Todos os posts de Márcio Viana

Formado em Jornalismo, com pós-graduação nas áreas de Gestão Estratégica do Conhecimento e da Inovação, Gerência de Sistemas e Serviços de Informação e Gestão de Documentos de Arquivo. Trabalha com Gestão da Informação e de Documentos. Ferrenho defensor da tese de que dá pra citar Beatles em qualquer contexto. Torcedor do Sport Club Corinthians Paulista e frequentador eventual de jogos, especialmente no Pacaembu. Tem alguns instrumentos musicais juntando poeira em casa, e toca mal todos eles. Assina a coluna Futecore e eventualmente as colunas Ferozes Musical Clube e Golden Goal.

NÃO VEJO NADA, O QUE EU VEJO NÃO ME AGRADA

José Maria Marin, um dirigente que enxerga longe.
José Maria Marin, um dirigente que enxerga longe.

Os presidentes (sim, o atual e o sucessor, já escolhido) da Confederação Brasileira de Futebol parecem ser alheios aos conceitos de ‘inovação’ e ‘gestão de mudanças’. Em contrapartida, se mostram claramente fiéis aos seus próprios valores. É, de certo modo, o caminho inverso do que é recomendado a um treinador dentro de campo: mesmo perdendo, preferem recuar.

Fiéis a suas premissas, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero montaram uma verdadeira ‘tropa de choque’ para cuidar do futebol das seleções. Em coletiva na quinta-feira, dia 17 de julho, mostraram que vieram mais para confundir do que para explicar.

Primeiramente, Alexandre Gallo, mantido no cargo, até porque tem o perfil que agrada aos dirigentes, fez longa explanação sobre os erros cometidos na falta de conexão entre a Seleção principal e as categorias de base. Porque claro, se é para exorcizar a comissão técnica que está de saída, é melhor queimar logo de vez. Mesmo que se faça parte disso. Gallo tem o perfil disciplinador. Chegou a implicar com cortes de cabelo de jovens jogadores. A direção dá respaldo.

Na sequência da coletiva, foi indicado Gilmar Rinaldi, agente de jogadores até a véspera de sua indicação e também com o mesmo perfil disciplinador. Pergunte a Romário sobre os tempos de Flamengo, época em que Rinaldi tinha cargo de dirigente.

Por fim, a já dada como certa indicação de Dunga como treinador, um imenso passo para trás da CBF. A fórmula é simples: se havia a impressão de que o trabalho de Felipão e Parreira era de formar ‘família’, trazer todo o grupo para junto, estreitar as relações, é hora de chamar um ‘gritalhão’, um ‘disciplinador’, mais preocupado com critérios comportamentais do que técnicos e táticos.

Muito estilo no vestir.
Muito estilo no vestir.

Que o caro leitor não se engane com o retrospecto ‘menos pior’ de Dunga em relação à atuação da Seleção Brasileira na Copa de 2014. É um treinador fraco. Fez parte de um grupo vencedor em 1994, como jogador e capitão. Mas o time tetracampeão, de 20 anos atrás, já não trazia em si nada inovador, afinal de contas foi campeão graças a grandes atuações individuais, que puderam se desprender de um esquema travado e sem criatividade.

Pode dar certo? Pode, como tudo na vida. Mas não é inovação, e pelo retrospecto desta curta passagem de Marin pela presidência, e a se contar pela atitude conjunta com seu sucessor, podemos dizer que o céu é só uma promessa.

O GRITO DA TORCIDA É PARTE DO GOL

O ato de torcer tem vários momentos e motivações. Há quem pague, ou ganhe cortesias para estar no estádio, na abertura de uma Copa do Mundo, e use deste momento para agredir com palavras de baixo calão a presidente do país (não cabe aqui nenhum posicionamento político, e embora o torcedor tenha direito de se expressar, há que se refletir acerca da utilidade deste tipo de protesto).

O site do New York Times, no entanto, foi atrás do símbolo máximo do ato de torcer: com câmeras em alguns locais do país, captou o momento do primeiro gol brasileiro em lugares diversos, como a praia de Copacabana, barracas do exército, bares, e até um asilo em Porto Alegre. Confira no link:  http://nyti.ms/UyeLMt

 

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LANÇAMENTO DO PRIMEIRO CLIPE DOS PSICOTROPICAIS!

Você, que nos acompanha aqui no Ferozes Futebol Clube, já conhece a banda Psicotropicais, que tem entre seus integrantes a nossa querida colaboradora e amiga Karen Bachega. Agora, o grupo está lançando seu primeiro videoclipe, ‘Pra esquecer’, com um pocket-show exclusivo na Festa ‘Pimenta’, no Clube Flamingo, em São Paulo, às 20h. Vai perder essa? A entrada é grátis! Confira logo aí embaixo todas as informações sobre o evento, confirme a presença e abra aquele sorriso! (ah, e no final do post você pode assistir ao clipe, afinal de contas nós somos legais com vocês, e também não perderíamos a chance de divulgar oficialmente este lançamento).

Pocket-show dos Psicotropicais na Festa Pimenta #8

Local: Clube Flamingo

Rua Antonio Carlos,  395 – Consolação – São Paulo/SP.

Psicotropicais:  Angelo Malka, Vanessa Gusmão, Dani Buarque e Karen Bachega

psicotropicais

Confirme presença no evento: https://www.facebook.com/events/223389031203454/

O clipe de ‘Pra esquecer’ tem direção de Geisla Fernandes e Eduardo Luderer. A edição é de Sofia Franco.

Ouça e baixe o EP  ‘Pinturas de Guerra’: https://soundcloud.com/psicotropicais/sets/pinturas-de-guerra-ep

Curta a fanpage dos Psicotropicais: https://www.facebook.com/psicotropicais

E finalmente: assista ao clipe de ‘Pra esquecer’!

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=CN2OT8kUSnM[/youtube]

 

A XENOFOBIA BRASILEIRA QUANTO AO TREINADOR ESTRANGEIRO

Ainda sem treinador, Lúcio, zagueiro e capitão do Palmeiras, deu a entender que não era favorável a chegada de um estrangeiro para comandar a equipe. Os motivos são os de sempre: língua, adapaptação, choque cultural. Causa estranhamento uma declaração dessas. Justamente dele, que viveu sua melhor fase na carreira sob a batuta de José Mourinho e Rafa Benítez, em 2010, defendendo as cores da Inter de Milão. Técnicos que não eram italianos, diga-se.

Cobramos, quase sempre, por uma mudança no cenário futebolístico brasileiro. Principalmente na mentalidade. No modo de se ensinar, enxergar e, principalmente, pensar o jogo. Este, cada vez mais chato e previsível. Parecido em nada com o que um já dia foi. Porém, há ainda uma parcela, assim como o defensor alviverde, que age de má fé. Demonstrando autosuficiência quanto a figura do técnico estrangeiro. Como se tratassemos de alguém que não acompanha e não entende nada do que rola nos gramados tupiniquins. Ao ponto do idioma ser o principal problema. Um dos motivos que alegaram para Guardiola não ser o técnico da seleção após a queda de Mano.

A prova do equívoco é tão gritante que, em 2012, Santos e Palmeiras tentaram a todo custo trazer Marcelo Bielsa. O Verdão ainda insistiu em um novo contato em 2013, para substituir Gilson Kleina, hoje sem clube. No final das contas, o argentino não se acertou com nenhum dos dois, mas surpreendeu jornalistas, imprensa e torcida com o vasto conhecimento que tinha dos clubes daqui. ”El Loco” se destacou por onde passou pela forma inovadora com que armava suas equipes. Outra característica marcante é quanto ao fato de ser um estudioso da bola. Um vencedor.

Acredito que muitos se apegam, ainda, aos insucessos dos gringos que se aventuraram por aqui. Casos mais conhecidos de Daniel Passarela e Jorgi Fossati. Recentemente, o Atlético-PR trouxe dois: o uruguaio Juan Carrasco e o espanhol Miguel Ángel Portugal. Ambos não vingaram. Mas isso não prova nada. A qualidade, sim.

Somos imediatistas. Sendentos por resultados instâneos. Vemos na figura do técnico, muitas vezes, uma espécie de salvador da pátria, ou vilão. Capaz de entrar em campo e resolver, ou não resolver. O reflexo do péssimo panorama está nos números. Estamos em maio e 130 treinadores já perderam o boné Brasil afora.

Gareca e o desafio de vingar em um grande clube brasileiro.
Gareca e o desafio de vingar em um grande clube brasileiro.

O mercado nacional de treineiros está escasso. Nomes inflacionados, e de poucos resultados ao longo de suas carreiras, ainda pipocam constantemente por aí. Vivemos um ciclo vicioso. São sempre os mesmos. Com as mesmas ideias. E os mesmos resultados.

Gareca terá no Palmeiras a chance de quebrar um paradigma. De ser a exceção. E chega com bons olhos daqueles que o conhecem. Dirigiu o Vélez Sarsfield por cinco temporadas, nas quais levou a equipe ao tri-campeonato argentino. Não é qualquer um. Nem um superstar da tática.

A impressão, é que alguns brasileiros ainda acham que as cinco estrelas na camisa da CBF ainda significam que somos os melhores. Tanto dentro, quanto fora do campo.

‘FILME DE ROCK AND ROLL TEM QUE SER NO VOLUME ALTO’

Pedindo para o projecionista aumentar o volume da exibição. Foi assim que o cineasta carioca Pedro Asbeg terminou sua introdução sobre o documentário ‘Democracia em Preto e Branco’, exibido no Cinesesc em 6 de maio de 2014, dentro do festival In-Edit, dedicado a documentários musicais. ‘Filme de rock and roll tem que ser no volume alto’.

O cineasta Pedro Asbeg e o cartaz do filme.
O cineasta Pedro Asbeg e o cartaz do filme.

Não era exagero. ‘Democracia…’ não é um filme sobre o Corinthians. Ou melhor, é. Mas não só sobre o Corinthians. Ele retrata um momento marcante da história do Brasil. Um contexto em que a política, o futebol e o rock efervesciam.

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Era início da década de 80, o país ainda era governado pelos militares. Ditadura aqui, ditadura ali: Vicente Matheus se perpetuava como presidente do Corinthians. Quando não havia mais jeito de se reeleger, uma cartada: se candidatou a vice-presidente e indicou para a cabeça da chapa seu aliado Waldemar Pires. Mas a aliança não durou tanto assim. O novo presidente acabou rompendo com Matheus e implantando uma nova cultura, a cultura da democracia, uma tradução do que o povo já almejava. Ter vez e ter voz. Tudo se interligava: os jogadores, encabeçados pelo saudoso Doutor Sócrates, Wladimir, Zé Maria (que viria a substituir Mário Travaglini como treinador), Zenon, Casagrande, entre outros, eram também envolvidos nos movimentos políticos, e a trilha que embalava esse movimento era o rock nacional que se desenhava nas guitarras de grupos como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, e por aí vai.

Rita Lee, escolhida para fazer a locução do documentário, dá as caras também no palco, em um lendário show em que Sócrates, Wladimir e Casagrande, percebendo o momento oportuno, queriam presentear a cantora com uma camisa do Corinthians, mas sem ter uma à mão, apelaram para um espectador do show, que trajava uma camisa do Timão.

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A linha desenvolvida no filme traz certa cronologia, desde o início do movimento e a sua criação, que aliava o anseio popular com técnicas publicitárias afiadas, até seu final, com a fria recepção de Leão, contratado como goleiro, a ida de Sócrates para a Itália, impossibilitado de cumprir sua promessa de ficar caso a emenda das eleições diretas para presidente fosse aprovada. Não foi, e o Doutor se foi para o Velho Mundo. Passam pelo filme em depoimentos, além dos jogadores, grandes nomes do rock nacional e da política, incluindo os dois últimos presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, que tiveram participação ativa no movimento das Diretas Já.

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Em resumo, ‘Democracia em Preto e Branco’ é imperdível, e não só para quem é torcedor do Corinthians. Vale a pena para todos os que querem entender aquele momento que mudou a história do país. Como disse Casagrande em depoimento, ‘(…) a Democracia Corinthiana bateu o pênalti’.

Assista ao trailer do filme:

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=TjbNGhW2FEY[/youtube]