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PALMEIRENSES 2×0 TIGRE

Há exatamente uma semana o Palmeiras sofria seu maior revés no ano, ameaçava voltar às trevas de suas crises eternas e entrava novamente em rota de colisão com a torcida.

Sete dias transcorridos e um enorme abraço coletivo aqueceu e empurrou o time. E da fragilidade técnica – que em certos momentos nem pareceu ser assim tão acentuada – foi extraído um ingrediente vital para arrancadas heróicas e necessárias: Raça.

Certamente não foi no número que se pode atingir de apaixonados, mas foi na vibração que a torcida alviverde reconduziu seu time ao caminho correto da empolgação por ser Palmeiras. E aqui não cabem análises frias sobre a tática adotada ou a falta de técnica refinada. Cabe a avaliação e a conclusão de que ontem tivemos Palmeiras em campo e nas arquibancadas do Pacaembu ou do “Porcoembu”, como alguns gostam de apelidar o estádio municipal.

Sinergia como há tempos não se via. Empolgação, aplicação tática e momentos de boa técnica como se sabe que é possível extrair dessa equipe. Ainda que dela não se possa cobrar muita coisa além disso.

O casamento está reatado. Este é o resultado deste Torcida e time do Palmeiras 2X0 Tigre da Argentina. E o Verdão vivo na Libertadores.

VERDÃO

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A convocação do atacante Leandro para o melancólico amistoso da seleção de amarelo contra a fraquíssima Bolívia é algo a se comemorar em princípio, mas em longo prazo vai virar dor de cabeça.

Leandro, palmeirense confesso, tem seus direitos ligados ao Grêmio e atua no alviverde por empréstimo até o fim do ano. Em situações como está pede-se a prudência para que as partes estipulem um valor de compra a ser exercido pelo clube detentor do empréstimo ao seu final, caso haja interesse. Leandro é hoje o melhor atacante do time, artilheiro na temporada e já chegou à seleção da CBF.

Por alguma razão ou a mais completa falta dela, a direção do Palmeiras não se atentou que não há valor algum estipulado e ao final do empréstimo o Grêmio poderá pedir quanto achar que deve pelo jogador.

Não precisamos pensar muito no que irá acontecer em dezembro, sobretudo se Leandro mantiver o grande momento.

EM TESE…

Hoje o Palmeiras entra em campo para uma partida decisiva pela Libertadores. O jogo é contra o Tigre da Argentina, em tese o time mais fraco da chave. O que em tese deveria já ter garantido ao Palmeiras ao menos mais um pontinho quando o alviverde foi visitar os hermanos em sua terra natal.

Imaginem se futebol vivesse de tese, não é mesmo?

Mas digamos que vivesse. Ao olhar a lista de relacionados pelo técnico Gilson Kleina para o jogo de logo menos às 21:30, ainda que seja no Pacaembu, o que o amigo leitor me diria?

Vejamos:

Goleiros: Fernando Prass e Bruno
Laterais: Weldinho, Ayrton e Juninho
Zagueiros: Maurício Ramos, Marcos Vinicius e Luiz Gustavo
Volantes: Wendel, Márcio Araújo, Charles, Souza, João Denoni e Marcelo Oliveira
Meias: Ronny, Wesley, Tiago Real e Patrick Vieira
Atacantes: Caio, Vinícius e Emerson

Dos 21 nomes, 10 são da base. Ainda que se considere como vindos da base o goleiro Bruno, o volante/lateral Wendel e o volante Souza, que já são bem mais vividos que o resto da molecada.

Apesar de constar como tal, Wesley não é meia. Patrick Vieira é mais ponta que meia. Sobram Ronny e Tiago Real. Acredito que Kleina mandará a campo um time com cinco volantes e nenhum meia de ofício.

No ataque não dá nem pra especular muito que ser feito.

Na zaga Maurício Ramos virou a salvação da lavoura (reflita!), tendo em conta a fogueira em que estão sendo lançados os garotos Luiz Gustavo e Marcos Vinícius. De repente entrar com Charles fazendo essa função fosse uma possibilidade menos drástica.

Está fácil montar o time?

Voltando aqui com as nossas teses. Tudo leva a crer que será um jogo daqueles – duros de assistir. Mas o Tigre não é muita coisa melhor que o Guarani.

E que o Mirassol?

Ainda assim o Palmeiras joga em casa, tem muita tradição na competição e precisa da vitória.

Em tese, acredito que dê Palmeiras. Em tese…

kleina

NÃO PRECISAVA TER SIDO ASSIM

 E quatro anos depois, o São Paulo FC finalmente conquista título de expressão após o tricampeonato brasileiro 06-07-08 na era Muricy Ramalho. Até aí tudo muito bom, tudo muito bem, afinal, tecnicamente, a vitória foi justíssima.

Confusão no final do 1º tempo selou destino da partida

Mas, em toda festa, em toda comemoração, há um glamour, um certo brilho como recompensa e coroação a todo esforço e trabalho despendidos para atingir aquele objetivo final. Como conseqüência, ao chegar-se lá, os vencedores exultam em uma explosão de joia e alegria. Especialmente, quando tudo isso ocorre de acordo com o protocolo, pela via oficial e mais difícil, sem atalhos.

Não que tais subterfúgios tenham ocorrido no título internacional da Copa Sul-Americana por parte do Tricolor paulista, mas ficou aquele sabor de algo incompleto em muitos de seus torcedores quando a partida foi encerrada após apenas 45 minutos de bola rolada nos gramados do Estádio do Morumbi devido à recusa da equipe argentina do Tigre em retornar a campo depois das brigas e confusões generalizadas no final do 1º tempo da partida.

Na verdade, a confusão começara em território argentino quando se viu um time infinitamente menos tradicional e com menos recursos técnicos buscar o jogo violento como forma de desconcentrar e irritar o adversário superior. É aquela velha história, eu não o odeio, não é nada pessoa, mas os fins justificam os meios. Estratégia que pilhou alguns jogadores e provocou a expulsão doa atacante Luís Fabiano. Coisa mais manjada que andar para frente no futebol sul-americano e da qual os jogadores são-paulinos não tiveram inteligência emocional para superar. Claro ninguém tem sangue de barata, mas fazer exatamente o que o adversário deseja é algo ainda menos sensato.

Atitude desportivamente errada do competidor? Não resta dúvida que sim.

Aí vem o a segunda perna da final em São Paulo e com ela as coisas erradas que desencadearam o processo de autossabotagem da festa tricolor.

Relatos dão conta de que o Tigre não pôde realizar o famoso reconhecimento de gramado, tanto na véspera quanto pouco antes do início da partida. A justificativa são-paulina: preservar o gramado. Sim, o relvado estava irregular devido aos shows da cantora estadunidense Madonna na semana anterior.

Com ou sem gramado irregular, tal medida jamais deveria ter sido levada a cabo. O São Paulo deveria ter permitido os procedimentos protocolares ao time visitante. Se o gramado estava ruim e isso representava problema sério, que a partida tivesse sido marcada para o Pacaembu ou outro estádio qualquer.

Lucas Moura deixa o São Paulo por cima e parte para novos desafios no PSG

Na chegada do ônibus, outro fato lamentável, mas que foge ao controle do clube anfitrião: o apedrejamento do ônibus da delegação dos visitantes. Fato que denota a interminável falta de educação da população. Algo que se reflete em todos os momentos do quotidiano, desde a jogar lixo na rua, desrespeitar a ordem no trânsito, soltar rojões madrugada adentro no momento de repouso das pessoas que trabalham até as mazelas mais graves de nossa sociedade. Há um longo caminho a percorrer por parte dessa sociedade brasileira rumo à civilidade.

Eis que finalmente chega o episódio da nebulosa briga nos vestiários. Versões divergentes de ambos os lados, cada qual defendendo sua posição. Relatos de armas de fogo (não confirmados nos depoimentos colhidos pela Polícia), quem começou e quem não começou, seguranças, Polícia Militar para apartar a confusão. Tudo que remete aos tempos mais inglórios do passado do futebol sul-americano e, agora, ocorridos em território brasileiro. Nada de auspicioso para o futebol tupiniquim que busca novos rumos em meio a discussões generalizadas de ausência de infra-estrutura e déficit técnico e tático.

Resumo da ópera, o Tigre argentino, inferior tecnicamente, veio para defender-se, na base do custe o que custar, utilizando-se de catimba para tal. Cabia ao São Paulo, não dar margem que justificasse qualquer atitude heterodoxa do adversário, mas não o fez. Acabou tendo sua festa, coroada com a despedida do craque Lucas Moura (de partida para o Paris Saint Germain), manchada com partida decisiva que durou apenas 45 minutos e muitas dúvidas no ar. De quebra, notícias dão conta que o clube paulista poderá ver seu estádio fora da Copa Libertadores 2013.

Veremos que fim levará o imbróglio.