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La Mano de Díos – Devagar com o andor

Devagar com o andor

Que o São Paulo não vem fazendo um bom Paulistão é verdade. Que Adriano ainda não mostrou a que veio, também o é. Que trazer Carlos Alberto e Fábio Santos foi uma aposta arriscada e tem tudo para dar errado, também. Mas nada disso justifica grande parte da mídia esportiva brasileira já falar em crise no Tricolor.

Primeiro porque o ano mal começou. O São Paulo fez até agora quatorze jogos pelo Estadual e dois pela Libertadores, e mesmo jogando mal periga fechar a rodada do Paulista na segunda colocação.

Segundo porque o Paulistão não é parâmetro para nada. Faz tempo que o Estadual é objetivo ou de times menores, ou dos grandes que não têm ganhado algum título de maior expressão há alguns anos. Acaba se tornando um alento para torcidas carentes de troféus. Além disso, a preocupação são-paulina é claramente a Libertadores: do elenco do Tricolor, três são os jogadores que ficam até o meio do ano, final da disputa (Adriano, Fábio Santos e Carlos Alberto), sem contar Eder e Eder Luiz, que só podem participar desse campeonato, ficando de fora do Paulista.

É necessário lembrar também, como bem apontou o PVC em seu blog, que o Tricolor perdeu para a Lusa após uma partida dura contra o Audax. Assim como em 2006 perdeu o Paulistão após um jogo em Caracas, e em 2007 foi goleado pelo São Caetano três dias depois do jogo contra o Alianza em Lima. Fora o fato de que ano passado o mês de fevereiro tricolor foi sofrível, com o time melhorando apenas em março com a chegada de Jorge Wagner e a definição da dupla de volantes Hernanes e Richarlyson, que não deixou o torcedor sentir saudades de Josué e Mineiro – TUDO ISSO MÉRITO DO MURICY.

Segunda-feira, no Linha de Passe, o Trajano disse que time nenhum entra em um campeonato para perder. Mas vá perguntar para qualquer torcedor tricolor o que é mais importante, o Paulista ou a Libertadores. Não precisa ser gênio para adivinhar a resposta.

Que o Tricolor ainda não convenceu, é verdade. Mas é muito cedo para se falar em crise, em queda ou o que quer que seja. Vou me preocupar se o São Paulo não passar da primeira fase da Libertadores. O Paulista? É pré-temporada de luxo.

Devagar com o andor, camaradinhas.

Rapidinhas: acabei de ver River x Universidad Católica, partida disputada no Chile. Nenhum dos dois times é brilhante -o River depende muito da inspiração de Ortega e da cabeça do Loco, e a zaga da Universidade é uma peneira -, mas deu gosto ver a raça dos dois times em campo. Com uma linda defesa de Carriza, deu River, jogando fora de casa: 2 a 1. Com o Boca voando, o River brigando, é bom os brasileiros tomarem cuidado. Ganhar de Resende, Madureira, Bragantino, Juventus e quetais é uma coisa, Libertadores é outra (como já notou o Flamengo no Uruguai).

Me despeço ao som dos Stones (que também escorregam, mas não caem): Street Fighting Man.

La Mano de Díos – Os Intocáveis

Os Intocáveis

Rogério Ceni, Miranda, Hernanes, Jorge Wagner e (por que não?) Borges.

Esses são os intocáveis do Tricolor hoje.

Os dois primeiros que seguram a onda numa defesa que não está tão infalível esse ano. Rogério Ceni fechando o gol e salvando tudo sempre quando o time precisa (alguém lembra das duas defesas do jogo contra o Nacional na Colômbia?). Miranda que continua sendo o xerife da zaga, unânime e firme, um jogador que não se discute.

Os outros dois que dominam o meio. Hernanes – talvez a mais grata surpresa do futebol brasileiro nos últimos tempos, jogando como primeiro ou segundo volante e agora até dando umas de meia disfarçado. O símbolo máximo dos tais volantes modernos que toda a mídia comenta. Jorge Wagner – não há discussão. É dos pés dele que sai tudo que o São Paulo vem fazendo no ataque, suas bolas paradas hoje tão ou mais venenosas que as do goleirão-artilheiro.

E Borges? O cara que ninguém dava nada. Mas que fez 4 gols nas últimas 4 partidas que jogou. Que era o terceiro (talvez o quarto, depois que Eder Luiz chegou) atacante do escrete do Muricy. E que pouco a pouco vem se firmando como o primeiro.

O “Imperador” Adriano? Ainda não vi jogar. Mas falar, ah, isso ele faz demais.

Rapidinhas: Sabe quando Fabinho Capixaba faz outro gol como aquele que fez ontem pelo Mirassol? No fim da carreira.
Valdívia é o cara que todos os times queriam ter hoje. E apanha muito! Além de ser bom de bola tem culhão. Não é fácil aguentar esses beques arranca-toco que vêm marcando o cara…

Pois é, meus queridos, a de hoje foi curtinha, mas vão dizer que não concordam? Grande abraço para vocês, ao som de Bob Dylan – Subterranean Homesick Blues, porque quarta-feira tem show do cara e jogo do Tricolor! Vai ser triste não estar nos dois lugares ao mesmo tempo e difícil acompanhar as duas coisas…

Os dois lados da moeda: O trivunvirato e a farsa

Após marcar dois gols no primeiro jogo do São Paulo no campeonato paulista – curiosamente contra o líder Garatinguetá – Adriano, “o Imperador”, afirmou que não queria mais esse tal apelido lhe fosse atribuído. Queria ser, simplesmente, Adriano. Mas, como não se pode ser tudo o que se quer, será que o “Imperador” poderia tornar-se “plebeu”?

Adriano veio ao São Paulo para recuperar-se após péssimas temporadas na Itália. O clube alardeia seu potencial para fazê-lo, diz que sua infra-estrutura está aberta para o atleta que estiver disposto a utilizá-la. Em um segundo momento, como parte dessa recuperação, pareceu interessante que o jogador passasse seis meses atuando pelo time do Morumbi.

Dai o projeto de “recuperação” de Adriano começa a misturar-se com idéias menos “pudicas”.

O São Paulo é o time mais competente no Brasil no que se refere a marketing. Imediatamente foram tomadas as medidas para capitalizar em cima do “Imperador”, ofertando-lhe a camisa 10. Em poucos dias o produto já estava nas lojas, sucesso de vendas garantido. Fosse Adriano o plebeu, tal medida seria tomada? Obviamente não.

A mídia também quis sua fatia e, em momento algum, deixou de atribuir-lhe o codinome. Não seria possível ignorar a presença do “Imperador” entre nós, tapuias, cada vez mais acostumados a ver em nossas equipes frutos promissores ainda verdes ou heróis de outrora que há muito caíram do pé. Adriano imperou nos noticiários e, tal qual o título que lhe é atribuído impõe, um séqüito de repórteres – inclusive importados da Europa –
formou-se em torno do jogador.

E a tal “recuperação”? Parole, parole…

Não apontamos o time e a mídia para excluir a responsabilidade do próprio jogador pela situação em que se encontra. As benesses que se oferece a um Imperador são sedutoras e deve ser difícil não ouvir o cantar das sereias. Com todas as facilidades que tal condição lhe confere, que como dissemos, ao invés de contestada foram, sim, fomentadas, Adriano voltou a imperar, infelizmente não nos gramados.

Um triunvirato (clube, mídia, jogador) insano que jamais conduziria alguém do trono para as ruas – ou, no caso, para os campos. Uma metáfora para se compreender como, em nossos dias, é elevado à realeza alguém que não tem meios de sustentar tal condição.

La Mano de Díos

Luz no fim do túnel

Ontem assisti a dois jogos da Libertadores. Nenhum dos dois foi de encher os olhos, mas algumas coisas bem positivas já puderam ser vistas:

River Plate X America (MEX)

O time do America é sempre encardido e o River faz tempo que é mais nome do que time, mas a partida de ontem foi bastante animadora. O America, sempre rápido e jogando fora de casa, explorou o contra-ataque e por pouco não saiu do Monumental de Nuñez com um placar de respeito. Mas o time do “cholo” Simeone mostrou algo que não vimos muito ano passado: raça. Além de alguns jogadores talentosos que têm tudo para deslanchar nos campeonatos, pudemos ver a feliz volta de um dos caras mais icônicos do futebol argentino: Ortega está de volta! Travando uma longa batalha contra o alcoolismo, ontem vi um pouco do velho Ortega. Um meia ofensivo aguerrido e talentoso, rápido e inteligente. Não à toa, foi dele o gol da vitória do River, aos 43 do segundo tempo. Vai, Ortega!

Vitória que convenceu.

São Paulo X Atlético Nacional (COL)

Antes de mais nada, algo tem que ser feito. Cobrar escanteio com policiais levantando escudos para rechaçar as pedras lançadas pela torcida rival, chuveiro gelado nos vestiários e recepção intimidadora não combinam com a importância da Libertadores.

Fora esses problemas, novamente o Tricolor não convenceu, mas algumas boas mudanças já foram vistas. Quando o time entrou em campo com Eder Luiz, Adriano e Borges, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “o Muricy pirou. Que porra de 3-4-3 é esse?”. Mas foi só a bola rolar e logo entendi o que o cara queria. O São Paulo jogou num 3-5-2, com a volta da dupla Richarlyson e Hernanes, Jorge Wagner na esquerda e Eder Luiz tentando ser o novo Leandro. Aliás, a coluna do PVC hoje no Lance! levantou a bola para essa sacada. Mais categoria e qualidade o Eder tem, basta ver se ele terá a mesma garra de Leandro. Desentrosamento à parte, o cara correu o jogo todo e até trocou bons passes com os laterais.

Jorge Wagner na esquerda mostrou que continua sendo o eixo do ataque tricolor. TODAS as jogadas ofensivas partiram dos pés dele. Infelizmente, é bom os volantes voltarem a apresentar a qualidade de 2007, pois marcação não é o forte do JW.

Joílson é uma lástima. Não defende e não ataca, só falta dar a mão para o jogador adversário. Dá pra ver que o cara está tentando, mas do jeito que está não vai.

E mais uma vez Richarlyson não jogou bem. Fora o canudo no travessão, prendeu muito a bola no ataque e chegou atrasado em todos os lances defensivos.

Borges mostrou que merece sim mais chances do Muricy. Bem posicionado e esperto, só não fez o dele porque quis premiar Adriano, que não acompanhou a jogada.

E por falar em Adriano, outro que ainda não desencantou. Confesso que não me lembro de um lance digno de nota do Imperador ontem.

A zaga ainda está batendo cabeça, André Dias não é sombra do que vinha sendo e mais uma vez o destaque do time é Miranda, que compensou o vacilo no gol do Atlético com um belo gol de cabeça. Aliás, bola lançada por quem? Uma bala Juquinha para quem adivinhar. Dica: veio da esquerda.

No fim das contas, o time do São Paulo ainda é uma coisa amorfa. A maioria dos jogadores não está acertando o posicionamento, o lado direito não existe e o time ainda depende muito de um só jogador. Tanto que no segundo tempo, quando os colombianos acertaram a marcação em cima do JW, o time quase morreu. Só não perdeu porque Rogério Ceni mais uma vez foi nota 10, pegando dois belos chutes que tinham endereço certo.

O 1 a 1 valeu, mas o futebol de ontem ainda é pouco para um time como o São Paulo.

Me despeço aqui ao som de Hopeton Lewis – Take it Easy, em homenagem ao Tricolor da capital.

La Mano de Díos

Os times que não engrenam

São Paulo e Palmeiras têm hoje, no papel, os melhores escretes do Brasil. E mesmo assim não engrenam. O Tricolor Paulista male male segura um empate com o Noroeste (para não falar nos vexames recentes) e o Verdão da Capital não convence, por mais que Luxemburgo e grande parte da mídia esportiva brasileira o elejam como o papão do ano.

Aí eu pergunto: o que acontece?

Com certeza, cada um terá sua resposta, e por isso fica aqui a minha: falta ousadia para o Tricolor e culhão para o Verdão.

Ousadia, coisa que desde sempre faltou ao Muricy. Ousadia para colocar Jorge Wagner na lateral esquerda, parar de inventar com o Rycharlisson e treinar os laterais para subir até a linha de fundo. Qualquer um que assiste aos jogos do São Paulo já percebeu: Jorge Wagner não é o meia que o Muricy tenta fazer, e Rycharlisson é volante. Um excelente volante.

Além disso, os laterais tricolores têm que se comportar como laterais modernos. Tendo volantes bem posicionados e um ataque composto por dois armários, está mais do que na hora de Jorge Wagner e Joílson se revezarem nos cruzamentos. Ouse, Muricy.

Já do lado verde, já passou do tempo dos caras fazerem valer todo o hype. Cadê o nó tático do Luxemburgo? Cadê os craques da Traffic? Diego Souza e Valdívia são incensados como craques, Lenny é a mais nova jovem promessa do futebol brasileiro, mas está cada vez mais claro que quem segura as pontas no Verdão são o Pierre e o Marcão. E logo logo o Pierre vai embora. Abre o olho, Palmeiras!

Em tempo: eu acredito no Botafogo. Mas o pós-jogo de ontem da Taça Guanabara foi digno de pena. Prestem atenção, Bebeto e Cuca, não joguem fora toda a credibilidade que vocês com tanto custo conquistaram…

E para acabar: todo meu apoio ao nosso brasileiro-croata-inglês Eduardo da Silva. Muita força nessa hora!

A música do dia vai para ele: Jimmy Cliff – Many Rivers to Cross