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Chazinho de Coca – O fim de todos os ciclos de Luxemburgo no Palmeiras.

Acredito que a queda de Wanderley Luxemburgo do comando do Palmeiras tenha sido o ponto final de sua história com o clube.

Apesar de campeão paulista com o Bragantino, foi no Palmeiras que Luxa se firmou e passou a figurar entre os maiores treinadores do país. Com 4 passagens ao longo de todo esse tempo, ele é um dos mais vitoriosos na história do clube, ao lado de Felipão e Oswaldo Brandão.

Genial para muitos, bestial para tantos outros. Nessa última passagem pelo Palestra Itália, ele trouxe consigo a esperança de um regresso das vacas gordas vivida nos anos 90. No entanto, na comparação custo/ benefício o Palmeiras saiu perdendo.

É bem verdade que o clube voltou a conquistar um título paulista, que não vinha dede 1996, curiosamente conquistado com o próprio Luxa no comando. Mas o planejamento era para vôos muito mais altos. Foi eliminado vergonhosamente pelo Sport na Copa do Brasil. No BR08 viu a briga que era pra ser sua e do Palmeiras, ser polarizada entre São Paulo e Grêmio (este com um investimento infinitamente menor). A vaga na Libertadores só veio porque o Flamengo foi mais incompetente e a deixou de bandeja para o Palmeiras, na última rodada.

O desgaste do treinador com a torcida, porém, vem de muito antes. Para boa parte dela, Luxemburgo é o grande culpado pela queda do time em 2002.

Os seus mandos e desmandos, a sua postura arrogante ao não aceitar críticas e direcionar seus insucessos a terceiros, como a própria torcida, foram a gota d´agua.

Se Luxemburgo teve tempo de refazer o elenco e vislumbrar um 2009 melhor, foi única e exclusivamente pelo apoio de Belluzzo e Cipullo, que mesmo recebendo pressão de oposição e mais recentemente, da própria situação, bancaram o técnico e buscavam justificar o alto investimento, mesmo quando as justificativas eram escassas.

Os apuros foram muitos, as desavenças idem. Foram muitos os momentos onde bancar Luxemburgo parecia improvável. Mas curiosamente, a sua queda se deu em um momento onde a argumentação parecia mais complexa. Afinal, a posição adotada pelo treinador referente a situação de Keirrison não me pareceu absurda. Ou pelo menos não tão absurda quanto outras situações criadas por Luxemburgo.


Ninguém parece se lembrar, mas na sulamericana de 2008 Luxa deixou de comandar o time na Argentina e preferiu ser comentarista do jogo da própria equipe em transmissão pela Rede Globo. Muito mais grave ao meu modo de ver.

Fato é que ficou muito explícita que a demissão de Luxemburgo estava convencionada a queda de Muricy do São Paulo. Afinal, demitir Luxemburgo e trazer quem? Pois depois da queda do tricampeão brasileiro essa pergunta teve resposta.

Sua demissão é um fato quase inédito em sua carreira. Sua última demissão se deu no Flamengo, em 1992. De lá para cá foi sempre o treinador quem decidiu sair dos clubes.

Sempre fui apreciador do trabalho do TREINADOR Luxemburgo. Sempre esperei que ele tirasse coelhos de sua cartola. Mas parece que sua auto “multifuncionalidade” adquirida lhe tirou do eixo, o fez perder seu horizonte e o fez perder o emprego, depois de quase 20 anos sem saber o que é isso.

Não o vejo comandando o Palmeiras num futuro próximo e ele já não é mais um menino. Até por isso acredito que o fim desse ciclo, tenha sido o fim de qualquer ciclo seu na Sociedade Esportiva Palmeiras.

São Marcos disse que Luxemburgo foi muito importante em sua carreira. Foi ele quem permitiu ao eterno ídolo alviverde a sua 1ª seqüencia debaixo das traves do time em 1996. Ano passado quando muitos davam a carreira do goleiro como encerrada, foi Luxemburgo quem o bancou e devolveu a titularidade a ele.

Enfim, futebol é momento e a sua queda se deu pelo seu mau momento. Mas futebol também é história, também é reverencia aos personagens importantes. Luxemburgo não terá um busto em sua homenagem, nem é o caso. Também não é o caso de desmerecer sua história junto ao clube. Ao fazê-lo, praticamente se dá as costas para alguns dos momentos de maior glória dessa Sociedade Esportiva.
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Adendo: Muricy conversou ontem com PVC e disse que só não assinou com o Palmeiras, primeiramente por ainda não ter assinado sua recisão com o São Paulo e também para não cair na vala comum dos técnicos, que assumem a vaga de outro profissional no dia seguinte a sua queda. Está muito mais ligado ao seu discurso de sempre e coerente, do que a qualquer outro motivo. Confira a íntegra:
http://espnbrasil.terra.com.br/pauloviniciuscoelho/post/58893_MURICY+NEM+ASSINEI+A+RESCISAO+E+NAO+POSSO+ASSINAR+COM+OUTRO+CLUBE

Chazinho de Coca – Todos os caminhos levam Muricy ao Beira-Rio.

Favorito a tudo o que disputa há pelo menos 3 anos, o Internacional vem se notabilizando por decepcionar seus torcedores que abraçam com fé e coragem a exaltação descabida de grande parte da mídia, e da própria mídia, que vem elegendo o colorado como time a ser batido ao longo dessas últimas temporadas. Estranho é que ele vem sim, sendo batido.

Em 2009 não foi diferente. Goleadas no campeonato gaúcho, boas e nada mais do que boas, partidas na Copa do Brasil e a rapaziada não teve dúvida em eleger o grande time do país.

A vitória no sufoco contra os reservas do Corinthians no começo do campeonato brasileiro já era um dos tantos sinais dados pelo Inter de que o time não era esse primor todo cantado pelos quatro cantos. Soma-se a isso a derrota na 1ª partida das finais da Copa do Brasil para o próprio Corinthians, além da “assombração” Muricy Ramalho, que deve estar desestabilizando uma meia dúzia de técnicos do país, dentre eles e principalmente Tite.

Ontem na 1ª partida da decisão da Recopa Sulamericana, nova derrota, mas dessa vez em casa, para a LDU.

Tenho batido na tecla de que a seleção do Dunga encontra sérios problemas para atuar contra times que se fecham. Ontem o Inter mostrou que padece do mesmo problema. Bastou o LDU trancar o meio campo que o time gaúcho não conseguia levar perigo ao adversário. Passou a apelar com bicões para frente, assim como a seleção do Dunga faz quando o adversário se fecha. Mas ao contrário da seleção Teixeiristica, o Inter não conta com valores individuais da magnitude de um Kaká, um Luis Fabiano e outros canários, o que torna as missões de Tite mais complicadas e suadas que as de Dunga. E o Dunga ainda levou Nilmar para ornar no banco, deixando Tite sem o seu grande e único diferenciado jogador.

O Inter ainda pode reverter as adversidades diante de Corinthians e LDU e nesse caso pagarei pela língua. Mas pelo que vem jogando o Inter, acho pouco provável que isso aconteça.

E todos os caminhos levam Muricy ao Beira-Rio.

Veja o que rolou na partida:

La Mano de Dios – Agora que a poeira está baixando…

Agora que a poeira está baixando…

Depois de três dias, a demissão de Muricy parece já ter sido digerida. É a hora de pensar mais calmamente e ver as coisas sem as nuvens da emoção deixando as coisas um tanto obscuras. Muita abobrinha foi dita nesses três dias, mas também foram escritos belos textos, menos emotivos e mais inteligentes. Destaco aqui o melhor dos que li. A parte em negrito é destaque meu.

Muricy, o vizinho do 74
por José Trajano, especial para o ESPN.com.br

Somos vizinhos há mais de dez anos. E raramente nos vemos no condomínio. Moramos em prédios diferentes, e jamais fora a seu apartamento. Nossos filhos, porém, são amigos. Jogam bola e participam de torneios de videogame no salão de festas. Na noite de sexta-feira, o vizinho do 74 era o nome mais falado da cidade. Todos os telejornais e sites divulgavam com alarde que ele havia sido demitido do emprego. Um emprego e tanto! E, então, decidi visitá-lo.

Resolvi interfonar para não usar a prerrogativa de ser vizinho. Ele não estava, mas deixei recado com sua mulher que se chegasse e estivesse disposto a conversar, me telefonasse. Poucos minutos depois, ele ligou e pediu que fosse até lá. No caminho, fiquei pensando que deveria estar cercado de gente, de amigos, ex-companheiros de clube ou coisa parecida. Qual não foi a minha surpresa quando me recebeu com a porta já aberta e sozinho na sala.

Ao contrário do que imaginava, estava tranquilo e sereno. Sem nenhuma ponta de mágoa, rancor, bronca. Parecia ter tirado um peso das costas. Seu rosto revelava a certeza de que havia saído de cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido. Fora o momento que se queixou de Cuca, por ter ligado ao presidente Juvenal para pedir conselho se deveria sair ou continuar no Flamengo, atitude que ele enxergou como falta de ética, o vizinho conversou sobre tudo com muita tranquilidade.

Para ele, a diretoria anda mais preocupada com o Morumbi do que com o time. Os cartolas só pensam no estádio, na Copa do Mundo de 2014, e os problemas do time ficaram em segundo plano. E havia problemas no elenco. Falta de parceria, disse. Que eu entendi como ciumeira de alguns jogadores com os novos que chegaram este ano.

Sem levantar a voz ou tentar se desculpar pelos maus resultados, o vizinho lamentou não ter conseguido Conca como reforço. “Ele esteve duas vezes aqui, mas o negócio não vingou”, disse. Um bom meia de ligação teria feito o time jogar diferente, com mais liga entre a defesa e o ataque, sem precisar jogar à base de lançamentos longos para o setor ofensivo.

O vizinho desconfiava que, mais cedo ou mais tarde, a demissão iria acontecer, porque ele não tem o jeitão que alguns dirigentes imaginam para um técnico do São Paulo. Não é de frequentar bons restaurantes para fazer companhia aos cartolas, não gosta de interferências na contratação de reforços e acredita até que a maneira de se vestir deixava essa turma incomodada. “É o meu jeito, simples, sem frescura, sem afetação, que as vezes eles não gostam.”

Toquei na decisão que tomamos em não mais ouvi-lo depois de uma entrevista que achei grosseira . Ele disse que não guardou mágoa e que somos meio parecidos na defesa de quem trabalha com a gente. Até os filhos brincaram com ele, achando que andava meio rabugento.

Já era de madrugada quando fui embora. Um pouquinho antes de sair, chegaram Pi e Fabinho, dois de seus três filhos. O vizinho me contou que o Pi (sou testemunha que joga muita bola) voltou muito irritado do Morumbi depois da derrota para o Cruzeiro e prometeu não torcer mais pelo São Paulo. O vizinho discordou do filho e disse que não podia abrir mão de sua paixão, que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Voltei para casa com a impressão de que meu vizinho é mesmo aquilo que diz. Gosta de ficar em casa, em companhia da família, dos cachorrinhos que leva sempre para passear, de lavar louça para passar a ansiedade e de ir ao sítio em Ibiúna para descansar. É um cara simples, um trabalhador do esporte. Sem banca, sem arrogância, não tem nada de “professor”.

Ele sabe que foi a derrota da arquibancada para a numerada. Mas sabe também que saiu por cima. A torcida gritou seu nome a todo instante, e isso ele não esquecerá nunca. Quer dar uma parada, já jogou no lixo tempos atrás uma proposta milionária do Catar, mas não creio que fique parado por muito tempo. Continuo achando que precisa ter mais educação nas entrevistas, após uma partida, mas me conquistou pela sinceridade e autenticidade.

É um bom sujeito o vizinho do 74. Boa sorte para ele.

Espaço aberto para os grandes: Tostão e Mauro Cezar Pereira

Coluna do Tostão:

Tostão – Professor Dunga continua bem

…Dunga vai bem porque, mesmo sem nunca ter sido um treinador, tem mostrado que é capaz de fazer o que outros bons e experientes treinadores fariam.

Isso é mais uma evidência de que os técnicos não têm a enorme importância que eles e a maior parte da imprensa acham que têm. Outro bom treinador teria, na Seleção, mais ou menos a mesma média de bons resultados.

Os técnicos são importantes, mas nem tanto. Luxemburgo é apenas um excelente treinador, como outros. Mesmo se fosse capaz de ganhar as partidas, seria absurdo um clube brasileiro pagar ao técnico o que ele ganha. O presidente do Palmeiras, Belluzzo, como um grande economista, deveria saber disso.

Volto à Seleção. Em 2005, o Brasil ganhou a Copa das Confederações com brilhantes atuações contra Alemanha e Argentina. Na Copa de 2006, foi um fracasso. Isso não quer dizer que, se o Brasil ganhar o atual torneio, vai fracassar na Copa. Nem o contrário.

O que não se pode é achar que está tudo ótimo nas vitórias e péssimo nas derrotas. Galvão Bueno, porta-voz da TV Globo, que exerce grande influência na imprensa e no público, tem sempre um discurso pronto para a vitória e outro para a derrota, de acordo com a audiência. Seus conceitos mudam em poucos minutos.

A festa em Weggis, local de treinos da Seleção antes da Copa de 2006, considerada um dos fatores para o fracasso brasileiro, não foi só festa da Seleção. A maior parte da imprensa presente na Suíça estava deslumbrada com a equipe. As entrevistas de Parreira eram mais para elogiar que para perguntar. A turma do oba-oba estava eufórica. Parecia uma Seleção perfeita. Não poderia dar certo.

Fonte:
http://jbonline.terra.com.br/leiajb/noticias/2009/06/21/esportes/tostao_professor_dunga_continua_bem.asp

Coluna do Mauro Cezar Pereira:

Arrogância explica saída de Muricy. Novo técnico vem de clube coadjuvante.

Muricy Ramalho foi mandado embora do São Paulo. Qual a diferença entre a demissão do técnico tricampeão brasileiro para o pé no traseiro tão comum dos clubes em treinadores durante fases não muito boas? A diferença é que os cartolas do São Paulo dispensaram um profissional que há seis meses conquistava seu terceiro título brasileiro seguido. Reflexo de quem se acha mais do que realmente é.

Sim, há são-paulinos que acreditam pertencer a algo superior. Como se o clube do Morumbi trafegasse numa esfera acima no futebol brasileiro, a ponto de ser uma vergonha não ganhar a Copa Libertadores por quatro anos seguidos. Soa patético se lembrarmos que entre 1995 e 2004 o clube sequer se classificou. E convenhamos, é absurdo cair diante de Internacional, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro???

A demissão de Muricy mostra que São Paulo é dirigido por cartolas, termo definido como de uso pejorativo pelo dicionário Houaiss. Gente que, à frente de um clube de futebol, não assume responsabilidades quando a coisa vai mal. Eles apenas demitem uma pessoa, atribuindo a ela a culpa. Onde está a decantada diferença entre a postura dos dirigentes são-paulinos e os de outros clubes?

Claro que ao longo de sua história o São Paulo se estruturou, o que explica em parte sua trajetória de sucesso. Mas ter um Centro de Treinamentos bacana não assegura que determinado clube tenha administração moderna. Um exemplo? O Atlético Paranaense possui ótimo CT, mas Mário Celso Petraglia jamais foi um dirigente de vanguarda. O mesmo vale para o Cruzeiro com os irmãos Perrela.

É evidente que há diferenças entre esses nomes e os que comandam o São Paulo, mas há pontos em comum entre eles e vários outros cartolas que há décadas se espalham por aí. Quando as coisas não transcorrem exatamente como se esperava, demite-se o técnico e ponto final.

No caso tricolor, uma atitude arrogante de quem não suporta a realidade que mostrou, nas quatro últimas Libertadores, que o São Paulo não é tão poderoso quanto pensava ser. Ou o time não venceu esses quatro confrontos só por causa de Muricy? Entre analisar os erros e tentar de novo em 2010, melhor jogar tudo nas costas de um homem só. Clique aqui e veja comentário em vídeo.

Quanto a Ricardo Gomes, que foi contratado para o cargo vago, teve começo de carreira como técnico animador. Ganhou a Copa da França pelo Paris Saint-Germain há 11 anos, depois uma Copa do Nordeste pelo Sport, em 1999, e a secundária Copa da Liga Francesa em 2007 pelo Bordeaux.

Volta ao Brasil após modesta campanha do Monaco no último campeonato francês, quando foi 11º colocado. O clube é mero coadjuvante naquele esquálido catorneio, tanto que foi 12º em 2008, 9º em 2007 e 10º em 2006. Gomes chega com obrigação de ser campeão, algo novo para ele. Não é um nome animador, vale só pela tentativa.

PS 1: é óbvio que o São Paulo vinha mal. A questão é, se no Morumbi o técnico é demitido quando as não coisas vão bem, onde está a tão propalada diferença dos dirigentes são-paulinos?

PS 2: Alguns dizem que o São Paulo é diferente porque demitiu seu treinador, mas depois de três anos e meio no cargo. Ora, o cara ganhou TRÊS títulos brasileiros neste período, ou seja, os três torneios nacionais que disputou. Só 100% de aproveitamento!!! Seria menos estranho demitir Muricy no final de 2007, como castigo por ter se tornado campeão do Brasil jogando feio, como aconteceu no mesmo ano com Fabio Cappelo no Real Madrid.

Fonte: http://espnbrasil.terra.com.br/maurocezarpereira/post/57055_ARROGANCIA+EXPLICA+SAIDA+DE+MURICY+NOVO+TECNICO+VEM+DE+CLUBE+COADJUVANTE

La Mano de Dios – São Paulo despede-se de Muricy

São Paulo despede-se de Muricy

Era uma história anunciada. Depois da derrota incontestável para o Cruzeiro na quinta-feira, o clima ficou insustentável para Muricy.

O técnico que em quase 4 anos à frente do São Paulo trouxe o tri-campeonato brasileiro parecia já vir sofrendo de um desgaste de relacionamento que culminou em mais uma eliminação frente a brasileiros na Copa Libertadores.

O São Paulo precisava respirar novos ares, e parece que Muricy não se viu como a pessoa certa para fazer essa renovação. Sua saída foi de comum acordo com Juvenal Juvêncio.

Muricy deve sair pela porta da frente, de cabeça erguida e orgulhoso de um trabalho de gande sucesso no cenário nacional. Ao que tudo indica, inciará um trabalho frente ao América, do México.