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CHAZINHO DE COCA – O MAIOR RIVAL

Texto: João Paulo Tozo

Não há razões para tratá-lo bem. Não há espaço para ele e o meu. Não há motivos para que ele se vanglorie em cima de alguém que menos vezes venceu. Não há razões para que eu o parabenize, mas sim relembre toda vez que por causa do meu, ele sofreu.

Intransferível sentimento somente a ele pertencente.

Por que os outros são rivais, são triviais. Ele é inimigo de alma, de história, de bola.

O meu não é o maior porque ele existe. Mas ele é grande como é porque é o maior rival do meu.

O meu já seria o maior existisse ele ou não. Mas a rivalidade que alimenta a história, que se arrebenta de glória, essa não seria tão vistosa fosse ele qualquer outro time da moda.

O Centenário é seu. Mas a rivalidade é nossa. Sofisticada, atemporal, temperamental.

Obrigado meu Palmeiras por ser o maioral.

Parabéns Corinthians por ser nosso eterno maior rival.

Café com Leite: Timão, 100 anos

Texto: Beto Almeida

Tem coisas que não conseguimos transmitir em palavras, não dá. Como explicar o que é ser corintiano? Me rendo, não tenho o talento dos mestres, essa pena fabulosa, sou pequeno  diante dessa Nação – pois o Corinthians é a massa de milhões de torcedores vestindo o preto e o branco – cantando em coro que este sim, é do Brasil o clube mais brasileiro, na comunhão de raças e classes sociais, ponto comum entre tantas diferenças e indiferenças que grassam nessa terra, a religião que abraça todos os crentes e descrentes, homens e mulheres e crianças que corintianos, são iguais.

O Corinthians é o time do chefe e do peão, e este odeia aquele, mas na hora do gol se abraçam como se fossem grandes amigos – e nessa hora eles são – porque quando o Corinthians entra em campo todos somos corintianos.

E é teu símbolo que carregam tatuado no peito, esse amor que nunca há de acabar, o amor perene e eterno, posto que transcende o humano. É imortal.

Salve, Corinthians! Parabéns pelos 100 anos.

Parabéns, corintianos!

Chazinho de Coca – O "Senhor Centenário", o marketing e o futebol.

O Centenário do Corinthians começou com vitória – 3X0 no Huracan da Argentina, em amistoso realizado no Pacaembu – até o Souza fez gol, Aleluia Motherfuckers!

Mais do que o início vitorioso na temporada mais aguardada pela coletividade alvinegra, a partida marcou, de forma oficial, o fim da carreira do, apontado por muitos, maior ídolo corintiano de todos os tempos – Marcelinho Carioca.

Em suas passagens pelo clube, Marcelinho contabilizou algo em torno de 10 títulos. Nenhum outro conseguiu se aproximar disso no Timão.

Mas a história de Marcelinho com o Corinthians continuará sendo escrita ao longo do ano.

Marcelinho Carioca é o “Senhor Centenário”. Uma espécie de embaixador das ações promocionais do clube no que diz respeito a data. Ele estará presente em lançamentos das lojas do clube, terá uma camisa comemorativa com seu nome lançado, dentre outras inúmeras ações.

Só não entendi porque o “Senhor Centenário” não esteve presente na apresentação de Roberto Carlos e depois na dos outros contratados. Erro estratégico, mas enfim…

Quando se fala em ações promocionais, fala-se em Departamento de Marketing e não de Futebol. O marketing alimenta o clube e o futebol. O futebol é independente de qualquer outro depto.

Nossos grandes clubes demoraram a perceber essa tendência, mas já estão inseridos nessa prática.

Mano Menezes é técnico do time, logo pertence ao depto de futebol. Provavelmente ele nada entende de mkt e nem precisa, já que é ótimo no que faz.

Ao longo dos últimos dias, a imprensa questionou Marcelinho sobre a possibilidade de prolongar sua carreira por mais uma temporada para, quem sabe, fazer parte do elenco de Mano Menezes.

Lembram-se? Marcelinho = MKT / Mano = Futebol

Marcelinho deu a entender que estaria apto a fazer parte do elenco ou que pelo menos aceitaria passar para os jogadores a importância de se jogar no Corinthians, de se usar a “2ª pele”, como ele gosta de dizer.

Como se jogador profissional precisasse de orientação extra para entender o quanto é importante ostentar a camisa que veste. Descabidas as boas intenções “Marcelisticas”.

Mano Menezes, que nada entende de MKT, que nada tem a ver com as ações de MKT e que não tem papas na língua, agradeceu, mas tratou de descartar qualquer possibilidade de aproveitamento do Marcelinho, do MKT, em SEU Depto de Futebol.

A imprensa que tantas vezes e sempre com razão, pegou no pé dos clubes para que houvesse essa visão macro em questões extra campo, quando a encontra, parece não entendê-la ou faz questão de não entendê-la, e com incessantes insinuações, alimentadas pela esperança descabida de Marcelinho, ajudou a instaurar o clima de discórdia entre MKT e Futebol no Timão.

O Marketing do Timão vem fazendo trabalhos invejáveis. O Futebol idem e começou bem o ano. São deptos distintos, mas vivem sob o mesmo teto. Se o teto ruir, cai na cabeça de todo mundo.

Despeço-me da feroz nobreza ao som de Wumpscut – Embryodead.

Cheers,

Chazinho de Coca – Um Centenário diferente.

Completar 100 anos de existência deve ser motivo de orgulho para qualquer grande instituição. Para os clubes de futebol então, esse orgulho é compartilhado com seus milhares ou milhões de torcedores.

Muito se planeja em cima dessa data. Eventos, festejos, grandes contratações, títulos. Entretanto o que tem sido visto nos centenários dos clubes que já atingiram a marca não é nada animador para quem está prestes a entrar nos anos dos 3 dígitos.

Em 1995 o Flamengo foi o 1º dos grandes a “comemorar” a data. Em um momento onde Kleber Leite gastou tubos de dinheiro, montou-se aquele que era pra ter sido o “ataque dos sonhos”, com Sávio, Edmundo e Romário. Luxemburgo, o mais badalado técnico da época, chegou para comandá-los. Logo Luxa e Romário brigaram e racharam o elenco. O Campeonato Carioca se foi com o gol antológico “barrigusitico” de Renato Gaúcho. Na Copa do Brasil, fracasso. Na Supercopa, naufrágio. E no Brasileirão, uma lástima.

Em 2002 foi a vez do Fluminense chegar a marca dos 100 anos. O Flu vinha de temporadas tenebrosas, onde passeou por quase todas as divisões possíveis do futebol brazuca – segundona, terceirona – logo o contentamento da torcida seria sanado com uma campanha decente na elite.

Naquele ano o Tricolor venceu o esvaziado Campeonato Carioca, na edição que ficou mais conhecida como “Caixão”, devido as patacoadas de Eduardo “Caixa D´agua” Viana , presidente da Federação Carioca.

De semelhante ao centenário do rival Flamengo, além da temporada sem sal, o Flu teve Romário no comando de ataque – Como se vê, ter o baixinho no ano do centenário era pra lá de feroz – No BR02 o Fluminense até que caminhou bem, terminando na 4ª colocação.

Em 2003 o Grêmio pensou em pintar o Brasil em azul, preto e branco. Mas o que se viu foi o Internacional voltar a ganhar o estadual, fato que não ocorria desde 97. Tite caiu após eliminação na Libertadores e Adilson Baptista teve de salvar o time do rebaixamento no BR daquele ano.

O Botafogo chegou aos 100 em 2004, após amargar a 2ª divisão no ano anterior. O retorno deu ao clube esperanças de uma boa jornada. Mas o time nem as semifinais do estadual chegou. No BR04 o Fogão ficou as 12 primeiras rodadas sem vencer um único jogo e a dança dos técnicos veio em ritmo avassalador. Escapou de novo rebaixamento só na última rodada.

O Atlético Mineiro apagou suas 100 velhinhas em 2008. O ano foi uma lástima. No estadual foi humilhado pelo maior rival por 5X0 na final e ainda sofreu com 2 eliminações frente ao Botafogo no decorrer da temporada – Copa do Brasil e Sulamericana.

Em 2009 o Internacional e o Coritiba foram os grandes que tentaram comemorar algo nos 100 anos. O final do Coritiba está fresco na memória de todos. O rebaixamento do clube na última rodada, jogando em casa, provocou uma onda de violência que destruiu o estádio Couto Pereira, além de deixar inúmeros feridos, em um dos momentos mais tristes , não apenas na história do glorioso Coxa, Campeão Brasileiro de 85, mas também do futebol pentacampeão mundial.

O Internacional foi razoavelmente bem. Venceu o estadual ao massacrar o Caxias por 8X0. Mas foi derrotado na final da Copa do Brasil pelo Corinthians. No BR09 surgiu como favorito, mas em certo momento foi dado por muitos (onde me incluo) como carta fora do baralho. Mas em uma boa recuperação, comandada pelo interino Mario Sergio, conseguiu brigar pelo título até o fim e ficou com o vice.

Agora em 2010 a cidade de São Paulo se prepara para os festejos de seu 1º clube centenário – O Sport Club Corinthians Paulista.

Eu poderia, embasado pelos centenários citados acima, criar um cenário de terror para os corintianos.

Mas ao contrário de todos os outros que gastaram montanhas de dinheiro com estrelas e não tiveram um mínimo de zelo para estruturar suas equipes, eu vejo esse centenário alvinegro sendo desenvolvido, detalhe por detalhe, por uma diretoria que já se mostrou competente ao resgatar do limbo o time em 2007, além de ter promovido o maior de todos os retornos a elite de um grande que caiu, com as conquistas do Estadual e da Copa do Brasil.

Não só isso, mas o Timão vem desenvolvendo campanhas de marketing de invejar qualquer grande adversário. As contratações de Ronaldo e agora Roberto Carlos, não apenas fortalecem o elenco, como geram receitas inestimáveis. A comissão técnica é de 1ª e o time está sendo montado na ponta dos dedos.

Apesar de todo o auê que essas contratações geram, além do que o próprio Corinthians já causa na mídia e no futebol como um todo, não se vê dirigentes, jogadores e comissão técnica com deslumbramento. Estamos vendo sim, um conjunto de pessoas em busca de um grande, mas não único objetivo – a conquista da Libertadores.

Quando Andres Sanches diz que o Corinthians não deve se planejar para estar somente NESSA Libertadores e vencer de qualquer maneira ESSA Libertadores, mas sim em criar um ciclo de seguidas participações nessa competição, fazendo com que inevitavelmente, em uma delas, o tão sonhado título seja conquistado, ele mostra para qualquer bom entendedor que o clube esta olhando também os aniversários de 101 anos, 102, 110 e assim por diante. Não vivendo o centenário como se fosse o último ano de sua existência.

Malandro velho no futebol, Andres deve ter aprendido com os erros dos adversários, como não se comemorar 100 anos.


Essa “centenária” coluna foi escrita no embalo do petardo do Phoenix, com a faixa Lasso.

Cheers.