Arquivo da tag: Lanús

O DRAMA DE RIVER E BOCA NA ARGENTINA

Pavone, Carrizo, Almeyda e companhia cabisbaixos

Se alguém tivesse previsto há cinco ou dez anos que River Plate e Boca Juniors enfrentariam frustrações e até alguns sérios problemas no campeonato argentino teria sido tachado de louco, charlatão ou sensacionalista barato. Pois é, o suposto Nostradamus de araque teria acertado na mosca. Boca Juniors e, principalmente, River Plate enfrentam situações grotescas neste final de Torneio Clausura. O time da Bombonera encerrou o certame em 7º lugar e o River em 9º. Ruim sem dúvida para os gigantes em questão. Mas onde estão os tais problemas mais graves então? Ambos teriam tido temporadas ruins, atípicas, mas como são grandes clubes voltariam com tudo na próxima temporada, certo? Não é bem assim. Vamos desvendar os meandros do regulamento do futebol argentino para entender o que “está pegando” para a dupla ponteña.

Visando adaptar-se ao calendário do futebol internacional (leia-se Europa), o futebol argentino possui um campeonato nacional dividido em dois torneios fundamentais: “Apertura” e “Clausura” (abertura e encerramento). O Clausura é disputado no 1º semestre do ano e o Apertura rola no 2º semestre, ambos em turno único, pontos corridos e vinte equipes. Até aí, tudo bem. A questão é que os argentinos têm uma maneira bastante peculiar de apurar os classificados para a Libertadores, bem como os rebaixados para a série B.

As cinco vagas que a Argentina tem direito na principal competição de clubes da América do Sul são distribuídas entre o campeão do Clausura, o campeão do Apertura e mais três vagas destinadas aos três times com maior somatória de pontos entre os dois torneios. Lembrando que, diferentemente do Brasil e dos países europeus, não há uma copa nacional (não existe a Copa da Argentina como existe a Copa do Brasil, cujo campeão garante uma das vagas brasileiras para a Libertadores).

Na ponta inferior da tabela, os “hermanos porteños” elaboraram uma intrincada fórmula de definição dos rebaixados. Calcula-se a somatória de pontos do time na temporada atual mais as duas temporadas anteriores. Para as equipes que disputaram as três últimas temporadas na série A, divide-se a soma por 114. Para quem disputou a série A nas duas últimas temporadas, a soma é dividida por 76. Quem freqüentou a elite do campeonato somente na última temporada a divisão do total será por 38. Pronto, o ranking do 1º ao 20º é estabelecido pelo valor desta divisão. E há nome para o tal índice: “Promedio de puntos”.

O último e penúltimo colocados são diretamente rebaixados e o 1º e 2º lugares da série B tomam seus lugares na temporada seguinte. Para o 18º e 17º colocados é dada uma chance final de permanecerem na elite. Eles disputarão as duas derradeiras vagas contra o 3º e 4º lugares da série B em sistema eliminatório. Esse confronto também foi batizado, é a “promoción”. Fácil entender? Pois é, desnecessário dizer que a tal fórmula divide opiniões. Os favoráveis dizem evitar que a equipe com uma única temporada ruim sofra um processo de rebaixamento. Os contrários alegam que o critério não dá muitas chances aos nanicos recém promovidos à série principal.

Ladainha acima passada a limpo, agora já é possível explicar o que acontece com a referida dupla dinâmica de Buenos Aires.

Começando pelo caso menos grave, o Boca Juniors, papa-títulos dos anos 2000 e segundo maior vencedor de Libertadores (6 títulos contra 7 do compatriota Independiente), finalizou o Clausura no último final de semana em 7º lugar, como já mencionado. No “promedio de puntos” ficou na modesta 8ª posição. Traduzindo, o Boca empacou na região intermediária da tabela e mantém-se longe da Libertadores. Absolutamente nada para o maior clube da América do Sul. O Boca carrega nas costas, além das 6 Libertadores, a principal marca futebolística do continente, um estádio legendário (La Bombonera) que se tornou ponto turístico de Buenos Aires e Diego Maradona como ex-jogador e torcedor ilustre. Pelo sistema de disputa, não será tão logo que sairá da zona morta para brilhar novamente.

Lamela em desespero após gol do Lanús nos acréscimos

Só que feia mesmo é a situação do River Plate. O 9º lugar no Clausura foi muito pouco para melhorar a situação do time no “promedio de puntos”. Resultado, obteve o 17º lugar no tal índice e caiu na desgraça da “promoción”. Com isso, terá que disputar a santa vaguinha de permanência na série A contra o Belgrano, 4º colocado na série B.

O time entrou na última rodada com alguma chance de escapar da “promoción”. Recebeu em casa o Lanús. É, mas como desgraça pouca é bobagem, foi derrotado por 2 a 1 em pleno Monumental de Nuñez. Confira como foi.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=v5z1_18ecjY[/youtube]

Eis a situação de River e Boca. Um tentando se agarrar a um fio de esperança para permanecer na série principal do futebol do país e outro a milhas distante da Libertadores, pelo menos por enquanto. Mais grave a situação do River Plate, cujo presidente, o ex-jogador e técnico Daniel Passarella, deve estar sofrendo de insônia nos últimos tempos.

COPA OURO

 

Continua em andamento a Copa Ouro, o torneio de seleções da CONCACAF, nos Estados Unidos. E já foram definidos os semifinalistas da competição.

O favoritíssimo México, que, atuando em território estadunidense, parece jogar no próprio país, sofreu para passar pela Guatemala por 2 a 1. Um público de 80 mil pessoas esteve presente no Giants Stadium em Nova Jersey para ver um México ter dificuldades para virar o jogo. E foi necessária a intervenção de Javier “Chicharito” Hernandez, atacante astro do Manchester United, para garantir a vitória de virada. Veja a seguir.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=lkNT7XOLjEo[/youtube]

Nas outras partidas das quartas, Honduras venceu a Costa Rica nos pênaltis após empate por 1 a 1. O Panamá também precisou dos pênaltis para despachar El Salvador após outro 1 a 1. Os donos da casa, os Estados Unidos, venceram os reggae boys da Jamaica por 2 a 0 no estádio RFK de Washington e terão a chance de revanche contra os panamenhos nas semifinais (vitória do Panamá por 2 a 1 na fase de grupos). Na outra semifinal, México e Honduras duelarão. Direto dos Estados Unidos os lances.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=sGwnwGjVVsM[/youtube]

SELEÇÕES EM AÇÃO

Espanha em ação em Boston contra os Estados Unidos

Com o fim da temporada europeia, as atenções voltam-se para as seleções nacionais que entraram em campo nos últimos dias. Desde amistosos, passando pelas eliminatórias para a Euro 2012 até os preparativos finais das equipes para as competições continentais, foi hora de esquecer os clubes (pelo menos no mundo civilizado, onde há respeito às datas FIFA) e ver as bandeiras e ouvir os hinos nacionais planeta afora.

Zabaleta cabisbaixo com gol nigeriano

Entre os amistosos preparatórios para torneios vindouros, a Argentina foi a campo duas vezes. Na verdade, uma Argentina cover esteve presente para enfrentar Nigéria e Polônia. E os anfitriões da próxima edição da Copa América tiveram sérios problemas sem Lionel Messi e companhia. Jogando contra os nigerianos em Abuja, capital do país, os argentinos foram goleados por 4 a 1 em partida que ficaria sob suspeita de manipulação de resultados em virtude de interesses em bolsas de apostas. Na rodada seguinte, a mesma Argentina cover encerrou a semana negativa ao perder em Varsóvia por 2 a 1 para os poloneses.

 A Espanha, campeã da Europa e mundial, conquistou duas vitórias fáceis no seu tour americano. Jogando em Boston, fez a melhor das apresentações nos amistosos e derrotou os Estados Unidos por 4 a 0. Em seguida, fez uma visita à terra de Hugo Chávez e ganhou tranquilamente dos venezuelanos por 3 a 0. A seleção espanhola mostrou na América o porquê de ser a melhor do mundo.

Uruguai e Holanda em Montevidéu

Se os campeões vieram à América, os vice-campeões seguiram o mesmo rumo. Com vários desfalques, a Holanda empatou com Brasil (0 a 0), em Goiânia, e Uruguai (1 a 1) em Montevidéu. É bom ver seleções de ponta virem até a América do Sul para amistosos, ainda que haja ingredientes políticos na organização dos jogos, como no caso do jogo de Goiânia.

 Falando de coisa mais séria, foi dado prosseguimento às eliminatórias para a Eurocopa de 2012, a ser disputada conjuntamente na Polônia e na Ucrânia. E não há o que discutir, é a Alemanha que tem mostrado o cartão de visitas no momento.  Nas duas rodadas realizadas neste mês de

Alemanha marcando no Azerbaijão

junho, os alemães dispararam na liderança do grupo A, após duas boas vitórias contra Áustria e Azerbaijão, sempre como visitante. Jogando em Viena no último dia 3, a estrela de Mario Gomez brilhou ao marcar ambos os gols que garantiram a vitória por 2 a 1. Na rodada seguinte, foi a vez de Mesut Özil dar as caras ao fazer grande partida e marcar um dos gols na vitória por 3 a 1 em Baku, capital do Azerbaijão. Por ironia, a derrota colocou em xeque o trabalho de Berti Vogts, técnico alemão da seleção local, que segura a lanterna do grupo com 3 pontos. Já a Alemanha, com 21, abre 10 pontos de vantagem para o vice-líder do grupo, a Bélgica, que empatou com seu maior perseguidor, a Turquia, em terceiro com 10 pontos.

Joachim Low fazendo na Copa o que não se ensina às crianças

Sucesso para o técnico Joachim Low, notabilizado na Copa da África do Sul pelo trabalho e pela inovação em dietas alternativas através de “alimentos” renováveis.

No grupo B, sem nenhuma seleção de ponta, Rússia, Irlanda e Eslováquia mantêm briga acirrada pela liderança, todos com 13 pontos. Nas rodadas disputadas, os russos derrotaram a Armênia em São Petersburgo por 3 a 1. A Eslováquia teve incrível dificuldade para derrotar Andorra apenas por 1 a 0 em Bratislava e a Irlanda foi até a Macedônia para vencer por 2 a 0 graças aos gols do atacante do Tottenham, Robbie Keane.

Itália comemorando gol contra a Estônia

Bons e maus momentos para a Itália. Pelo menos, no compromisso mais importante, a Azzurra venceu a Estônia em Modena por 3 a 0 com grande atuação de Giuseppe Rossi e foi a 16 pontos no grupo C, mantendo a liderança absoluta. Os vice-líderes estonianos foram às Ilhas Faroe para vencer por 2 a 0 e atingir 11 pontos. Faroe que protagonizou a grande surpresa ao vencer a Estônia por 2 a 0 na rodada seguinte. Voltando para a Itália, que folgou na rodada seguinte da Eurocopa, a equipe do técnico Cesare Prendelli foi derrotada pela Irlanda, do consagrado técnico, também italiano, Giovanni Trapattoni por 2 a 0. Apesar da maior posse de bola, os italianos não conseguiram jogadas ofensivas de qualidade e, no contra-ataque, foram derrotados. Provaram do próprio veneno.

A França do técnico Laurent Blanc decepcionou e perdeu a chance de disparar no grupo D ao empatar com a Bielorrússia em Minsk. Críticas a nomes como Benzema e Ribery não faltaram na imprensa francesa e os “Bleus” chegam a 13 pontos. Já a Bielorrússia surpreende ao manter-se colada na França na classificação com 12. De resto, a Romênia derrotou a Bósnia por 2 a 0 em casa em jogo válido por disputa pelo terceiro posto do grupo. A Albânia continua com chances também.

Ibrahimovic arrasando a Finlândia

Com a ausência dos líderes holandeses na rodada do Grupo E (18 pontos), Suécia e Hungria trataram de pôr pressão para as próximas rodadas. Os suecos mandaram bem ao derrotar por 4 a 1 a Moldávia e golear os rivais nórdicos da Finlândia por 5 a 0. O astro do Milan, Zlatan Ibrahimovic, mostrou serviço para delírio da torcida local e anotou um “hat trick” na goleada aplicada na cidade de Solna e levou a equipe ao segundo lugar do grupo com 15 pontos. A Hungria foi ao principado de San Marino, encravado no território italiano, e fez 3 a 0 sem esforço. Os húngaros também sonham com classificação ao atingir 12 pontos no terceiro lugar.

No grupo F, também sem bichos-papões, equilíbrio entre Grécia (14 pontos), Croácia e Israel (13 pontos cada). A Croácia venceu a Geórgia por 2 a 1. Mesmo placar de Israel sobre a Letônia fora de casa. Os líderes gregos derrotaram Malta por 3 a 1.

Andres Guardado comemorando gol do México contra a Costa Rica

Além da CONMEBOL, com a Copa América no próximo mês, também a CONCACAF realiza competição continental de seleções no período: a “Gold Cup”. São 12 equipes divididas em três grupos que estão disputando nos Estados Unidos o título de melhor seleção das Américas do Norte, Central e Caribe. E até o momento, no grupo A, passeio total do México e de Javier “Chicharito” Hernández. O astro do Manchester United lidera seu país com duas goleadas de 5 a 0 sobre El Salvador e Cuba, além de um 4 a 1 na Costa Rica. No grupo B, surpresa ao som de reggae com a liderança parcial da Jamaica sobre Honduras. E mais surpresa no grupo C com derrota americana para o Panamá (2 a 1) em Tampa. Os panamenhos lideram parcialmente o grupo com 6 pontos.

Festa do Velez Sarsfield no Clausura

E a Argentina encerra seu Torneio Clausura. Alegria para o Velez Sarsfield que alivia dor da eliminação difícil de ser digerida na Libertadores. O Argentinos Juniors derrotou o maior perseguidor do Velez, o Lanús, por 2 a 0. Com a vitória prévia da equipe também por 2 a 0 na rodada sobre o Huracán, a diferença se tornou inalcançável. Festa para a forte equipe de Buenos Aires que tentará novamente reconquistar o título continental no próximo ano.

E já que a Copa Ouro da CONCACAF foi assunto, nada melhor do que conferir um belo gol vindo da América do Norte. Valendo pela Major League Soccer (MLS), o Seattle Sounders FC recebeu o Vancouver Whitecaps. Partida chegando ao fim, Seattle vencendo, uma bola despretensiosa sob controle do adversário. Isso tudo até Eric Hassli recuperar a posse, aplicar um chapéu e bater com pouco ângulo à disposição. Um grande gol para o Vancouver.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=w8Vfdx7LEh4[/youtube]