Arquivo da tag: Santos

O FUTEBOL BRASILEIRO NÃO PRECISA DE MAIS MATA-MATAS. PRECISA DE BOM TRATO

A apoteótica virada do Galo sobre o Corinthians, pelas quartas de final da Copa do Brasil, reacendeu a velha discussão que a fórmula mais adequada para fazer o Campeonato Brasileiro ser atrativo novamente é voltar ao sistema de mata-mata.

Antes, é preciso estar ciente que a crise que assola nosso esporte não está ligada à essa questão, propriamente dizendo, mas sim a um problema maior, que  envolve seguidos erros estruturais. De gestão.

Fora do riscado, as arquibancadas continuam recebendo públicos pífios na maioria dos jogos, assim como na era do mata-mata. Muito por conta dos preços inacessíveis dos ingressos, além dos projetos de sócio-torcedores que acabam não aproximando o torcedor como deveriam.

Na Bundesliga – campeonato que possui a maior média de público da Europa, cerca de 50 mil por partida -, para se ter uma ideia, um dos principais critérios na hora da distribuição da verba televisiva é a posição que cada equipe terminou na temporada anterior.

O milionário Bayern de Munique, por exemplo, recebeu 29,9 milhões de euros (R$ 71,9 milhões) por ter ficado em primeiro. Já o modesto Saint Pauli, rebaixado à Segunda Divisão, embolsou 13,2 milhões de euros (R$ 31,6 milhões). Pouca diferença se compararmos com o abismo que ocorre em nossos quintas.

A Allianz Arena lotada, como sempre: exemplo de como o futebol pode ser um sucesso dentro e fora de campo (Foto: Allianz Arena)
A Allianz Arena lotada, como sempre: exemplo de como o futebol pode ser um sucesso dentro e fora de campo (Foto: Allianz Arena)

Entretanto, apenas dividir as cotas não é o caminho. É preciso mais. E, é justamente o que faz o Bayern há 24 anos. Arrecadando mais do que gasta, os bávaros aprenderam que quanto mais investirem na obtenção de patrocínios, merchandisings, quantidade de sócios, categorias de base e venda de ingressos, mais fortes serão na parte financeira e, sobretudo, no campo.

Por outro lado, o futebol brasileiro, mesmo que atualmente nivelado por baixo, ainda não sofreu com a chamada “espanholização”, provando que nem tudo é dinheiro. Vide as campanhas de Flamengo e Corinthians na Série A-14. O Rubro-Negro perambulou várias rodadas na “zona da confusão” até alcançar águas mais brandas. Já o Alvinegro, segue sua sina, tropeçando nas próprias pernas e nas inconstâncias de seu treinador, agora ameaçado de vez no cargo.

Fato é que o Brasileirão não precisa mais do sistema de mata-mata. Ao menos neste quesito evoluímos. Afinal, temos a Copa do Brasil, agora mais atrativa e extensa, as competições internacionais e os morimbundos estaduais para suprir “a falta de emoção” aclamada por muitos.

A realidade que todos nós sabemos é que o futebol brasileiro necessita urgentemente de uma organização mais democrática, com um calendário que vise em primeiro lugar o bem dos clubes, o que automaticamente seria refletido dentro de campo e no nível das equipes e campeonatos.

Enquanto a distribuição das cotas de TV continuar a privilegiar apenas dois clubes, teremos um futebol recheado de equipes coadjuvantes financeiramente.

Quem clama pela volta do mata-mata ao Campeonato Brasileiro, clama pela volta de um passado até certo ponto nefasto, em que presenciávamos divisões de taças, viradas de mesa e rebaixamentos não cumpridos.

Ao certo, as cabeças pensantes que estão à frente do barco têm preguiça de pensar, aliada ao medo de mudar. Talvez seja este o motivo de ainda estarmos atolados na lama.

O Santos foi o último Campeão Brasileiro da era do mata-mata (Créditos: Passado e Presente Só de Glórias)
O Santos foi o último Campeão Brasileiro da era do mata-mata (Créditos: Blog Passado e Presente Só de Glórias)

QUE SAUDADE DA COPA!

Retorno de Robinho, Vila Belmiro lotada, dois times na parte de cima da tabela e a rivalidade recente aflorada. Todos os ingredientes para um grande jogo…

Contudo, o que se viu em campo foi mais um episódio do “desastroso” Campeonato Brasileiro, a liga mais nivelada do mundo, só que por baixo.

De um lado, a evidente “falta de vontade” de atacar. Do outro, a intenção de fazê-lo, mas sem qualidade.

O Santos viveu de lampejos de Robinho, que mesmo fora de ritmo destoa dos demais. (Bom sinal? Não. Apenas mais um reflexo do empobrecimento de nosso futebol). 

Já o Corinthians, mais uma vez cirúrgico, cumpriu a proposta de seu treinador e foi premiado com os três pontos. (Justo? Bom, o futebol não costuma ser um esporte justo).

De fato, em meio a lamentações e adendos, o Campeonato Brasileiro segue, mas segue sem brilho, segue com um futebol “pobre”, com jogos melancólicos e clássicos muito mais brigados do que jogados.

E o futebol brasileiro? Este segue da mesma forma, como um reflexo de sua liga nacional, não evitando uma frase que insiste em pairar pela mente: “Que saudade da Copa!”

Screenshot_1

PARA O SANTISTA, ROBINHO É GIGANTE, SIM

Robinho deve mesmo ser anunciado como jogador do Santos. Será a terceira passagem do jogador pela equipe que o revelou. E mora em sua primeira passagem a razão pela qual, para mim, faz todo o sentido o santista idolatra-lo.

Pense no que era o Santos naquele período anterior a 2002. Não apenas a ausência de títulos relevantes, mas a ausência da própria relevância do clube no cenário do futebol naquele momento era marcante. O peixe era um figurante com uma história espetacular, mas figurante e nada mais.

Robinho e aquele time formado na base santista, mas, sobretudo, Robinho, representou a retomada de um orgulho que o torcedor alvinegro quase não conseguia mais exercer. Não é exagero de quem diz que Robinho só não é maior que Pelé – em simbologia, claro.

O torcedor rival recai sobre a expectativa criada em torno daquela joia e não correspondida ao longo desses 10 anos de Europa. E aqui também faz todo o sentido. Robinho passou longe, muito longe de sequer ser apontado como postulante a melhor do mundo, como era esperado no início da década passada e como era tratado por ele próprio. Mas, por outro lado, não se pode apontar como fracassado alguém que jogou por Real Madrid, Manchester City e Milan. Não brilhou, mas manteve-se interessante ao maior mercado do futebol mundial.

E para o santista, não apenas o título de 2002, mas a forma como aconteceu e contra quem aconteceu, são justificativas mais do que suficientes para endeusa-lo. Naquela final de 2002, a outra ponta da polarização santista daqueles tempos machucou-se no comecinho do jogo. E para muitos era em Diego que o Corinthians deveria ter a maior atenção.

Robinho assumiu a condição de estrela do time, acabou com o jogo técnica e taticamente, dançou pra cima de Rogério, materializando o desejo santista de mais de década e recolocou o Peixe em seu devido lugar.

O que aconteceu depois daquilo, em Libertadores, mais um título nacional e na exposição que voltou a ter o Santos, selaram de vez a condição de ídolo eterno. Condição merecida e plenamente compreensível para qualquer um que vive e sente as emoções do futebol.

O que rolou depois na Europa e na seleção nada ou muito pouco tem a ver com o Santos. Pelo clube ele fez chover, foi importantíssimo, marcou uma era e reafirmou o Santos como gigante que é.

Se as 900 mil balas juquinhas que, dizem, ele irá receber, são um disparate para o nosso cenário, ao torcedor cabe pondera-lo daqui em diante. Isso em nada desmerece o que já foi feito. Reavaliar o “amor” do jogador pelo clube nesse retorno cabe também. Mas é um novo capítulo, uma nova história, uma nova forma de se enxergar Robinho como ídolo santista de agora em diante.

Desmerecer o santista que chora emocionado pelo seu retorno é pisar num sentimento que a todos nós, apaixonados pelos nossos clubes, pertence.

A DESPEDIDA DO REINO E DA PRINCESA

Quando confirmado o adversário santista na segunda fase da Copa do Brasil, certamente se imaginou vida fácil para o time de Oswaldo de Oliveira.

Porém, o simpático time do Princesa do Solimões fez questão de mostrar que “bobo”, no futebol, não existe mais.

O simples fato de ter levado o segundo jogo para Vila Belmiro já pode ser considerado uma grande vitória, marcar dois gols no estádio então, quase um título. (Três, se considerarmos o bizarro tento anotado pelo “figurão” Clayton He-Man)

O ousado clube amazonense não chegou a ameaçar a classificação do Santos, mas expôs a grande limitação técnica da defesa alvinegra.

Com o departamento médico abarrotado de zagueiros, Oswaldo de Oliveira tem tentado “se virar” com o que tem. David Braz, que sequer era relacionado para os jogos, virou titular.  Bruno Uvini, desconhecido pelo próprio treinador, mal chegou e já beliscou o seu lugar no time.

Sendo assim, a contratação de um bom zagueiro para o andamento da temporada deve ser colocada como prioridade e a pausa durante a Copa pode ser a grande aliada do time.

De fato, mesmo entre todos os altos e baixos, o Santos, se não encanta, tem se mostrado cascudo, pois com apenas duas derrotas no ano, segue firme na briga pelos dois títulos que ainda lhe restam na temporada. Além disso, se mantem invicto até o fim da Copa do Mundo jogando na Vila Belmiro, já que esse foi o último jogo da equipe, no estádio, antes do evento começar.*

Enfim, na despedida provisória da terra do Rei, a princesa não reinou e os príncipes brilharam. Ah, e o He-man? Esse vai ter que mostrar a sua força em outro lugar…

1134001156-santos-comemora-contra-o-princesa-do-solimoes

* México e Costa Rica irão utilizar a estrutura do Santos durante a Copa do Mundo.

O “$” da questão…

A inevitável “ressaca” após o vice campeonato Paulista ainda permeia o ambiente alvinegro e se mostrou evidente na estreia da equipe no Brasileirão. Nem o alçapão da Vila – palco que marcava 100% de aproveitamento em 2014 – foi suficiente para o time superar o Sport, que coincidentemente entrou em campo com um time recheado de ex-santistas, 4 titulares para ser exato.

Contudo, o empate na rodada de abertura e a atuação melancólica da equipe não são os maiores problemas do Santos.

Nos bastidores, o clube vive uma situação conturbada em relação a renovações de contrato, falta de patrocínio master  e ausência de recursos financeiros para reforçar o elenco.

Da fato, dizer isso de um time que vendeu recentemente inúmeros jogadores a preços milionários – Paulo Henrique Ganso, Felipe Anderson, Rafael e Neymar – pode parecer irônico, mas não é.

O dinheiro de todas as transações citadas inexplicavelmente não foi suficiente para o clube arcar com seus compromissos, apelando para um adiantamento da cota de televisão do ano que vem, fato que pode transformar a vida financeira do clube em uma “bola de neve”.

Com a ausência de Neymar, a carência de um ídolo, não só para alimentar o ego da torcida, mas também para rechear os cofres santistas, fez com a diretoria perdesse todo o seu poder de barganha perante as grandes marcas interessadas em patrocinar o futebol.

Na busca por dias melhores, Leandro Damião foi a solução encontrada. Porém, o centroavante se tornou mais um “tiro no pé” da diretoria santista.

A contratação não bombou no ponto de vista “marqueteiro” da coisa e as más atuações acabaram com a paciência da torcida. Mais uma “trapalhada” financeira/mercadológica da cúpula alvinegra?

Tudo indica que sim, mas ainda há tempo de reverter esse quadro.

Afinal, são apenas 14 jogos,  5 gols e um restante longo de temporada pela frente.

Seja qual for o motivo da decadência do futebol santista em 2014,  as contratações e vendas equivocadas, a falta de investimentos e má administração recente da diretoria fizeram do Santos – ultimamente um dos poucos clubes que fugiam à regra das dificuldades financeiras – mais um na vasta lista.

Sendo assim, o que esperar de um time recheado de jovens promissores, seriam eles a solução novamente? Cabe apostar ainda em Leandro Damião?  O elenco é suficiente para encarar o Brasileirão?

De fato, são muitas perguntas, poucas respostas e a certeza de que o “x” da questão é sempre o mesmo…

leandro_damiao_-_ricardo_saibun_2