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NAS LÁGRIMAS DOS QUE TE QUEREM BEM

Texto: João Paulo Tozo

Havia pensando em usar o termo “pacaembuzaço” como ponto de partida para minha coluna sobre a tristeza de ontem, mas Mauro Beting e Milton Neves, mais do que eu em tudo quando se pensa em textos, em termos, em palavras do jogo jogado com a bola nos pés, já usaram a referência em suas inserções no rádio e internet.

Pensei então em focar no jogo do campo, no jogo dos números, no jogo dos erros, dos acertos, dos erros e dos erros, dos erros e dos erros incessantemente corriqueiros . No jogo da superação. No jogo da decepção.

Referências chegam aos montes. Na tristeza meu cérebro parece trabalhar melhor. Intrigante. Preferia então ter sempre dificuldades ao pensar no que escrever.

Penso…

Os dois são verdes. Um Verdão de cada lado. Um maior na história. Outro maior ontem no campo. Um maior na superação. Outro maior na decepção.

Paralelos básicos demais.

Pensei então em evocar a minha linhagem, minha estirpe, minha família verde dentro da família de sangue e verter algumas lágrimas enquanto escrevo. Mas já fiz uso desse artifício em algum outro momento de tristeza gerada pelo mesmo agente causador.

As enxugo…

Os velhos de velhas idéias que tornam a esperança Verde de dias melhores em desgosto nos tristes dias que nunca melhoram poderiam ser alvos de uma raiva canalizada há tempos. Mas acho que já direcionei minha voadora imaginária a eles em algum momento.

Pensando…

Cara, quantas razões e momentos já tive para escrever sobre tristezas e decepções pintadas em verde e branco. Até quando me darão munição?

Já virou arsenal.

A postura blasé na derrota não é nosso forte. Ser blasé em momento algum nos parece ser postura digna de quem diz torcer. O verde de alma derrama sua lágrima na tristeza. Mas também na alegria. Faz tempo, mas lembro-me de muitas que derramei por motivos de nobreza verde. Nós as derramamos. Simplesmente.

E que assim continuemos. Por que por mais que existam velhos de velhas e cretinas idéias dos quintos dos infernos. Jogadores sem vinculo, sem paixão, sem respeito, sem condição. Por mais que sacanas oportunistas tentem demover do imaginário popular a sensação cheia de razão de que naquela sociedade esportiva reside um gigante, ferido é verdade, mas gigante na história dos campos e dos cantos. Enquanto houver quem por ele derrame lágrimas de alegria ou tristeza, o Gigante Verde permanecerá.

“Melhor do que vencer é ter um time pelo qual torcer” (Mauro Cezar Pereira)

“APELÃO” MARCOS ASSUNÇÃO DECIDE OUTRA VEZ E APROXIMA VERDÃO DA FINAL.

Texto: João Paulo Tozo
Imagem: Carlos Costa (p/ Lancenet)

Inteligente que é, o amigo palmeirense deve concordar que o atual elenco alviverde não dispõe de peças capazes de suprir determinadas ausências.

Valdívia faz uma falta tremenda e já vimos que Lincoln não é seu substituto. Não lhe falta condição técnica, falte, talvez, atitude (?).

Tinga é promessa. Tem lampejos. Mas é inconstante.

Valdívia não tem substituto em sua função. Em sua função. PONTO. Pois substituto para decidir partidas ele tem.

Quem de fato vem desequilibrando e decidindo jogos e classificações é o volante Marcos “ARCEnssão”, como disse ontem Mauro Beting na transmissão da Rádio Bandeirantes.

Limitado em opções, o time verde vem surpreendendo e caminhando a passos largos rumo a um título internacional que não vem desde 1999. É um time que já tem a cara de Felipão.

É um time bem definido taticamente. De fibra, que vibra e vem cumprido as determinações do chefe. Ainda que as peças dispostas não sejam exatamente as que lá deveriam estar. Sem um centroavante de qualidade, Felipão ainda precisa tirar Kleber de sua função e lá colocar o esforçado, porém limitadíssimo Luan.

Opção com a qual eu não concordo muito, pois se Luan justifica sua presença pela força de vontade, a mesma não falta a Kleber, que se atuasse na função de Luan, que é a sua de origem, poderia render mais. Na falta de um centroavante de qualidade, mande Tadeu. Dentro da área, de repente a bola esbarra nele e entra. Em Luan isso não vai acontecer. E Kleber não é centroavante. Então acho que o Palmeiras perde duas vezes com essa atual configuração de ataque.

Na ausência técnica de Vitor, vai o coringa Márcio Araújo na lateral direita.

A identidade tática do Verdão esbarra na limitação técnica do elenco. Mas ganha força e projeção na fase espetacular de Assunção.

Ciente de sua importância ao time, Assunção travou desde os primeiros minutos um duelo particular com o goleiro Harlei. Aos 4 minutos o primeiro disparo de um bombardeio que se sucedeu. Esse longe do gol. Como se ainda estivesse calibrando a pontaria.

Depois mais duas faltas venenosas e que complicaram as defesas de Harlei. Depois um tiraço de fora da área que passou lambendo a trave. E limitava-se a isso as tentativas do Palmeiras. O Goiás, frágil, sem força para assustar mesmo em seus domínios, tentava algo atabalhoadamente e abria espaços para contra-ataques puxados por Luan. O que pode explicar a ausência de boas chances de ataque.

Se o 1º tempo do Palmeiras teve como característica o jogo de Luan, o 2º foi de Marcos Assunção. O que também deve explicar a melhora no jogo e o tento no placar.

Se de bola parada não estava acontecendo, então foi com bola rolando que ele marcou mais um dos tantos golaços na temporada. Logo aos 3 minutos. Na gaveta esquerda, um petardo indefensável.

Após a partida, um amigo deu a seguinte definição em minha página no facebook:
Wellington Romualdo “Gol do Apelão! Apertou quadrado e direcional pra baixo. haha”

O Goiás pouco produziu e quando o fez, Deola lá estava para confirmar sua ótima fase. Definitivamente o problema do Palmeiras não é a defesa.

E por enquanto os problemas ofensivos vão sendo sanados com os “tomahawks” de Assunção. É uma arma e tanto, mas não pode ser a única. Ainda que esteja sendo ela a condução verde rumo a cada vez mais próxima final da Copa Sulamericana.

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Deixo o camarada que me acompanha na cia do Alice in Chains, ainda com o saudoso Layne Staley nos vocais, em sua histórica passagem pelo Brasil em 1992 – Alice in Chains – Bleed The Freak

EM JOGO DE APAGÃO, BRILHA O VERDÃO

Texto: João Paulo Tozo
Imagem: Miguel Schincariol (p/ o Lancenet)
Diferente de todas as previsões – ou omissões – dos médicos do Palmeiras, Valdívia foi a campo contra o Sucre da Bolívia.

Sem ser brilhante, mas brilhando o suficiente para ofuscar qualquer hipotético lampejo boliviano, o Mago ditou o ritmo do Palmeiras no 1º tempo.

Com Edinho postado a frente da zaga, Tinga espetado em uma direita sem lateral de ofício e tendo Marcio Araújo resguardando suas costas por aquele lado, além de Gabriel Silva alternando com Luan as espetadas pela esquerda – Gabriel Silva, esse sim lateral esquerdo de ofício e oficialmente acertando todos os cruzamentos que Armero não acertou em sua passagem pelo Palmeiras – Felipão deu total liberdade para Valdívia encostar em Kleber e articular as triangulações quase dentro da área boliviana.

Foi fácil demais. As limitações do adversário são gritantes. Mas gritante também foi a boa distribuição verde em campo. Afinal, o serviço precisava ser feitoi.

E nem foi necessário Assunção acertar um de seus Tomahawks.

Dois cruzamentos de Gabriel Silva, um na cabeça de Kleber e outra de Luan. Palmeiras 2X0, sem quase precisar suar.

O 2º tempo nem bem começou e as luzes da Arena Barueri apagaram-se. Lamentável. Mais ainda pelo horário ridículo da partida – claro, devido aos interesses da TV – e a desnecessária execução dos hinos dos países, que fez o jogo terminar na manhã dessa quinta-feira.

Em campo o Palmeiras voltou com a mesma formação. Lincoln deve estar mesmo muito em baixa com Felipão. Convenhamos, com jogo ganho e tendo o clássico contra o Corinthians no domingo, poupar o chileno seria boa coisa.

Se não rola comentar sobre o paralisado jogo, falemos da torcida do Palmeiras, que deu um show digno de comentários entusiasmados. Nas arquibancadas, com os celulares ligados. Não era SWU, não era Planeta Terra, não era Green Day e nem Echo & The Bunnymen, mas era show do Verdão – em campo e nas arquibancadas.

Apagão “desapagado”, a bola voltou a rolar, mas o Palmeiras esqueceu a sua bola no vestiário. O Sucre, muito mais por desatenção Verde do que por mérito próprio, descontou com Cirillo, que havia acabado de entrar.

A zebra não apareceria de qualquer forma, mas a coluna do meio já seria uma “zebrada” e tanto. Possibilidade descartada 7 minutos depois.

Assunção, sem “tomahawk”, mas com uma “bomba de efeito moral”, colocou a redonda na cabeça de Danilo, que testou forte e passou a régua na fatura alviverde. Foi o 9º jogo de invencibilidade do Verdão.

O Palmeiras encara agora o Atlético MG em um clássico caseiro e certamente mais complicado. A partida será na casa do Galo, no dia 27, quarta-feira da próxima semana. Antes, porém, tem o clássico contra o Corinthians pelo BR10.

Como se vê não haverá mais vida mansa no caminho do Verdão.
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Despeço-me da camaradagem que me acompanha com um petardo do Echo & The Bunnymen – A Promise

CONVITE: Acesse a rádio web da Universidade Cidade de São Paulo e ouça o podcast do Programa Ferozes Futebol Clube. A 25ª edição já está disponível. Eu e meus comparsas comentamos as rodadas na Cia das boas sonoridades. Lembrando que o Programa vai ao ar toda segunda-feira, às 20:00, AO VIVO. Acompanhe pelo link:
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Cheers,

O BICHO VAI PEGAR NA SULAMERICANA. MAS QUEM FALOU QUE ERA BOLINHO?

De uma competição inútil, a Sulamericana passou a dar vaga direta para a Libertadores.

O que a tornou desejada, cobiçada por aqueles que a disputam. Time misto é coisa do passado. Comentar jogo da própria equipe pela TV então…

Assim como a própria Libertadores, a Sulamericana não gera grandes arrombos as vistas dos que clamam por um mínimo de qualidade técnica nos jogos de suas fases iniciais. Mas assim como a competição interclubes mais desejada das Américas, a Sulamericana deve chegar a sua reta final contando com grandes clubes – grandes e em boa parte, já campeões de Libertadores.

Para quem achava que Palmeiras, Atlético MG, Goiás e Avaí teriam vida fácil na competição, melhor prestar mais atenção.

Os jogos de volta das 8ª´s de final tiveram inicio ontem. E a LDU, conhecida dos clubes brasileiros e já campeã de Libertadores, trucidou o Unión San Felipe do Chile por 6X1. Os chilenos pareciam senhores da vaga depois de derrotarem os equatorianos por 4X2 na 1ª partida. Mas o que era sonho tornou-se um terrível pesadelo.

O Defensor Sporting do Uruguai ousou ameaçar a vaga do maior dos campeões da Libertadores – o Independiente. Na partida de ida, 1×0 para os esperançosos Uruguaios. Na volta, a realidade: 4X2 para os argentinos.

Os outros dois campeões de Libertadores jogam hoje.

O Peñarol, esse sim um gigante uruguaio, decide sua sorte contra o Goiás. Os brasileiros venceram a partida de ida por 1X0.

E o brasileiro apontado por muitos como favorito e também membro do clube dos campeões da América, o Palmeiras, tenta não levar sustos em sua já bem encaminhada vaga contra os bolivianos do Universitário Sucre. No jogo de ida o Verdão venceu por 1X0, mas poderia ter voltado com melhor placar, não tivesse anulado um gol legítimo de Lincoln.

Podemos ter então Palmeiras, Independiente, Peñarol e LDU nas 4ª´s de final da Sulamericana. Todos campeões da América. Um legítimo e duro ensaio para a próxima Libertadores.

Isso sem contar os outros grandes clubes, que se não possuem a Libertadores no currículo, carregam sim uma carga histórica de respeito, como o Atlético MG e o Newell´s Old Boys da Argentina.

A competição vai afunilando e peças graúdas pelo caminho vão ficando.

Mas a pergunta que não quer calar é:

Quem falou que era bolinho?

PS: Para o camarada feroz e palmeirense, uma saudosa e saudável recordação.

O título da Libertadores veio em 1999, mas o seu pontapé inicial ou o seu tubo de ensaio aconteceu em 1998, em 29 de dezembro daquele ano. Ali o Verdão venceu o Cruzeiro por 1X0, gol de Arce, na final da Copa Mercosul, que era a Sulamericana da época.

Assim como daquela vez, caso o Palmeiras chegue ao titulo da competição desse ano, terá que passar por gigantes do mundo da bola. Daquela vez teve o próprio Cruzeiro e antes o Boca Jrs.

Bons fluídos geram a recordação, não?

Cheers,

CHAZINHO DE COCA – A VIDA DURA DE FELIPÃO.

Este é o atacante Everthon. E sim, ele esteve em campo ontem. Pode acreditar.

Texto João Paulo Tozo

Imagem: Romildo de Jesus (p/ o Lancenet!)

Rivaldo, “o original”, rescindiu seu contrato com o Bunyodkor e acendeu a esperança de boa parte da torcida alviverde em revê-lo vestindo a camisa com a qual conquistou o BR94, o Paulistão de 96, dentre outros títulos. Mas Felipão tratou de jogar um balde de água fria nas esperanças desse torcedor e descartou o retorno do meia.

Bem no dia em que o seu Palmeiras estreou com derrota na Copa Sulamericana, tida por muitos como a prioridade do ano, além de estrear o Rivaldo “genérico”.

Alguém sabe me dizer se essa declaração de Felipão foi antes ou depois da partida contra o Vitória?

Caso tenha sido antes, certamente ele está revendo esse posicionamento.

Sem Kleber e Lincoln, Felipão armou o Palmeiras com QUATRO volantes e com Tadeu no ataque, teoricamente ao lado de Everthon – na prática atuando sozinho, como já vem atuando Kleber.

Ou seja, sem a criatividade necessária para fazer a bola chegar a frente e sem ter quem saiba o que fazer com ela nos raros momentos em que a Jabulani de plantão rompeu a barreira defensiva do Vitória.

Não deve estar sendo fácil ser o Felipão. Mas ele faz certo quando pede que as críticas sejam voltadas a ele. Então façamos o que pede o Chefe.

Quatro volantes contra o Vitória?

É certo que o empate fora de casa é bom negócio nesse tipo de competição. Mas ele tem que acontecer por acaso, não por obra do planejamento. Empatar jogando bem é diferente de empatar jogando por ele. Até por que jogar pelo empate aumenta as probabilidades de derrota, como ocorreu ontem. Você mantém o rival mais tempo próximo de seu gol. Em contrapartida, quando se joga buscando a vitória, ocorre o oposto. Pensamento óbvio e que o amigo palmeirense, inteligente que é, deve saber de trás para frente. Só o inseri aqui para ilustrar o que vi ontem no Barradão.

Vejam, caríssimos alviverdes que aqui também lamentam mais esse pífio resultado do Palmeiras, não estou criticando o trabalho de Felipão, nem tenho moral para isso e nem quero fazê-lo, mas penso, se o Tinga é o único articulador disponível e ele está como opção, porque não usá-lo desde o princípio?

Rivaldo, o “genérico”, foi escalado como meia. Mas o próprio já disse que sua posição é de 2º volante.

Os recentes êxitos do mundo da bola tem nos mostrado que a tendência é que os meias sejam adaptados como volantes, e não o contrário. É a nova prática do futebol ofensivo. Vide a Espanha campeã do Mundo.

Pierre e Edinho são ótimos, mas um ou outro. Os dois juntos é muita volúpia destrutiva e nenhuma criativa.

Recua o “genérico” para fazer a função com Edinho ou Pierre, entra com o Tinga e deixa o Araujo flutuando em campo como no clássico contra o Corinthians, que não por acaso foi a melhor partida dele no Palmeiras e a melhor do time sob o comando de Scolari.

Não deve estar sendo fácil ser o Felipão. Mas e ser palmeirense, tem sido fácil? Pergunto aos amigos que acompanham esse espaço virtual.

Vale a pena comentar sobre a atuação do Everthon? Creio ser melhor deixar para quando ela acontecer.

Tadeu isolado, e desolando a torcida e Felipão, obrigou o técnico a olhar para o banco. Então ele vê que tem como opção o simpático Max, velho conhecido do torcedor. Não pelos gols e por boas jornadas, pelo contrário.

Pobre Felipão, que vida dura.

É bem verdade também que os gols do Vitória saíram em jogadas de bola parada. Mas se aconteceram é por que alguém as possibilitou. É por que o adversário manteve-se muito tempo próximo a área alviverde. É por que Max, ao contrário do que dizem as más línguas, sabe sim marcar seus gols. Ainda que contra.

E o amigo me pergunta por que iniciei a coluna ponderando sobre o Rivaldo, o genuíno.

É por que com 38 anos, ainda que jogue 50% do que já jogou, ele tem espaço em qualquer time do Brasil e na maior parte dos times do planeta. E nesse Palmeiras, sobretudo no Palmeiras de ontem, sem Kleber, sem Lincoln e ainda sem Valdívia, o “Genuíno” joga com uma das pernas amarrada.

Felipão disse ontem ao final do cotejo: “Se não dá com A e com B, tento o C e o D. Se não houver melhora, o que pode piorar? Zero.”

Bem que esse C ou D poderia ser o R de Rivaldo, o original.

E bem que hoje a diretoria poderia apresentar uns 10 Valdívias.

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Pensando nas mudanças necessárias ao Verdão e já pensando em deixar os nobres alviverdes e demais entusiastas da bola em boa companhia, despeço-me da camaradagem ao som do grande David Bowie – Changes:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=n8v486aUYu0[/youtube]

Cheers,