Arquivo da tag: Muse

VALE SEMPRE A PENA

Música é como futebol. Você acaba sendo mais escolhido do que escolhe por quem torcer – ou a quem ouvir.

Apesar do cancelamento do show da última quinta, da “bundamolice” do veto a transmissão pela TV, do real problema na voz de Matt Bellamy e da suposta, porém pouco notada, briga entre os integrantes, Muse é daquelas bandas que, quase como meu clube de paixão, simplesmente me arrebatou via coração, desde sempre, desde os discos excelentes até aos outros inconsistentes.

E se a faixa Madness nunca esteve entre minhas prediletas, neste show de sábado, com a companhia de todos sonhos, foi de um encantamento único, diante de um canto em uníssono.

 

MUSE-Lolla-2014-IVAN-12-size-598

“come to me

  trust in your dream…”

EM “THE 2ND LAW” O MUSE ERRA AO TENTAR SE REINVENTAR.

O lançamento de The 2nd Law é uma tentativa do trio em mostrar novas facetas ao mundo. Nos últimos anos o Muse tornou-se uma das bandas mais festejadas da cena musical. Seus shows ficaram enormes e seus discos, outrora cheios de guitarras distorcidas e que muitas vezes os jogavam nas comparações com o Radiohead ( com a qual eu nunca concordei), passaram a dar mais espaços para arranjos épicos e vocais retumbantes no melhor estilo Queen. E aí sim a comparação procede, até mesmo pelas citações de Matt Bellamy a Freddy Mercury.

Embora o sucesso comercial só tenha aumentado, a crítica tem batido forte no trio, sobretudo depois do trabalho anterior, The Resistence, que fora muitas vezes acusado de ser um pastiche exatamente do Queen.

O convite para criar a musica tema dos Jogos Olímpicos em Londres deu mais argumentos para que soassem as cornetas. Não sei dizer se foi pela pressa em criar algo especifico para os jogos, mas com Survival, o Muse mergulhou ainda mais no clichê do “épico a qualquer custo”.

Na sequencia a banda lançou o videoclipe de Madness e a levada “dubstep” da faixa me deixou bem evidente que Survival fora um acidente de percurso. Não que Madness seja um baita som, mas mostra uma tentativa em seguir outro caminho no disco.

Nesta segunda-feira, 24 de setembro, The 2nd Law vazou por completo. Enquanto escuto a bolacha, vou opinando faixa por faixa. Saca só.

Supremacy dá a entender que o disco será uma busca pelo Muse perdido entre a distorção dos primeiros trabalhos e o épico do anterior. Uma dosagem correta entre as duas caras da banda. Mas só dá a entender.

Madness é a música de trabalho. Quando lançada o mundo cravou que o Muse havia abraçado o dubstep. Nesta faixa ele está lá.

E então você começa a escutar Panic Station e a pegada funkeada da faixa te faz achar que errou de disco e colocou algo do Faith no More ou dos bons tempos dos Chilli Peppers. E isso foi um tremendo elogio. Grande faixa.

Survival é a música das Olimpíadas de Londres. É também a pior música já feita pelo Muse ou talvez a 2ª, já que Neutron Star Colision é ruim de doer também. E pense que para um fã dizer esse tipo de coisa de uma de suas bandas de cabeceira não apenas denota sangue frio, como que você deve estar atento para escutar algo realmente chato. É o Muse tentando ser Muse forçadamente, o que muitas vezes pode parecer também o Muse tentando ser Queen, só que quando isso acontece geralmente as faixas saem digníssimas. Não dessa vez.

Follow Me é mais um pastiche de si próprio. Nada que agregue à carreira dos caras.

Nas faixas Animals, Explorers e Big Freeze voltamos ao épico. Caberiam em Resistance tranquilamente. Pense em um mashup com United States of Eurasia.

Em Save Me os créditos poderiam ser dados ao grande The Edge. O que neste caso não é um elogio.

Opa, aqui em Liquid State temos algo quase visceral dos caras. Um resgate das guitarras distorcidas, mas ainda assim, nada digno de constar entre os grandes petardos do trio. Caberia com algum b-side de Black Holes and Revelations.

OPA! Temos um petardo em The 2nd Law: Unsustainable. ALELUIA! Ouça Panic Station e depois pule direto para essa faixa. Arrebatadora! Mais ainda depois de escutar um disco tão inconstante e desanimador. Algo como um dubstep que ganhou um peso sampleado, com guitarras sobrepostas e distorção pra tudo o que é lado.

O disco termina com a “irmã” de Unsustainable, “The 2nd Law: Isolated System”. Linda melodia que fará Jean Michel Jarre sorrir.

 

The 2nd Law me mostra um Muse perdido entre os caminhos escolhidos anteriormente. A banda não sabe mais se deve ser pesada ou épica. Não sabe mais se deve perseguir novos caminhos. As tentativas em agregar o dupsteb e o funk são rasas e não acrescentam nada em suas características.

E a real é que uma grande banda não precisa se reinventar para continuar sendo boa. Recentemente comentei que sinto falta do Muse das espetaculares Citizen Erased, Stockholm Syndrome e Map of The Ploblematique. Mas acho também que faixas como Undisclosed Desires e Unnatural Selection podem guiar caminhos para os caras. O Muse aprendeu a ser bom no peso de suas primeiras distorções, mas também no épico de suas claras referências.

A ânsia da banda em mostrar capacidade de reciclagem fez de The 2nd Law um disco cansativo, com somente três faixas dignas de sua discografia (Panic Station, Unsustainable e Isolated System) e mais um apanhado de arranjos e efeitos distribuídos a esmo em faixas que eu mesmo nunca lembrarei os nomes.

Passa por voltar a ser Muse e não querer se reinventar a todo instante o retorno da banda aos bons trabalhos.

Ouça a faixa Madness

KLEBER, O ILUMINADO

A defesa menos vazada do país voltou a tomar um gol depois de longa data. Ainda que Deola pouco tenha trabalhado. Valdívia voltou ao time e jogou a 1 hora que Felipão esperava. Os 5% de chance de Wellington Paulista estrear confirmaram-se em forma de tempo de atuação no jogo. Cicinho jogou demais pela direita e criou as melhores jogadas do time quando Valdívia caia pelo seu lado. Kleber teve dois pênaltis. Neneca defendeu dois pênaltis. Ainda assim Kleber assinalou dois gols e o Verdão venceu a partida de ida contra o Santo André pela Copa do Brasil.

Os 2X1 foram pouco diante da superioridade do líder do Paulistão contra o já rebaixado azulão. Mas foram suficientes para mostrar que um grande jogador precisa muitas vezes contar com a sorte.

No caso de Kleber, entenda-se sorte como bom posicionamento, como entrega, como não desistir da jogada jamais. Mais ainda. Na atual fase do Gladiador, entenda-se sorte como estrela. O cara está iluminado. Assim como o próprio time.

Em outros tempos os pênaltis perdidos sequer dariam rebote. Os de ontem deram. No 1º Neneca espalmou, a bola subiu cheia de efeito e também contando com a precária iluminação do estádio andreense, enganou o bom goleiro em sua queda. Antes de tocar o chão novamente, a bola encontrou Kleber, que já estava de novo pronto para conferir e abrir o placar.

No 2º pênalti de Kleber defendido por Neneca, a bola saiu pela linha de fundo. Na cobrança do escanteio, confusão na área e a bola sobra rente a trave esquerda, onde Kleber se atacou de barriga para ampliar.

O time do Santo André é fraquíssimo, mas Neneca é muito bom goleiro. Infelizmente, para ele, sua grande atuação esbarrou no grande momento do Gladiador.

Kleber merece sim a seleção brasileira. Mas o Palmeiras não merece perde-lo para o time da CBF com seus amistosos modorrentos.

Com o triunfo de ontem o Palmeiras igualou a sequencia invicta de 99 – 15 jogos. Quem era mesmo o técnico do time naquela oportunidade?

Pois é. O que devem então fazer os teóricos do apocalipse e corneteiros de plantão com suas teses de que Felipão está “defasado, ultrapassado”?

O amigo feroz fica a vontade para fazer suas sugestões.

Quanto ao Santo André, lamentável a deterioração de um clube que é o atual vice-campeão Paulista e que já foi inclusive campeão da Copa do Brasil em 2004. O time é um catado, o gramado não serve nem pra usar como cancha de bocha, parte da arquibancada está interditada e a iluminação é de boate. Realmente uma pena. Mas reflete diretamente o momento do time em campo.

Permitir a realização de um jogo de 8ª´s de final da 2ª competição mais importante do país em um gramado daquele mostra o quanto a CBF se importa com as competições nacionais.

“Dane-se a Copa do Brasil. Viva a Copa do Mundo no Brasil”

Ainda no ritmo das apresentações do MUSE e do U2 em território nacional, despeço-me da ferocidade com um vídeo de cada, dos shows de sábado, aos quais estive presente. MUSE – Starlight:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=DBvPna3LIN0[/youtube]

U2 – Hold me, Thrill me, Kiss me, Kill me:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=9P6avy5SAPo[/youtube]

 

PS: Minha resenha acerca dos shows:

http://www.ferozesfc.com.br/hold-me-thrill-me-kiss-me-kill-me/

 

Cheers,

HOLD ME, THRILL ME, KISS ME, KILL ME

09 de abril de 2011, 1º show da turnê do U2 em solo brasileiro. Abertura do MUSE. Megalomania desde dezembro com o início das vendas dos ingressos.

Em tempos onde o tempo passa sem que se perceba, os mais de 4 meses entre a compra do ingresso e o dia do show passaram num piscar de olhos. Como também passaram rápidos demais os cerca e 40 minutos de apresentação do MUSE e as quase 2 horas de show do U2.

Disparidade de tempo entre as apresentações. Disparidade técnica concedida à banda de abertura. Disparidade também na recepção do público.

Como devem saber, MUSE é banda de cabeceira desse pobre blogueiro. U2 é adorada desde a infância, mas era mesmo o MUSE o meu foco principal.

Complicações no transito caótico fizeram eu e minha namorada chegarmos faltando meia hora para o início do show do MUSE. Ainda assim conseguimos ótima localização na pista, próximos a um degrau proporcionado por um “conduíte” gigante, no qual subimos e de lá não saímos mais. Sem brincadeiras, mas acredito ter sido a melhor localização depois da turma que dormiu na fila pra pegar lugar na “inner circle”.

20:00 em ponto e as luzes se apagaram e então o MUSE surgiu. Matt Bellamy brilhava mais que o próprio palco. Pena ele e seus comparsas não terem a devida noção do quanto já brilham na cena musical.

Se o U2 já tem cadeira cativa no panteão das maiores bandas de todos os tempos, o MUSE detém hoje o seu posto no topo da cadeia alimentar da atual cena musical. Logo não vejo necessidade de se submeterem a abrir shows de ninguém, inclusive do U2.

90% do público não conhecia sequer Starlight, sucesso mundial e faixa do fantástico Black Holes & Revelations, de 2006.  Ainda assim o meu trio favorito não fez feio e colocaram os 10% restantes do público, quase todos bem posicionados no inner circle, para realizar a salutar pratica do air guitar. Fora dali só eu me prestei ao papel, acompanhado por olhares surpresos de “roqueiros” que deveriam, mas não entendiam o que era aquilo.

O tamanho do MUSE deu a eles a condição de desprezar no repertório de somente 8 músicas, o clássico Time is Running Out e também a grande Feeling Good. Mas infelizmente para a maioria ali presente, o trio era só a banda da Saga Crepúsculo.

O guitar hero Matt Bellamy despediu-se dizendo que pretende retornar à cidade. Como fã torço violentamente para isso, mas que seja em turnê própria, sem se prestar ao papel de ter que tocar com metade da condição técnica do palco dos outros.

O meio tempo entre o MUSE e o U2 foi preenchido por um setlist de dar gosto. De Primal Scream a Radiohead. De Demônios da Garoa a David Bowie. Sério!

Só em Sunday Bloody Sunday e With or Without You o publico voltou a ter tamanha participação quanto no momento em que Trem das Onze começou a rolar. Muito bacana a escolha dos caras. E finalizando o set list e já emendando com o apagar das luzes, o clássico Space Oddity de Bowie marcou a entrada dos irlandeses no terreno que conhecem tão bem.

Vou omitir alguns detalhes como músicas tocadas em determinados pontos do show, por respeito e para preservar o fator surpresa de quem ainda vai ao show da quarta-feira

O carisma de Bono Vox e a qualidade do “riff maker” The Edge, derrubam qualquer tentativa de desmerecer a importância de uma banda que quase desaparece em meio ao fantástico palco e ao que mais parece um OVNI, mas que na verdade é um telão.

A essência rock n roll que parecia ter terminado junto da apresentação do MUSE, retorna quando o U2 manda a campo a clássica I Will Follow. The Edge é soberbo. Bono fica melhor a cada ano que passa, ainda que tenha a mania de mudar a maneira de cantar alguns clássicos, o que não me agrada, mas não é nada que diminua o impacto do espetáculo.

Pecaram ao desprezar o discaço “Zooropa” e o ótimo “Pop”, mas ganharam meus aplausos e me conquistaram de vez ao mandar no 1º bis a fantástica “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”, trilha sonora de “Batman Forever”, rock n roll de primeiríssima, ignorada por outra boa parte do público, que aproveitou para entoar alguns funks cariocas em meio a brincadeiras fora de hora. Tipo de público que em uma noite está no U2 e na seguinte no show da Ivete. Vai entender.

Bono não deixou de posar de galã ao escolher uma pequena da platéia para levá-la ao palco, como sempre faz, e com ela recitar trechos de “Carinhoso”, de Pixinguinha. Bancou o ativista novamente e citou um encontro com a presidente Dilma, o que chegou a gerar certo incômodo em alguns presentes, mas foi acompanhado de palmas pela maioria. Homenageou as vítimas do massacre na escola do RJ, em um dos grandes momentos do show. Prestou sua costumeira homenagem ao amigo e inesquecível Michael Hutchance. Falou sobre balada, sobre pizza, ganhou a galera fácil, fácil. E voou pendurado em um microfone preso a um cabo de aço. Sensacional!

Bono tem lugar garantido no céu do “bom mocismo”. E o U2 pode escolher entre ser rock n roll e pop no mesmo show. Em ser simplista num minuto e megalômano no outro. Deu-se de presente as palmas e a conquista definitiva do respeito de alguém que via com certa precaução todo o endeusamento gerado por suas apresentações espetaculosas. Ando cabreiro demais com tudo, mas não sou cego, muito menos surdo.

Despeço-me da ferocidade com um vídeo de cada banda durante a apresentação de sábado.

Muse – Plug in Baby

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZpSmL4abVeg[/youtube]

U2 – Hold me, Thrill me, Kiss me, Kill me

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=9P6avy5SAPo[/youtube]

 

Cheers,

Chazinho de Coca – A Esperança é Verde

Com Cleiton Xavier o Palmeiras é outro, definitivamente. Com ele em campo, Diego Souza joga como Diego Souza. O ataque rende como ataque de time candidato a título e o Palmeiras volta a jogar como Palmeiras. Como o Palmeiras que liderou o BR09 por 19 rodadas. Longe do Palmeiras que desandou e despencou da ponta para a 4ª colocação.

Muricy mandou muito bem ao escalar o time com 3 armadores. A bola foi bem tratada e Vágner Love a recebia sempre em boas condições.

“Queria trocar tudo que tenho por esse título do Palmeiras”

Com Mauricio Ramos ao lado do ótimo Danilo, ainda que a falta de ritmo de Maurício tenha atrapalhado no início, a postura é outra. O time não saiu atrás do placar como vinha acontecendo. Não se desesperou como com acontecia sistematicamente.

O gol do maestro Cleiton Xavier logo no 1º minuto de jogo, deu mostras de que aquele seria um Palmeiras diferente.

Goiás e Santo André ajudavam , e nem o gol de empate de Tardelli assustou o, até a rodada passada, assustado Palmeiras.

O gol antológico de Diego Souza do meio campo foi tão fora do comum que levou alguns segundos para crer no que se via. A rede balançando não era prova suficiente de que aquilo estava acontecendo de fato.

De desacreditado, apedrejado, de time humilhado em público e por parte do público, o Alviverde chega a última rodada do BR09 com chances de ter o título que esteve em suas mãos por mais tempo do que de qualquer outro.

Ainda que a combinação necessária para isso seja complicada. Ainda que tenhamos alguns times desonrando a própria tradição com a estampada e descarada falta de combatividade.

Com a descarada e desavergonhada possibilidade de se lesar o campeonato mandando-se times reservas para jogos decisivos. Ainda assim, sobrevive o verde. Ressurge o alviverde.

Veja os lances do jogaço e tente mensurar o tamanho do gol de Diego Souza:
http://video.msn.com/?mkt=pt-br&playlist=videoByUuids:uuids:4d9c0a18-c0ea-44be-8c72-fc5ca8997500&showPlaylist=true&from=IV2_pt-br_lancenet&fg=lancenet

————————–

Embalado e embalando a feitura do post, tive como “companhia” o ótimo Muse, do não tão ótimo último disco dos figuras (tendo como base o padrão Muse de qualidade), mas com a centelha de genialidade de Matt Bellamy na sua “United States Of Eurasia”.

Cheers,