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Grupo H – Polônia, Senegal, Colômbia e Japão – Análise

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O último grupo da Copa é também um dos mais interessantes do torneio. A Colômbia tem um futebol interessante, leve e bom de se ver, foi a equipe mais suculenta da última Copa e manteve sua base, conseguiu até evoluir de forma interessante, com um belo trabalho de José Pékerman, que soube organizar e canalizar a criatividade colombiana em um estilo de jogo bonito e competitivo. Já a Polônia é um time ofensivo e que acaba tomando muitos gols, foi a defesa mais vazada de todas as europeias classificadas para a Copa, tem uma certa dependência do craque Lewandowski, artilheiro das eliminatórias, mas mesmo assim é uma seleção muito competente que deve brigar pelo segundo lugar com Senegal, uma das seleções africanas mais fortes do mundial. Contrariando o estereótipo de seleções africanas que são desorganizadas defensivamente, Senegal é um time bem equilibrado, de muita velocidade e força. A única seleção africana treinado por um jogador natural do país, o ex-capitão daquela seleção senegalesa que encantou o mundo em 2002, Cissé. Fechando o grupo, o Japão, vai brigar pelo posto de pior seleção da Copa com muita garra e dedicação, um desastre defensivo que aposta na velocidade dos contra-ataques e na boa articulação de Honda e Kagawa mais a frente.

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Sem ir à uma Copa desde a Alemanha em 2006, a Polônia chega à Rússia com uma certa instabilidade, o time toma muitos gols, mas também vence muitos jogos, tudo graças ao faro de gol de um dos melhores centroavantes do mundo, Lewandowski, que marcou 16 vezes nas eliminatórias europeias. Isso pode ser encarado como um bom sinal, afinal, quem não quer um craque desses na sua seleção, ou como um mau sinal, uma vez que o time tem uma dependência muito grande do capitão e camisa 9 do Bayern de Munique, o que acaba por gerar certas fragilidades. Uma boa marcação ou uma lesão na estrela do time e tudo vai por água abaixo, basicamente a Polônia é Lewa mais dez.

Foi a primeira colocada do Grupo G das eliminatórias europeias, um grupo que era bem fraco, mesmo tendo a boa Dinamarca. De todas as seleções classificadas da Europa foi a que mais tomou gols, foram 14, incluindo quatro na goleada sofrida para a Dinamarca, em um 4 a 0 que contabilizou a sua única derrota. Na Euro em 2016 foi eliminada nos pênaltis pela campeã Portugal nas quartas, ou seja, mesmo aos trancos e barrancos, trata-se de uma seleção muito competitiva. Joga com 3 zagueiros para que o meio apoie de forma mais intensiva e para que também a defesa consiga ocupar o campo adversário. É um time que tenta ter a posse de bola e joga bem aberto com Grosicki e Kuba nas pontas e por vezes se aproximando de Lewandowski para triangulações e passes curtos, que aliás, é uma característica do time como um todo.

Deu certa sorte no sorteio e viu suas chances aumentaram por não dividir o grupo com nenhuma outra seleção de peso, mas precisará se mostrar tão forte quanto a Polônia ouro nas Olimpíadas de 72, para sonhar com uma vaga nas oitavas, imaginar algo além disso é demais para esse time polonês.

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Seleção africana com maiores chances de classificação junto ao Egito, na minha humilde visão. Está em um grupo que a permite sonhar fazer uma campanha tão grandiosa quanto a de 2002 quando venceu o primeiro jogo contra a campeã França na primeira fase, colaborando com a eliminação precoce dos “Bleus” e só foi parada nas quartas pelo bizarro golden gol que a Turquia marcou na prorrogação. E não só por estar em um grupo de dificuldade média é que Senegal tem boas chances, o time é bom e portanto é uma boa ficar de olho no time africano, que com certeza fará belos jogos nesta Copa, inclusive com ótimas chances de deixar a Polônia para trás e brigar pelo segundo lugar do grupo.

O time é muito forte fisicamente e geralmente vem bem postada na defesa, aproveitando da força para fazer pressão alta nos ataques adversário, espera o jogo e sai com muita velocidade nos contra-ataques. Tem uma organização que joga no lixo aquele estereótipo mofado de que seleções africanas são extremamente desorganizadas, com uma ofensividade absurda e muita correria. Não, Senegal tem quase todos os seus jogadores atuando na Europa e um elenco composto por muitos talentos, inclusive o técnico, um dos poucos comandantes africanos a frente da sua seleção nacional, aliás, uma das estrelas daquela seleção de 2002, CIssé. O ex-jogador organizou a casinha e joga em um 5-3-2, a frente Diouf, jogador com ótimas arrancadas, centralizado com o destaque da equipe, Mané. A dupla de ataque não ajuda na defesa, tarefa para os 5 defensores e os 3 meias, que quando têm a bola, lançam os poupados atacantes, assumindo uma postura de jogo mais reativa, que ás vezes sobe bastante a marcação e faz muita pressão para roubar a bola mais à frente. Na Copa das Nações Africanas o resultado final não veio, foi eliminado pelos campeões Camarões nos pênaltis, com um chute desperdiçado por Mané, mas de qualquer forma, Senegal pratica um futebol muito competitivo e de talento e deve proporcionar divertidas horas à frente da TV.

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Chegou a hora de falar do time mais legal da última Copa e dona da torcida mais fantástica do mundo, fato! A Colômbia. Seleção que na Copa de 2014, segundo a opinião deste modesto escritor, desempenhava o melhor futebol do torneio, o mais vistoso, ofensivo, objetivo, com muita velocidade, talento, criatividade e habilidade. Muitos passes, boas jogadas, um futebol leve e com uma alegria que contagiava, chegou às quartas de final com a revelação do torneio, James Rodríguez, e aí o fator casa e a camisa do Brasil pesaram. A Colômbia não reencontrou o seu bom futebol, não jogou nem 10% do que vinha jogando e caiu, uma pena, porque nesse caso também existe um componente emocional aqui, o primeiro jogo de Copa do Mundo que vi na minha vida foi Colômbia e Grécia no Mineirão, 3 a 0, e sim, o primeiro gol de Copa visto in loco por esse que vos fala foi marcado por Pablo Armero, seguido de “Armeration” e tudo mais, com 50 mil colombianos ensandecidos no estádio cada um com um coração maior que o outro, uma experiência foda …deixa eu limpar essa lágrima aqui e seguir com o texto.

Momentos íntimos a parte, a missão da Colômbia nesta Copa é repetir o futebol suculento da Copa no Brasil e acreditar que a própria camisa pode um dia entortar varal também, para que o seu futebol não encolha em grandes momentos como é tradicional acontecer. Futebol para surpreender e se tornar a quarta campeã da América do Sul ela tem, mesmo não sendo uma das favoritas. A essência dessa seleção colombiana é a criatividade, que encontrou no talentoso comandante argentino José Pékerman, a sensibilidade de compreensão desse fato e a visão para criar um sistema de jogo que dê espaço e liberdade para que essa criatividade faça a seleção colombiana crescer e ser ainda mais competitiva.

Um dos times mais flexíveis dessa Copa é também um time com muitos talentos, Mina, Cuadrado, James Rodríguez, Falcão Garcia, Ospina, entre outros, só podia dar em um time muito intuitivo, com jogadores livres para participar do jogo antes de cumprirem algum posicionamento pré determinado, jogando bem próximos da linha defensiva adversária com muita velocidade, triangulações e criatividade acima da média, ocupando bem os espaços e envolvendo os adversários. Defensivamente é um cobertor curto, por isso ao perder a bola no campo adversário, com inclusive zagueiros posicionados ofensivamente, a Colômbia procura reagir rapidamente e tem uma das pressões em recuperação de bola mais intensas do mundo. É um time que com certeza vale estourar uma pipoca, abrir uma cerveja e desfrutar de um belo futebol. Principal força do grupo deve se classificar em primeiro lugar.

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A última seleção que analisaremos é talvez a pior seleção de todas as 32, foi faltando apenas três dias para a abertura da Copa que o Japão conseguiu a sua primeira vitória do ano, contra o Paraguai de virada por 4 a 2. Mesmo com participações pífias e sem evoluções consideráveis, a seleção japonesa conseguiu uma certa hegemonia na Ásia, vem se classificando de forma ininterrupta para Copas do Mundo desde a sua primeira participação em 1998. O máximo que conseguiu atingir foi as oitavas em 2002 e 2010, feito que não se repetirá em 2018.

A seleção japonesa é muito ruim, fraca demais defensivamente, aposta na tradicional velocidade para oferecer algum perigo para os adversários. Depende muito do meia Kagawa para dar certa dinâmica à correria japonesa, bom articulador, não é a toa que está a tanto tempo em um time importante da Europa, o Borussia Dortmund, mas nem todo o talento do mundo é capaz de trazer um bom futebol ao Japão. Também, faltando dois meses para a Copa o técnico Halihodizc foi substituído pelo comandante do sub-23, Akira Nishino, que não sabe o que quer. Escala o time com 3 zagueiros, depois com 2, aí volta para uma linha de 5, claramente o trabalho está comprometido e não tem nas ideias do seu técnico firmeza alguma.

A única coisa que merece atenção no Japão, além da sua carismática torcida, é a mobilidade que Honda e Kagawa proporcionam às rápidas ofensivas do time japonês, sempre procurando os espaços vazios com muita velocidade e inteligência e abrindo espaço para que os alas ataquem com eficiência. De resto, vai apanhar bastante nesta Copa, se passar a fase de grupos sem levar nenhuma sonora goleada já terá sido um grande feito.

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Polônia – Lewandowski

H-03-destaque-poloniaFonte: Nike

Foi uma das várias peças “roubadas” pelo Bayern de Munique daquele incrível time do Borussia Dortmund comandado por Jürgen Klopp que chegou até a final da Champions e perdeu justamente para o time bávaro. Lewa é uma espécie de faz-tudo no time polonês, dono das bolas paradas, capitão, homem referência nos contragolpes e artilheiro da equipe. Aliás, que eliminatórias europeias fez o Lewandowski, foram 16 gols em 10 jogos, um a mais que Cristiano Ronaldo, se sagrando o artilheiro da competição. Se jogasse em uma equipe mais forte, certamente brigaria pela artilharia da Copa do Mundo. De fato, é um alívio ver que um jogador da classe do camisa 9 irá participar de uma Copa do Mundo. É um atacante nato, completo, tem um toque muito refinado na pequena área e sente o cheiro de gol, mas quando precisa, sai da área e ajuda na construção de jogadas de forma muito eficiente, fazendo bom uso da ótima técnica que domina. Sem dúvidas, não só o craque da Polônia como também um dos maiores craques da Copa, vamos torcer para jogar o que sabe e naturalmente se transformar em um dos destaques na sua primeira Copa do Mundo.

Senegal – Sadio Mané

H-03-destaque-senegalFonte: Getty

Peça menos badalada do trio de ataque do Liverpool que causou na Europa nesta temporada, porém, de suma importância. Ao lado de Salah e Firmino, o senegalês Mané foi fundamental com gols decisivos e ajudou a desequilibrar diversos jogos com a velocidade que inseriu ao tripé vice-campeão da Europa, buscando sempre as jogadas de profundidade para surpreender e pegar o adversário desmontado. Na seleção jogará mais centralizado, em uma jogada inteligente do técnico Cissé, explorando essas características marcantes em um posicionamento mais perigoso, entre os dois zagueiros com o Diouf dando opção caindo para a esquerda.

Mané é aquele tipo de jogador que aparece onde você menos espera, sua velocidade o torna onipresente no ataque, somado a isso ele é muito forte fisicamente, finaliza muito bem com ambas as pernas e é habilidoso, gosta de partir para cima e driblar. Não é a toa que se tornou o jogador africano mais caro da história quando foi vendido ao Liverpool por 34 milhões de libras.

Colômbia – James Rodríguez

H-03-destaque-colombiaFonte: AFP

Difícil a missão de escolher um só, mas vamos de James Rodríguez, último jogador revelação de uma Copa do Mundo, dono do gol mais bonito do mundial no Brasil em 2014 contra o Uruguai pelas quartas no Maracanã que também lhe rendeu o Prêmio Puskas e artilheiro da mesma competição, com 6 gols em 5 jogos. No Bayern de Munique renasceu de uma passagem conturbada no Real Madrid e fez uma boa temporada. Pode atuar de meia, atacante, ponta e faz muito bem a função de buscar o jogo e conduzir a bola ao ataque, jogador completíssimo que gosta de cair pela esquerda, mas faz bem a função pela direita também. Tem uma canhota que finaliza com maestria de fora da área e também é muito habilidosa, além de um alto potencial de organização, compreendido muito bem pelo técnico da Colômbia. Tem tudo para brilhar mais uma vez em uma Copa do Mundo, algo que não é para qualquer jogador.

Japão – Shinji Kagawa

H-03-destaque-japaoFonte: MacMadison.co.uk

Meia de muita mobilidade e que marca muitos gols, o veloz Kagawa vai para a Rússia disputar a sua segunda Copa do Mundo. Tem uma estabilidade rara de se ver em jogadores japoneses atuando na Europa, jogou dois anos no Borussia Dortmund, foi vendido ao Manchester United onde jogou mais dois anos, não se adaptou e voltou ao clube alemão, onde tem contrato até 2020 e é peça importante no time.

Tem um toque refinado na bola, domina bem os fundamentos com sua técnica apurada e talento para fazer uso da sua velocidade nos espaços vazios que encontra. É um oásis em um time tão fraco e só não está disputando sua terceira Copa porque o Japão tem uma tradição conservadora e não costuma convocar jovens para a sua seleção, aliás, uma das causas dos problemas nipônicos em 2018. Vamos ver o quanto conseguirá ajudar um time que está muito abaixo do talento de Shinji Kagawa.

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POLÔNIA
Super Girl & Romantic Boys – Spokój

SENEGAL
Mama Sadio – Diar Diar

COLÔMBIA
Fiero – Standard Hotel

JAPÃO
KZA – Le Troublant Acid

 

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