Arquivo da tag: Vampeta

MEMÓRIAS DO VELHO VAMP

Por Fábio Vanzo

Memórias Do Velho Vamp

 

Marcos André Batista Santos, o Vampeta (ou Velho Vamp, como se denomina desde a aposentadoria) é talvez o jogador de futebol mais folclórico desde Serginho Chulapa.

 

Tão competente e vitorioso em campo quanto irreverente nas declarações à imprensa, o filho mais ilustre de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo Baiano, ídolo de Vitória e Corinthians, campeão com a seleção brasileira em 2002, tem muita história para contar, em pequenas, médias e grande equipes do mundo inteiro: Vitória (duas passagens), PSVEindhoven, Fluminense, Paris Saint-Germain, Flamengo, Al-Kuwait, Brasiliense, Goiás, Juventus (da Mooca) e Inter de Milão, além das duas passagens pelo Corinthians, pelas quais é mais lembrado até hoje.

 

A maioria das histórias são conhecidas de qualquer um que acompanhe futebol – talvez as únicas partes realmente inéditas sejam as passagens sobre sua infância em Nazaré das Farinhas, visto que Vampeta, notório falastrão (no melhor sentido), não perde uma oportunidade na mídia para contar suas “resenhas” (como os jogadores de futebol chamam os “causos”) e colocar seus amigos em apuros com os “podres” de todo mundo. Porém é sempre divertido relembrar as passagens da vida do Velho Vamp, e a escrita ágil de Celso Unzelte deixa tudo bastante ágil, com cara de conversa de botequim mesmo.

 

Impossível não rir com as cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto, a criação do apelido “bambi” para os são-paulinos (embora ele negue a autoria), as fotos para a G Magazine e a participação “ligeiramente alcoolizada” na Dança dos Famosos do Faustão, além de tirações de sarro com Ronaldo Fenômeno, César Sampaio, Gilmar Fubá e (São) Marcos, histórias de técnicos como Luxemburgo e Evaristo de Macedo, e até os apuros passados no rígido e cheio de restrições mundo árabe.

 

Pode ler sem medo que é diversão garantida. No final fica apenas aquela sensação de que o futebol brasileiro precisa de mais atletas irreverentes como o Velho Vamp, sem discursos decorados e falso bom-mocismo.

 

Uma curiosidade/discordância: Vampeta diz que, quando o Corinthians empatou com o Grêmio na última rodada do Brasileirão 2007 e foi rebaixado, o torcedor Metaleiro, que chegou a ser presidente da Gaviões da Fiel, entrou no ônibus da equipe após a partida, sem que a segurança percebesse, e se escondeu no banheiro. Quando saiu lá de dentro, já com o time todo embarcado, o “torcedor” teria dado um soco no primeiro que apareceu em sua frente – no caso o atacante Clodoaldo –, até que fosse contido pelos jogadores e pela comissão técnica. Já na versão de Andrés Sanchez, no livro O Mais Louco Do Bando (G7 Books, 2012), em depoimento ao seu primo e jornalista Tadeo Sanchez Oller, Metaleiro teria “apenas” xingado os torcedores, sem que houvesse briga, e então o ônibus teria parado, e ele descido.

 Vampeta: Memórias do Velho Vamp

Em depoimento a Celso Unzelte

Editora LeYa

274 páginas

Preço médio: R$ 35