HOLD ME, THRILL ME, KISS ME, KILL ME

09 de abril de 2011, 1º show da turnê do U2 em solo brasileiro. Abertura do MUSE. Megalomania desde dezembro com o início das vendas dos ingressos.

Em tempos onde o tempo passa sem que se perceba, os mais de 4 meses entre a compra do ingresso e o dia do show passaram num piscar de olhos. Como também passaram rápidos demais os cerca e 40 minutos de apresentação do MUSE e as quase 2 horas de show do U2.

Disparidade de tempo entre as apresentações. Disparidade técnica concedida à banda de abertura. Disparidade também na recepção do público.

Como devem saber, MUSE é banda de cabeceira desse pobre blogueiro. U2 é adorada desde a infância, mas era mesmo o MUSE o meu foco principal.

Complicações no transito caótico fizeram eu e minha namorada chegarmos faltando meia hora para o início do show do MUSE. Ainda assim conseguimos ótima localização na pista, próximos a um degrau proporcionado por um “conduíte” gigante, no qual subimos e de lá não saímos mais. Sem brincadeiras, mas acredito ter sido a melhor localização depois da turma que dormiu na fila pra pegar lugar na “inner circle”.

20:00 em ponto e as luzes se apagaram e então o MUSE surgiu. Matt Bellamy brilhava mais que o próprio palco. Pena ele e seus comparsas não terem a devida noção do quanto já brilham na cena musical.

Se o U2 já tem cadeira cativa no panteão das maiores bandas de todos os tempos, o MUSE detém hoje o seu posto no topo da cadeia alimentar da atual cena musical. Logo não vejo necessidade de se submeterem a abrir shows de ninguém, inclusive do U2.

90% do público não conhecia sequer Starlight, sucesso mundial e faixa do fantástico Black Holes & Revelations, de 2006.  Ainda assim o meu trio favorito não fez feio e colocaram os 10% restantes do público, quase todos bem posicionados no inner circle, para realizar a salutar pratica do air guitar. Fora dali só eu me prestei ao papel, acompanhado por olhares surpresos de “roqueiros” que deveriam, mas não entendiam o que era aquilo.

O tamanho do MUSE deu a eles a condição de desprezar no repertório de somente 8 músicas, o clássico Time is Running Out e também a grande Feeling Good. Mas infelizmente para a maioria ali presente, o trio era só a banda da Saga Crepúsculo.

O guitar hero Matt Bellamy despediu-se dizendo que pretende retornar à cidade. Como fã torço violentamente para isso, mas que seja em turnê própria, sem se prestar ao papel de ter que tocar com metade da condição técnica do palco dos outros.

O meio tempo entre o MUSE e o U2 foi preenchido por um setlist de dar gosto. De Primal Scream a Radiohead. De Demônios da Garoa a David Bowie. Sério!

Só em Sunday Bloody Sunday e With or Without You o publico voltou a ter tamanha participação quanto no momento em que Trem das Onze começou a rolar. Muito bacana a escolha dos caras. E finalizando o set list e já emendando com o apagar das luzes, o clássico Space Oddity de Bowie marcou a entrada dos irlandeses no terreno que conhecem tão bem.

Vou omitir alguns detalhes como músicas tocadas em determinados pontos do show, por respeito e para preservar o fator surpresa de quem ainda vai ao show da quarta-feira

O carisma de Bono Vox e a qualidade do “riff maker” The Edge, derrubam qualquer tentativa de desmerecer a importância de uma banda que quase desaparece em meio ao fantástico palco e ao que mais parece um OVNI, mas que na verdade é um telão.

A essência rock n roll que parecia ter terminado junto da apresentação do MUSE, retorna quando o U2 manda a campo a clássica I Will Follow. The Edge é soberbo. Bono fica melhor a cada ano que passa, ainda que tenha a mania de mudar a maneira de cantar alguns clássicos, o que não me agrada, mas não é nada que diminua o impacto do espetáculo.

Pecaram ao desprezar o discaço “Zooropa” e o ótimo “Pop”, mas ganharam meus aplausos e me conquistaram de vez ao mandar no 1º bis a fantástica “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”, trilha sonora de “Batman Forever”, rock n roll de primeiríssima, ignorada por outra boa parte do público, que aproveitou para entoar alguns funks cariocas em meio a brincadeiras fora de hora. Tipo de público que em uma noite está no U2 e na seguinte no show da Ivete. Vai entender.

Bono não deixou de posar de galã ao escolher uma pequena da platéia para levá-la ao palco, como sempre faz, e com ela recitar trechos de “Carinhoso”, de Pixinguinha. Bancou o ativista novamente e citou um encontro com a presidente Dilma, o que chegou a gerar certo incômodo em alguns presentes, mas foi acompanhado de palmas pela maioria. Homenageou as vítimas do massacre na escola do RJ, em um dos grandes momentos do show. Prestou sua costumeira homenagem ao amigo e inesquecível Michael Hutchance. Falou sobre balada, sobre pizza, ganhou a galera fácil, fácil. E voou pendurado em um microfone preso a um cabo de aço. Sensacional!

Bono tem lugar garantido no céu do “bom mocismo”. E o U2 pode escolher entre ser rock n roll e pop no mesmo show. Em ser simplista num minuto e megalômano no outro. Deu-se de presente as palmas e a conquista definitiva do respeito de alguém que via com certa precaução todo o endeusamento gerado por suas apresentações espetaculosas. Ando cabreiro demais com tudo, mas não sou cego, muito menos surdo.

Despeço-me da ferocidade com um vídeo de cada banda durante a apresentação de sábado.

Muse – Plug in Baby

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZpSmL4abVeg[/youtube]

U2 – Hold me, Thrill me, Kiss me, Kill me

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=9P6avy5SAPo[/youtube]

 

Cheers,

3 thoughts on “HOLD ME, THRILL ME, KISS ME, KILL ME”

  1. ´putz tá dando uma vontade de ir quarta de novo! no mínimo, só para ouvir minha música preferida na vida!!!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *