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Café com Leite: Valeu, mano!

Texto: Beto Almeida

Foto: Joel Silva/Folhapress

É isso aí, o técnico Mano Menezes saiu do Corinthians para virar funcionário da Globo, ops, técnico da seleção brasileira. Tudo bem, cada um com suas escolhas, é normal cometer erros na vida.

Quem se deu bem nessa história foi Adilson Batista, ex-técnico do Cruzeiro, que passa a comandar a equipe alvinegra nesta terça-feira. Ele tem uma ação trabalhista contra o Timão da ordem de R$500 mil, legal saber que o Todo-Poderoso não leva isso em conta na hora de contratar seus profissionais, exemplo que deveria ser seguido por toda empresa neste país tropical e abençoado por Deus.

Taí: acho que o escrete corinthiano só tem a ganhar com o novo técnico. Gosto do estilo dele de querer jogar pra frente e mantendo a posse de bola. O Mano é bom técnico, ganhou a Copa do Brasil, Paulista, etc. e tal, mas bastava o time marcar um gol pra botar a equipe na retranca.

É Mano, teu ciclo no Timão acabou, obrigado.

E teu jogo de despedida foi ontem contra os campineiros do Guarani. Nada mais justo que encerrar tua história no Timão com uma vitória e o retorno à liderança do Campeonato Brasileiro, tchê.

Pois é galera, o Fluzinho do quase-técnico da seleção Muricy Ramalho pisou na bola e empatou com o Botafogo no Engenhão. Caiu pro segundo lugar. Merecido. Retomamos o que era nosso por direito e destino e as armas de Jorge.

Mas vamos falar do jogo com o Guarani, né? O Todo-Poderoso começou arrasador, logo no primeiro minuto abriu o marcador com um gol de Jorge Henrique. Alegria no Pacaembu que contava com trinta mil fiéis, entre eles minha amiga Karen Bachega, cuja presença deixou o espetáculo mais bonito.

O domínio do Corinthians foi tão avassalador nos primeiros vinte minutos que poderíamos ter matado a partida no primeiro tempo mesmo. Mas, não… O Timão sempre tem que deixar o adversário empatar o jogo, sabe, pra dar aquela emoção.

E o empate veio no segundo tempo com gol de Mazola aos dezoito minutos.

Pronto, assim que o Bugre conseguiu o empate o Corinthians acordou novamente. Daí que Dentinho foi expulso num lance onde cabia o cartão amarelo, o juizão pra compensar a besteira expulsou um do Guarani também. A regra é clara nesses casos.

Empurrado pela torcida, o time corinthiano chegou ao segundo gol numa cobrança de falta de Bruno César – o garoto joga muito e merece um lugar na nova seleção brasileira. Viu, Mano?

Só pra deixar tudo mais tranqüilo pro nosso lado, o sósia do Tevez fez mais um de cabeça, num cruzamento do Rei, Roberto Carlos. 3 x 1, pra fechar a conta e passar a régua, como dizem na padaria onde tomo meu café matinal e tardal.

Aí foi aquela festa, o Mano fazendo a volta olímpica com os jogadores e sendo ovacionado pela torcida. Valeu, Mano. Você mandou bem.

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Café com Leite: Duracell


Texto: Beto Almeida

Fotos: UOL

Caramba, o Corinthians não perde a mania de dar uma força pros lanternas, parece pilha alcalina. A secadeira dos torcedores rivais foi monstro e o Atlético Goianiense levou de 3 a 1 o jogo contra o Todo-Poderoso.

Também, a tragédia já estava anunciada: a semana inteira a imprensa esportiva falando da provável ida de Mano Menezes para a seleção brasileira. Pô, o cara tava com a cabeça inchada de tanto blá-blá-blá, como ia se concentrar em dirigir o time nesta partida?

Fato é que o Mais Querido começou melhor a partida, tocando a bola e jogando bonito. O alvinegro perdeu inúmeras chances de abrir o marcador, mesmo porque o time goiano não é o último colocado à toa.

Aí me vai o Chicão querer sair jogando como se fosse o Falcão… Claro que perdeu a bola, possibilitando um contra-ataque (ainda tem hífen?) pro Atlético-GO. Júlio César derruba Rodrigo Tiui na área, é pênalti.

Chicão – guarde esse nome, vai aparecer novamente no texto.

Robston bate e marca pro Atlético.

Beleza, é tradição sofrer, o coração agüenta, vamuquevamu, pra cima dos caras que tá fácil. E tava mesmo, conseguimos o empate logo depois numa bela trama do ataque corinthiano. Bruno César faz cruzamento que Danilo escora de cabeça para Iarley fuzilar para o gol. É noise.

Danilo – guarde esse nome, vai aparecer novamente no texto.

Acaba o primeiro tempo. Volto daqui a 15 minutos.

Um…

Dois…

Três…

Quatro…

Cinco…

Seis…

Sete…

Oito…

Nove…

Dez…

Onze…

Doze…

Treze…

Quatorze…

Quinze.

Beleza, tamu de volta e os dois times voltam pro segundo tempo. Quer dizer, só os goianos voltaram, porque o Todo-Poderoso parece que ficou no vestiário. A gente voltou jogando como se fosse o Santos. Ou o São Paulo. Ou, blargh!, o Palmeiras.

Lembra do Danilo? É aqui que volto a falar dele. Tá certo, o cara veio do Japão, tudo bem, o lugar é do outro lado do mundo. Mas ele é o maior caso já registrado de jetlag da história. A figura simplesmente ainda não acordou.

Daí que vai me cruzar uma bola pro outro lado do campo, chuta no juiz. É claro que perde ela na volta, contra-ataque dos goianos de novo, pegando nossa defesa desarrumada, pimba!, 2 x 1 e a segunda maior torcida do Brasil (a anti-corinthiana) comemora ensandecida.

É aquilo, corinthiano sofre e tal…

Bola pra frente, vamos virar a bagaça. Aqui é Coríntia!, já dizia um general grego, nas batalhas e no cinema também. Ou era algo parecido com isso.

Daí que Iarley é derrubado na área do adversário. O juiz marca o pênalti. É noise.

Lembra do Chicão? É aqui que volto a falar dele. Não satisfeito em ter feito a cagada no primeiro gol do Atlético, me atrasa a bola pro goleiro quando cobra o pênalti. Valeu.

Mano… Vaipra seleção. Quem é que coloca Chicão pra bater pênalti quando tem Roberto Carlos no time?

A segunda maior torcida do Brasil comemorou, e comemorou novamente quando o Atlético Goianiense fez o terceiro gol, encerrando a partida e acabando com a nossa invencibilidade. Enquanto isso, a maior torcida do Brasil ia dormir com a cabeça um pouco mais quente, nem tanto, talvez só uma coceirinha. A gente ainda é líder da bagaça, seus secadores dugarai!

Agora o Timão pega o Guarani no domingo, ou no sábado, sei lá. Mas não me arrisco a fazer previsões. Dá zica.

Café com Leite: Invictus

Texto: Beto Almeida

Fotos: UOL

Issoaí galera, acabou a Copa do Mundo, tudo volta como dantes no quartel de Abrantes e a bola volta a rolar no Brasileirão, apelido carinhoso e aumentativo do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A volta do Timão aconteceu na noite de quarta-feira passada contra o Ceará lá em Fortaleza, por motivos de força maior e menor não pude escrever a coluna. Mas o jogo que terminou num empate de zeros dispensou comentários mesmo.

Então falemos do jogo de ontem, que rolou no Pacaembu e cujo adversário foi, nada mais, nada menos, que o Atlético Mineiro, uai. O time dos comedores de queijo veio desfalcado de Diego Tardelli, artilheiro da equipe dirigida por Wanderley Luxemburgo. O que não quer dizer muita coisa, tanto o desfalque como o comandante da equipe.

Logo antes de começar a partida percebe-se que a Copa 2010 me deixou marcas indeléveis no coração: a bola do Brasileirão é FEIA bagarai! Saudades da Jabulani, que todo mundo reclamava, mas era linda.

Falando em beleza: Lari Riquelme, donde estás que me olvidaste?

Ah, Copa do Mundo… Eu que não olvidei você. Nem da África do Sul, terra linda dum povo massacrado pelo apartheid, mancha na história da humanidade que sempre foi desumana com os carentes e oprimidos.

E a África do Sul me faz lembrar do filme “Invictus”, dirigido por Clint Eastwood e com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela. O filme conta a história da seleção sul-africana de rúgbi que, logo após o fim do apartheid, venceu a Campeonato Mundial de forma invicta. Daí o nome do filme, é óbvio.

Como é óbvio que escrevi todo esse intróito só pra dizer que o Todo-Poderoso é o único invicto do Brasileirão, aleluia! E sempre vencendo em casa, que beleza!

É agora que recebo o prêmio Pulitzer por escrever uma matéria jornalística de forma tão original.

Aprendam cronistas esportivos de cérebro mais diminuto que um polvo, aprendam colunistas e repórteres de revistas e jornais e Internet, é assim que se faz: tudo começa por ler vários e bons livros, seus babacas.

Depois deste humilde conselho aos profissionais da imprensa nacional, zeladora do prédio onde moram a verdade e justiça verde-amarela, aquele prédio onde o carteiro nunca consegue achar o endereço, voltamos a falar do jogo.

Que começou com um Corinthians arrasador, trocando passes tal qual a seleção espanhola: uma Fúria alvinegra. E foi assim que logo no primeiro minuto Dentinho sofre pênalti.

Chicão, nosso capitão e batedor oficial de penalidades, chutou pra fora. Tá vendo como a Jabulani faz falta?

Tudo bem, corintiano tem de sofrer mesmo, questão de DNA. E durante os primeiros 15 minutos do primeiro tempo, só deu a gente. Depois os mineirim até que igualaram as ações dentro de campo, mandaram uma bola no travessão num lance esquisito onde a bola feia bateu na coxa dum jogador atleticano e encobriu o goleiro.

O primeiro tempo terminou assim.

As duas equipes voltaram para o segundo tempo com mudanças: no Corinthians, Jorge Henrique substituiu Iarley, que estava devagar. No Atlético, Fabiano substituiu João Paulo, que sei lá.

E tal qual no primeiro tempo o Todo-Poderoso se impõe na partida, com um toque de bola refinado e de muita movimentação, porém falhando muito nas finalizações. Bruno César era o destaque do match, chutando muito de fora da área. Tava na cara que o gol corintiano era só uma questão de tempo.

Aos onze minutos Luxemburgo fez a alteração que iria determinar o resultado da partida: colocou Diego Souza em campo, no lugar de Neto Beirola. A entrada do pé-frio, o Mick Jagger do Parque Antártica, ex-jogador palmeirense, portanto, acostumado a derrotas, foi a chama que incendiou o ânimo alvinegro.

E foi com Bruno César, num chute de longe que desviou num zagueiro do Galo, que o Timão abriu o marcador. Mais não precisava, seguramos o 1 x 0 até o final. Três pontinhos, liderança isolada e tal.

Pra completar a alegria deste que te escreve, leitor, só o faz-me rir habitual que o desempenho dos rivais proporciona: o Verdinho é aquilo, leva o pau de sempre; o Tricocô ainda acha que Fernandão é craque; e Sardinha é bom de se comer na praia mesmo.

Agora é pegar o lanterna em Goiás. Mais três pontos garantidos.

Café com Leite na Copa: Uruguai e Gana

Texto: Beto Almeida
Foto: Roberto Schmidt/AFP

Conheci Montevidéu tempos atrás, não me recordo o ano exato e não me importa. Eu era outro, minha vida era outra, tudo bem. Eu mudei, mas a capital uruguaia parece não ter essa capacidade – tudo lá parece antiquado. É como se a cidade recusasse ser corrompida pelos novos tempos, lá não há grandes edifícios envidraçados, sequer um engarrafamento. Na rua as pessoas não andam com pressa, mas com calma, e adoram tomar mate. Há lojas de mate por todos os cantos, e livrarias! Muitas livrarias, e parques. Tudo meio gasto pelo tempo. Se fosse definir Montevidéu me ocorre afirmar que é uma cidade que não tem medo de envelhecer. Aquela mulher madura, segura de si e da sua experiência, a face marcada por rugas que as tornam mais bela. Você acorda ao lado dela e sabe que a ama de verdade. Nada mais diferente de São Paulo, aquela coroa que faz lipo, botox e tem uma cara de plástico – você acorda ao lado dela e tem vontade de ir embora o mais rápido possível.

Por isso sou torcedor da Celeste – uma seleção que brilhou muito no passado e que parece não ter se adaptado ao futebol atual – de força física, eficiência tática, pragmático e profissional. Passaram por uma ditadura que dizimou uma geração, estavam atordoados demais para se dar conta que o mundo se tornou uma imensa Chinatown onde se vende de tudo, corações e mentes e um pedaço do Céu por 10% do salário de um homem comum ou de um astro do futebol. Questão de valores, e os uruguaios têm lá os deles.

Claro estava que a partida com Gana seria um épico trágico, o Uruguai é o Corinthians da Copa do Mundo. Seus torcedores iriam sofrer até o último minuto, são românticos. O futebol imita a vida, seus castigos e dores e alegrias. Tomaram o primeiro golpe, um gol de Muntari no fim do primeiro tempo – não desistiram. Voltaram com garra, dispostos a superar o revés. Conseguiram o empate e foram melhores durante todo o segundo tempo – mas não conseguiram a virada merecida, indo para a prorrogação. Haja nervos, coração bate mais forte, o sangue ruboriza em nossos rostos apreensivos.

E, no final da prorrogação, quando tudo parecia decidido, o golpe do destino: numa cabeçada dum jogador africano a bola que vai ao gol, impedida pela mão de um jogador de linha uruguaio num ato desesperado que pode ser a redenção de todo um país – um jogador que se dirige chorando ao vestiário, expulso de campo. O futebol também demanda seus mártires.

Mas o Destino quer que a vitória venha assim, cruel: o melhor jogador de Gana põe a bola na marca da cal, toma distância, corre e chuta – um petardo que explode no travessão, cuias de mate são jogadas aos ventos, gritos saem das gargantas, ainda há esperança. Aguante, Celeste!

Cinco jogadores de cada lado são escolhidos para o pelotão de fuzilamento – a tarefa mais inglória deste esporte, todos são vítimas da Sorte. Penâltis deviam ser cobrados por poetas. Eles compreendem mais as aflições humanas.

E os uruguaios, repito, são uns românticos… Antiquados, botaram o coração na ponta das chuteiras – expressão em desuso, que só eles diriam sem constragimento.

Venceram.

Café com Leite na Copa: Japão x Paraguai

Texto: Beto Almeida
Fotos: Marca.com

Pois é, senhoras e senhores, eis que Japão e Paraguai fizeram o jogo mais feio das oitavas de final desta que é a maior Copa de todos os tempos, segundo João Paulo Tozo, colega feroz deste blog futebolístico, que será superada daqui a quatro anos pelo megaevento a ser realizado em nossas terras, pois está na hora desta gente bronzeada mostrar seu valor.

Já que o jogo estava ruim de se ver, nada melhor que voltar os olhos para a festa da torcida paraguaia, reunida em Assunção na comunhão das massas, mandando aquela energia positiva para sua equipe superar os nipônicos e conseguir a classificação para a próxima fase, feito inédito para a pátria dos piratas.

Meus caros leitores e, por que não?, leitoras (também as tenho), não dá pra negar que nossos vizinhos fizeram bonito. Pra começar, nada melhor que soprar a vuvuzela, que descobri ter um som harmonioso e delicado quando tocado pelos lábios certos.

O jogo começa equilibrado, com muita marcação no meio de campo, até que o time japonês acerta uma bola no travessão do goleiro paraguaio. Aquele lance de levantar da cadeira de tanta emoção! Nessas horas sempre é bom deixar o celular em um lugar seguro pra não cair no chão!

Nada como dançar uma guarânia no intervalo do jogo. Pra dar aquela relaxada.

O segundo tempo começa, o tempo corre e as duas equipes não conseguem furar as redes. O Paraguai foi mais agressivo, o Japão soube segurar o empate. Vamos para a prorrogação, claro que o placar permaneceu inalterado. O match vai ser decidido nos penâltis. Momento de tensão!

É amigo, penâlti é loteria, já dizia alguém. E aí quem se deu mal foram os nipônicos, que não abriram o olho e acertaram uma bomba na trave. Alegria do Paraguai! O coração explode, parece querer saltar para fora do peito! É muita emoção!

Sim, comprei minha passagem pra Assunção. A torcida me conquistou.