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PORTUGUESA 4 X 0 CORINTHIANS – A ASCENSÃO E A CRISE EXPOSTAS EM 90 MINUTOS

Histórico. Talvez seja esta a melhor palavra para classificar a goleada surpreendente da Portuguesa para cima do Corinthians na tarde do último domingo, em Campo Grande, pela 24°rodada do BR13. De um lado uma equipe em plena ascensão. Do outro, um punhado de jogadores preguiçosos. Os mesmos que fizeram do Corinthians campeão de tudo num passado (bem) recente, e agora em um clube jogado às traças de uma crise que muitos insistiam em não ver.
O Corinthians acordou de seu universo paralelo. Por outro lado, através deste resultado, a Lusa confirma o que faltava ao seu limitado, porém esforçado elenco.

O feito da Rubro-Verde é tão grande e digno de aplausos que nenhuma equipe fez em 2013 três gols no Timão. Dono de uma das melhores defesas da atual competição, desde a última rodada do campeonato passado, diante do São Paulo, que o Alvinegro não era vazado por mais de duas vezes. Sem contar que foi a primeira goleada da equipe sob o comando de Tite, que balança no comando do clube.

Com os três gols marcados no “clássico”, o atacante Gilberto – que quase se tornou jogador do próprio Corinthians em 2011, ainda quando atuava pelo Santa Cruz-PE -, chegou a marca de 11 na competição. Em um comparativo rápido com o pomposo e milionário setor ofensivo corintiano, o camisa 9 lusitano anotou, sozinho, mais que a metade de toda a equipe alvinegra até o momento no torneio. Os comandados de Tite possuem o segundo pior ataque do certame, com míseros 20 gols.

Embalada com três vitórias seguidas, a Lusa se afastou de vez da zona da degola, ultrapassando, inclusive, o próprio Timão na classificação, ocupando agora a 11ª colocação, com 31 pontos. Seis de vantagem para o Criciúma, hoje 17º e primeiro integrante do Z-4.

O próximo compromisso da equipe de Guto Ferreira será diante do Cruzeiro, quarta-feira, às 19h30, no Mineirão. Um grande teste para, de fato, provar a boa fase do time.
Fato é que só o futebol e sua imprevisibilidade para ser tão dinâmico em um mundo esportivo cada vez mais imediatista e hipócrita. Os 4 a 0 sintomáticos da Lusa diante dos atuais campeões mundiais, há um ou dois meses soariam tão impactantes quanto uma demissão de Tite atualmente, que está ameaçado. Enquanto a fase muda (para melhor) no Canindé, do outro lado torcedores “profissionais” continuam prejudicando o clube nas arquibancadas do país.

Jogadores da Portuguesa comemoram um dos gols da goleada por 4 a 0 diante do Corinthians, em Campo Grande. Detalhe para a placa de publicidade. Quantos gols? ((Foto: Moisés Palácios / Futura Press)
Jogadores da Portuguesa comemoram um dos gols da goleada por 4 a 0 diante do Corinthians, em Campo Grande. Detalhe para a placa de publicidade. Quantos gols? ((Foto: Moisés Palácios / Futura Press)

QUANDO O TREINADOR É O CRAQUE DO TIME

Ele não entra em campo, não faz gol, nem tampouco mágica, mas é o responsável direto pelo bom funcionamento de um clube de futebol. Desde a parte psicológica até a tática. Por princípio, o técnico de futebol é aquele que deve conhecer muito bem a sua equipe e, principalmente, o adversário. Mesmo com a profissão ultimamente superdimensionada, às vezes, lhe é concebida uma responsabilidade que não condiz com suas obrigações, mas às vezes também ele acaba sendo o craque do time. Capaz de conduzir o time ao objetivo planejado, assumindo – nas entrelinhas-, o papel de protagonista. Temos inúmeros exemplos de treinadores que adotam ou já adotaram este tipo de postura. Atualmente, no BR13 temos dois exemplos claros: o ascendente São Paulo de Muricy, e a emergente Portuguesa de Guto Ferreira – clubes que ainda flertam com a zona de rebaixamento, mas que alcançaram a “calmaria” após a mudança no comando técnico.

O bom momento vivido pela Lusa se deve exclusivamente ao excelente trabalho de seu treinador. Após a saída de Gilson Kleina da Ponte Preta, em setembro do ano passado, Guto assumiu a equipe campineira e a levou a disputa da Sul-Americana. Este ano, pegou a Portuguesa entregue, afundada no limbo da tabela e sem perspectivas de mudança. Mas ele mudou. Tudo. E todos. O clima, antes pesado devido ao conturbado e recorrente ambiente político, hoje foi blindado pelo treinador, que deu tranquilidade a equipe, tirando de cada jogador o seu melhor.

Dona de uma das melhores campanhas do segundo turno, com 5 vitórias nos últimos sete jogos, a Portuguesa venceu mais uma na luta contra o rebaixamento. A vítima da vez foi o oscilante Internacional, em Novo Hamburgo. A vitória fez a equipe rubro-verde alcançar o 14°lugar na tabela, com 28 pontos. Quatro a mais que o Criciúma, primeiro do Z-4.

De acordo com levantamento realizado pelo globoesporte.com, desde que chegou para o lugar do polêmico Coronel Pimenta, em 28 de julho, a Portuguesa de Guto somou metade dos pontos que disputou (21 de 42), fazendo crescer o aproveitamento, antes de 25,9%, para 40,6%. Para se ter uma dimensão do momento, com este número, jamais uma equipe foi rebaixada no Brasileirão de pontos corridos.

No caminho certo, a meta agora é vencer os times de cima, como aconteceu ontem diante do Colorado. Nas 14 partidas até aqui sob o comando de Guto, a equipe venceu seis; cinco foram contra concorrentes diretos: São Paulo, Bahia, Ponte Preta, Vasco e Náutico.

Fato é que o trabalho de Guto começa até a chamar atenção de clubes maiores que a Lusa. Você apostaria no trabalho de técnicos como Guto para comandar seu time? Eu, sim.

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CHEGOU A HORA DA REFORMULAÇÃO?

Você já deve ter ouvido falar que nenhum time que alcança o status de vencedor se mantém no topo por muito tempo. Exemplos são vários: Palmeiras da Era Parmalat, Santos de Robinho e Neymar, São Paulo de Muricy e, recentemente, o Corinthians de Tite. Os títulos de Campeão Brasileiro, da Libertadores, do Mundo, Paulista e da Recopa fizeram do Timão o grande clube brasileiro dos últimos 3 anos. O desgaste, porém, era algo natural e, principalmente, esperado.

Dono de um dos melhores elencos do Brasil, a equipe paulista dirigida pelo treinador gaúcho parece ter chegado ao seu limite. Tanto técnico, como estrutural. Alguns atletas, inclusive, já estão no clube desde 2008. Outros chegaram em 2009. A grande maioria já venceu muito com o manto alvinegro. Vencer não cansa, mas todo ciclo tem seu fim. O futebol apático apresentado nos últimos jogos do BR13, fizeram o torcedor corintiano perder a cabeça e já cogitar que uma reformulação no plantel se faz necessária ao final da atual temporada. E ela deverá começar pelo banco de reservas.

Há três anos no comando da equipe, Tite não deve renovar seu vínculo, que vence no fim deste ano. Pessoas ligadas ao treinador garantem que seu objetivo é treinar uma seleção visando a Copa de 2018. Nomes como o de Oswaldo Oliveira e Abel Braga já repercutem nos bastidores do Pq. São Jorge. Muricy Ramalho era ‘o cara’ para substituir Adenor, entretanto seu acerto com o São Paulo praticamente inviabilizou a contratação.

Enquanto isso, com a derrota de ontem na abertura do segundo turno para o Botafogo, a distância para o líder Cruzeiro aumentou para 13 pontos. A própria diretoria, comissão técnica e jogadores adotaram o discurso de que é praticamente impossível buscar a sexta estrela. A Libertadores, no entanto, é o objetivo “mínimo”. E mais real.

A duvida que fica é: será que o Corinthians conseguirá se reformular e continuar competitivo? Ou seguirá a linha de seus adversários, que após anos de sucesso passaram a viver no ostracismo e desempenhar papel de coadjuvantes?

Só o tempo dirá.

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Campeoníssimo com o Corinthians, Tite deve deixar o clube no final do ano

PORTUGUESA 2 X 0 VASCO – VITÓRIA IMPORTANTE PARA EMBALAR E FUGIR DA DEGOLA

Após passar um turno inteiro amargando o limbo da zona de rebaixamento, a Portuguesa iniciou a segunda metade do BR13 com o pé direito. A vitória de ontem, no Canindé, diante do Vasco, por 2 a 0, tirou a equipe rubro-verde das últimas quatro posições da tabela. Com quatro vitórias e apenas uma derrota nos últimos quatro jogos a equipe de Guto Ferreira começa a mostrar que pode brigar de igual para a igual pela permanência na elite. Clubes como Atlético-MG, Flamengo, Fluminense e São Paulo também estão na disputa para fugir do Z4.

Com a chegada de Guto, que estava na Ponte Preta, é nítido que o limitado elenco lusitano obteve melhora significativa no certame nacional. Antes do treinador assumir o comando técnico da Lusa, a equipe havia vencido apenas uma partida. Outro fator positivo é que peças importantes do plantel, que não rendiam no começo do campeonato, hoje passaram a ser protagonistas. Como é o caso da dupla Diogo, garçom da Lusa,  e Gilberto, artilheiro da Rubro-Verde, com 7 gols. Souza, líder e camisa 10, vêm recuperando seu bom futebol e desempenhando papel importantíssimo na meia-cancha, assim como o goleiro Lauro, na meta defensiva.

Fato é que o time está em plena ascensão, buscando uma arrancada na tabela, enquanto os adversários seguem perdendo pontos, principalmente em confrontos diretos. Porém, em meio aos bons resultados, a torcida deve sempre manter aquele “pesinho” atrás, pois se trata de PORTUGUESA – um dos clubes mais azarados do mundo. Qualquer zica é pouco. O que mais me entristece é ver um clube simpático, tradicional do futebol brasileiro, lutar ano após ano somente para fugir do rebaixamento. Em meio a tudo isso, a cada dia, é impressionante como a torcida fica mais fanática.

Na próxima rodada, a 21ª da competição, a Portuguesa terá pela frente outra equipe carioca. Os rubro-verdes encaram o Fluminense, às 21 horas (de Brasília), sábado, no Maracanã, em duelo de “seis pontos” contra a degola.

Corrêa comemora gol da Portuguesa diante do Vasco em duelo do Brasileirão no Canindé (FOTO: REGINALDO CASTRO/ESTADÃO CONTEÚDO)
Corrêa comemora gol da Portuguesa diante do Vasco em duelo do Brasileirão no Canindé (FOTO: Reginaldo Castro/ESTADÃO CONTEÚDO)

MESUT ÖZIL – A MELHOR CONTRATAÇÃO DA JANELA DE TRANSFERÊNCIAS DO FUTEBOL EUROPEU

O Arsenal roubou a cena no último dia de transferências do mercado europeu. Contratou simplesmente o melhor meia-atacante do futebol mundial na atualidade. Uma aquisição que há tempos o gigante (adormecido) de Londres não se dava ao luxo de fazer. Mas uma pergunta paira sobre a cabeça de todos: por que o alemão de 24 anos escolheu os Gunners?

Sem muito espaço no elenco milionário do Real Madrid após a chegada de Carlo Anchelloti, que agora conta com Gareth Bale, Mesut Özil decidiu ‘respirar novos ares’. Com propostas de times como Manchester United e Tottenham, o camisa 10 da seleção alemã preferiu o Arsenal – clube que há tempos figura como mero coadjuvante na principal liga do planeta mas que ao mesmo tempo possui uma equipe jovem, técnica e muito promissora. Cenário perfeito para o ex-galático.

A verdade é que Özil chega a Londres para ser o dono do time. A cereja do bolo. O ídolo que o torcedor não tinha desde a saída indigesta de Robin van Persie e Cesc Fàbregas.  Embora a aquisição do jogador tenha chamado a atenção de todo mundo, a equipe ainda carece de mais experiência e, principalmente, qualidade individual em algumas posições. E desta vez não tinha desculpa. Wenger vacilou novamente. Com dinheiro em caixa, pechinchou demais e não foi firme nas negociações.

Analisando um pouco os novos colegas de Özil, Giroud não é o centroavante dos sonhos, mas certamente com o alemão na armação, poderá se tornar um dos artilheiros da Premier League. Cazola, pela esquerda e Walcott pela direita, provavelmente infernizarão as defesas adversárias. Seu companheiro de seleção, Lukas Podolski também é boa opção, assim como o dinamarquês Nicklas Bendtner, de volta ao clube. A única preocupação é a linha defensiva, que conta com Vermaelen, Mertesacker e Koscielny, à frente da zaga, e o jovem Gibbs, além do francês Barack Sagna nas laterais. Para o gol, Emiliano Viviano, destaque do Palermo no último Cálcio, chegou, já que o polonês Wojciench Szczesny ainda desperta desconfiança na torcida. Na meia-cancha, a falta de um volante mais marcador poderá comprometer, já que nomes como Arteta, Wilshere e o veterano Flamini não possuem características defensivas. A grata surpresa neste início de temporada, é o bom desempenho de Aaron Ramsey, que dá sinais de ter se livrado da série de lesões que o atrapalharam recentemente.

Fato é que Özil dará um belo “upgrade” no apenas bom time de Wenger, afinal o meia foi um dos principais destaques do Real Madrid nas últimas temporadas. Seus números eram excelentes e o credenciam a mantê-los ou melhorá-los nesta nova fase, agora em solos britânicos.

Para se ter uma ideia, na temporada 2012-13, Özil foi líder de assistências no campeonato espanhol. Em 23 jogos, além de ir às redes por nove vezes, o atleta serviu os companheiros em 13 ocasiões. Para ser mais exato, no time merengue, que conta com Ronaldo, Dí Maria, Modric e Xabi Alonso, jogadores que possuem características apuradas no quesito “passe”, o craque desbancou todos, com média de 84% de passes certos por jogo, contra 67% dos ex-companheiros.

Com todas estas qualidades, o meia alemão é, sem dúvidas, a melhor contratação desta janela de transferências do futebol europeu. Ainda mais por se tratar de um clube como o Arsenal, que necessita urgentemente de mudanças estruturais e conquistas significativas, capazes de recolocá-lo novamente em evidência, e a chegada de Özil acena para o progresso.

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Özil fez bem em trocar o Real Madrid pelo Arsenal?