“EU SEI MUITO”

A nova safra de torcedores brasileiros é muito chata. Sequer entendem a essência das rivalidades e acham que podem delimitar até onde um rival deve torcer contra a agremiação que historicamente foi a antítese da sua.

É muito “mimimi” e nenhum conhecimento de nada. “Nóis contra o mundo”, “chupa anti” e bla bla blas que tornam as noites nobres do esporte bretão um martírio para qualquer um que queira ter suas preferências, mas com um fundo de discernimento pelo menos.

Em muitos casos noto uma síndrome de “apequenamento”. Como se o fato do time X estar em uma boa fase obrigasse todos os outros torcedores a aceitarem a situação e louvarem a tal agremiação, numa onda de “veja só, crescemos e queremos ser respeitados”. Em outros verifico um misto de soberba com pedantismo digno dos discursos mais rasos.

Em 1999 o Palmeiras, então campeão da Libertadores, disputou o mundial contra o Manchester United. Vejam só a montagem que data da época.No ano seguinte fez nova final de Libertadores contra o Boca Jrs. É até hoje alguns vendem o discurso de que Corinthians e Boca são irmãos e não é raro achar corintianos com camiseta do clube argentino.

Quer verificar a grandeza de seu clube? Basta notar o quanto de ruído ele causa nas torcidas adversárias. O dia que esse ruído não ocorrer, fique atento. Ai sim o “apequenamento” pode estar em trâmite.

 

Dito isto, vamos ao que de fato importa.

No Corinthians X Santos mais importante da história só deu alvinegro, mas o paulistano.

Da 1ª fase irretocável e que lhe deu vantagem para todo o resto da competição, ao pragmatismo inteligente de Tite. A campanha corintiana tem sobrado.

Em comparação a santista, perde nos ápices de brilho, mas ganha disparado na competitividade que o torneio exige.

O Corinthians foi mais time – entenda esse mais time no campo da tática, do ser aguerrido – desde o começo. Os duelos só deixaram isso evidente.

Com algumas peças em baixa, casos de Elano, Leo e Borges – e coloco aqui também o técnico Muricy – O Santos dependeu exclusivamente do brilho do genial Neymar. Que é genial sim, ainda que estejam tentando colocar sua capacidade em julgamento pela má jornada nos últimos jogos. O moleque vem de temporadas inteiras em alto nível. Três ou quatro jogos não jogam tudo isso no lixo. Mas PH Ganso sim vem de um ano inteiro vivendo da expectativa criada e nada tem criado.

No jogo de ontem, após um 1º tempo onde o Santos conseguiu equilibrar e desequilibrar num lampejo de Neymar, Tite virou o jogo na virada de etapa. Mandou Liedson na vaga de William e com um homem de área efetivo limitou as linhas de trás do Santos a redobrarem a atenção e apoiarem menos. Diminuiu o ímpeto santista que terminou em alta e em vantagem a 1ª etapa. Enquanto isso os três homens de frente do Peixe quase nada produziam e muito em conta da má jornada de Borges, mas sobretudo pela ineficiência de Ganso. Demorou Muricy a notar que ao invés de 3 homens no ataque, ele precisava reforçar a armação do time e também povoar o meio campo, onde o Corinthians quase sempre trucida o esquema adversário. Quando mandou Leo para fazer dupla com Ganso já era tarde.

Como tarde me parece ser qualquer elogio a ser feito para esse time do Corinthians, sobretudo para Tite, que com suas “treinabilidades”, seus “fala muito” e seus discursos estrategicamente sonolentos, chama para si uma responsabilidade de 50 anos que o clube carrega. Tira do elenco, que nada tem a ver com esse histórico de derrotas na Libertadores, toda a carga negativa acumulada por todos esses anos tragicômicos de participações em Libertadores.

Ainda não foi campeão, mas nunca esteve tão próximo de ser. Mais do que qualquer outro já esteve. Afinal, para o Corinthians, essa final é inédita. Bem como sua condição de time a ser batido na competição continental.

Outro discurso que Tite adora adotar é o “eu sei muito”. Tá mostrando que sabe mesmo.

Aplausos para o Adenor.

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