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A que joga sozinha

Três coisas diferenciam o Boca Juniors do Fluminense: Riquelme, a frieza do time argentino e o fato de eles entrarem em campo com vinte e dois jogadores.

Isso mesmo. O Boca não são apenas os onze titulares. Cada um deles veste uma camisa que é um estandarte, uma camisa que também joga. Poucos times no mundo têm esse trunfo, e o Boca é um deles. Ver o adversário com aquelas cores e o CABJ no peito é intimidante para muitos times. Essa camisa que joga sozinha, que impõe a quem a veste a obrigação de dar tudo de si na partida.

Já vi muitos times e jogos do Boca, bons e ruins. Mas nunca vi o time apático. Essa é a grande diferença.

Arouca pode anular Riquelme, a confiança do Flu depois da vitória histórica contra o São Paulo pode compensar com garra a frieza do Boca.

Mas como ganhar de uma camisa?

La Mano de Dios – Libertadores: só pode haver um?

Libertadores: só pode haver um?

De uns anos pra cá, vem sendo a mesma coisa: a Libertadores começa com cinco, seis times brasileiros e dois ou três sobrevivem até as quartas; o Boca não é mais o grande Boca e vai firme e forte até a final.

Esse ano parece ser a mesma coisa, com um diferencial: o São Paulo, especialista em Libertadores veio desacreditado. Em virtude do mau futebol que apresentou durante o Paulista e dos jogos ruins que aconteceram durante a fase de grupos, o Tricolor deixou de ser, para muitos, o favorito.

Mas quem diria, pesou a experiência. Aos poucos o time de Muricy foi levando, ganhando aqui, empatando lá, e pegou o Fluminense nas quartas. Muita gente deu o Fluminense como favorito, o Flu do futebol vistoso, de Conca, Dodô, Arouca e Thiago Neves. E no Morumbi o Fluminense ficou pequenininho.

O São Paulo dominou o jogo e só não carimbou a classificação porque Dagoberto – que vem fazendo excelente jogos – não acertou o pé. Adriano, em noite de Imperador, conduziu o time, ganhou todas pelo alto e deixou o seu, a marca de um jogador diferenciado.

Um a zero não é muito, mas foi o bastante para colocar todo mundo em seu devido lugar e mostrar que o São Paulo segue muito vivo, calando de vez muita gente. O próximo jogo contra o Flu é no Maracanã, mas o adversário é o São Paulo, time que há muito tempo não se intimida com torcida adversária…

O Boca cedeu o empate para a LDU na Argentina. Mas Boca é Boca e Libertadores é a cara deles. Pra mim o time argentino ainda é favorito, mesmo no Chile, com a LDU jogando futebol direitinho, bem armada e bem posicionada.

O Santos tomou uma invertida no México. Cabañas, o algoz carioca, deixou o seu e dificultou o serviço para o Peixe. O próximo jogo na Vila tem tudo para ser um clássico, e eu não arrisco palpites. Primeiro porque o Santos da Libertadores não é o mesmo do Paulistão, segundo porque depois do que o América fez com o Flamengo, tudo é possível para os mexicanos.

Nessa sexta gelada, só mesmo uma musiquinha das mais animadas para esquentar: Camisa de Vênus – O Adventista. A banda mais porreta do Brasil!

Rapidinhas: e Adriano está de volta à Seleção. O bichão deu a volta por cima e mostrou que merece um lugar no time do Dunga. Para muitos, e aqui eu me incluo, ele não é craque. Mas não dá pra negar que o Imperador tem faro de gol e quando quer resolve. Que seja uma volta vitoriosa, pois ele merece!

Chazinho de Coca – No jogo entre os tricolores, deu aquele que conhece os caminhos da América.

No primeiro jogo entre os tricolores, paulista e carioca, pela libertadores, deu aquele que sabe tratar dessa competição com maestria. De nada adiantou Renato Gaúcho pedir conselhos a Luxemburgo, o volume de jogo que o Palmeiras de Luxa impôs contra o São Paulo na semifinal do Paulistão não foi visto pelo Fluminense na noite da ultima quarta-feira, muito pelo contrário.

O jogo começou com o São Paulo dominando as ações, com Adriano levando vantagem em todos os duelos contra os apáticos defensores do Flu. Logo no primeiro arremate, um petardo de fora da área, o Imperador obrigou o goleiro Luiz Henrique a fazer uma defesa difícil, apesar do tiro ter sido em cima do arqueiro. Ali, naquele momento, deu pra perceber que não era noite do goleiro do time das Laranjeiras, que se atrapalhou todo para defender o disparo.

A pressão são-paulina durou pouco, foi quando o futebol mais técnico do tricolor carioca começou a fluir, com boas jogadas saindo dos pés de Arouca e principalmente de Gabriel, já que Tiago Neves não entrou em campo e Dodô foi o Dodô de sempre, apático e quase imperceptível. O Fluminense começou a levar perigo, porém, foi nesse exato momento que o São Paulo pôs fim ao único bom momento do time de Renato Gaúcho na partida. A jogada começou dos pés do Imperador, que dominou na meia, armou a jogada com Dagoberto, que bateu cruzado, um bom chute, mas perfeitamente defensável, porém não era mesmo noite de Luiz Henrique, que espalmou para o meio da área, onde Adriano, sempre ele, livre, apareceu para concluir e levar o Morumbi ao delírio. Desenhava-se ali uma goleada, que acabou não acontecendo. Pelos lados do Fluminense, Tiago Neves que pouco produzia, sumiu de vez, Dodô continuou sendo Dodô e Washington, que por mais que tentasse alguma coisa, nada podia fazer, até porque a bola não chegava para ele. Já o São Paulo chegava do jeito que queria, mas efetivamente pouco concluía.

Veio o segundo tempo e Renato Gaúcho colocou Dario Conca no lugar do inofensivo Tiago Neves, que saiu de campo xingando todas as gerações da família do seu treinador, mas sem a mínima razão. Conca entrou e foi o melhor do time, armou, driblou, levou perigo e protagonizou a jogada mais bonita da noite ao driblar dos defensores são-paulinos, mas na conclusão foi infeliz.

O São Paulo por sua vez não mostrou a mesma força do primeiro tempo e mais por demérito próprio, trouxe o Fluminense para cima, contudo a noite não era dos comandados de Renato Gaúcho, que saíram de campo satisfeitos com o resultado, até porque escaparam de um placar mais elástico.

O tricolor paulista perdeu a chance de matar o jogo de 180 minutos logo na sua primeira metade e agora vai decidir a vaga num Maracanã lotado de sedentos torcedores cariocas e contra um Fluminense que com certeza, não dará o mole que deu na noite de ontem.

Adriano

O primeiro tempo do camisa 10 são-paulino foi digno de um Imperador. Adriano comandou o time, voltou para ajudar na marcação, armou o time, começou a jogada do gol, que o próprio concluiu, PARTIDAÇA! Atuação digna de seleção brasileira, a qual o próprio já faz por merecer uma lembrança.

Adriano é mais um caso que entra para minha lista de prognósticos errados que fiz no início do ano. Ao lado de Leo lima e Denílson no Palmeiras, que eu achava, seriam apostas erradas de Luxemburgo. De Émerson Leão e seu Santos, que eu erroneamente coloquei como candidatíssimos a protagonizar um dos papelotes do ano no Paulistão e na Libertadores, assim como o Vasco da Gama, que pra mim, mesmo antes de seu início, era o grande com maior possibilidades de rebaixamento no Brasileirão. Hoje vejo um Adriano exuberante e já merecendo uma chance na seleção de Dunga, vejo Leo Lima sendo o melhor volante do país nesse primeiro semestre, vejo o Santos fazendo bonito na Libertadores e o Vasco na semifinal da Copa do Brasil.

É com enorme prazer que assumo meus erros em todos esses prognósticos. O futebol agradece.

Acertei outros, mas esses ficam para uma outra ocasião.

Abraços aos amigos,

La Mano de Dios – Um olho no peixe, outro no gato

Um olho no peixe, outro no gato

Pois é, meus amigos, a primeira rodada do Brasileirão passou e os resultados são os esperados. Times que disputam outras competições entraram em campo na maioria dos jogos dessarrumados, improvisados ou até mesmo com os reservas. Foi o caso de São Paulo, Fluminense e Santos, todos disputando as quartas de final da Libertadores. Além deles, o Palmeiras – talvez ainda de ressaca do título Paulista – não foi nem sombra do time que encantou no Estadual.

Tudo isso nos leva a questionar mais uma vez até que ponto o calendário do futebol brasileiro é válido. Campeonatos estaduais inchados, que se estendem até o infinito, dando pouco espaço para os times se recomporem; duas outras competições – a Copa do Brasil e a Libertadores – na metade do caminho; além de um campeonato nacional igualmente enorme (vai terminar em 9 de dezembro!) faz com que nenhum time tenha estrutura para agüentar.

O São Paulo, por exemplo, bicampeão nacional, está defendendo o título, e mesmo assim entrou contra o Grêmio pensando no jogo de quarta-feira contra o Fluminense. Sem Jorge Wagner, desconcentrado, perdeu de 1×0 num jogo feio de dar dó.

O Fluminense idem, mas teve a sorte de pegar o fraco Atlético Mineiro e conseguiu sair do Mineirão com um empate em 0x0. Dadas as atuais circunstâncias, foi goleada para o tricolor do Rio.

O Santos pegou o Flamengo ainda traumatizado pela eliminação da Libertadores. Com um time reserva em pleno Maracanã entrou em campo só para cumprir tabela, pois também está todo voltado para as quartas da Libertadores. O placar não poderia ser outro: Flamengo 3×1.

O Campeonato Brasileiro começou com a luz amarela acesa. A mesma luz amarela de todos os anos, desde que passou a ser por pontos corridos. É válido até dizer que para muitos times ainda nem começou.

Se futebol joga-se como se vive, nosso calendário futebolístico é um triste exemplo da organização da sociedade brasileira.

Rapidinhas: A Lusa fez um gol para cada ano que amargou na Segundona, mas também tomou cinco. Jogo de dez gols é coisa rara hoje em dia, e Portuguesa e Figueirense garantiram o espetáculo nessa primeira rodada.

O Corinthians suou para vencer o CRB em pleno Pacaembu. Doutor Sócrates já sentenciou: voltar para a elite não vai ser fácil, e o Corinthians, com esse time, periga ficar na Segundona por um bom tempo.

Pois é, meus camaradinhas, não posso dizer que me empolguei com esse início de Brasileirão. Muitos jogos requentados, com times ainda sem foco. Espero que melhore assim que as outras competições forem acabando…

Me despeço aqui ao som de Blue Cheer – Summertime Blues. Discaço de 68, desse power trio ultra-subestimado. Pra quem curte Cream, é prato cheio!

La Mano de Dios – Dois se foram…

Dois se foram…

Pois é, meus amigos, final das oitavas na Libertadores e as coisas não foram as mil maravilhas para os times brasileiros.

Depois de um vexame histórico, o Flamengo se despediu do campeonato em pleno Maracanã. Como disse Muricy Ramalho, o time do Flamengo entrou comemorando o título carioca. Se despedindo de Joel Santana, esqueceu de jogar bola e tomou um nabo dos mexicanos. Agora é bola pra frente, concentração total no Brasileirão que começa com um técnico novo. Resta saber se Caio Jr. vai agüentar a bucha…

E o Cruzeiro, pobre Cruzeiro! Vinha em ótima campanha, com um time bom, de encher os olhos, bem arrumado, com jogadores de excepcional nível técnico como Ramires… mas pegou o Boca Juniors. E o Boca, meu amigo, é como pizza: mesmo quando é ruim, é bom.

Fazer um gol no Mineirão parecia tarefa fácil, ainda mais depois dos cinco de uma semana atrás. Mas não se brinca com um time do tamanho do Boca, com Riquelme, Palacio e Palermo em noites inspiradas. Com muita frieza, o time argentino definiu o placar logo no primeiro tempo e o Cruzeiro também deu adeus à Libertadores.

Fica aqui uma nota de apoio ao time mineiro, que teve o maior azar do mundo. Mesmo assim, deve ter muito orgulho não só do que fez em campo, mas também de sua torcida. Os sessenta mil que viram o jogo no Mineirão não pararam de gritar um só minuto.

O São Paulo passou fácil pelo Nacional no Morumbi, numa noite fria. Fria como o jogo do Tricolor, calmo, sem correria. Não foi uma beleza e está longe de sê-lo, mas soube aproveitar as oportunidades, jogando da forma como tinha que jogar contra um time que veio para ganhar.

Trabalho de formiga, de água em pedra, que tanto bateu até furar. E foi justamente numa furada da zaga que Adriano marcou o primeiro. O segundo, depois da expulsão do jogador uruguaio, parecia ser só questão de tempo, mas por um momento o Nacional foi mais time e perigou sair classificado. Mas vencer o Tricolor em casa, embalado por sua linda torcida que cantou o jogo todo, não é pra qualquer um.

Aos 44 do segundo tempo Dagoberto sacramentou a vitória, acabando com o jejum de seis meses e mostrando que as coisas podem melhorar para o time do Morumbi. E tudo isso sem o motorzinho Jorge Wagner em campo. Agora, meu amigo, é rumo ao título!

O Fluminense caminha a cada semana superando marcas históricas. Nunca tinha chegado às quartas da Libertadores e o 1×0 bastou para resolver. Por um momento parecia que as coisas não iam dar certo, mas a Fortuna sorriu para o time que, como o Fla, achou que tinha entrado classificado.

Thiago Neves funciona muito mais quando joga como atacante, e Renato Gaúcho não desprezou. Flu 1×0, segue firme e forte na competição. As quartas de final prometem, com duelo brasileiro e tricolor. Resta saber quem será mais time, e se a camisa e a tradição irão pesar.

O Santos, quem diria, vem comendo pelas beiradas. Leão parece que definiu a zaga depois da chegada de Fabão. Betão na lateral direita é até agora um improviso que deu certo, e o que o time perde em ofensividade ganha em proteção, aliviando a barra para Kleber mandar bala pelo lado esquerdo. Molina e Kleber Pereira continuam em ótima fase, e o Peixão sacramentou a passagem para as quartas após uma tranqüila vitória contra o freguês Cúcuta.

Pois é, camaradinhas, de cinco, três continuam firmes e fortes. Resta saber quem chegará vivo até o final, ainda mais agora que o Brasileirão está começando. As quartas pegarão fogo, com duelos nacionais imperdíveis, um Boca que agora ninguém segura, além de San Lorenzo, LDU, América e Atlas.

Há tempos a Libertadores não era tanta emoção!

Me despeço aqui ao som deles, Rolling Stones, com os singles de começo de carreira, belezinha que não sai da vitrola. Alguém sabia que a ABCKO lançou há um tempo atrás três caixas com os singles e EPs dos Stones, de 1963 a 1971? Vale a pena procurar…

Rapidinhas: não foi só Maracanazo que impressionou nessas oitavas. No Monumental de Nuñez, num dos duelos mais sensacionais da Libertadores, o San Lorenzo eliminou o River Plate na frente de mais de sessenta mil torcedores. Jogão! D’Alessandro e Placente orquestraram o levante rubro-negro pra cima dos millionarios de Falcão Garcia e “Loco” Abreu, que não conseguiram segurar a barra no segundo tempo. O San Lorenzo, em primeiro no Clausura e classificado para as quartas-de-final, ao contrário de um certo Galo mineiro, mostra o que um time deve fazer em ano de centenário. Monumentazo!