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ENTREGOU?

O São Paulo perdeu para o Ituano na tarde deste domingo em pleno Morumbi por 1 tento à 0 e de quebra eliminou o arqui-rival Corinthians. O jogo no Morumbi era esperado pois a sequência do Corinthians no Campeonato dependia indiretamente deste jogo, e o tricolor “entregando ou não” acabou eliminando o Timão.

O torcedor tricolor comemorou a derrota para o Ituano, em uma tarde de domingo de chuva torrencial nas imediações do Morumbi. O time do Morumbi poupou alguns jogadores e não conseguiu segurar o ímpeto do time de Itu que conseguiu se classificar com uma rodada de antecipação já que o Corinthians empatou com a Penapolense e deu adeus ao sonho de conquistar mais um caneco do Paulistão.

De certa forma, fica nas “entrelinhas” a pergunta, o São Paulo entregou o resultado para o Ituano para eliminar o time do Parque São Jorge e se livrar de um confronto direto? Entre os torcedores do Corinthians a resposta é clara: SIM!. Já os torcedores do São Paulo comemoraram e muito a eliminação do rival.

Tendo em vista que nos últimos confrontos de mata x mata o Timão sempre levou a melhor perante o time do Morumbi, talvez realmente fosse mais viável eliminar o rival antes do confronto direto e tirar uma pedra do caminho, porém pensando de outra maneira, será que o próprio Corinthians não cavou sua cova quando perdeu pontos preciosos, inclusive diante do São Paulo no Pacaembu?

Fato é que levarão durante anos e anos a idéia de que o São Paulo entregou o jogo para eliminar o Ituano, assim como o atacante Grafite ficou marcado na história do São Paulo por ter feito os gols que mantiveram o Timão na Série A do Paulistão de anos atrás.

Agora os jogadores tricolores terão de provar no campo que estão prontos para batalha nos jogos de mata x mata.

Torcedores são paulinos com cartaz para "entregar" o jogo.
Torcedores são paulinos com cartaz para “entregar” o jogo.

FUTEBOL, ESSA CIÊNCIA NEM UM POUCO EXATA

A estratégia no futebol é complexa e talvez não possa ser explicada com pranchetas e setas. Tem a ver também com o aspecto físico, fisiológico, emocional e metafísico, talvez.

antoniocarlos
Antonio Carlos jogou usando a camisa do São Paulo, seu clube, mas marcou os dois gols do Corinthians.

O que explica um jogo em que – dos cinco gols marcados na vitória de 3 x 2 do São Paulo sobre o Corinthians – todos os tentos tenham sido marcados por jogadores do mesmo time? O que explica o fato de Antonio Carlos, zagueiro tricolor que vem marcando muitos gols ao longo do campeonato, especialmente nesta partida, ter sido o responsável pelos dois gols do adversário?

O que explica o fato da zaga corintiana – imbatível nos jogos anteriores e considerada ideal pela torcida – ter perdido a força ao longo do jogo, vulnerabilizando o setor defensivo?

O que explica o aparente esquecimento de Cássio sobre como se bate um tiro de meta?

O que explica o golaço de Paulo Henrique Ganso, que até pouco tempo vinha penando para conseguir um lugar na equipe titular, por não estar rendendo?

O que explica o Corinthians, num acordo verbal esdrúxulo, não considerar pagar a ‘multa’ (sobre um jogador de quem detém parte dos direitos, vejam bem) para que Jadson, em excelente fase e hoje peça-chave no esquema, jogasse contra o ex-clube (aqui, façamos valer a regra do custo-benefício: Alexandre Pato custou R$ 40 milhões, aos cofres corinthianos, e ainda tem metade de seu salário pago pelo clube – sem jogar)?

O que explica a ira de torcedores contra o já citado Alexandre Pato, pelo fato de o jogador ter comemorado a vitória de seu atual clube no Twitter, mas o silêncio aparente com relação à bizarra negociação que faz o Corinthians desembolsar uma bela quantia, a fim de que o jovem treine no São Paulo?

Pato apagou o tweet da discórdia.
Pato apagou o tweet da discórdia.

O que explica o destempero de Mano Menezes, expulso por reclamação?

Por fim, o que explica o fato de o Corinthians agora depender do rival que o derrotou, quebrando um tabu de doze jogos, para se classificar para a próxima fase do Campeonato Paulista?

Cartas para a redação.

CHOQUE DE UM SÓ REI

Nas figuras de Valdívia e Rogério Ceni podemos exemplificar o que foi o primeiro Choque-Rei do ano. Para o São Paulo, mais que o clássico, a postura de seu ídolo e capitão ao tentar dar uma rasteira no camisa 10 alviverde, logo após o gol de cabeça do chileno, trata-se de demonstração de desespero e de quem acusa o golpe da inferioridade. Podemos ir além e encontrar não apenas no destempero do sempre tão ponderado Rogério, mas também na postura apática do time, algumas explicações para a performance medíocre que vem tendo desde 2013.

O SP é um time sem vibração, que nada ou pouca coisa produz, além de contar com jogadores que deveriam fazer a diferença em péssimo momento. Ganso só é notado quando tenta dar de calcanhar, quando nem passe de meio metro acerta. E Luis Fabiano, que do centroavante forte e goleador, hoje sucumbe a marcação menos feroz como se fosse um juvenil.

Já Valdívia, se não foi brilhante, fez o que dele sempre se espera. Bem marcado, sua displicência no domínio de bola, na forma de encarar o adversário, não apenas irrita, como leva o marcador a um enfrentamento físico muitas vezes desnecessário.

No 1º gol, Valdívia se meteu entre os zagueiros tricolores, mantendo-se em impedimento na 1ª trave até a cobrança de Mazinho. Jogada ensaiada já tentada contra o Penapolense, mas que funcionou no clássico. Para o desespero do agora destemperado Ceni, que sequer foi notado pelo meia palmeirense em sua tentativa de lhe aplicar uma rasteira.

Além da superioridade técnica, o Verdão dominou o jogo taticamente e também na disposição. Foram raros os momentos em que os são paulinos levaram a melhor em divididas e mais raros ainda foram os lances de perigo a meta de Prass.

Lúcio, que era figura central antes do jogo, levou ampla vantagem sobre os atacantes são paulinos. Destaque também para Marcelo Oliveira e o jovem Wellington.

Neste início de temporada o alviverde de Kleina mostra-se leve e confiante, com suas individualidades em bom momento, contrastando com o perfil afobado e desajustado do tricolor. O Verdão jogou para 2X0, mas ficou nítido que poderia ter jogado para mais. Do mesmo modo que ficou nítido que Muricy terá que trabalhar muito mais o psicológico do que taticamente o seu time. O problema é que Muricy sempre disse que não é pago para ser psicólogo.

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FELIZ 2014!… OPS, NO SÃO PAULO O ANO AINDA NÃO COMEÇOU!

O ano de 2013 foi marcado no São Paulo Futebol Clube como um dos piores anos do Clube no Cenário Nacional. Com um equipe medíocre em 70% dos jogos ou mais, mostrava apatia e completa falta de técnica. O ano acabou e enfim veio a esperança dos torcedores de que o Clube reforçaria seu plantel e conseguiria voltar a mostrar organização dentro e fora dos gramados, pois é, as férias terminaram e o Campeonato Paulista 2014 começou e no Morumbi nada mudou.

Todos nós sabemos que ano de eleição em qualquer segmento de negócio é um ano de mudanças, muito mais do que pessoas, muda-se a visão do rumo à seguir. As eleições no Morumbi ocorrerão em Abril porém é quase certo que o substituto de J. J. dará andamento na gestão do Coronel, já que a situação é franca favorita.

Com o fim do ano e as pífias apresentações e sendo mero coadjuvante nos campeonatos que disputou em 2013 esperava-se que a Diretoria do São Paulo fizesse uma reformulação no elenco para que em ano de Copa do Mundo, o tricolor pudesse ter força e voltar a estar entre os favoritos ao Título.

O ano começou, o Tricolor contratou até o momento somente Luis Ricardo, ex-lateral direito da Portuguesa. O atleta já vestiu o manto tricolor ontem e teve atuação apagada, assim como os outros 10 atletas. O Clube adiantou a contratação por empréstimo de 1 ano e meio do lateral esquerdo da Internazionale de Milão Álvaro Pereira que se apresentou no fim desta tarde e vem pra tomar conta da Ala esquerda que não tem um jogador fixo desde a aposentadoria de Junior.

O treino de hoje também foi marcado pela chegada dos jogadores Ewandro e Boschilhia que se integraram ao elenco profissional após a eliminação do Clube Paulista na Copa São Paulo de Futebol Juniors.

O fato é que a apatia que o São Paulo mostrou em campo traduziu o ano de 2013 e a torcida está preocupada já que o rebaixamento bateu na porta o ano passado e pode manchar a história do Clube em 2014.

Acorda São Paulo! Acorda Diretoria, antes que seja tarde e o time venha a ter o maior vexame da história! Sem material humano, nem mesmo o melhor técnico do mundo dá jeito num Clube onde a desorganização começa na cadeira presidencial com seus churrasquinhos para torcidas organizadas.

O que foi ruim em 2013 pode vir ainda pior em 2014.

Bragantino X São Paulo

ENSAIO SOBRE A ESCASSEZ

O ano de dois mil e treze deixou um legado para o futebol brasileiro: não só o fato de ter sido marcado por ser um ano em que o principal campeonato acabou como não deveria, confuso e apontando para uma injustiça indefensável (embora o maior prejudicado tenha sua parcela de culpa). O legado maior a ser apontado é o de que foi o ano em que o nível técnico caiu vertiginosamente, o que influirá definitivamente nas contratações dos clubes para este ano que se inicia.

Até o momento, a única grande contratação foi a de Leandro Damião pelo Santos.
Até o momento, a única grande contratação foi a de Leandro Damião pelo Santos.

Senão vejamos: clubes como Corinthians e Santos sofreram no ano passado o que pode ser chamado de ‘desmanche de um homem só’: perderam Paulinho e Neymar, respectivamente, e junto com eles a identidade de times campeões de quase tudo. É certo que ambos não eram exatamente as andorinhas que fizeram verão (mentira: Neymar era sim), mas foram símbolos da destruição do contexto vencedor.

Sem nenhum demérito ao campeão brasileiro, o Cruzeiro, premiado pela estabilidade e pelo bom e paciente trabalho de Marcelo Oliveira, técnico sem as mesmas patentes que os demais popstars dos esquemas táticos. A equipe mineira apostou no entrosamento e na boa fase de um meia que não é exatamente craque, mas fez jogadas e gols bonitos, o pequeno Everton Ribeiro.

Temos então um panorama para dois mil e quatorze: o das contratações difíceis. Os grandes foram embora e tão cedo não voltam. Nos restam os que já foram algo, com ou sem seus méritos, mas que hoje voltaram a ter que provar pra todo mundo que não precisam provar nada pra ninguém, com a licença da citação ao compositor popular. O Santos saiu na frente, trazendo o outrora selecionável Leandro Damião, que vivia um momento um tanto conturbado no Internacional, longe daqueles momentos que o levaram a vestir a camisa amarela da CBF. E como teria conseguido o alvinegro praiano contratar este multiplatinado atleta? Ah, claro: com o apoio de um fundo inglês, o Doyen Sports, representado no Brasil por um nome que causa calafrios em muitos torcedores santistas que têm boa memória e se lembram da malfadada época do patrocínio da Unicor: Renato Duprat, aquele que dirigentes do Corinthians não ousam estender a mão para cumprimentar, por causa da também malfadada época em que foi representante de outro fundo inglês (ao menos oficialmente), a MSI, liderada ou representada por Kia Joorabchiam. O resto da história todos já conhecem. O Timão então, sofre um pouco mais: até o momento só Uendel, lateral esquerdo da Ponte Preta, é nome certo nas contratações, e o time que parecia não precisar de nada no ano passado, campeão de Paulista e Recopa num ano de ressaca de outras comemorações, viu seu barco afundar em maus resultados na competição nacional, desgastando o técnico Tite, que deu lugar a Mano Menezes para tentar recomeçar.

Disputado por São Paulo e Santos, Vargas deve acertar com o Peixe.
Disputado por São Paulo e Santos, Vargas deve acertar com o Peixe.

Pelos lados do Morumbi, o São Paulo trouxe Luís Ricardo, ex-Lusa, para a lateral-direita, e mais ninguém. Perdeu Aloísio para o futebol chinês, e acaba de desistir do atacante chileno Vargas, do Napoli, que estava emprestado ao Grêmio, e interessa ao Santos. O motivo são os valores pedidos. Valores são também o que barra a renovação de Leandro com o Palmeiras, outrora moeda de troca por Barcos, mas que jogou bem na Série B e exige a tal ‘valorização’. Pode ser que volte para o Grêmio. No entanto, o Verdão foi o clube de SP que mais contratou, trazendo também Rodolfo do Rio Claro, França do Hannover (Alemanha), Diogo, ex-Lusa, e o principal, Lúcio, ex-São Paulo. Este último com um retrospecto não muito favorável no último ano, tem a chance de mostrar que ainda tem algum valor. Os demais, por mais que tenham já mostrado algo, especialmente Diogo, são apostas. Além deles, deve chegar Anselmo Ramon, em troca por Luan, que pode continuar no Cruzeiro. Ainda assim, voltando da série inferior, volta a ser um adversário forte, especialmente em seu centenário, com uma dose a mais de motivação, condizente com o nível técnico dos campeonatos, ao menos.

Até o momento, o Corinthians só se acertou com Uendel, ainda não anunciado.
Até o momento, o Corinthians só se acertou com Uendel, ainda não anunciado.

Há a tendência de se procurar heróis no futebol sul-americano, tática que já deu certo com Conca, Montillo, Guiñazu, entre outros, mas não trouxe exatamente um grande craque ao futebol brasileiro, apenas uma pequena ajuda.

Diante disso, e salvo engano do colunista, o ano de dois mil e quatorze, ano de Copa do Mundo jogada no país, tende ao marasmo no futebol regional e nacional. Além do evento maior do futebol mundial, há nos clubes uma tendência em economizar nos orçamentos, seja pra regularizar suas contas, seja pra tentar emplacar seus sucessores nas eleições para a presidência. O que veremos em nossos campeonatos, então? Mais times grandes lutando para não cair? Mais marasmo, com jogos sonolentos?

E finalmente, meus amigos, encerro meu questionamento da mesma forma como iniciei: qual será o legado que o ano da graça de dois mil e quatorze deixará para seu sucessor, além de – suponho eu – belos estádios?