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Brasil vence Costa Rica, mas segue com futebol capenga.

O Brasil vence seu primeiro jogo na Copa contra a Costa Rica, com dois gols nos acréscimos do segundo tempo. Venceu, porém, continua com uma atuação muito abaixo do esperado. O primeiro tempo da seleção foi ridículo, com um futebol pouco criativo, não ofereceu nenhum tipo de perigo à seleção costarriquenha.

Fagner entrou e não comprometeu, expôs um pouco o lado direito, mas acabou dando mais saída para a seleção por aquele lado, algo que não aconteceu no jogo contra a Suiça. As infiltrações de Paulinho, já não são mais surpresa nenhuma para os adversários, até porque acontece com uma frequência muito alta, tendo como consequência a saída de jogo pelo meio conduzida somente por Casemiro, sobrecarregando a dupla de zaga brasileira e praticamente anulando qualquer função tática do jogador do Barcelona, que parece sobrar em campo.

No segundo tempo duas alterações definiram a partida, Douglas Costa no lugar de Willian e Firmino no lugar de Paulinho. O time passou a ocupar o campo adversário com os dois laterais bem abertos, Firmino e Gabriel Jesus puxaram a marcação e destravaram um pouco a intermediária e o Brasil ganhou mais movimentação e objetividade pelo lado direito com Douglas Costa, porém, Casemiro passou a fazer a ligação, o que deixou a defesa muito mais exposta do que no primeiro tempo. Funcionou ao final do jogo, quando Coutinho, até aqui o melhor nome da seleção, atento à jogada apareceu de trás e de bico empurrou para o fundo das redes. Minutos depois foi a vez de Neymar receber livre de Douglas Costa no meio da área e marcar o seu primeiro gol na Copa da Rússia.

O que segue preocupando desta vez, é que o sistema que Tite criou para vencer este jogo não havia sido testado antes, o que mostra que já no segundo jogo, contra o adversário mais fraco do grupo, o técnico abriu mão de algumas convicções e abandonou características importantes do estilo de jogo que vinha praticando até então. Contra a Costa Rica a vitória veio, mas jogar dessa forma para furar um sistema defensivo bem organizado contra times como a Bélgica, a Espanha ou a França, podem fazer com que o Brasil sofra muito defensivamente com Miranda e Thiago Silva sobrecarregados.

Tite precisa achar uma alternativa à falta de articulação e criatividade do meio-campo brasileiro que faça com que o time não perca o equilíbrio tão tradicional do técnico, me parece que Paulinho deve deixar o time titular para que isso aconteça.

NEYMAR

neymarchoraoFonte: Lee Smith/Reuters

O jogador mais badalado da nossa seleção mais uma vez teve uma atuação ruim, porém, menos individualista. O que não impediu que sua personalidade, mais uma vez, causasse problemas. O desequilíbrio da principal estrela desequilibra o time inteiro. Em uma das poucas vezes que foi perigoso perto do gol, limpou bem a jogada e preferiu simular um pênalti, ao invés de continuar, tentar o gol ou até mesmo sofrer o pênalti de fato. Como de praxe, escolheu não ir até o fim da jogada e teve a penalidade anulada pelo VAR e pelo competentíssimo juiz holandês Bjorn Kuipers.

Tomou um amarelo depois de um chilique, foi repreendido por Tite a beira do campo e acabou chorando após o apito final, em uma cena absolutamente patética que demonstra uma infantilidade e uma fraqueza que podem ser fatais em uma Copa do Mundo. Ou muda seu temperamento, ou jamais evoluirá. Poderia se inspirar na força mental e no espírito de equipe de Cristiano Ronaldo, que com a inteligência ausente no camisa 10 do Brasil, compreende que sua única possibilidade de fazer história com Portugal é tentar transferir sua confiança e ótimo desempenho aos fracos companheiros de equipe. Neymar nem precisa de tanto, pois tem um bom time ao seu redor. Tentar frear essa necessidade insana de ser o centro das atenções sempre, se faz mais do que necessário para que comece a contribuir de fato com o Brasil.

Engole o choro porque estamos só no segundo jogo da primeira fase e ainda não houve qualquer tipo de superação que justifique as lágrimas (para quem conseguiu vê-las) após o apito final. 2014 feelings…

Grupo H – Polônia, Senegal, Colômbia e Japão – Análise

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O último grupo da Copa é também um dos mais interessantes do torneio. A Colômbia tem um futebol interessante, leve e bom de se ver, foi a equipe mais suculenta da última Copa e manteve sua base, conseguiu até evoluir de forma interessante, com um belo trabalho de José Pékerman, que soube organizar e canalizar a criatividade colombiana em um estilo de jogo bonito e competitivo. Já a Polônia é um time ofensivo e que acaba tomando muitos gols, foi a defesa mais vazada de todas as europeias classificadas para a Copa, tem uma certa dependência do craque Lewandowski, artilheiro das eliminatórias, mas mesmo assim é uma seleção muito competente que deve brigar pelo segundo lugar com Senegal, uma das seleções africanas mais fortes do mundial. Contrariando o estereótipo de seleções africanas que são desorganizadas defensivamente, Senegal é um time bem equilibrado, de muita velocidade e força. A única seleção africana treinado por um jogador natural do país, o ex-capitão daquela seleção senegalesa que encantou o mundo em 2002, Cissé. Fechando o grupo, o Japão, vai brigar pelo posto de pior seleção da Copa com muita garra e dedicação, um desastre defensivo que aposta na velocidade dos contra-ataques e na boa articulação de Honda e Kagawa mais a frente.

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Sem ir à uma Copa desde a Alemanha em 2006, a Polônia chega à Rússia com uma certa instabilidade, o time toma muitos gols, mas também vence muitos jogos, tudo graças ao faro de gol de um dos melhores centroavantes do mundo, Lewandowski, que marcou 16 vezes nas eliminatórias europeias. Isso pode ser encarado como um bom sinal, afinal, quem não quer um craque desses na sua seleção, ou como um mau sinal, uma vez que o time tem uma dependência muito grande do capitão e camisa 9 do Bayern de Munique, o que acaba por gerar certas fragilidades. Uma boa marcação ou uma lesão na estrela do time e tudo vai por água abaixo, basicamente a Polônia é Lewa mais dez.

Foi a primeira colocada do Grupo G das eliminatórias europeias, um grupo que era bem fraco, mesmo tendo a boa Dinamarca. De todas as seleções classificadas da Europa foi a que mais tomou gols, foram 14, incluindo quatro na goleada sofrida para a Dinamarca, em um 4 a 0 que contabilizou a sua única derrota. Na Euro em 2016 foi eliminada nos pênaltis pela campeã Portugal nas quartas, ou seja, mesmo aos trancos e barrancos, trata-se de uma seleção muito competitiva. Joga com 3 zagueiros para que o meio apoie de forma mais intensiva e para que também a defesa consiga ocupar o campo adversário. É um time que tenta ter a posse de bola e joga bem aberto com Grosicki e Kuba nas pontas e por vezes se aproximando de Lewandowski para triangulações e passes curtos, que aliás, é uma característica do time como um todo.

Deu certa sorte no sorteio e viu suas chances aumentaram por não dividir o grupo com nenhuma outra seleção de peso, mas precisará se mostrar tão forte quanto a Polônia ouro nas Olimpíadas de 72, para sonhar com uma vaga nas oitavas, imaginar algo além disso é demais para esse time polonês.

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Seleção africana com maiores chances de classificação junto ao Egito, na minha humilde visão. Está em um grupo que a permite sonhar fazer uma campanha tão grandiosa quanto a de 2002 quando venceu o primeiro jogo contra a campeã França na primeira fase, colaborando com a eliminação precoce dos “Bleus” e só foi parada nas quartas pelo bizarro golden gol que a Turquia marcou na prorrogação. E não só por estar em um grupo de dificuldade média é que Senegal tem boas chances, o time é bom e portanto é uma boa ficar de olho no time africano, que com certeza fará belos jogos nesta Copa, inclusive com ótimas chances de deixar a Polônia para trás e brigar pelo segundo lugar do grupo.

O time é muito forte fisicamente e geralmente vem bem postada na defesa, aproveitando da força para fazer pressão alta nos ataques adversário, espera o jogo e sai com muita velocidade nos contra-ataques. Tem uma organização que joga no lixo aquele estereótipo mofado de que seleções africanas são extremamente desorganizadas, com uma ofensividade absurda e muita correria. Não, Senegal tem quase todos os seus jogadores atuando na Europa e um elenco composto por muitos talentos, inclusive o técnico, um dos poucos comandantes africanos a frente da sua seleção nacional, aliás, uma das estrelas daquela seleção de 2002, CIssé. O ex-jogador organizou a casinha e joga em um 5-3-2, a frente Diouf, jogador com ótimas arrancadas, centralizado com o destaque da equipe, Mané. A dupla de ataque não ajuda na defesa, tarefa para os 5 defensores e os 3 meias, que quando têm a bola, lançam os poupados atacantes, assumindo uma postura de jogo mais reativa, que ás vezes sobe bastante a marcação e faz muita pressão para roubar a bola mais à frente. Na Copa das Nações Africanas o resultado final não veio, foi eliminado pelos campeões Camarões nos pênaltis, com um chute desperdiçado por Mané, mas de qualquer forma, Senegal pratica um futebol muito competitivo e de talento e deve proporcionar divertidas horas à frente da TV.

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Chegou a hora de falar do time mais legal da última Copa e dona da torcida mais fantástica do mundo, fato! A Colômbia. Seleção que na Copa de 2014, segundo a opinião deste modesto escritor, desempenhava o melhor futebol do torneio, o mais vistoso, ofensivo, objetivo, com muita velocidade, talento, criatividade e habilidade. Muitos passes, boas jogadas, um futebol leve e com uma alegria que contagiava, chegou às quartas de final com a revelação do torneio, James Rodríguez, e aí o fator casa e a camisa do Brasil pesaram. A Colômbia não reencontrou o seu bom futebol, não jogou nem 10% do que vinha jogando e caiu, uma pena, porque nesse caso também existe um componente emocional aqui, o primeiro jogo de Copa do Mundo que vi na minha vida foi Colômbia e Grécia no Mineirão, 3 a 0, e sim, o primeiro gol de Copa visto in loco por esse que vos fala foi marcado por Pablo Armero, seguido de “Armeration” e tudo mais, com 50 mil colombianos ensandecidos no estádio cada um com um coração maior que o outro, uma experiência foda …deixa eu limpar essa lágrima aqui e seguir com o texto.

Momentos íntimos a parte, a missão da Colômbia nesta Copa é repetir o futebol suculento da Copa no Brasil e acreditar que a própria camisa pode um dia entortar varal também, para que o seu futebol não encolha em grandes momentos como é tradicional acontecer. Futebol para surpreender e se tornar a quarta campeã da América do Sul ela tem, mesmo não sendo uma das favoritas. A essência dessa seleção colombiana é a criatividade, que encontrou no talentoso comandante argentino José Pékerman, a sensibilidade de compreensão desse fato e a visão para criar um sistema de jogo que dê espaço e liberdade para que essa criatividade faça a seleção colombiana crescer e ser ainda mais competitiva.

Um dos times mais flexíveis dessa Copa é também um time com muitos talentos, Mina, Cuadrado, James Rodríguez, Falcão Garcia, Ospina, entre outros, só podia dar em um time muito intuitivo, com jogadores livres para participar do jogo antes de cumprirem algum posicionamento pré determinado, jogando bem próximos da linha defensiva adversária com muita velocidade, triangulações e criatividade acima da média, ocupando bem os espaços e envolvendo os adversários. Defensivamente é um cobertor curto, por isso ao perder a bola no campo adversário, com inclusive zagueiros posicionados ofensivamente, a Colômbia procura reagir rapidamente e tem uma das pressões em recuperação de bola mais intensas do mundo. É um time que com certeza vale estourar uma pipoca, abrir uma cerveja e desfrutar de um belo futebol. Principal força do grupo deve se classificar em primeiro lugar.

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A última seleção que analisaremos é talvez a pior seleção de todas as 32, foi faltando apenas três dias para a abertura da Copa que o Japão conseguiu a sua primeira vitória do ano, contra o Paraguai de virada por 4 a 2. Mesmo com participações pífias e sem evoluções consideráveis, a seleção japonesa conseguiu uma certa hegemonia na Ásia, vem se classificando de forma ininterrupta para Copas do Mundo desde a sua primeira participação em 1998. O máximo que conseguiu atingir foi as oitavas em 2002 e 2010, feito que não se repetirá em 2018.

A seleção japonesa é muito ruim, fraca demais defensivamente, aposta na tradicional velocidade para oferecer algum perigo para os adversários. Depende muito do meia Kagawa para dar certa dinâmica à correria japonesa, bom articulador, não é a toa que está a tanto tempo em um time importante da Europa, o Borussia Dortmund, mas nem todo o talento do mundo é capaz de trazer um bom futebol ao Japão. Também, faltando dois meses para a Copa o técnico Halihodizc foi substituído pelo comandante do sub-23, Akira Nishino, que não sabe o que quer. Escala o time com 3 zagueiros, depois com 2, aí volta para uma linha de 5, claramente o trabalho está comprometido e não tem nas ideias do seu técnico firmeza alguma.

A única coisa que merece atenção no Japão, além da sua carismática torcida, é a mobilidade que Honda e Kagawa proporcionam às rápidas ofensivas do time japonês, sempre procurando os espaços vazios com muita velocidade e inteligência e abrindo espaço para que os alas ataquem com eficiência. De resto, vai apanhar bastante nesta Copa, se passar a fase de grupos sem levar nenhuma sonora goleada já terá sido um grande feito.

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Polônia – Lewandowski

H-03-destaque-poloniaFonte: Nike

Foi uma das várias peças “roubadas” pelo Bayern de Munique daquele incrível time do Borussia Dortmund comandado por Jürgen Klopp que chegou até a final da Champions e perdeu justamente para o time bávaro. Lewa é uma espécie de faz-tudo no time polonês, dono das bolas paradas, capitão, homem referência nos contragolpes e artilheiro da equipe. Aliás, que eliminatórias europeias fez o Lewandowski, foram 16 gols em 10 jogos, um a mais que Cristiano Ronaldo, se sagrando o artilheiro da competição. Se jogasse em uma equipe mais forte, certamente brigaria pela artilharia da Copa do Mundo. De fato, é um alívio ver que um jogador da classe do camisa 9 irá participar de uma Copa do Mundo. É um atacante nato, completo, tem um toque muito refinado na pequena área e sente o cheiro de gol, mas quando precisa, sai da área e ajuda na construção de jogadas de forma muito eficiente, fazendo bom uso da ótima técnica que domina. Sem dúvidas, não só o craque da Polônia como também um dos maiores craques da Copa, vamos torcer para jogar o que sabe e naturalmente se transformar em um dos destaques na sua primeira Copa do Mundo.

Senegal – Sadio Mané

H-03-destaque-senegalFonte: Getty

Peça menos badalada do trio de ataque do Liverpool que causou na Europa nesta temporada, porém, de suma importância. Ao lado de Salah e Firmino, o senegalês Mané foi fundamental com gols decisivos e ajudou a desequilibrar diversos jogos com a velocidade que inseriu ao tripé vice-campeão da Europa, buscando sempre as jogadas de profundidade para surpreender e pegar o adversário desmontado. Na seleção jogará mais centralizado, em uma jogada inteligente do técnico Cissé, explorando essas características marcantes em um posicionamento mais perigoso, entre os dois zagueiros com o Diouf dando opção caindo para a esquerda.

Mané é aquele tipo de jogador que aparece onde você menos espera, sua velocidade o torna onipresente no ataque, somado a isso ele é muito forte fisicamente, finaliza muito bem com ambas as pernas e é habilidoso, gosta de partir para cima e driblar. Não é a toa que se tornou o jogador africano mais caro da história quando foi vendido ao Liverpool por 34 milhões de libras.

Colômbia – James Rodríguez

H-03-destaque-colombiaFonte: AFP

Difícil a missão de escolher um só, mas vamos de James Rodríguez, último jogador revelação de uma Copa do Mundo, dono do gol mais bonito do mundial no Brasil em 2014 contra o Uruguai pelas quartas no Maracanã que também lhe rendeu o Prêmio Puskas e artilheiro da mesma competição, com 6 gols em 5 jogos. No Bayern de Munique renasceu de uma passagem conturbada no Real Madrid e fez uma boa temporada. Pode atuar de meia, atacante, ponta e faz muito bem a função de buscar o jogo e conduzir a bola ao ataque, jogador completíssimo que gosta de cair pela esquerda, mas faz bem a função pela direita também. Tem uma canhota que finaliza com maestria de fora da área e também é muito habilidosa, além de um alto potencial de organização, compreendido muito bem pelo técnico da Colômbia. Tem tudo para brilhar mais uma vez em uma Copa do Mundo, algo que não é para qualquer jogador.

Japão – Shinji Kagawa

H-03-destaque-japaoFonte: MacMadison.co.uk

Meia de muita mobilidade e que marca muitos gols, o veloz Kagawa vai para a Rússia disputar a sua segunda Copa do Mundo. Tem uma estabilidade rara de se ver em jogadores japoneses atuando na Europa, jogou dois anos no Borussia Dortmund, foi vendido ao Manchester United onde jogou mais dois anos, não se adaptou e voltou ao clube alemão, onde tem contrato até 2020 e é peça importante no time.

Tem um toque refinado na bola, domina bem os fundamentos com sua técnica apurada e talento para fazer uso da sua velocidade nos espaços vazios que encontra. É um oásis em um time tão fraco e só não está disputando sua terceira Copa porque o Japão tem uma tradição conservadora e não costuma convocar jovens para a sua seleção, aliás, uma das causas dos problemas nipônicos em 2018. Vamos ver o quanto conseguirá ajudar um time que está muito abaixo do talento de Shinji Kagawa.

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POLÔNIA
Super Girl & Romantic Boys – Spokój

SENEGAL
Mama Sadio – Diar Diar

COLÔMBIA
Fiero – Standard Hotel

JAPÃO
KZA – Le Troublant Acid

 

Grupo G – Bélgica, Panamá, Tunísia e Inglaterra – Análise

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Atenção ao Grupo G, pois é o primeiro colocado daqui que provavelmente enfrenta o Brasil em um eventual quartas de final. À primeira vista parece um grupo fácil para as duas europeias, Bélgica e Inglaterra, mas o grande barato de Copas do Mundo é que você pode pegar o seu vasto conhecimento de futebol, dobrar bem bonitinho e jogar na lata do lixo, tudo pode acontecer e a empolgação de uma estreante como o Panamá pode complicar a aparente vida fácil dessas duas poderosas. Ou até mesmo a busca pela segunda vitória de sua história em Copas do Mundo da Tunísia pode alterar as ordens naturais do Grupo H.

Mas em condições normais de pressão e altitude, o voo deve ser tranquilo para belgas e ingleses, que se encontrarão na última rodada para, provavelmente, decidir o primeiro lugar. A Bélgica vem com talentos em todas as posições, resta ver se conseguirão fazer com que o coletivo seja tão produtivo quanto o individual é, já a Inglaterra vem com um frescor raro para o tradicionalismo que é peculiar aos ingleses, novos talentos, ótimos jogadores, um técnico que se inspirou na Premier League e finalmente conseguiu encontrar um futebol parecido com o praticado na liga inglesa. A Tunísia vem sem o seu principal talento, Youssef Msakni, e sem uma vitória em copas desde 1978 e o Panamá vem para se divertir, como disse o próprio técnico da equipe, fazer uma estreia leve e torcer para que a tranquilidade crie surpresas e altere o status quo no penúltimo grupo desta Copa.

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Com a sua melhor safra da história, a Bélgica tem nessa Copa de 2018 a sua grande chance de fazer história, mas o céu não é perto para a famigerada geração belga, sem dúvida é um time recheado de talentos, do goleiro ao centroavante, porém, ainda pratica um futebol desequilibrado. Foi eliminado na Euro de 2016 pelo fraco País de Gales, seleção de Gareth Bale, e ainda trouxe na bagagem uma verdadeira aula de futebol defensivo da Itália de Antonio Conte.

O time joga muito intensamente, sempre presente no campo adversário, amassando os oponentes com muitas opções, triangulações, tabelas e por vezes um certo excesso de bolas alçadas na área. Batshuayi quando vem de trás sempre causa problemas, Hazard é o toque de classe do ataque, De Bruyne prende bem a bola e tem uma visão de jogo incrível, Lukaku tem faro de gol, sem contar que do volante pra frente você não vai encontrar um jogador que bata mal na bola, todo mundo chama a redonda de “você”. Mas defensivamente falando, no segundo tempo o ritmo cai um pouco e os espaços para o adversário começam a aparecer, a Bélgica ainda pode contar com o goleiraço Courtois, dando aquela confiança a mais para que a seleção belga continue jogando a frente.

Dona de um futebol muito técnico e de muitos talentos, a Bélgica fez uma eliminatória europeia impecável, se classificou de forma invicta e enfiou sonoras goleadas como o 9 a 0 contra Gibraltar ou o 8 a 1 contra a Estônia, adversários patéticos, é verdade, por isso esse timaço recheado de estrelas precisa ainda evoluir para almejar um título do tamanho de uma Copa do Mundo, pois vem apresentando certa instabilidade e tomando muitos gols de seleções melhores montadas. Sem dúvida protagonizará belos jogos e pode ser encaixada em um segundo pelotão de favoritas, mas por mais clichê que isso seja, a camisa não inspira confiança, mas bem, a camisa da França em 98 e a da Espanha em 2010 também não inspiravam.

G-panama

 

 

Quer se arrepiar com futebol e bradar a plenos pulmões que o ludopédio é muito mais do que um esporte? Pois bem, entrem no YouTube agora e procurem o gol que classificou o Panamá para uma Copa do Mundo pela primeira vez em sua história. Em apenas 2 minutos você verá o narrador aos 45 do segundo tempo dizendo que está difícil em um sofrido lamento, um clima de tensão no ar, torcedores chorando, uma bica pra frente, uma bola ganha de cabeça, a bobeira da zaga costarriquenha, o gol, o estádio tremendo, a camisa do autor voando, o banco invadindo o campo, o Galvão Bueno deles perdendo a voz e caindo nas lágrimas, o comentarista chorando ao fundo, faixas em russo pelo estádio tremulando, torcida em cima do alambrado, sinalizadores acesos, um milhão de fotógrafos invadindo o campo, merchan de breja no comentário do gol em meio a soluços chorosos, presidente declarando feriado nacional no dia seguinte e quando tudo acaba não restam dúvidas, o menino futebol não só respira, como pratica apnéia de tão bom que o seu fôlego está.

Essa foi a grande conquista da história do futebol panamenho, logo o que vier pela frente é lucro, é a primeira copa do time da América Central que pode ir orgulhosa para a casa se conseguir um terceiro lugar no grupo, claro que torcemos para que seja o azarão do mundial e surpreenda a todos, mas racionalmente, é impossível acreditar nisso, até porque fez um péssimo amistoso contra a Noruega onde perdeu por 1 a 0 no dia 6 e se mostra um time frágil. Vai adotar um sistema diferente das eliminatórias, um 5-4-1 bem conservador, impor uma pressão mais alta e buscar a roubada de bola de forma muito intensa, apostando nas infiltrações dos meias e abusando do pivô executado por um centroavante lento e muito forte.

Aos grandes feitos, inclua também o fato de que o Panamá deixou a poderosa e riquíssima seleção dos EUA de fora da Copa da Rússia com um futebol disciplinado e muito sólido defensivamente, fruto de um bom trabalho do técnico colombiano Hernán Darío Gómez, que já classificou a Colômbia para a Copa de 98 e o Equador para a Copa de 2002. O desafio agora é o maior que ele tem pela frente, aliás, aumentou com a virada de sorte enfrentada na última semana de preparação. Na derrota para a Noruega, Quintero, o jogador mais criativo do Panamá e que participa de quase todos os gols, quebrou um osso do pé direito e ao voltar para o hotel com a delegação panamenha, descobriu que a seleção panamenha conseguiu o feito de ser assaltada em Oslo. Bem, azar de principiante, que a sorte mude e que o Panamá nos dê mais cenas incríveis como o gol da classificação para a Copa.

G-tunisia

 

 

A Tunísia chega para essa Copa com um currículo bem modesto, só levantou uma taça em sua história, a da dificílima Copa Africana das Nações em 2004; e venceu apenas um jogo em todas as copas que disputou, contra o México em 1978 por 3 a 1, um feito histórico, já que foi a primeira seleção da África a vencer um jogo em Copas do Mundo. Vai tentar ampliar essas magras estatísticas em um grupo que é muito difícil se você não é a Inglaterra ou a Bélgica.

Olhando mais descuidadamente, a Tunísia cumpre o estereótipo do futebol africano, time bem ofensivo e que por vezes abre muitos espaços atrás, porém, tem atuado com um certo equilíbrio e passou invicta pelas loucas eliminatórias da África, voltando assim à uma Copa depois de 12 anos. Recentemente, segurou um empate em 2 a 2 com Portugal e também com a Turquia, demonstrando muita movimentação ofensiva dos laterais e muita combatividade na recuperação da bola dos dois meias Ferjani Sassi e Mohamed Amine Ben Amor, que jogam atrás de três bons meias ofensivos, aliás, o meio campo poderia ter um acréscimo de qualidade caso o técnico tunisiano conseguisse convencer Rani Khedira, irmão do Sami Khedira, a jogar pela Tunísia ao invés de tentar realizar o sonho de jogar pela Alemanha, o que não aconteceu, azar para os dois. Falando em azar, como ele andou circulando pelas vizinhanças panamenhas, a chance da Tunísia conseguir a sua segunda vitória em Copas do Mundo são grandes contra o time da América Central e quem sabe, visto o histórico pífio recente da Inglaterra, não consegue aprontar alguma nesta Copa. Dentro da normalidade, a seleção tunisiana é apenas a terceira força do grupo.

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Novas caras dão o tom da nova seleção inglesa que desembarcou na Rússia tentando apagar o vexame da última Copa no Brasil, quando foi eliminada logo na primeira fase marcando apenas um ponto e ficando atrás de Costa Rica, Uruguai e Itália. Vencer a desconfiança é o maior desafio desta seleção que vem patinando com campanhas fracas em Copas a algum tempo, há a certeza entre alguns torcedores pelas terras da rainha que o bi só vem com outra Copa na Inglaterra. A eliminação para a Islândia na Euro de 2016 aumentou demais essa descrença, o que fez a Federação Inglesa experimentar um técnico jovem que é a cara dessa nova Inglaterra, Gareth Southgate, promovido da seleção sub-21, assumindo a posição de interino por dois meses e sendo efetivado no cargo no final de 2016 após o pior momento da história dos Three Lions.

Southgate montou o time com a terceira menor média de idade desta Copa, ficando atrás apenas de França e Nigéria. Aplicou uma mentalidade mais arejada, jogando um futebol moderno, inclusive, condizente com o que é praticado na Premier League, fonte de inspiração do treinador nascido em Watford. Introduziu um esquema com 3 zagueiros e uma linha defensiva de 5, escalou defensores técnicos, com bons passes para apoiarem as subidas no ataque e abrindo o campo na saída de bola, sendo auxiliados por dois volantes que voltam para buscar o jogo. A defesa é ultra compacta e foi uma das poucas que dificultou de fato o jogo para o Brasil na era Tite, aliás, não só a vida brasileira foi dificultada, a defesa da Inglaterra é muito difícil de ser batida, foram apenas 3 gols sofridos e nenhuma derrota nas eliminatórias europeias.

O ataque tem muita velocidade e também é muito objetivo, jogadores mais habilidosos e criativos como Harry Kane e Sterling foram deslocados para o centro do campo, a fim de buscar espaços e se verticalizar o máximo possível, jogando colados na linha defensiva oponente e saindo com frequência na cara do gol, graças, entre outros fatores, à ótima ligação entre meio campo e ataque do habilidoso, veloz e classudo jogador do Tottenham, Dele Alli. As caras do time inglês também são uma imagem de uma nova Inglaterra, mais miscigenada e tolerante às diferentes culturas que migraram à velha ilha. É uma nova geração que conquistou as Copas do Mundo Sub-20 e Sub-17 e que terá que ser cuidadosa com os dois primeiros jogos contra Tunísia e Panamá, para chegar à última rodada disputando o primeiro lugar do grupo e não uma classificação. Fato é que, a seleção inglesa vem muito bem, quem sabe desta vez o criador domina a criatura e quebra um jejum que já dura 52 longos anos…existem boas chances, mas caso dê errado, a gente põe Stop Crying Your Heart Out do Oasis para tocar de novo.

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Bélgica – Kevin De Bruyne

G-03-destaque-belgicaFonte: Reprodução

Sob a batuta do gênio Guardiola no Manchester City, o belga de 26 anos evoluiu a ponto de ser considerado por muitos o melhor meia da atualidade. Um dos grandes destaques da melhor liga do planeta, De Bruyne é um daqueles jogadores que possuem uma capacidade técnica absurda, muito fora do comum. Passou o ano de 2017 e 2018 inteiros soltando passes sobrenaturais para todos os cantos do campo, tudo graças à sua visão de jogo fantástica, com toques que surpreendem até os mais avisados dos defensores, ele solta a bola e todo mundo para pra assistir o que ele viu que ninguém viu dessa vez. Como se isso não bastasse, um dos expoentes dessa geração de ouro belga ainda bate muito bem na bola, tanto com a direita quanto com a esquerda, sendo sempre certeza de perigo se aproximando quando domina uma bola. O cara também tem personalidade, cornetou a instabilidade defensiva da Bélgica em um amistoso contra o México e dá sinais de que quer trocar o seu milionário salário no City, o comando do melhor técnico do planeta, seu destaque e estabilidade na principal liga do mundo porque o céu de Manchester é sempre cinza, bem, vamos ver se o sol brilhará no céu russo o suficiente para fazer Kevin De Bruyne ser o iluminado desta Copa.

Panamá – Román Torres

G-03-destaque-panamaFonte: Reprodução

Sabe o gol antológico que citei na análise panamenha? Pois bem, eis aqui o autor de tal façanha, o dono do gol mais importante da história do Panamá, Román Torres, jogador sempre atento às oportunidades. Aliás, foi com um certo oportunismo e uma boa dose de esperteza que Román Torres começou a sua carreira, com 12 anos, o jovem era atacante e em uma peneira no Panamá, o técnico pediu para que levantassem as mãos, as crianças que jogavam no ataque, ao constatar que muitos garotos levantaram a mão, ele foi um dos poucos que se declarou um defensor. Estava decidido ali, nas incertezas de sua capacidade, a sua nova posição, e é na zaga que o agora herói nacional, Román Torres, faz história.

Na defesa o homem é um leão, peça essencial no destaque da fraca liga norte americana, o Seattle Sounders, é a base do time. Após a sua lesão no joelho, o time de Seattle teve que lutar para não cair…ah, espera, eles não tem rebaixamento, mas enfim, o time de Seattle passou semanas sem vencer nenhum jogo. Mesmo assim, parece que o desejo de marcar gols nunca abandonou o agora zagueiro Román Torres, e foi esse ímpeto que fez com que ele batesse o último pênalti que deu ao time do Seattle Sounders o primeiro título da MLS e que também subisse ao ataque naquele jogo contra a Costa Rica e marcasse o gol que levou o Panamá à sua primeira Copa do Mundo. Estrela ele tem, uns quilinhos acima do peso também, porém possui ótimos desarmes, alto poder de marcação e aparições perigosas na área adversária, agora resta saber se isso fará história nesta Copa, tomara que sim, porque sem dúvidas trata-se de um dos personagens mais carismáticos e interessantes deste mundial de 2018!

Tunísia – Fakhreddine Ben Youssef

G-03-destaque-tunisiaFonte: Fabrice Coffrini/Getty Images

O grande destaque da seleção tunisiana é o atacante Youssef Msakni, disparado o melhor jogador do time e cotado para o lugar de Mahrez no Leicester, o técnico da seleção tunisiana inclusive declarou certa vez que ir para a Copa da Rússia sem Msakni seria uma tragédia comparada à Argentina ir para a Copa sem o Messi, pois bem, atuando pelo Al Duhail do Catar a apenas 2 meses da Copa, o pior aconteceu, Msakni teve uma lesão no ligamento de um dos seus joelhos e a Tunísia vai sem o seu Messi para a Copa. Quem ficou com a difícil missão de substituir o ídolo de uma nação inteira foi Fakhreddine Ben Youssef, que atualmente joga pelo Al Ittifaq, da Arábia Saudita.

Apesar do 1,93m de altura, o atacante não é um desajeitado, tem boa técnica e joga com muita qualidade pelos lados do campo, atuando com muita inteligência para abrir espaços para os companheiros que chegam de trás. Tem boa finalização e é referência no ataque, faz o pivô muito bem e tem uma importância tática muito maior do que técnica, por isso acabou virando o destaque natural após a lesão de Msakni, vamos ver se consegue fazer a Tunísia esquecer que perdeu a sua grande estrela.

Inglaterra – Harry Kane

G-03-destaque-inglaterraFonte: Nike

Mesmo com todos os holofotes em cima de Harry Kane, o astro mantém-se longe dessa alcunha, simples e dono de uma simpatia rara para uma estrela do campeonato inglês, Kane foi aos poucos, depois do Tottenham o ter emprestado por 4 vezes, cativando o seu lugar como o melhor centroavante do mundo na atualidade.

O jovem atacante inglês de 24 anos vive o seu momento de glória na Inglaterra. Segundo maior artilheiro na temporada da Premier League com 30 gols, foi do pé direito dele que saiu o gol contra a Eslovênia que classificou a Inglaterra para a sua 14ª Copa do Mundo. O atacante do Tottenham tem chamado a atenção dos maiores clubes do mundo, o time londrino logo se apressou e renovou o contrato dele até 2024, aumentando consideravelmente a sua multa rescisória e afastando uma possível transferência para o Real Madrid, onde foi inclusive mencionado pelo ex-técnico da equipe, Zinedine Zidane, como um jogador completo. E de fato ele é, finaliza muito bem com as duas pernas, de cabeça, é rápido, se movimenta muito bem entre os marcadores e tem um raciocínio muito rápido para finalizar e se infiltrar. Com certeza é em Harry Kane que as esperanças de uma sofrida Inglaterra são depositadas.

G-01-forcas

G-00-jogos

Sons-G

BÉLGICA
Bed Rugs – Specks

PANAMÁ
Los Dinamicos Exciters – Let Me Do My Thing

TUNÍSIA
Dalton – Soul Brother

INGLATERRA
Noel Gallagher’s High Flying Birds – She Taught Me How To Fly

 

Grupo F – Alemanha, México, Suécia e Coreia do Sul – Análise

F-02-análises

Atenção ao grupo F, é daqui que sai o possível adversário do Brasil nas oitavas. Grupo de uma das favoritas da Copa, a Alemanha, que busca o penta com uma base muito parecida com a que venceu o torneio em 2014. Aliás, apesar de um deslize no caminho durante a Euro, o time continua jogando muito bem e teve a chegada de algumas peças novas, o que oxigenou o elenco, mesmo que a mais habilidosa de todas, Sané, tenha sido cortado de forma surpreendente, Joachim Löw disse que o jogador do Manchester City ainda não havia engrenado no time alemão e deu a vez para jogadores que desempenharam bem suas funções na jornada rumo à Rússia, cabe a Alemanha nessa fase de grupos espantar a zebra que vem assombrando as campeãs mundiais em suas Copas seguintes desde 2002, com excessão de 2006, e não cair na primeira fase, tarefa bem fácil, uma vez que o time joga um futebol classe A e tem de um a dois craques por posição.

Tarefa difícil mesmo sobrou para as outras três seleções do grupo, que têm que mirar em uma vaga só e não praticam um futebol tão regular assim. A Suécia sai um pouco a frente, não tem um time estrelado mas tem um coletivo muito forte, pelo caminho até a Rússia eliminou as tradicionais Holanda e Itália, ou seja, alto potencial de surpreender e aprontar para cima de grandes seleções. O México vem como sempre, um time difícil de se bater, mas com certa predisposição a apanhar, com Osorio no banco, a seleção mexicana certamente protagonizará jogos divertidíssimos, bem francos e abertos. O time não abre mão da ofensividade, no máximo busca um certo equilíbrio defensivo, mas quando as coisas vão mal, pode esperar uma chuva de gols. Sobrou para a Coreia do Sul a dura missão de lutar para não ser a última do grupo. Teve muitas dificuldades nas eliminatórias asiáticas, que são famosas pelo baixo nível técnico e tático, não tem sequer um esquema definido e vai apostar na sua tradicional velocidade para tentar surpreender alguém, mas a realidade é que os sul-coreanos têm uma das seleções mais fracas desta Copa. Vamos ver o que acontecerá a partir de domingo, dia 17.

F-alemanha

 

 

Chegou a hora de encarar esse trauma de frente, bora falar da Alemanha. Na última Copa o 7×1 contra o Brasil na semifinal pode fazer parecer que o time alemão foi uma máquina, de fato foi um time muito bom, mas se lembrarmos bem, quase foi eliminada pela Argélia nas oitavas, fez um jogo duro e venceu no detalhe a França nas quartas e só venceu a final contra a Argentina por culpa de um gol feito perdido pelo Higuaín ainda no primeiro tempo. Não estou tentando desdenhar, pelo contrário, se com essa campanha difícil a Alemanha conseguiu chegar ao tetra, as possibilidades para a Copa da Rússia podem ser melhores, podem, porque o time alemão também parece ter os seus problemas para superar.

A eliminação para a França na Euro de 2016 foi um duro golpe e mostrou que os germânicos não são imbatíveis, a proibição de sexo antes das partidas pelo técnico Joachim Löw pode mostrar um grupo um pouco mais indisciplinado, mais relaxado e isso pode acender um sinal de alerta, desde 1998, com exceção do Brasil em 2006, todas as campeãs do mundo caíram na primeira fase na Copa seguinte. O corte do habilidoso Sané surpreendeu e certamente faz com que a seleção perca um pouco do fator surpresa e de talento no meio campo, sem contar que este fato dá sinais de que talvez a renovação na Alemanha não tenha dado lá muito certo por enquanto. E por fim, Neuer volta ao gol fora de ritmo após uma lesão tirando o lugar de Ter Stegen que vem em ótima fase. Esse foi um olhar mais urucubático, mas a verdade é que a Alemanha, apesar dessas incógnitas, é uma das francas favoritas ao título junto ao Brasil.

O time joga por música, defende muito bem e com rara eficiência, pratica um jogo de muita intensidade com passes rápidos que desnorteiam qualquer adversário mal avisado somados a um jogo de muita movimentação que envolve o oponente. Tudo isso garantiu a melhor campanha das eliminatórias europeias, com 100% de aproveitamento em 10 jogos e 43 gols marcados, um recorde. Boateng, Hummels, Kroos, Özil, Müller, Götze, Reus, Khedira, Goretzka…são tantos talentos na seleção alemã que fica difícil não imaginar a Die Mannschaft (A Equipe) na final mais uma vez.

F-mexico

 

 

Tão tradicional quanto a boa campanha do México nas eliminatórias da CONCACAF é a instabilidade da seleção no futebol praticado fora das Américas Central e do Norte. A famosa frase mexicana “jogamos como nunca e perdemos como sempre”, pode se encaixar muito bem no time que vai para a Rússia.

As grandes oscilações de desempenho já estão virando marca registrada nos trabalhos do técnico Carlos Osorio, mas não podemos reclamar de falta de emoção nos jogos mexicanos. O treinador colombiano montou um time muito ofensivo e perigoso, por isso é preciso cuidado contra a seleção norte americana, em contrapartida, toma muitos gols, como no 7 a 0 contra o Chile na eliminação da Copa América Centenária e o 4 a 1 contra a Alemanha durante a Copa das Confederações. Por conta disso, “el profesor” vem estudando um esquema um pouco mais seguro, montando uma defesa com 5 jogadores por vezes ou fechando mais o meio campo durante os amistosos pré copa. Funcionou, em 4 jogos sofreu apenas um gol, fazendo a caneta vermelha de Osorio entrar menos em ação. Mas o saldo final é de um time bom, que controla bem a posse de bola e tem muita competência no jogo ofensivo. Com bons nomes como o ótimo finalizador, Chicarito Hernández e Héctor Herrera, jogador com muita qualidade no passe e técnica refinada, o México briga sério por uma vaga nas oitavas.

F-suecia

 

 

Falar de Suécia sem Ibrahimovic é um pouco frustrante, mas não há o que fazer, a polêmica ainda está difícil de entender, o craque sueco diz que quer ir à Copa, mas não deixou claro se estava brincando ou não, o técnico quer ouvir dele que a aposentadoria após a Euro 2016 será interrompida, alguns membros do elenco o chamam de egoísta e dizem que é melhor que ele não se junte à seleção, a FIFA o proíbe de jogar se ele não abrir mão de um patrocínio milionário de uma empresa de apostas, enfim, o imbróglio foi tanto que a Federação Sueca anunciou que o maior jogador da Suécia de todos os tempos não irá disputar a Copa e ponto, deixando a entender que foi uma decisão mais do Zlatan do que do técnico Janne Andersson, comandante desde 2016.

Pior para a Suécia, que pode, em determinado momento da competição, demonstrar uma certa carência de um craque que pode decidir qualquer jogo com apenas um lampejo. Mas pior quanto? Pois até agora a seleção sueca dá intensas amostras de ser uma equipe forte, caiu no grupo mais difícil das eliminatórias, com França e Holanda, ficou atrás da primeira e deixou a laranja mecânica pelo caminho, de quebra, ainda eliminou a Itália na repescagem em uma surpreendente jornada rumo à Rússia.

Surpreendente porque diferente de anos atrás, os jogadores suecos não mais ocupam lugares de destaque em times grandes da Europa, a maioria jogam em clubes de mercados secundários, porém, o novo técnico dos escandinavos conseguiu montar uma equipe muito boa, com um coletivo forte e um camisa 10 muito participativo, o meia Fosberg. A verdade é que a Suécia se montou um time muito dedicado, trabalhador e de muita colaboração entre os jogadores, e desse ponto de vista, talvez Ibrahimovic poderia desequilibrar o grupo e tirar a característica que fez com que o time sueco conseguisse resultados tão expressivos nos últimos dois anos. Time um pouco mais estável que o México, sai um pouco a frente na disputa pela segunda vaga.

F-coreia

 

 

Depois daquele terceiro lugar muito estranho e bem obscuro da seleção sul coreana jogando em casa em 2002 eliminando no apito Itália e Espanha, nada de demais foi produzido pelo time asiático. Tá certo que há uma evolução com a sua presença constante em Copas do mundo, mas em 16 anos passaram da primeira fase apenas uma vez, em 2010, quando foram eliminadas nas oitavas pelo Uruguai. A seleção se classificou na bacia das almas, no último jogo em um empate sem gols contra o Uzbequistão, tirando também a vaga direta da Síria que vinha em uma campanha heróica e acabou sendo eliminada na repescagem para a Austrália. A campanha foi tão fraca nas eliminatórias asiáticas que o técnico alemão Uli Stielike caiu mesmo classificando a equipe.

Também pudera, ficou meses sem ganhar um jogo, quebrou o jejum em um amistoso contra a Colômbia e não apresenta qualquer tipo de evolução. Um time muito fraco defensivamente e muito vulnerável somado à um ataque que não faz mal a ninguém, tirou qualquer entusiasmo dos divertidos torcedores sul coreanos. O time, agora comandado pelo treinador local, Taeyong Shin, saiu de um 4-3-3 em janeiro, experimentou um inconsistente 4-4-2 e às vésperas da Copa decidiu montar um time com três zagueiros. Aí não tem jeito, é apostar no bom toque de bola e na boa e velha velocidade, característica marcante da Coreia do Sul, para tentar passar de fase, se bem que um ótimo resultado já seria não ficar na lanterna do grupo.

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Alemanha – Toni Kroos

F-03-destaque-alemanhaFonte: dfb.de

Sem dúvida um dos melhores meias do mundo hoje. Reúne todos os conceitos de um jogador moderno, obediência tática acima da média, muita qualidade em todas as ações executadas em campo, possui o mais alto nivel técnico possível no esporte praticado hoje e passou assombrosos 4 meses sem errar um, eu disse, UM passe sequer atuando pelo Real Madrid. Pois é, só que desfrute bem desse jogador fantástico nos próximos dias porque pode ser a última Copa do Mundo do alemão, ele é jovem, tem 28 anos, mas declarou em uma entrevista recente que pretende encerrar a carreira aos 30 anos.

Os motivos dessa decisão não conhecemos, mas o que conhecemos bem são os seus lançamentos milimétricos, a habilidade ímpar de sair jogando e conduzir a bola, as assistências fatais, sua inteligência e a agilidade em achar brechas em qualquer jogo complicado. É um trunfo poderoso na estrelada e não menos poderosa tetracampeã Alemanha, que tem tudo para conquistar o penta com a participação decisiva de Toni Kroos.

México – Chicarito Hernández

F-03-destaque-mexicoFonte: Marca.com

Chicarito Hernández é um daqueles jogadores na pegada de atletas como o Ganso, parecia que seria um daqueles craques unânimes e acabou não vingando, com passagens que mesclavam bons momentos com atuações apagadas por diversos clubes, Chicarito nunca conseguiu se firmar como o craque que poderia ser. Seu clube atual, o West Ham, já disse que aceitará ouvir propostas pelo atacante, que atuou por dez meses e marcou apenas oito gols, muito pouco para quem custou 18 milhões de euros, porém, o jogador é uma peça fundamental para o México, se destacando entre os demais companheiros e fazendo história.

Com o seu gol no empate em 2 a 2 com Portugal na Copa das Confederações, Chicarito Hernández se tornou o maior artilheiro da história da seleção mexicana, ultrapassando Jared Borgetti, que marcou 46 vezes. Exímio finalizador, no time do México, o talentoso jogador consegue desempenhar bem as suas melhores características, técnico e habilidoso, joga com muita intensidade e tem bom ritmo, dribla e passa muito bem com ambas as pernas e usa da velocidade e da agilidade para marcar gols sem parar. É peça fundamental no difícil desafio de arrumar uma vaga nas oitavas para o México.

Suécia – Emil Forsberg

F-03-destaque-sueciaFonte: Bundesliga.com

O grande nome da Suécia para essa copa é a antítese do craque Ibrahimovic, tímido e astro do RB Leipzig, time novo que obteve sucesso e subiu para a Bundesliga odiado por meio mundo, o jogador tem um perfil mais lo-fi. Recusou uma proposta do Liverpool para continuar no Leipzig e ficar perto da namorada, Shanga, que atua pelo time feminino do clube alemão e é a crítica mais ferrenha quando o futebol do meia não é satisfatório.

Vindo de uma família de futebolistas, o vô foi destaque nos anos 50, o pai atuou no mesmo clube em que começou e Forsberg seguiu a tradição de família. Sua humildade e timidez já foi pontuada pelo próprio pai, que atribuiu à essas duas características a razão pela qual as entrevistas do filho são tão chatas. Mas com a bola no pé não existe timidez que segure Forsberg, o camisa 10 é muito rápido e deu uma dinâmica de jogo completamente nova para a estática seleção sueca, com infiltrações sempre objetivas e perigosas, o meia por vezes joga tanto na ponta esquerda quanto na ponta direita, flutuando muito bem e com certa agilidade na frente da área adversária. Em um time com certa abstinência de estrelas, o sueco tentará entrar no hall de craques desta copa, mesmo que nas entrevistas após os jogos, sua timidez e simplicidade não admitam tal feito.

Coreia do Sul – Son Heung-Min

F-03-destaque-coreiaFonte: Liam Blackburn/Press Association Sport

Beckham da Coreia, é assim que é conhecido o jogador do Tottenham em seu país natal, onde é a grande estrela da seleção nacional. Já na Inglaterra passa quase despercebido, mas é de suma importância para o clube londrino. Jogador muito versátil, dono de uma boa técnica e com uma característica comum aos coreanos, a velocidade, Son se tornou um ótimo coadjuvante e exerce papel importante na grande fase do artilheiro da Liga Inglesa, Harry Kane. Mas não é só como garçom que o sul-coreano incomoda, e muito, as defesas adversárias, o meia atacante também marca muitos gols. Aliás, é um risco chamá-lo de meia atacante até porque o próprio técnico do time inglês, Pochettino, não sabe qual a posição de Son, ou como ele mesmo disse, ele não é um camisa 10, um ponta esquerda ou um centroavante, mas pode ocupar todas essas posições e atuar muito bem.

E foram por essas razões que o Beckham sul-coreano foi o jogador asiático mais caro da história, quando o Tottenham pagou 30 milhões de Euros ao Bayer Leverkusen pelo sul-coreano em uma das raras vezes em que Son Heung-Min foi manchete nos jornais ingleses. Não sei se o sul-coreano tem alguma pretensão de estampar capas de jornais, mas a verdade é que, apesar das grandes qualidades, Son terá que fazer os três jogos da sua vida na Copa para conseguir fazer com que a fraca seleção da Coreia do Sul consiga um milagre e alcance as oitavas de final desta Copa, algo que não acontece desde 2010, quando Son ainda jogava na base do Hamburgo, na Alemanha.

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Sons-F

ALEMANHA
Stereo Total – I Love You Ono

MÉXICO
Maldita Vecindad y Los Hijos Del Quinto Patio – El Circo

SUÉCIA
The Soundtrack of Our Lives – Sister Surround

COREIA DO SUL
Rainbow Trio – 바삐 – (???)

Grupo E – Brasil, Suiça, Costa Rica e Sérvia – Análise

E-02-análises

O pote 2 do sorteio da Copa de Rússia era um pote ingrato e poderia ter prejudicado muito o Brasil com a escolha de um adversário mais duro como Espanha ou Inglaterra, na verdade, esses eram os dois mais temidos, acabou saindo a Suiça, talvez o terceiro mais “temido” desse pote, portanto não esperem uma estreia fácil para o Brasil em 2018, porém, a seleção brasileira está muito acima das três demais, aliás, pode ser considerada a favorita junto à Alemanha e por isso não deve encontrar dificuldades para assegurar o primeiro lugar na primeira fase.

A surpresa da Costa Rica em 2014 e a estabilidade da Suiça durante as eliminatórias europeias passam a ideia de que a Sérvia seria o time mais fraco do grupo, mas isso não parece condizer com a realidade, é um time com muito talento e que se jogar centrada e não com a irresponsabilidade que lhe é peculiar, pode sim conseguir essa segunda vaga no grupo. Os costarriquenhos decaíram desde a última Copa, mas se tem algo que o mundial no Brasil nos ensinou é que não parece ser uma boa ideia desprezar o país caribenho. Já a Suiça chega com um futebol burocrático, sem nenhum tempero porém muito equilibrado, os últimos três jogos das eliminatórias demonstraram uma queda de rendimento, mas o jogo defensivo e pouco criativo podem assegurar a segunda vaga, uma certeza temos, a Suiça protagonizará os jogos mais mornos da competição, como é habitual.

A verdade é que neste grupo teremos a disputa mais dura pela segunda vaga de todos os grupos, é impossível apontar alguma das três seleções à frente da outra, talvez seja um dos grupos mais difíceis da Copa pelo equilíbrio, o Brasil corre bem a frente, mas se alguém conseguir tirar pontos da pentacampeã mundial, muito provavelmente passará às oitavas.

E-brasil

 

 

Não há como negar, sem Tite essa seria mais uma copa fria, frustrada e sem muitas expectativas para o Brasil de novo, isso se a seleção conseguisse se classificar para o mundial. O técnico é o responsável pelo ressurgimento de uma força da natureza futebolística, e isso assusta todo mundo, falo sem apelar para a velha arrogância vazia brasileira que nos assombrou e contribui em vexames nas últimas 3 copas, passando por eliminações contra França, Holanda e um ridículo 7×1 contra a Alemanha. A bem da verdade, o Brasil não tinha um técnico que sequer estivesse por dentro do que há de moderno no mundo desde 2002, sendo muito generoso. Tite deu o equilíbrio que o time precisava, não é um técnico revolucionário e ainda não deu sinais de que deixará seu nome na história como um gênio inovador, mas enxerga o futebol como poucos no mundo e isso pode ser o suficiente para deixar seu nome marcado na história como protagonista de um título mundial. Desde que assumiu foram 20 jogos, com 16 vitórias e apenas 1 derrota, 44 gols marcados e apenas 5 sofridos, são números impressionantes que mostram uma defesa muito sólida e um ataque que sabe capitalizar esse equilíbrio que o professor Adenor sempre buscou em suas equipes.

Com o goleiro mais cobiçado do momento, Alisson, o melhor lateral do mundo hoje, Marcelo; Danilo substituindo Dani Alves sem comprometer e a dupla de zaga formada por Miranda e mais recentemente Thiago Silva no lugar de Marquinhos, o sistema defensivo brasileiro não é só muito competente como também tem uma saída de jogo de muita qualidade, porém nem tudo são flores, o duelo contra a Inglaterra no ano passado e contra a Croácia no domingo, dia 03, serviram para mostrar que o Brasil ainda tem dificuldades criativas quando joga contra 3 zagueiros e um sistema defensivo mais conservador. Contra os croatas, o meio campo armado com três volantes de ofício, simplesmente não funcionou e resultou em pouquíssima criatividade e no adversário ocupando o campo defensivo brasileiro por quase 45 minutos. O banco não parece suprir as necessidades de uma equipe que pode precisar mudar o jogo. O fator Neymar também preocupa, voltando de uma lesão séria, o nível que desempenhará seu futebol é uma incógnita e o maior desafio de sua carreira, contra a Croácia entrou e meteu um golaço, mas ainda é cedo para qualquer tipo de conclusão. Porém o clima é de muito otimismo, Gabriel Jesus disputa vaga com Firmino gol a gol, Coutinho está em grande fase e quando o Neymar entra e ele assume a posição de meia, o time flui muito melhor e joga um nível acima com muito mais movimentação, agilidade e criatividade; Willian traz muita qualidade e velocidade ao lado esquerdo do ataque e Paulinho é peça fundamental no esquema brasileiro, chega de trás com ótima presença e de forma sempre decisiva, pode ser um dos craques da Copa facilmente, enfim, nomes de destaque não faltam nos 11 titulares e Tite vem obtendo sucesso em tirar o melhor desses jogadores e organizar um time que tem cara de campeão do mundo. Definitivamente uma das favoritas junto à Alemanha, alguns degraus acima de França, Espanha e Argentina. É torcer e ver se o hexa vem.

E-suica

 

 

A seleção suiça vem se habituando a disputar grandes competições, prova disso é que a classificação na repescagem contra a Irlanda do Norte não foi cercada de festa, principalmente porque até a última rodada da fase de grupos estava invicta e perdeu a vaga direta na derrota por 2 a 0 para Portugal no Estádio da Luz sob os olhares atentos da Madonna. O jogo defensivo é uma marca registrada da Suiça, basta lembrar o fato bizarro de que na Copa de 2006 a Suiça foi o primeiro país na história a ser eliminada sem sofrer nenhum gol. Essa vocação defensiva contrasta com um jogo ofensivo quase nulo, o centroavante Seferovic por vezes fica isolado na frente completamente desconectado do jogo. Tem cara de que será um difícil adversário para o favorito do grupo, Brasil, no jogo de estreia, pois pratica um futebol que tem demonstrado certa dificuldade para ser superado pela seleção brasileira, mas fora isso, me parece que cumprirá o papel que a Suiça tem cumprido nas últimas copas, o de protagonizar os jogos mais pragmáticos e chatos do torneio.
Uma das qualidades da equipe é a de adaptar o jogo em função do adversário, abrindo um pouco mão de uma certa personalidade, mas abraçando uma competitividade burocrática que quase botou para fora na última Copa a Argentina, mas acabou sendo eliminada, mais uma vez, nas oitavas, sinceramente espero que Costa Rica e Sérvia possam apresentar um futebol interessante e agitar as coisas um pouco na disputa pelo segundo lugar contra a Suiça, porque não seria interessante ver essa seleção ir muito longe ao contrário das outras três seleções do grupo.

E-costarica

 

 

A única certeza que tenho nessa vida é a de que a Costa Rica será eliminada na primeira fase ou a Costa Rica vem fazer turismo e trouxe malas para uma semana. Foram essas as frases que mais ouvíamos após o sorteio da Copa de 2014 quando a Costa Rica caiu em um grupo com três campeões do mundo, Itália, Uruguai e Inglaterra. Pois é, por isso amamos o futebol, não só se classificou como foi a primeira do grupo e definitivamente a grande sensação da Copa do Brasil. Por essas e outras não seremos inocentes com a Costa Rica desta vez, segunda colocada das eliminatórias da CONCACAF e uma das principais responsáveis pela eliminação dos EUA com uma goleada de 4 a 0 em casa e uma vitória por 2 a 0 em solo norte americano, os costarriquenhos lutam sim pela segunda vaga do grupo E, com certa desvantagem para os outros dois europeus mas lutam.
Porém, aquele futebol de 2014 já está bem desgastado e a seleção não dá sinais de que surpreenderá de novo, o nível de jogo decaiu e o fator surpresa foi pelos ares com a grande campanha no Brasil quando atingiu as quartas de final e foi eliminada nos pênaltis pela Holanda. Isso somado ao fato de que nunca é um bom sinal quando o craque do time é o goleiro, e esse é o caso da seleção costarriquenha que tem como destaque Keylor Navas, do Real Madrid. Esses fatores acendem o sinal de alerta na Costa Rica e mostram que talvez o seu momento ao sol tenha sido a 4 anos atrás e está um pouco distante de se repetir. Mas que seria maravilhoso estarmos errados sobre a Costa Rica de novo, sem dúvida seria.

E-servia

 

 

O Brasil europeu, é assim que muitas pessoas, inclusive sérvios, classificam o futebol na Sérvia, seleção muito técnica, que tem como objetivo praticar um futebol bonito, bem jogado, com lances plásticos e jogadas que encantam, é isso que coloca a Sérvia como uma grande candidata à segunda vaga do grupo mas também é o que mais preocupa na seleção europeia. Por muitas vezes uma jogada de efeito, aquele toque a mais nos lances fazem com que o time se perca um pouco, mas fora isso, nessa jornada da Copa da Rússia, o saldo vem sendo positivo para a Sérvia, com apenas 1 derrota em 11 jogos e a classificação direta para o mundial em um grupo que ok, não oferecia lá essa dificuldade(Irlanda, País de Gales, Áustria, Geórgia e Moldávia).

Fato é que tecnicamente, entre Costa Rica e Suiça, a seleção sérvia se destaca, fonte dos jogadores mais habilidosos da antiga Iugoslávia, a Sérvia parece largar um pouco a frente na disputa pela segunda vaga, tudo vai depender de como ela irá lidar com o ferrolho suiço e com a incógnita Costa Rica, porém, um time com estrelas ela tem, não mais tão envelhecido devido à demissão do seu técnico após a classificação para a Rússia justamente porque o ex-comandante não escalava jogadores jovens. A troca recente no comando introduz uma certa insegurança aos sérvios, mas mesmo assim, podem fazer uma primeira fase bem interessante, abocanhar essa segunda vaga e naturalmente cruzar o caminho da Alemanha nas oitavas.

os-craques

Brasil – Neymar

E-03-destaque-brasilFonte: Pedro Martins/MoWA Press

Com a bola nos pés é um gênio, um dos 5 maiores jogadores da atualidade, rápido, dono de uma rara habilidade, um ótimo finalizador, distribui muito bem o jogo e tem um talento único para ajudar os companheiros com suas assistências, enfim, as qualidades futebolísticas do Neymar todos nós conhecemos bem desde os tempos de Santos, ele tem potencial para decidir uma Copa do Mundo, mas o grande drama é se ele terá maturidade e controle para atingir tal feito.

É um jogador de baixa inteligência emocional e isso é decisivo para que ele ainda não tenha atingido sucesso na sua obsessão de ser eleito o melhor do mundo, de fato, parece ainda estar longe disso. Olhe para os grandes atletas de hoje em dia, Roger Federer, Tom Brady, CR7, Messi, LeBron James, Bolt, reparem no equilíbrio que esses esportistas praticam a sua modalidade, como nada parece os abalar, a inteligência emocional é altíssima e faz com que esses super humanos desfrutem o máximo do seu potencial, do seu talento. Algo parece segurar Neymar no chão e o seu grande desafio é controlar o lado emocional e se manter equilibrado para ser decisivo em uma seleção que perde metade do potencial sem ele. Neymar tem sorte, Tite é um especialista em manejar esse tipo de situação, mas outro ponto é preocupante, depois de meses parado por uma contusão séria, Neymar está longe dos 100% e fora de ritmo, ele mesmo reconhece que esse será o maior desafio de sua carreira, mas para quem lembra do Ronaldo em 2002, se enche de esperança e otimismo, vamos ver o que acontecerá, mas com certeza Neymar é um dos protagonistas da Copa e ficar de olho nele significa acompanhar um ótima história.

Suiça – Shaqiri

E-03-destaque-suicaFonte: Alex Livesey/Getty Images Europe

Tá certo que os últimos anos não foram muito bons para o suiço nascido em Kosovo, Shaqiri, jogador desbocado, já criticou a velocidade do futebol italiano e a infra estrutura da Inter de Milão, no Stoke City declarou que nem Ronaldinho Gaúcho conseguiria fazer muito pelo time e de quebra ainda deixou em aberto a possibilidade de atuar pela seleção kosovar e trocar a seleção suiça após a eliminação para a Polônia na Euro onde não foi escolhido como capitão. A gente gosta desse tipo de atitude, mas no conservador meio futebolístico, a sinceridade não é muito motivada e acaba por ofuscar o bom futebol do jogador.

Mesmo com o momento difícil, Shaqiri chega como um dos destaques da Suiça nesta Copa, junto ao volante do Arsenal, Xhaqa. Atuando pela meia direita, é um jogador muito rápido e também muito criativo, usa bem a sua canhota para distribuir o jogo e por vezes, finalizar e marcar gols, como os três que meteu em Honduras na Copa passada na vitória por 3 a 0 que classificou o time às oitavas. Jogador com poder de mudar um jogo com o seu drible curto e suas boas finalizações de fora da área, forte, baixinho e muito veloz, já marcou 20 gols pela sua seleção. É esperar para ver se o esquentado meia conseguirá conduzir a Suiça rumo às oitavas em um grupo que é muito difícil para a seleção europeia.

Costa Rica – Keylor Navas

E-03-destaque-costaricaFonte: Reprodução

Como dito antes, nunca é um bom sinal quando um goleiro é o destaque do time, mas justiça seja feita, Keylor Navas, goleiro do Real Madrid de estatura média, 1,85m e 31 anos, fez um épico final de temporada pelo clube espanhol no ano de 2018. Mesmo não sendo unanimidade no clube, uma vez que o Real entrou de vez na briga pela contratação do companheiro de grupo, o guarda redes brasileiro, Alisson, Navas foi um dos protagonistas do quarto título consecutivo na Liga dos Campeões da equipe merengue, fez milagres na final, na semi e nas quartas, passando uma segurança para a defesa que a tempos não viamos nos galáticos.

Essa habilidade de crescer em momentos decisivos é que chamou a atenção do mundo para o costarriquenho que em 2014 fez uma Copa impecável, sem dúvida foi um dos melhores arqueiros do último mundial e garantiu um contrato com um dos maiores clubes da história. Vai jogar tudo o que pode porque sabe que uma boa Copa do Mundo pode garantir a camisa número 1 do Real Madrid muito mais do que uma exigência contratual, como a que fez para renovar com o clube, condicionando a sua permanência à não contratação de outro goleiro de alto nível.

Sérvia – Matic

E-03-destaque-serviaFonte: Matthew Lewis/Getty Images Europe

Seria o que chamamos aqui de motorzinho da seleção sérvia, um jogador de muita entrega tática e que vem se destacando na melhor liga do planeta, a Premier League. Foi peça fundamental no último título do Chelsea e chamou a atenção o Manchester United, se tornando hoje, uma peça essencial no time inglês. Atua como volante de saída, é peça importante na saída de jogo e também apoia o ataque muito bem, sempre levando perigo em suas subidas, mas quando precisa apoiar na marcação desempenha a função com muita competência.

Foi centro de uma polêmica mudança no seleção sérvia neste ano, quando o novo técnico definiu Kolarov como capitão e ele como vice capitão, tirando braçadeira que pertenceu por 6 anos ao lateral Ivanovic. Matic negou que o clima estivesse ruim e fim de papo, foco total na Copa e na Sérvia, país que já batizou uma rua em seu nome. Tem qualidade para que seu nome batize também monumentos, avenidas e afins, mas para isso precisará ser decisivo em um grupo muito complicado.

E-01-forcas E-00-jogos Sons-E

BRASIL
Nação Zumbi – Bossa Nostra

SUIÇA
Pepe Lienhard Sextett – Happy People

COSTA RICA
Walter Ferguson – Carolyne

SÉRVIA
Popcycle – Vetar Je Jak