Quem modificou seu modus operandi e f***u o torcedor foi a televisão detentora dos direitos de tudo do esporte Rei. Antes os jogos aconteciam estourando às 21, 21:30 e olhe lá. O que dava um tempinho hábil para um deslocamento estratégico até a estação mais próxima sem ter que se desfazer do lazer adquirido.

Só que ninguém vai marcar audiência com a TV Globo porque aí é mexer num baita de um vespeiro, como bem frisou Antero Greco. Finge-se então que não se sabe onde está o problema, mas todo mundo sabe, sim.

Se eventualmente o metrô descobrir uma maneira de poder atender essa demanda, palmas para o sistema, que terá assumido uma responsabilidade que até agora não é sua. E nessa, mais uma vez, a Globo sai incólume. Parabéns aos envolvidos.

Outra ponderação necessária de se fazer. Se há anos vivemos esse problema e ninguém se “dava conta”, por qual razão, como num passe de mágica, todo mundo ficou incomodado com os torcedores tendo que abandonar um belo jogo corintiano na Arena Corinthians?

Será que é porque antes o deslocamento se dava da “zêéle” para o centro/sul/oeste e agora o trâmite se dá em mão inversa?

Sei lá, só pensei.

saida-torcida07