Arquivo da categoria: Chazinho de Coca

O Futebol, a ironia, as histórias.

COMPROMISSO NÃO É PROMESSA

Tenho lido muitos textos de alviverdes nos últimos dias tratando de promessas a serem cumpridas após o jogo de domingo. Do que irão ou não fazer. Eu mesmo já os fiz em tantas outras ocasiões. Dessa vez não mais.

Não o farei, pois me conheço, sei que no calor do alivio ou da tristeza tenho minha maneira de agir. E neste caso, apenas o alivio e a tristeza são as matrizes do que poderei ou não escrever. Com a alegria, neste momento, não trabalho.

Não haverá alegria no domingo independente da permanência na série A. Haverá, na melhor das hipóteses, alivio. Mais um deles, como poderá ser mais uma de tantas tristezas com as quais tenho aprendido a lidar nesses últimos já tantos anos.

O ano já está perdido, o Palmeiras anda perdido. Não se tem Palmeiras em campo há muito tempo. Enquanto os rivais se encontram em suas essências, o Palmeiras se afasta da sua cada vez mais. Mas eu sei que se prometer algo não irei cumprir. Ano que vem, esteja na A ou na B, esteja eu puto ou muito puto com o meu time, por mais que os caras que me representam em campo não representem em nada o Palmeiras, lá eu estarei de novo, na Copa São Paulo, no Paulistão, na série A ou na puta que o pariu da série B.

No domingo eu não sei se a casa estará cheia. Não sei se a galera de nariz de porco, chapéu de estrela com sininhos nas pontas ou com ~pau de selfie~ estará lá como estiveram na inauguração do novo estádio. O jogo foi vendido como de alto risco. A imprensa e o MP fizeram questão de torna-lo assim e, portanto, ele assim será. Um jogo de alto risco. Alto risco de dar merda. Alto risco do time não jogar nada e cair outra vez. Alto risco de não jogar nada, perder, mas na ruindade de outrem o time ali permanecer. Alto risco de jogar, ganhar e todo mundo achar que está bom assim do que jeito que está e a festa ali rolar.

E este é o risco que eu mais temo. De todo mundo achar que está bom, está OK terminar o ano na série A. Afinal, “o Palmeiras merece a série A”. O Palmeiras, de fato, merece. Não sei se esse Palmeiras.

Compromisso não é promessa. E o meu é o de sempre apoiar. Apenas isso. Comigo o Palmeiras sabe que pode contar.

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UM LINDO PAINEL DE VISLUMBRES

O Allianz Parque parece um OVNI, uma enorme nave mãe prestes a decolar. É linda, tudo funciona, tudo sobressai aos olhos, tudo realça a expectativa de novos tempos.

Mas ao final do dia 19 de novembro ela não decolou, seu motor falhou. E olha que não faltou gente para empurrar. Os novos tempos vivem ainda no vislumbre. A realidade, no entanto, continua dura.

Se a estreia atabalhoada pelo momento do time foi eleitoreira, o tiro saiu pela culatra. E é essa a única explicação plausível para entender a razão de sua inauguração ontem, do jeito que foi, com o time do jeito que está, com o time que tem.

Não se pode e ninguém tem o direito de desmerecer a festa e a emoção do torcedor pelo retorno ao seu lugar no mundo. Pode-se preferir o antigo Palestra, mas o lugar é o mesmo, o canto é aquele de sempre e para sempre.

O Allianz Parque não apenas é o mais belo e moderno estádio de futebol do país, mas surge para o Palmeiras como um referencial de onde se pode e se deve querer chegar. Torna-lo palco de novas conquistas, de novos capítulos da magnitude do clube. Mas ele ainda é um painel de vislumbres. O time que joga nele está ainda com os dois pés fincados no retrocesso, na balburdia administrativa. Um protagonista muito aquém de seu palco.

allianz2 torcida

GALO DOIDO

Uma eliminação da forma como aconteceu a do Corinthians, frente ao Atlético MG, pela Copa do Brasil, fatalmente gera uma série de apontamentos para supostos culpados e a busca quase que imediata para a razão do ocorrido. Esquecemos, porém, que se houve um eliminado é porque temos um classificado. E, neste caso, não é um vencedor qualquer. O apelido de “doido” dado ao Galo há tempos não lhe é atribuído de graça.

É claro que da forma como aconteceu nós podemos olhar para o lado perdedor e achar suas falhas, seus culpados. Mas nunca um único culpado. Aqui, claramente sintetizado na figura de seu treinador, que há tempos desagrada boa parte da torcida.

Não sou adepto da cultura vigente no futebol brasileiro da troca de comando durante a competição, a não ser em casos extremos. Extremo, hoje, não passa nem perto de ser o caso alvinegro. Mano tem suas falhas, mas não me parecem elas suficientes para sua queda antes do término da temporada.

Mas vejamos o Galo primeiramente. Campeão da Libertadores em 2013 através do trabalho espetacular do até então “chorão” e derrotista Cuca. A base daquele time vivia no alicerce técnico de Ronaldinho Gaucho, Vitor e Bernard. Após o título continental Bernard foi vendido, Fernandinho chegou para sua vaga, mas o Galo não foi mais o mesmo naquele 2º semestre. Ao término da temporada foi a vez de Cuca sair para fazer seu “pé de meia” e, por mais que a base tenha sido mantida, Paulo Autuori, seu substituto, destruiu aquele grande trabalho e o Atlético definhou. Levir Culpi chegou sob o viés da desconfiança, ainda que carregasse um bom histórico no mesmo Galo e após as dificuldades corriqueiras em início de trabalho, refez o Atlético MG, já sem Ronaldinho Gaucho também, este por sua opção, e agora colhe um fruto belíssimo em tão pouco tempo. O Galo seja talvez, no momento, o clube brasileiro a viver a curva mais ascendente, mesmo no BR14.

Alicerce técnico deste atual momento, Diego Tardelli vem sendo convocado merecidamente por Dunga para a seleção brasileira, onde vem se destacando ao lado de Neymar. Foi assim contra a Argentina e contra o Japão, em jogo que ocorreu dias antes do duelo decisivo de seu Galo contra o Corinthians. Pelo alvinegro paulistano, Elias e Gil também foram convocados para os mesmos jogos em que Tardelli foi destaque, mas estes sem o mesmo brilho.

No retorno ao Brasil quase que em cima da hora, Tardelli firmou-se como a referência técnica e de liderança do time de Levir e jogou como titular contra o Corinthians, sendo peça importante na vitória. Já Elias e Gil, segundo o próprio Mano Menezes, em decisão conjunta, o que denota participação de ambos na decisão, optaram por não começar jogando.

Ao que me consta, são também, o elogiado zagueiro e o sempre festejado meio campista, referencias técnicas e de liderança desse time corintiano. Dai a apontar o dedo para Mano Menezes, para Petrus e demais jogadores que não possuem nem de longe a carga histórica e a qualidade dos dois selecionáveis fica fácil demais.

Todo mundo tem sua fatia de culpa e elas precisam sim ser apontadas, até para que seja feita justiça. Uma justiça que emprega necessariamente, mais do que qualquer demérito corintiano, um enorme mérito do Galo de Levir, do Galo de Tardelli, do Galo que é hoje, o time mais “doido” do país.

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filme: 12 DE JUNHO DE 1993 – O DIA DA PAIXÃO PALMEIRENSE

Em campo o Palmeiras continua seu calvário em mais uma tentativa de escapar da série B, sua terceira, justamente no ano de seu Centenário.

Mas Centenário, como a própria palavra diz, são 100 anos, e em 100 anos o Palmeiras tem muito mais a se orgulhar do que lamentar.

E em meio as comemorações de seus 100 anos, um tanto esvaziadas pelo lastimável momento em campo (no escritório, na direção, na presidência), rola nesta quinta-feira, 25 de setembro, o lançamento do aguardado “12 de junho de 1993 – O Dia da Paixão Palmeirense”, filme com direção de Mauro Beting e Jaime Queiroz.

E se você não sabe o que representa o 12 de junho de 1993 para o palmeirense, deixo aqui as minhas impressões:

http://ferozesfc.com.br/o-12-de-junho-de-nossas-vidas/

 

Indispensável para todo palmeirense. Relevante para todo amante do Esporte Rei.

Veja na imagem a programação de exibição do filme.

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É TUDO VERDADE

O Vitória virou o turno com a pior campanha do BR 14 e na lanterna do campeonato. Entre uma série de erros, talvez alguns acertos, hoje está fora do Z4 e é dono da melhor campanha do 2º turno.

 

O Botafogo dá toda a pinta de ser, dos grandes clubes brasileiros, aquele com os maiores problemas administrativos, com meses e meses de salários atrasados. Mas, aos trancos e barrancos, consegue permanecer fora do Z4.

 

O Flamengo era apontado como virtual rebaixado até a chegada do contestado Wanderlei Luxemburgo. A piada virou um excelente trabalho de recuperação de ambos, time e treinador, e hoje o rubro-negro carioca figura em posição relativamente confortável na tabela.

 

Todos estes clubes vivem ano após ano algum tipo de crise. Mas mesmo em seus piores momentos algum brilhareco conseguem produzir. Até as estapafúrdias trocas de treinadores em momentos obscuros geralmente trazem algum reflexo positivo. Erros gerais, acertos pontuais.

 

Nem isso mais o Palmeiras consegue fazer. Até mesmo na melhor de suas temporadas nos últimos anos, em 2009, com o título nacional em seus pés, errando tentando acertar ao trocar de treinador sendo o líder da competição, investindo em nomes consagrados e segurando suas estrelas de investidas do exterior, o resultado foi desastroso.

 

O Palmeiras não vence mais clássicos. Não consegue mais encarar os rivais que fazia frente mesmo com seus piores elencos. E contra times que antes sonhavam em lhe arrancar um empatezinho que fosse, hoje é praticamente fava contada. Perdeu-se o respeito, não há mais brilho, a relevância parece estar se esvaindo pelo ralo.

 

O ano de 2014 surgia como uma possibilidade de resgate após mais um ano nos quintos dos infernos da 2ª divisão, muito também amparado pelo Centenário tão aguardado. A inauguração do que deverá ser o complexo esportivo mais moderno das Américas também era um dos alicerces da esperança de dias melhores.

 

Patrocinador forte, maior exposição. Tudo isso morreu aos muitos (não aos poucos) nas palavras de seus dirigentes. Para Paulo Nobre, “o Palmeiras não poderia ser refém de seu Centenário”. Já o torcedor pode ser refém de anos e anos de irrelevância no cenário do qual ainda é o maioral em títulos.

 

Paulo Nobre e Brunoro gastaram o verbo para dizer por diversas vezes que não havia jogador inegociável. E assim se foram todos os seus melhores jogadores – Barcos em uma nefasta movimentação que até hoje é difícil de entender. Henrique por conta de 1 milhão devido e cobrado. Alan Kardec por 5 balas juquinhas se debandou para o rival São Paulo e hoje é um dos grandes nomes da competição no vice líder do Brasileirão.

 

Mas sobraram os mais de 30 irrelevantes atletas, esforçados em sua maioria, é verdade, mas sem qualificação técnica para atuar em um gigante do porte do Palmeiras.

 

A contenção de gastos e o pagamento de salários em dia não só é bonito em tese, como assertivo de fato. Mas do que adianta isso e ao final do ano sofrer mais um rebaixamento? Que torcedor se mantém forte comemorando mais um mês no azul e o time na lanterna?

 

São pessoas despreparadas conduzindo um colosso. É um piloto de rally de 5ª categoria na condução da Maclaren do Ayrton Senna.

 

Se Kleina não era o treinador dos sonhos, que tivessem trocado de comandante no início do ano. Se mesmo assim, “apostando” no treinador vencedor da série B os resultados não chegaram, não parecia ser hora de trazer uma enorme novidade para apagar um incêndio que já tomava grandes proporções. E se a ofensividade convicta de Gareca não era o remédio para mais este momento doente do time, investir em Dorival Jr, que em seu grande momento na carreira, no Santos, vencia seus jogos marcando muitos gols, mas levando outros tantos, era um erro crasso até para o menos atento. Menos para Paulo Nobre e Brunoro, que apostaram mais uma vez em lugares comuns como a “ligação” de Dorival com o clube, sobrinho de Dudu, jogador mediano no início dos anos 90.

 

A essa altura do campeonato, já sem perspectiva de glória alguma no restante do ano, com a queda de mais um treinador, era muito mais momento de trazer um retranqueiro que jogasse por uma bola, mas que não corresse o risco de levar 6 gols em um único jogo.

 

É triste, mas tudo o que falam sobre o Palmeiras é verdade: Jogadores que não podem jogar no time hoje são titulares. O técnico vive um momento que não corresponde a necessidade do time. A direção contrata demais, com qualidade de menos. O elenco é fraco, mas não há sequer um time formado.

 

Qual é a escalação do Palmeiras?

 

O Palmeiras vive sua grandeza hoje pura e simplesmente na força que vem da arquibancada, de seus portões para fora, nos livros de história.

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