“POR ONDE ANDARÁ O PALMEIRAS?”

Fui criança em uma época onde ainda haviam os fotógrafos da família. Muitos de vocês devem se lembrar disso. Anos luz antes do surgimento da 1ª câmera digital, obter registros fotográficos para a eternidade demandava certo planejamento, hora marcada e um custo relativamente alto. Eram geralmente pessoas ligadas a família, possuíam laços além do profissional.

Lá em casa tínhamos o “nosso” fotógrafo, que era amigo do meu pai de longa data.

As tramas da vida nos levaram a perder contato com o fotógrafo. Anos e anos se passaram sem que tivéssemos notícias do cara, que foi figura bem presente na minha infância. Então, mesmo depois de velho, sempre me peguei pensando: “Por onde andará o PALMEIRAS?”

Palmeiras é o nome do fotógrafo. O primeiro nome dele. De verdade.

Palmeiras é palmeirense, obviamente, assim como era meu pai. Assim como eu sou.

Sempre invejei o Palmeiras pelo seu nome. “Meu Deus, se chamar Palmeiras. Quanta honra!”

Há coisa de dias, minha mãe e minha irmã mais nova estavam em algum comércio em nosso bairro de sempre, quando um senhor, atraído por minha sobrinha que estava no colo da minha irmã, aproximou-se e simplesmente disse: “mas é a cara da mãe quando era criança”.

Era o Palmeiras. Sumido há anos, mas nunca esquecido. As duas, minha mãe e minha irmã, logo reconheceram o fotógrafo e ali mesmo conversaram com o velho Palmeiras.

Quero também reencontrá-lo qualquer dia desses. Espero que possa tomar uma cerveja e conversar sobre assuntos que temos em comum, dentre os quais o nosso Palmeiras, o clube.

Lembrei-me hoje dessa história e achei legal compartilhá-la com vocês.

Mas ontem o Palmeiras, o clube, escreveu mais uma de tantas e tão recentes páginas do lado tenebroso de sua tão espetacular história.

Há de se dizer que se o Palmeiras escreveu uma página triste, o Coritiba por sua vez escreveu uma das mais verdes páginas de sua história. Nada de bairrismo do “nós ganhamos, nós perdemos”. A vitória do Coxa foi construída em uma base sólida de um time formado há 2 anos e que carrega o recorde nacional de invencibilidade e vitórias consecutivas.

Isso por si justifica a vitória dos donos da casa. Mas não justifica o tamanho da sova que levou o Palmeiras.

O mesmo Palmeiras que se orgulhava de ser a melhor defesa do país, de ser um time de garra, de vibração, de não entregar os pontos. O mesmo que saiu aplaudido de campo na derrota para o arquirival no domingo. Esse Palmeiras poderia ter saído derrotado ontem por 2X0, 3X1, 1X0. Resultados perfeitamente normais, mais ainda diante do grande time do país no momento. Derrotas que manteriam ainda acesa a chama verde na Copa do Brasil.

Mas jamais, nunca, de maneira alguma, levar 6 gols e não marcar nenhum. Não assustar em momento algum. Não ser Palmeiras em centésimo de milésimo de segundo algum.

Os 6X0 de ontem foi a maior derrota da era Felipão no Palmeiras. Era que abrange os anos de 97 a 2000, além da atual.

Em 1999 o Palmeiras levou de 5X1 de Vasco, São Paulo e de 4X0 do Fluminense. Contra os dois cariocas Felipão escalou reservas, em uma época onde o time vivia decisões todas as semanas. (Infos do PVC no twitter: @ /pvcespn)

Antes disso, em 1995, quando o próprio Felipão ainda dirigia o Grêmio, o Palmeiras do então técnico Carlos Alberto Silva perdeu de 5X0 do tricolor de Felipão.

Exceto essa derrota para o Grêmio, que na volta o Verdão quase fez chover e com uma vitória espetacular de 5X1 quase eliminou o futuro campeão da Libertadores daquele ano e que por esse motivo tornou-se inesquecível, alguém se lembrava das outras goleadas sofridas?

Acho que nem o PVC. E isso pelo simples fato de que aquele time de 99 fez história, deu resposta em campo, deu título, deu O TÍTULO ao clube. As derrotas daquele time campeão da Libertadores são trucidadas pelos feitos históricos.

Em 2003, jogando em casa, o Palmeiras sofreu a maior derrota de sua história atuando no Palestra Italia. Os 7X2 para o Vitória eram até ontem, tirando o rebaixamento em 2002, creio que para a maioria, o maior vexame da historia alviverde.

Eram para mim, que estava no estádio naquela fatídica noite. Noite de Copa do Brasil, também. Ainda o Palmeiras que fora rebaixado na temporada anterior. Praticamente o mesmo time. Apático time.

Mas aquele resultado impactou positivamente no curso do clube naquela temporada. Os 7X2 sofridos contra Vitória colocaram um ponto final na trajetória de grande parte dos jogadores rebaixados e deu inicio a geração de Edmilson, Diego Souza (o outro) e Vagner Love. No jogo de volta, lá na Bahia, o time já renovado venceu por 3X1. O mesmo time que na sequencia fez campanha digna na série B e levou o Palmeiras de volta ao seu lugar entre os gigantes.

Se não há mais onde o palmeirense se agarrar para imaginar dias melhores, talvez resida nos insucessos do passado uma das últimas esperanças de vislumbrar um Palmeiras melhor.

Alguns personagens da nefasta página de ontem não são dignos de constar no Best Seller palmeirense.

Felipão, que é um dos tantos protagonistas dessa história, terá de ser mais herói do que nunca e, olhando para exemplos semelhantes ao que passou ontem, buscar resgatar a dignidade perdida. A ordem tem que ser a da renovação.

Ou então em algum ponto no futuro, eu já tiozinho, olharei para o meu passado e me indagarei: “Por onde andará o PALMEIRAS?”

Prefiro não estar mais aqui se for para vivenciar isso.

Não tem música hoje. Fica aqui o meu minuto de silêncio.

One thought on ““POR ONDE ANDARÁ O PALMEIRAS?””

  1. ja disse isso no FB hj, o Futebol tinha que ser que nem no Boxe, quando o adversário não está mais aguentando o juiz para a luta, para não humilhar e nem ferir seriamente o oponente.

    O árbitro de ontem deveria ter parado o jogo após o 3 gol…

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