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QUEIMEI A LINGUA.

No que possa parecer improvável apreciar queimar a própria lingua, abro aqui hoje uma grata excessão.

E não foi por degustar um prato de fino trato gustativo, nem mesmo ao saciar o vício em café.

A mais notória e agradável queimada de lingua dos últimos tempos vem acontecendo aos poucos, durante os últimos meses, a passadas firmes e dribles rápidos.

Tem por nome Lucas e infelizmente irá empobrecer o futebol brasileiro com sua partida para o velho mundo.

Mas felizmente, para o são paulino, não irá partir sem ter fixado seu nome na história do clube, sendo protagonista de um título que traz de volta aos holofotes o tricolor paulista.

Pilar central da mais bem sucedida negociata de um clube brasileiro, pode-se considerar os valores investidos pelo bilionário PSG ao contratá-lo. Mas não dá para desconsiderar o que fez o garoto nesses seus últimos meses, já com suas canelas valendo 45 milhões de euros.

Ali, quando foi fechado o negócio, a minha opinião foi a de que “vendeu, entrega”. E ainda hoje se ocorrer outra venda semelhante, voltarei a cravar a mesma coisa. Entretanto com a eterna ressalva de Lucas.

Ao contrário de zelar pela sua manutenção física para não melar a venda, Lucas tornou-se definitivamente a peça chave na arrancada são paulina na 2ª metade do BR12 e também rumo ao titulo da Sulamericana.

Apanhou muito, sobretudo na final contra o Tigre. Sangrou, caiu, rolou. Mas se levantou, encarou o adversário e continuou partindo pra cima, sem zelo burocrata, mas zelando pelo bem do seu jogo e do clube que o projetou.

O que será dele na Europa só o tempo irá dizer. Hoje ele é uma realidade e é merecedor dos aplausos por ter queimado a minha lingua.

ENTRE MORTOS E FERIDOS, AVANÇA O “FRANKENSTEIN” ALVIVERDE.

Bruno, Arthur, Mauricio Ramos, Thiago Heleno e Juninho; Henrique, Marcos Assunção, Wesley e Valdívia; Mazinho e Barcos.

No melhor dos mundos possíveis para o Palmeiras, esta seria a escalação do time do Velho Bigode. No entanto, ontem contra o Botafogo, no jogo de volta pela 1ª fase da Copa Sulamericana, o time que Felipão conseguiu mandar à campo teve a seguinte escalação:  Bruno, Román, Leandro Amaro, Maurício Ramos e Juninho; Henrique, João Vitor, Patrik e Mazinho; Obina e Barcos.

O time ideal sequer fora o que conquistou o título da Copa do Brasil. E ainda que fosse o que empatou contra o Coxa naquela noite histórica, certamente não estaria patinando e namorando perigosamente com o rebaixamento como está atualmente no BR12. O Palmeiras que dá para ser montado tem o zagueiro Román atuando na lateral direita e o ponta esquerda Mazinho jogando de armador. Loucuras necessárias. Devaneios sem rodeios e certeiros de Felipão.

Contabilizando um total de 12 desfalques e tendo somente 5 opções no banco de reservas, dá para dizer que a classificação alviverde para as 8ª´s de final da Sulamericana foi épica. E muito disso devido ao adversário. Oswaldo armou o Fogão com 3 zagueiros e lançou os alas ofensivamente.

Mas congestionando o meio campo, o Palmeiras conseguiu segurar esse ímpeto do rival por quase toda a 1ª etapa, até que Seedorf abriu o placar. Resultado que ainda dava ao alviverde uma vaga que praticamente virou sua quando Patrick (meu San Gennaro!!!) emendou um belíssimo chute da entrada de área, após excelente jogada de Barcos (Só por Barcos!).

Patrick obrigou o Botafogo a marcar mais 3 gols em 45 minutos. Missão delicadíssima, que passou a ser delicada para o próprio alviverde quando Renato marcou belo gol, após grande passe de Seedorf.

O holandês mais Renato e Andrezinho fizeram um grande 2º tempo, obrigando Felipão a transformar o Palmeiras em um verdadeiro Frankenstein tático, colocando o zagueiro Thiago Heleno, que no sacrifício físico entrou na vaga do “meia” Patrick. Tentando aumentar o gás do time para um possível contra-ataque, o Bigode ainda mandou Betinho na vaga de Obina, mas muito mais postado como um meia pela direita. Barcos ficou isolado.

Já Oswaldo abria todo o time com a entrada de Lodeiro. Surtiu efeito e o uruguaio fez o gol que deixou o Botafogo a um gol do milagre. Que por pouco não vira desastre, quando Betinho começou a fazer boas movimentações (sério!) e a municiar Barcos. Em uma delas o argentino saiu sozinho contra Jeferson, mas adiantou demais a bola.

Um jogo que tecnicamente caminhava para ser sofrível, ganhou ares de drama, de decisão.

Ficou com cara de Palmeiras e de seu treinador. Explosivo, cheirando a pólvora. O que não é a cara do Botafogo e de seu comandante, por característica um time mais pés no chão, cadenciado, talvez menos vibrante. Ainda que o tenha sido na 2ª etapa. O gol do milagre botafoguense ficou no quase. E quase enfartou meio mundo.

Mata-mata é coisa séria. É tensão, é tesão. Foi só a 1ª fase da Sulamericana, mas parecia final de Libertadores. Verdão e Fogão criaram esse micro cosmo decisivo. Foram grandes do jeito que deu. Ainda bem que todo mundo sobreviveu.

 

FALTAM 10.

Um primeiro tempo para se esquecer e uma segunda etapa digna de um campeão nacional. Pode ser feita dessa maneira o resumo da estréia do Palmeiras na Copa Sulamericana. O Botafogo é aquela coisa insossa.  Capaz de vir ao Pacaembu e aplicar 3X1 no Corinthians, criar grande expectativa e murchar da mesma maneira com que brilhou.

Um pouco desse Botafogo do jogo contra o Corinthians e muito do Palmeiras do Paulistão explicam o que foi a 1ª etapa. Andrezinho, que vive grande fase, mandou linda bola no travessão e em outro momento o goleiro Bruno salvou gol certo dos cariocas. O Palmeiras não atacava e se defendia mal. Mazinho, que fez sua pior partida desde que chegou, foi trocado por Obina ainda aos 34 da 1ª etapa. O Palmeiras aumentou sua presença ofensiva e diminuiu o ímpeto do Fogão. Os primeiros 45 minutos terminaram já mostrando certo equilíbrio.

Murtosa/Felipão voltaram a mexer no time no intervalo. Em principio uma mexida estranha. Sacaram Maikon Leite e mandaram o lateral esquerdo Felipe em sua vaga. Com isso Juninho virou meia e Felipe ficou na função. Obina abriu pela direita e Barcos centralizou. Um 4.4.2 que há muito tempo eu não via e que há uma par desse mesmo tempo eu não via funcionar tão bem. O Palmeiras amassou o Fogão.

Eu não via um lateral esquerdo alviverde atuar como um legítimo meia desde Júnior nas temporadas 99/2000, também sob o comando de Felipão.

Com muitos destaques individuais, coube a Barcos o protagonismo. Em duas jogadas magistrais, onde o hermano aliou técnica e finalização apurada, foi ele quem deu a vitória ao Palmeiras.

O jornal Lance comparou números de Barcos na temporada com os de seus compatriotas da seleção argentina. Barcos só não supera Messi.

A média de gols de Barcos (0,54% por jogo) supera a de Lavezzi e de Higuain e perde de pouco para Aguero (0,59). No entanto Barcos já marcou 17 tentos, contra 16 de Aguero. Considerando aí o período pós operatório que o deixou fora de combate por quase 1 mês.

Se Sabella convoca Guiñazu com 33 anos, porque não Barcos com 28?

Puro exercício imaginativo. Com a bola que vem jogando e com a bola que não vem jogando os centroavantes de Mano Menezes, bastaria a CBF naturalizar o Hermano. Barcos guarda a grande maioria dos pretensos homens gol no bolso. A exceção aí é Fred.

Não que a seleção da CBF mereça, mas fica aí a dica do amigo.