Espaço aberto para os grandes: Tostão e Mauro Cezar Pereira

Coluna do Tostão:

Tostão – Professor Dunga continua bem

…Dunga vai bem porque, mesmo sem nunca ter sido um treinador, tem mostrado que é capaz de fazer o que outros bons e experientes treinadores fariam.

Isso é mais uma evidência de que os técnicos não têm a enorme importância que eles e a maior parte da imprensa acham que têm. Outro bom treinador teria, na Seleção, mais ou menos a mesma média de bons resultados.

Os técnicos são importantes, mas nem tanto. Luxemburgo é apenas um excelente treinador, como outros. Mesmo se fosse capaz de ganhar as partidas, seria absurdo um clube brasileiro pagar ao técnico o que ele ganha. O presidente do Palmeiras, Belluzzo, como um grande economista, deveria saber disso.

Volto à Seleção. Em 2005, o Brasil ganhou a Copa das Confederações com brilhantes atuações contra Alemanha e Argentina. Na Copa de 2006, foi um fracasso. Isso não quer dizer que, se o Brasil ganhar o atual torneio, vai fracassar na Copa. Nem o contrário.

O que não se pode é achar que está tudo ótimo nas vitórias e péssimo nas derrotas. Galvão Bueno, porta-voz da TV Globo, que exerce grande influência na imprensa e no público, tem sempre um discurso pronto para a vitória e outro para a derrota, de acordo com a audiência. Seus conceitos mudam em poucos minutos.

A festa em Weggis, local de treinos da Seleção antes da Copa de 2006, considerada um dos fatores para o fracasso brasileiro, não foi só festa da Seleção. A maior parte da imprensa presente na Suíça estava deslumbrada com a equipe. As entrevistas de Parreira eram mais para elogiar que para perguntar. A turma do oba-oba estava eufórica. Parecia uma Seleção perfeita. Não poderia dar certo.

Fonte:
http://jbonline.terra.com.br/leiajb/noticias/2009/06/21/esportes/tostao_professor_dunga_continua_bem.asp

Coluna do Mauro Cezar Pereira:

Arrogância explica saída de Muricy. Novo técnico vem de clube coadjuvante.

Muricy Ramalho foi mandado embora do São Paulo. Qual a diferença entre a demissão do técnico tricampeão brasileiro para o pé no traseiro tão comum dos clubes em treinadores durante fases não muito boas? A diferença é que os cartolas do São Paulo dispensaram um profissional que há seis meses conquistava seu terceiro título brasileiro seguido. Reflexo de quem se acha mais do que realmente é.

Sim, há são-paulinos que acreditam pertencer a algo superior. Como se o clube do Morumbi trafegasse numa esfera acima no futebol brasileiro, a ponto de ser uma vergonha não ganhar a Copa Libertadores por quatro anos seguidos. Soa patético se lembrarmos que entre 1995 e 2004 o clube sequer se classificou. E convenhamos, é absurdo cair diante de Internacional, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro???

A demissão de Muricy mostra que São Paulo é dirigido por cartolas, termo definido como de uso pejorativo pelo dicionário Houaiss. Gente que, à frente de um clube de futebol, não assume responsabilidades quando a coisa vai mal. Eles apenas demitem uma pessoa, atribuindo a ela a culpa. Onde está a decantada diferença entre a postura dos dirigentes são-paulinos e os de outros clubes?

Claro que ao longo de sua história o São Paulo se estruturou, o que explica em parte sua trajetória de sucesso. Mas ter um Centro de Treinamentos bacana não assegura que determinado clube tenha administração moderna. Um exemplo? O Atlético Paranaense possui ótimo CT, mas Mário Celso Petraglia jamais foi um dirigente de vanguarda. O mesmo vale para o Cruzeiro com os irmãos Perrela.

É evidente que há diferenças entre esses nomes e os que comandam o São Paulo, mas há pontos em comum entre eles e vários outros cartolas que há décadas se espalham por aí. Quando as coisas não transcorrem exatamente como se esperava, demite-se o técnico e ponto final.

No caso tricolor, uma atitude arrogante de quem não suporta a realidade que mostrou, nas quatro últimas Libertadores, que o São Paulo não é tão poderoso quanto pensava ser. Ou o time não venceu esses quatro confrontos só por causa de Muricy? Entre analisar os erros e tentar de novo em 2010, melhor jogar tudo nas costas de um homem só. Clique aqui e veja comentário em vídeo.

Quanto a Ricardo Gomes, que foi contratado para o cargo vago, teve começo de carreira como técnico animador. Ganhou a Copa da França pelo Paris Saint-Germain há 11 anos, depois uma Copa do Nordeste pelo Sport, em 1999, e a secundária Copa da Liga Francesa em 2007 pelo Bordeaux.

Volta ao Brasil após modesta campanha do Monaco no último campeonato francês, quando foi 11º colocado. O clube é mero coadjuvante naquele esquálido catorneio, tanto que foi 12º em 2008, 9º em 2007 e 10º em 2006. Gomes chega com obrigação de ser campeão, algo novo para ele. Não é um nome animador, vale só pela tentativa.

PS 1: é óbvio que o São Paulo vinha mal. A questão é, se no Morumbi o técnico é demitido quando as não coisas vão bem, onde está a tão propalada diferença dos dirigentes são-paulinos?

PS 2: Alguns dizem que o São Paulo é diferente porque demitiu seu treinador, mas depois de três anos e meio no cargo. Ora, o cara ganhou TRÊS títulos brasileiros neste período, ou seja, os três torneios nacionais que disputou. Só 100% de aproveitamento!!! Seria menos estranho demitir Muricy no final de 2007, como castigo por ter se tornado campeão do Brasil jogando feio, como aconteceu no mesmo ano com Fabio Cappelo no Real Madrid.

Fonte: http://espnbrasil.terra.com.br/maurocezarpereira/post/57055_ARROGANCIA+EXPLICA+SAIDA+DE+MURICY+NOVO+TECNICO+VEM+DE+CLUBE+COADJUVANTE

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