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QUEM DISSE QUE A ADIDAS NÃO MANJA DE COMERCIAIS?

O voo clássico de Robin van Persie (Google)
O voo clássico de Robin van Persie contra a Espanha (Google)

Dando sequência aos especiais pós-Copa, a Adidas, uma das principais fornecedoras de material esportivo da maioria das seleções que estiveram no Mundial, lançou um vídeo de encerramento com grandes momentos do torneio, protagonizados por seus jogadores-propaganda.

Entre eles, estão gols de Lionel Messi, Robin van Persie, Thomas Müller, Di María, Bastian Schweinsteiger, além dos golaços da revelação colombiana James Rodríguez.

Detalhe: todos sob a ótica de um efeito bacana, acompanhado de uma trilha pra lá de matreira.

Chega de conversa e vamos conferir essa belezura.

UMA GERAÇÃO QUE NÃO MERECE O RÓTULO DO FRACASSO

Na semana da final contra a Espanha, ano passado, pela Copa das Confederações, o medo de perder misturava-se com a pressão que uma derrota às vésperas do Mundial causaria. O time canarinho vinha bem, conquistando resultados importantes e imponentes, passando a devida confiança à torcida, que começou a acreditar e jogar junto.

Por outro lado, ainda faltava o grande teste.

Mais que apenas vencer os melhores do mundo na época, a vitória, além do título, traria de volta a confiança e recolocaria o Brasil junto aos tops do futebol – lugar onde sempre esteve.

Vencemos os espanhóis com autoridade e, um ano depois, a semifinal diante da Alemanha tem o mesmo enredo. Mesmo se Neymar estivesse em campo, teríamos aquela pulga atrás da orelha. A incerteza do sucesso, às vezes, tira a vontade de ganhar. E Felipão sabe disso.

Hoje, sabemos que não somos mais a única referência no futebol. Nos tornamos prevísiveis. Comuns. Mas ainda competitivos. Talvez, nos acostumamos mal com Ronaldos, Romários, Rivaldos e demais craques e, por isso, não temos mais a paciência para esperar o amadurecimento dessa nova safra de bons talentos.

Somos imediatistas por natureza. E, se, caso, formos eliminados diante da boa equipe de Joachim Lowe, entendo que não seria justo eleger um vilão, como sempre fizemos. Até porque, essa geração não merece o rótulo do fracasso.

Seleção brasileira posa para foto antes da estréia no Mundial 2014 Créditos: Vipcomm
Seleção brasileira posa para foto antes da estréia no Mundial 2014 Créditos: Vipcomm

Os quatro semifinalistas têm as mesmas condições de cumprimentar a presidente Dilma no próximo dia 13, no Maracanã, antes de receber a taça de campeão. O Brasil, pelo que já fez, é, sim, um vencedor. Afinal, esta Copa é disputada palmo a palmo, com um equilíbrio que transcende a magia desse esporte.

QUEM SERÁ O NOVO BETINHO?

Em 2012, o Palmeiras de Felipão chegava às semifinais da Copa do Brasil com um dos piores times de sua história. O caminho até a conquista foi árduo, duro, dramático e emocionante. Tendo a cada jogo, um capítulo especial, em que a superação de limites se tornava o ponto forte daquele grupo limitado.

Enquanto todos pintavam uma classificação tranquila do favorito e badalado Grêmio, eis que aconteceu o “impossível”.

A camisa alviverde envergou o varal e a vaga na final veio graças às poucas referências técnicas daquele elenco. Barcos foi decisivo no Sul. Já Valdívia, selou a vaga em São Paulo, com um belo gol no fim da batalha de Barueri.

Porém, às vésperas da finalíssima, uma notícia ruim tirou do torcedor palestrino o sorriso da confiança de viver após tanto tempo uma decisão. Com uma crise de apendicite, o camisa 9 argentino ficou de fora da partida contra o também “favorito” Coritiba, que, de forma consecutiva, chegava novamente a disputa do título. 

Em Copas do Mundo, na campanha do bi, em 1962, no Chile, Pelé se lesionou e, em seu lugar, entrou o botafoguense Amarildo, apelidado pelo eterno Nelson Rodrigues de “possesso”.

Amarildo foi um coadjuvante de luxo para Garrincha conduzir a Seleção ao topo do mundo novamente. 52 anos depois, na aguardada Copa no Brasil, nos perguntamos agora quem será o novo Amarildo, dos 23 comandados de Scolari, diante da Alemanha, no Mineirão. E Garrincha? De fato, não sabemos. Talvez, não teremos nenhum dos dois. Teremos força. Como teve aquele Palmeiras de 2012.

Garrincha e Amarildo foram peças fundamentais na conquista do bi Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo
Garrincha e Amarildo foram peças fundamentais na conquista do bi Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo

O provável aponta para as entradas de Bernard ou Willian. Entretanto, uma duvida paira no ar quanto a capacidade desses jogadores substituírem Neymar. Ao certo, nos bastidores, a estrela de Felipão costuma ser extremamente decisiva em momentos de tensão.

Há dois anos, o Palmeiras perdia seu principal atacante para aquela que seria a sua “final de Copa do Mundo”. O Bigode, por sua vez, inventou o desconhecido e recém-chegado Betinho, motivou ainda mais seus jogadores com tudo que havia acontecido e o resultado final todos sabem.

Óbvio que a proporção das competições não tem comparação, não cabe. Mas, após a confirmação da ausência de Barcos, parecia que estava tudo perdido. Assim como aconteceu na última sexta-feira, após o anúncio da lesão de Neymar, que teve uma das vértebras fraturadas pelo colombiano Camilo Zúñiga.

O Brasil está vivo. Vivíssimo. E quem acha o contrário, de fato, não conhece o “modo felipônico” de trabalhar.

Em 2012, o desconhecido Betinho fez o gol do título do Palmeiras Crédito: Getty
Em 2012, o desconhecido Betinho fez o gol do título do Palmeiras
Crédito: Getty

O FUTEBOL SALVOU A COPA DO MUNDO

Talvez o maior legado da Copa do Mundo seja o que vimos dentro de campo, com belos jogos e muita emoção (Foto: AFP)
Talvez o maior legado da Copa do Mundo é aquele visto dentro de campo, com a lembrança de belos jogos e muita emoção (Foto: AFP)

Antes do esperado 12 de junho escrevi um texto falando sobre as coincidências que cercavam o Mundial. Algumas delas trágicas, como a morte de profissionais consagrados da mídia esportiva, que trabalhariam no evento.

Comentei sobre a atmosfera diferente que pairava no ar desde o anúncio do país como sede, em meados de 2007, até os desmandos políticos, que efervesciam e afastavam a população, às vésperas do apito inicial.

Tudo era muito errado. Muito estranho.

Quase um mês depois que a Brazuca passou a rolar solta nos gramados tupiniquins, volto com aquela cara de quem comeu, gostou e quer de novo. De quem quer Copa de novo. Se possível, todo ano.

Estava temeroso. Afinal, o terrorismo feito por nós e pelo mundo, com muita razão em algumas partes, mas também com muito sensacionalismo exacerbado em outras, dava conta, com todos os argumentos, que essa seria uma das piores Copas de todos os tempos.

Ledo engano.

Cometemos um erro grave, se esquecendo de alguém importante. Imponente. Principal. Protagonista. Do futebol.

Do futebol bem jogado, aquele que salvou o nosso Mundial. Salvou a nossa imagem. Salvou, quiçá, a nossa moral. Nos fazendo refletir e pensar se “tudo no Brasil é realmente uma porcaria”. E, se ele, é mesmo o ópio do povo. O pão e circo, como muitos ainda insistem em dizer por aí.

Clamo para que os oportunistas de plantão não usem o sucesso futebolístico do torneio como manobra de discurso na hora de se eleger, em um outubro que se aproxima. Que o povo tenha discernimento e sabedoria em suas escolhas, e saiba balancear corretamente tudo de positivo e negativo que estamos vivendo nesse aguardado e histórico 2014.

Acabaram as oitavas de final e a Copa das Copas encaminha-se para seus últimos momentos. Momentos que, certamente, serão marcantes e inesquecíveis. Como todos vividos em nossos quintais até então.

A Copa dos gols, dos goleiros, das viradas, das surpresas, das festas e dos jogos para sempre vem provando ser também a Copa do equilíbrio. Até porque, não há favoritos. Não há prognósticos. Tampouco análises ou previsões. E esse é o fator que a torna cada dia mais espetacular.

Sinceramente, já estou com saudades de tudo isso. De toda essa atmosfera. De todo esse clima. De toda essa gente. Gente de todas as cores, lugares, jeitos e credos. Gente do futebol.

O único único esporte capaz de fazer o mundo todo falar uma mesma língua: gol.

UM CRAQUE COM ALMA ARGENTINA

A Copa do Mundo está sensacional. O clima, os jogos, tudo. Dentro de campo, já fomos agraciados com belas partidas, recheadas de emoções e, sobretudo, surpresas. A arbitragem tentou tirar o foco daqueles que são os verdadeiros protagonistas, mas graças aos Deuses do Esporte Rei, não conseguiu.

Falando em protagonista, Lionel Messi, um dos principais desse Mundial, desembarcou no Brasil sem a pressão e expectativa de quatro atrás. Porém, neste domingo, na estreia da Albiceleste diante da Bósnia, esperava-se dele mais que uma atuação de alguém que já foi por quatro vezes o melhor do mundo. Esperava-se raça. Alma. Uma característica obrigatória para quem defende as cores azul e branca da bandeira argentina.

No Maracanã, onde hoje tivemos verdadeiros torcedores de futebol, diferente das plateias de teatro dominantes nos estádios brasileiros, Messi, foi no gramado, o reflexo dos 75 mil que preferiram cantar ao invés de apenas aplaudir.

A Argentina mostrou suas falhas. Táticas e humanas. Não mostrou, nem de longe, aquilo que pode render. Mas o potencial individual da equipe de Sabella é enorme, capaz de decidir uma partida em qualquer lance. Em qualquer arrancada de seu principal jogador.

Copa do Mundo é, realmente, um torneio diferente. Nem todos os craques costumam assimilar as toneladas de pressão que cercam essa competição. Ainda mais para um povo que respira futebol. Que tem na seleção, a representação de sua existência. De seu orgulho. E que nunca viu em seu camisa 10 tais características. Que sempre o achou um “estrangeiro”. Um espanhol. Um estranho.

Hoje, Messi não foi o craque brilhante do Barcelona, ou o jogador de Playstation que alguns acham que ele seja. Foi um guerreiro. Combateu, marcou, brigou. Errou. Entretanto, quando teve a chance, acertou. Foi decisivo. Foi Messi.

Desta vez, com alma argentina.

Messi vibrou bastante após marcar o gol da vitória argentina contra a Bósnia, no Maracanã (Foto: Google)
Messi vibrou bastante após marcar o gol da vitória argentina contra a Bósnia, no Maracanã (Foto: Google)