Tite: adeus ou até breve?

PERTO DO FIM DE UM CICLO

Há os que dizem que Tite fará falta. Há os que dizem que Tite já vai tarde. Há os que não sabem o que dizer. Faço parte deste terceiro grupo.

Enrolei ao máximo para falar sobre a saída do vitorioso treinador, primeiro para não deixar que o sentimento pela situação do time falasse mais alto do que o reconhecimento pelos feitos de Adenor Leonardo Bacchi ao longo desta segunda passagem pelo Timão. E também para que a gratidão não falasse mais alto que a análise fria dos fatos.

Desde a minha estreia como colunista do Ferozes FC (já de início segurando a bucha que foi explicar a inexplicável passagem de Adriano pelo Parque São Jorge), só escrevi tendo Tite à frente do Corinthians. Se pegarem as minhas primeiras colunas, verão que muitas delas são de críticas ao estilo defensivo de Adenor. Só que ao final daquele ano, 2011, veio o primeiro e impressionante título sob o comando do treinador, o Campeonato Brasileiro. E veio a minha mão à palmatória. E veio o ano seguinte, a conquista inédita da Libertadores, invicta ainda. O bi-campeonato Mundial de Clubes. Entramos em 2013 confiantes. E com mais títulos. Mais um Campeonato Paulista. A Recopa, jogando bem contra o rival.

Só que o segundo semestre chegou, e com ele a acomodação, ou seja lá o que for. O time só funcionou defensivamente, algo que sempre funcionou mesmo. Do meio para frente, não teve nada a ser lembrado. Não acontecia nada. Ou melhor, ainda não acontece. Temos um recorde, mas este não é motivo de orgulho. Uma marca do Corinthians 2013: os empates.

E foi assim que Tite se despediu do Pacaembu, numa despedida que também foi do capitão Alessandro (outro que eu também critiquei do início ao final de sua passagem, mas que tenho de reconhecer que teve uma passagem vitoriosa junto aos grupos dos quais fez parte), remanescente do grupo formado para aquela arrancada que partiu da série B, ainda com Mano Menezes, e que culminou com a vitoriosa fase que durou até o primeiro semestre deste ano.

E já que eu citei Mano Menezes, que saiu quase incontestável e (provavelmente) volta contestado por alguns (eu incluso), fica a pergunta: até que ponto esta mudança representa uma ruptura nos métodos de trabalho do Corinthians? Talvez no modo passional, vibrante, de um treinador que torce mais. Muda radicalmente, dizem, por conta de uma reformulação, a começar por nomes como Emerson Sheik (com contrato recém-renovado e longe de sua melhor forma desde então), Danilo (que este ano não foi sombra do que foi em 2012) e Douglas (cuja segunda passagem foi pouco efetiva, com exceção de alguns bons momentos, e cuja relação com Mano está estremecida desde a sua convocação para a Seleção, quando ainda jogava no Grêmio). Devem ir embora também os injustificáveis Maldonado e Ibson, turistas no elenco, nada representativos em campo.

Como venho dizendo em textos pouco inspirados, representativos da situação do time este ano, não tinha mais como Tite continuar. Ao mesmo tempo em que a saída é tranquila, pelo fato de ser na forma de não-renovação de um contrato, ao invés de uma demissão sumária, também representa uma fase que custa a passar. Falta apenas um jogo, contra o já rebaixado Náutico, com quem o Corinthians só conseguiu empatar. E por mais que o fraquíssimo adversário não coloque medo em mais ninguém, o torcedor já não se ilude: o ano pode terminar em empate. Mais um.

Mas há um protocolo a ser seguido, e a gente segue. Entre vitórias e derrotas, o saldo ainda é positivo. Então valeu, Tite. Obrigado por ter feito parte deste time vencedor e por saber dimensionar o que representou esta época: maior que o profissional é o time. Boa sorte nos próximos trabalhos, e quem sabe, até um outro dia.

Ao possível novo treinador, nada além de um boa sorte, por enquanto. Começa uma nova fase para o Corinthians. Começa uma nova fase também para mim, um colunista que só analisou o trabalho de Tite. Que venha 2014.

Tite: adeus ou até breve?
Tite: adeus ou até breve?

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