“O Palmeiras sai da série B, mas a série B não sai do Palmeiras”.
Frase dura muito utilizada pelo meu camarada Rene Crema, que ilustra com exatidão a situação do Palmeiras no cenário da bola.
Uma situação e um cenário que não vem de agora, como pode parecer. Mas de décadas, desde o fim dos anos 70, quando dirigentes de visões indecentes e incompatíveis com o tamanho do clube passaram a geri-lo.
Se for por mal que estes senhores de velhas ideias deixam de fazer o que se deve, não cabe agora avaliar. Tenho minhas impressões, que prefiro por ora deixa-las para outro momento. Mas é por eles e através deles que o Palmeiras deixou de ser um clube com foco no futebol e passou a priorizar, em muitos momentos, o social.
Seu último momento de glória como protagonista no futebol sulamericano foi nos anos 90, e todos sabemos através de quem. Tendo a frente pessoas forjadas dentro de suas alamedas, são raros os momentos de glória.
A Gestão Paulo Nobre, que em muitos aspectos parece ter um viés assertivo, peca na condução da alma desse clube quase centenário: Gestão de futebol.
Se é “visionária” ao trazer um técnico estrangeiro e lhe dar a liberdade para trazer seus reforços, mina suas possíveis definições de esquema ao desmontar um time no decorrer da competição, como ilustra muito bem o PVC em sua coluna de hoje. (http://54.236.180.172/blogs/pauloviniciuscoelho#/1)
Desde o início do BR14, que parece já fazer muito tempo, mas que está ainda apenas em sua 13ª rodada, foram embora Alan Kardec e Valdívia, alicerces técnicos de um time que começava a ganhar jeito e que certamente daria a Gareca uma condição muito maior de fazer vingar seu esquema.
Se não conta hoje com nenhum lateral de ofício e Juninho não faz mais parte dos planos, William Matheus vinha ganhando confiança na lateral esquerda e fazendo boas partidas. Emprestado ao clube, bastou a primeira oferta de um time do exterior chegar e o clube sequer conseguiu (ou não quis) cobri-la e o perdeu. Vai ganhar algumas balas Juquinha por ter servido de vitrine. Patético!
Sem Valdívia e com Bruno Cesar aparentemente mais preocupado em consumir hambúrgueres, recaia no banco a solução para situações emergenciais no decorrer das partidas – Marquinhos Gabriel. Mas bastou também chegar uma proposta qualquer pelo jovem jogador que ele já se foi.
Em contrapartida e um exemplo que escancara hoje as diferenças gritantes entres os rivais históricos, diz a boca pequena que o Corinthians recebeu uma oferta em torno de 5 milhões de euros por Guerrero do futebol chinês. Desfazer-se do mediano centroavante deixaria Mano Menezes sem opções e então o negócio não foi feito. Ontem Guerrero abriu o placar no fraco derbi na Arena Corinthians.
O São Paulo lhe tomou Alan Kardec sem nem ter a necessidade tática de um jogador como ele. Trouxe também um Kaká que, se já está longe de sua melhor forma, ainda faz estragos no cenário brazuca. E diz também a boca pequena que o tricolor vive a duras penas para pagar sua alta folha salarial, tendo inclusive alguns atrasos ao longo dos últimos meses.
Fechar o mês no azul e rebaixado para a série B não me parece também uma equação positiva. Só me parece.
A aposta em Gareca é certeira. Dar a ele os jogadores que pede, sobretudo, a promessa Allione, corrobora com este acerto. Mas por outro lado, desmanchar o time a cada 3 derrotas mina qualquer possibilidade de vislumbre futuro.
A continuar nessa toada, o trabalho de Gareca pode dar certo com o time retornando a uma divisão que não lhe pertence, mas que insiste em ser o horizonte desse gigante histórico que não consegue mais se enxergar no espelho.