Todos os posts de Márcio Viana

Formado em Jornalismo, com pós-graduação nas áreas de Gestão Estratégica do Conhecimento e da Inovação, Gerência de Sistemas e Serviços de Informação e Gestão de Documentos de Arquivo. Trabalha com Gestão da Informação e de Documentos. Ferrenho defensor da tese de que dá pra citar Beatles em qualquer contexto. Torcedor do Sport Club Corinthians Paulista e frequentador eventual de jogos, especialmente no Pacaembu. Tem alguns instrumentos musicais juntando poeira em casa, e toca mal todos eles. Assina a coluna Futecore e eventualmente as colunas Ferozes Musical Clube e Golden Goal.

Feliz dia das mães, Tite

Treinador, filósofo e mãe.
Treinador, filósofo e mãe.

Os jogadores do Corinthians entraram em campo ontem com camisas comemorativas. Havia o nome da mãe de cada jogador abaixo de seu respectivo número. Para o próximo jogo, dou uma sugestão ao time do Santos: que entrem em campo com o nome “Adenor” abaixo do número. Afinal de contas, nosso técnico Tite foi uma mãe para o Peixe. Exagero? Não acho. Se não fazia uma partida espetacular, ao menos Bruno César vinha sendo um dos poucos jogadores a criar algo. Eis que, no segundo tempo, nosso glorioso treinador resolve sacar o meia e substituí-lo pelo sempre afobado Morais. Este nunca me enganou. Pra jogar precisava tomar uma Maracujina ou algo que o valha. É tão difícil assim prender um pouco a bola, olhar para frente e fazer um lançamento razoável? Morais parece só saber tocar de lado. Quando a bola chega a seus pés, ele rapidamente dá um jeito de livrar-se dela, como se tivesse recebido uma bomba prestes a explodir.

Apesar do instinto materno, ninguém usou camisa com o nome de Tite...

Contrariando todas as minha suposições, Tite resolveu inovar, colocando Wallace no lugar do suspenso Alessandro. Nessa até que ele foi bem: sob o risco de usar o pouco talentoso Moradei improvisado ou o péssimo Moacir em sua posição, o treinador achou mais prudente lançar mão de um zagueiro, na tentativa de parar Neymar. Deu resultado até certo ponto, com o Corinthians controlando o jogo no primeiro tempo.

Dentinho, o garoto-samambaia, parece estar precisando de uma dose de clorofila. Não cria, não marca, não ataca. Já é quase unanimidade na Fiel a opinião de que o talismã Willian está merecendo um lugar no time principal.

Por fim, o momento “mão à palmatória”: sempre cornetei Leandro Castán. Para mim, Paulo André merecia um lugar no time, ao lado de Chicão. Até porque é um jogador alto, muito bom na bola aérea, e não temos ninguém com esta característica. Porém, ontem Castán acertou tudo o que tentou, e além da segurança que demonstrou na defesa, ainda deu boas arrancadas, que infelizmente não resultaram em gols. Merecia.

Termino com uma homenagem às grandes estrelas do jogo: as traves do Pacaembu. Se eu fosse Neymar ou Liedson, pediria pra levá-las para casa de lembrança.

Para o próximo domingo, temos o retorno de Alessandro e a ausência de Ganso, que ficará cerca de seis semanas sem jogar, devido à lesão sofrida em campo. Porém, não será nada fácil enfrentar o Santos na Vila Belmiro, diante de sua torcida, motivado pela chance de conquistar o título em casa, e com Neymar em grande fase. A sorte está lançada. Esperemos que nosso ilustre treinador Adenor Tite não desperte novamente seu coração de mãe.

 

Fico por aqui, e deixo vocês com Mr. Declan MacManus, mais conhecido como Elvis Costello, numa versão bacana de “Peace, Love and Understanding”. Até!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=-3ZXdvN3orA[/youtube]

 

 

Mão-de-obra especializada

O “operário-padrão” Alessandro (foto: r7.com)

Falta mão de obra especializada no Brasil. Especialmente no futebol. Pergunto a você, torcedor corintiano com menos de 30 anos: qual foi o último grande lateral-direito que tivemos? Que eu me lembre, deve ter sido Rogério, vindo do nosso arquirrival, onde jogava como volante. Fez bons jogos, fez parte de um time vencedor, mas também ficou marcado pelas pedaladas de Robinho em 2002. Saiu do clube para jogar no Sporting, de Portugal. Atualmente, joga na minha cidade natal, no Grêmio Osasco, sob o comando do ex-companheiro, o fanfarrão Vampeta. Não me lembro de outro lateral-direito razoável nestes últimos dez anos fora o nosso esforçado atual dono da posição, Alessandro. Mas também já fomos campeões tendo Índio ou Coelho como laterais.

Rogério, originalmente volante, foi o lateral-direito que manteve maior regularidade no time nos últimos dez anos.

Fato é que Alessandro está suspenso para o próximo jogo, o primeiro da final do Paulistão, contra o Santos. Tite faz suspense quanto ao possível substituto, mas sabemos que as opções que ele tem não são nada animadoras. O reserva do “guerreiro” é Moacir, que coleciona más atuações e que inúmeras vezes arrancou xingamentos da Fiel, devido à sua falta de habilidade para defender. A outra opção, mais provável, é a improvisação do volante Moradei, que já não é grande coisa em sua posição original. A escolha se dá por ser um jogador de marcação. Resta saber se conseguirá parar o rápido ataque do Peixe. Para o Brasileirão, até o momento, o Timão fechou com Weldinho, do Paulista de Jundiaí. Outra jovem promessa. Mas não dá pra saber se vai vingar. Aguardemos.

André, ex-Santos, pode fechar com o Timão (foto: Terra)

Outra função carente de revelações é a de centroavante. Quem são os jovens promissores do ataque? Hoje temos Liedson, 33 anos, e Adriano, 29, que mal chegou e já está de férias (forçadas, é verdade, mas não estréia tão cedo). O pretendido André, ex-Santos, que já estaria apalavrado com o Corinthians, só teve mesmo boa fase jogando ao lado de Neymar e Ganso, foi até convocado para a Seleção de Mano Menezes, mas desapareceu no futebol europeu. Negociado com o Dínamo de Kiev e emprestado ao Bourdeaux, não tem empolgado por lá. Pelo time atual, ainda não marcou gols. Willian, talismã da equipe, não é de área, atua mais como segundo atacante. Dentinho, mais interessado em estudar botânica do que jogar, idem. O Timão investiu e contratou para a base o jogador Douglas, de 17 anos, junto ao Guarani. Dizem que o filósofo Adenor Bacchi já o observa. Mas é uma aposta. Pouco provável que possa despontar tão cedo na equipe principal.

 ***

Neste próximo domingo, temos o primeiro confronto da final contra o Santos. Para incentivar uma possível atuação heróica da equipe, deixo vocês com David Bowie cantando “Heroes”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Tgcc5V9Hu3g [/youtube]

Dentinho é o novo Gil?

Primeiramente uma constatação: já faz algum tempo que um jogador das categorias de base não faz sucesso no time titular do Corinthians. Especialmente um atacante. O último foi Dentinho. Posto isso, vamos aos dados.

"Melhor lado esquerdo do mundo"?

 

Gilberto Ribeiro Gonçalves, 30 anos, conhecido como Gil, é um atacante revelado pelo Corinthians, que teve seu auge no ano de 2002, no time comandado por Carlos Alberto Parreira. À época, o treinador definiu o trio formado pelo atacante Gil, o lateral Kleber e o meia Ricardinho como “o melhor lado esquerdo do mundo”. Desde então, Gil parecia ser intocável no time titular, fosse qual fosse o técnico ou os companheiros de equipe. Foi assim até 2005, quando da chegada de Kia Joorabchian e sua MSI, que trouxe alguns jogadores e muita dor de cabeça para o Corinthians. Entre estes jogadores, o principal foi o argentino Carlitos Tevez, que rapidamente ganhou a vaga de Gil no time. Some-se a isso o fato de Gil ter sido o único a não receber propostas de times do exterior no período em que permaneceu no Corinthians. Teria isto mexido com a cabeça do jogador, que parecia não se ajustar ao time, chegando a ser improvisado no meio de campo em algumas partidas? Talvez até os próprios treinadores que passaram pelo clube neste período não tenham sabido aproveitá-lo da maneira correta. Desde então, Gil perambulou por times de pequena expressão do Japão e da Europa, passou por Cruzeiro, Internacional, Botafogo e Flamengo, sem conseguir alcançar o sucesso que teve em sua passagem pelo Timão. Atualmente está sem clube.

Dentinho está amando.

Corte para a atualidade. Bruno Ferreira Bonfim, 22 anos, conhecido pelo apelido de Dentinho, é um atacante revelado também pelo Corinthians, justamente em uma fase complicada do time, época da queda para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. A grande promessa daquele time era seu companheiro, o meia Lulinha, que não teve de verdade o sucesso prometido pelo empresário Wagner Ribeiro, que é mestre em rotular jovens jogadores, nem sempre de forma coerente. Mas isso não vem ao caso. Fato é que Dentinho se sobressaiu e virou intocável no ataque, mesmo com a chegada de Jorge Henrique, e principalmente, Ronaldo Fenômeno. Este último foi inclusive o principal incentivador de Dentinho, a quem chama de “filho”. Mas Ronaldo parou de jogar em 2011. Estaria o garoto sentindo falta de seu “pai”, ou melhor, de uma referência em quem se espelhar? O atual companheiro de ataque, Liedson, é discreto, e não parece exercer este papel de norteador. A outra contratação do Corinthians para o ataque, Adriano, além de ser uma ameaça justamente para o lugar de Dentinho, não tem perfil de alguém que possa ser um exemplo, muito pelo contrário. De qualquer forma, mesmo que tivesse, se lesionou e só estréia no segundo semestre, como sabemos.

Em 2011, Dentinho estreou nos cinemas, fazendo uma ponta no filme “Bruna Surfistinha”, e logo em seguida engatou um namoro com Dani Souza, conhecida como a Mulher-Samambaia e ex-participante de reality-show. Por conta disso, freqüentou alguns programas de variedades da televisão. E o futebol? Bem, Dentinho está longe da média de 2008 e 2009. No último jogo, contra o Oeste de Itápolis, sentiu náuseas e pediu para sair, sendo substituído por Willian, que brilhou e foi autor do gol da vitória, que levou o Corinthians à semifinal do Paulistão.

Isto posto, é curioso constatar a existência de jogadores que só dão certo no time de origem, como foi o caso do Gil. Mas Dentinho é jovem, tem muito talento, embora ainda não tenha despertado o interesse real de grandes times do exterior. Resta saber se ainda está em tempo de uma grande transferência. Ou – caso permaneça – se retornará a fazer boas atuações. Esperemos.

***

 

Sobre o último jogo: o time do Oeste não chegou a assustar, mas é notório como o Corinthians tem dificuldade para superar mesmo adversários de baixa qualidade técnica. Bruno César, já de malas prontas para Portugal, parece ser o mais lúcido no meio de campo corintiano, mas não chega a brilhar. O outrora disciplinado Jorge Henrique parece ter absorvido um certo nervosismo, característico da equipe nos últimos tempos. E Tite parece desinteressado, distante. Enfim, não parece um time obstinado. Como em clássicos tudo pode acontecer, veremos como o Corinthians se comportará diante do arquirrival.

***

 

Por fim, como trilha sonora para as dúvidas que lancei, indico o recente projeto do mutante Sérgio Dias junto ao francês Tahiti Boy, intitulado “The Lilies”. Nesta música, “Why?”, eles têm como convidado Iggy Pop, que berra como um juvenil. Haja vitalidade!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=2dcE-Y4wnO0[/youtube]

Achilles last stand

“Com os poderosos braços de Atlas,
Que seguram os céus acima da terra”.
Led Zeppelin, “Achilles last stand”
Foto: MSN.com

Fui buscar na Wikipedia a definição:

Segundo a mitologia grega, o herói Aquiles tinha um único ponto vulnerável em seu corpo. Um ponto fraco herdado pela humanidade ao batizar o tendão de Aquiles. Tendão é um tecido fibroso, composto primeiramente por colágeno, que conecta o músculo ao osso, sendo responsável pela transferência de força entre os dois gerando o movimento da articulação. O tendão de Aquiles é o mais resistente do corpo humano, e o mais suscetível que cruza duas articulações: o joelho e o tornozelo.

Quando um jogador jovem não corresponde às expectativas em um time grande, dizemos que ele sentiu o peso da camisa. No caso do dito “Imperador” Adriano, parece que o jogador sentiu o próprio peso. Não apenas o peso físico, que é elevado e que – de acordo com o planejado – deveria ser reduzido, por meio de um plano em andamento, para que o atacante pudesse fazer sua estreia no Corinthians no dia 22 de maio, pelo Campeonato Brasileiro. Aqui refiro-me ao peso da própria carreira do “Imperador”. Adriano vem de uma péssima fase, tendo passado pela Roma sem sequer ter marcado um único gol em partidas oficiais. Má fase que se iniciou ainda na sua última passagem pelo Flamengo, quando, após uma série de polêmicas, ficou de fora do grupo da Seleção Brasileira que disputou a última Copa.

A vinda para o Corinthians, arquitetada pelo amigo Ronaldo, poderia ser vista pelo jogador como uma chance de uma nova guinada. A ideia foi prontamente aceita pelo presidente Andres Sanchez, que parece ser fã de uma bela polêmica. Já a torcida não foi tão receptiva assim, mas acabou aceitando, com aquela ressalva: “muito respeito com a camisa do Timão!”. Mas Adriano assinou com o Corinthians. Contrato de risco, pra proteger o clube dos possíveis atos de indisciplina do jogador. Na apresentação, o jogador promete não comemorar gols que marcar contra o São Paulo, clube que defendeu em 2008, constrangendo o mandatário corintiano. Uma vez apresentado, entrevista para o Fantástico, onde o “Imperador” afirma que “fará o possível” para não se meter em confusões. Daí por diante, foi necessário convencer o atleta a iniciar logo os trabalhos de recuperação, a fim de prepará-lo para sua estreia. O jogador preferia continuar se recuperando no Rio de Janeiro. No último domingo, em entrevista ao “Domingão do Faustão”, Adriano afirma já ter perdido dois dos seis quilos que supostamente deveria perder. Eu, particularmente, duvido um pouco desta meta, já que o atacante parecia estar muito mais acima do peso do que se dizia.

Agora, a lesão e a cirurgia, afastando Adriano dos gramados por pelo menos mais cinco meses. Pergunto-me: será que em setembro nosso Imperador fará jus à sua contratação, já que mais de metade de seu contrato será cumprido no departamento médico? A responsabilidade e o peso em suas costas aumentarão? Será que ao invés de pensarmos em Aquiles, devemos nos lembrar de outro personagem da mitologia grega, Atlas, condenado por Zeus a sustentar o céu sobre seus ombros? No caso dele, o ombro foi justamente a parte afetada anteriormente, da qual vinha se recuperando, e que supostamente atrapalhou seu desempenho na Roma. Esperemos.

***

No próximo sábado, às 18h30, o Corinthians enfrenta o Oeste, pelas quartas de final do Paulistão. Liedson, há um mês sem marcar, fez seu último gol no campeonato justamente contra o time de Itápolis, e a esperança é que o “Levezinho” volte a mostrar a qualidade que enche os olhos da Fiel.

***

A partir de hoje, nos vemos neste espaço. Agradeço ao João Paulo e ao pessoal do Ferozes pelo convite e pela confiança, e espero agradar.

Me despeço com uma música de uma banda que gosto muito, o Manic Street Preachers. Acho legal o estilo que mescla rock alternativo e de arena. Taí “You Stole the Sun from my heart”. Abraços!

Manic Street Preachers – \”You stole the sun from my heart\”