Arquivo da categoria: Ferozes Musical Clube

Colaboradores musicais trazem as últimas novidades e os lançamentos musicais pelo mundo.

Micareta do Rock!

Desde o dia em que anunciaram as atrações que se apresentariam na quarta edição do Rock in Rio em terras brasileiras, e que chegou ao seu fim na madrugada da última segunda-feira, sabíamos que as novidades não seriam tão novas assim.

Isso porque Roberto Medina e sua trupe, sempre levam ao extremo a máxima futebolística de que em time que está ganhando não se mexe e escalam para o festival, seja por aqui, Lisboa ou Madri, por onde já passaram, um balaio de gatos sem tamanho de bandas, cantores e coletivos musicais.

O que acaba transformando o evento numa grande estação popular de rádio FM ao ar livre, e que diferente do que o nome sugere, não é nada segmentada, tem para todos os gostos e para todos os paladares.

E nessa última edição, a coisa não foi diferente, foram escalados os expoentes dos mais diversos gêneros musicais,  expoentes, diga-se de passagem, que não são tão novos assim, e que além de velhos, algumas delas não passaram de cópias de si mesmas.

Foi deprimente ver duas veteranas bandas nacionais, Paralamas do Sucesso e Titãs, com a ajuda da mais nova queridinha da MPB Maria Gadú, fazendo um show que parecia ser só por obrigação, de tão fraco e sem vontade que foi.

E a idéia desse Palco Sunset parece que não vingou. O local onde aconteceriam os shows menores, era a de promover encontros. A escalação previa que duas bandas se juntassem no palco para gerar, por meio de uma parceria, shows exclusivos e inovadores.

Só que faltou avisar aos músicos que aceitaram o desafio da organização. Ao longo do festival, o que mais aconteceu foi o revezamento entre as bandas “parceiras”, que faziam shows separadamente, como aconteceu com os parceiros de outrora Tom Zé e Mutantes.

Outro fenômeno que se pode observar em todos os dias em que o festival rolou, e não se sabe ao certo se a pedido dos produtores, foi o número exagerado de versões que quase todas as bandas “presentearam” a platéia.

Poucas delas foram classe, como as do Stevie Wonder, que interpretou How Sweet It Is do Marvin Gaye e Garota de Ipanema do Tom Jobim, e também a versão que Janelle Monáe fez para o I Want You Back dos Jackson 5.

Muitas delas pareciam ser apenas uma carta na manga para ganhar o público. Qualquer gesto de descontentamento ou ameaça de vaias, os artistas sacavam uma cover da cartola. Ai o que se viu foi a Pitty tocando um Nirvana daqui, a Banda Gloria fazendo uma versão do Pantera ali, e até a Claudia Leitte, que dias depois da sua apresentação comparou os roqueiros a um certo ditador nazista, utilizando-se de um Led Zeppelin acolá.

Nunca na história desse pais um grito de qualquer show de rock que se preze foi tão presente e acatado, como nessa edição do Rock in Rio. O “toca Raul”, foi um dos mais gritados e prontamente executado por várias atrações.

No final da história acabaram ganhando os times dos Medinas e também dos fãs, que não medem esforços para verem seus ídolos e querem se divertir a qualquer custo, mesmo que a sua atração favorita não esteja em uma tarde ou noite das mais inspiradas.

Mas quem ganhou mesmo foi a turma do metal, que tecnicamente tiveram os melhores shows. Bandas como o Slipknot, System of a Down, Motörhead e Sepultura deram espetáculos que agradaram até mesmo quem não aprecia esse gênero musical.

Mas para que fazer um Metal in Rio, quando se pode fazer uma Micareta do Rock e faturar mais, bem mais? 

Não há algo mais rock que um mosh

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8vlyDATbNKs&feature=related[/youtube]

Maior que o sol!

Uma frase martelou minha cabeça depois da noite deste sábado, a do ator Mario Lago, que um dia declarou, que havia feito um acordo com o tempo “nem ele me persegue, nem eu fujo dele, qualquer dia a gente se encontra e dessa forma, vou vivendo intensamente cada momento”.

Martelou, porque de certa forma eu, mesmo não tendo feito nenhum trato, acabei me encontrando com o tempo, mais especificamente o de 1991, ano em que foram lançados discos que apontariam os novos caminhos musicais e que dificilmente serão superados. Duas dessas obras primas são cultuadas até hoje. O Nevermind do Nirvana e o Screamadelica do Primal Scream.

E se na semana em que o disco da banda de Aberdeen estava completando 20 anos, o festejo ficou somente nas boas lembranças, a celebração do disco do grupo escocês, liderado pelo ex baterista do Jesus and Mary Chain, foi totalmente literal e mágica.

Na sua terceira apresentação por aqui deu para se notar um Bobby Gillespie bem emocionado e feliz, liderando uma banda em que todos estavam numa mesma sintonia e que desempenharam com primor quase todas as faixas desse extraordinário álbum. Somente Shine Like Stars ficou de fora, e ainda brindou um público, também muito emocionado, com músicas de outros discos.

Não sei ao certo quantas backing vocals foram utilizadas nas gravações do Screamadelica. Para a apresentaçãoem São Paulo veio somente uma e não era preciso mais, com uma voz potente e poderosa ela foi um show a parte e coloca fácil muitas das nossas cantoras, que acham que cantam, no chinelo.

Outros destaques vão para o guitarrista Andrew Innes, responsável pelos wah wahs e os samplers que são essenciais nas músicas desse disco e do lendário Mani, ex Stone Roses, que mesmo se estivesse parado em frente ao palco já seria mais uma atração.

Num HSBC cheio mas não lotado, o que se viu na platéia foi uma mistura de sentimentos bons. De marmanjos chorando, de pessoas dançando como se não houvesse amanhã e das habituais air guitars. Platéia essa que foi chamada de fantástica pelo Bobby.

Fantástico é você senhor Gillespie, que já havia nos presenteado com um maravilhoso disco e não bastasse isso, volta e nos presenteia de novo, com um dos melhores shows das nossas vidas.

Set List

Movin’ on Up
Slip Inside This House
Don’t Fight It, Feel It
Damaged
I’m Comin’ Down
Inner Flight
Higher Than the Sun
Loaded
Come Together

Bis

Country Girl
Jailbird
Rocks

Foto: Renato Malizia

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=wWBCdwDCqxA[/youtube]

 

O NATAL DO SHE & HIM

Se você gosta de fofuras natalinas, a trilha sonora do seu 25 de dezembro já tem nome – A Very She & Him Christmas”, disco natalino recém anunciado, ainda não lançado, da “fofura” em pessoa Zooey Deschannel e de seu parceiro M. Ward.

No link abaixo você confere o duo mandando “Have yourself a merry little christmas”, no backstage do Programa de Conan O´Brien, com o próprio apresentador participando.

http://video.teamcoco.com/video/conan.jsp?oid=237459&eref=sharethisUrl

A previsão de lançamento é 25 de outubro. Um disco natalino lançado em pleno Halloween, instigante.

O She & Him já tem dois trabalhos lançados, “Volume One”, de 2008 e “Volume Two”, de 2010. O 1º dos dois volumes é o predileto deste feroz que lhes direciona a palavra, mas o trabalho da dupla como um todo passa no crivo e recebe o carimbo FFC de Qualidade.

Confira a tracklist de “A Very She & Him Christmas”

01. The Christmas Waltz
02. Christmas Day
03. Have Yourself a Merry Little Christmas
04. I’ll Be Home for Christmas
05. Christmas Wish
06. Sleigh Ride
07. Rockin’ Around the Christmas Tree
08. Silver Bells
09. Baby, It’s Cold Outside
10. Blue Christmas
11. Little Saint Nick
12. The Christmas Song

Na mesma noite do vídeo anterior, o S & H tocou, já no palco do programa, uma versão do clássico “I Put Spell On You”, de Jay Hawkins e ficou bem legal.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Nc-mWT2a7zU[/youtube]

Merry Christmas,

Hoje Johnny vai cantar…

Uma das versões para a capa.

Quem gosta de Raul Seixas deve saber que o cantor chegou a ser produtor de discos na CBS, chegando a produzir e compor sucessos de artistas como Jerry Adriani, entre outros (é de autoria dele “Doce doce amor”, sucesso de Jerry, por exemplo). O que poucos devem saber é que há um destes discos que permaneceu inédito por muitos anos, tendo sido lançado somente 25 anos após sua gravação. Trata-se de “Vida e obra de Johnny McCartney”, gravado entre 1970 e 1971, do cantor Leno.

Gileno Azevedo é um cantor que fez sucesso na Jovem Guarda, formando dupla com Lilian Knapp. Em 1970, com a dupla já desfeita, resolveu gravar este “Vida e obra…”, dividindo composições e a produção com Raulzito. Para tal, convocou o grupo A Bolha como banda de apoio, além de contar com nomes de peso como Renato e Paulo César Barros (do Renato e seus Blue Caps), os Golden Boys e o próprio Raul fazendo algumas vozes (a mais notória é um “évéribódi” em “Sr. Imposto de Renda”).

A capa do disco lançado em 1995.

Ao que parece, o tom irônico-político desagradou profundamente a censura, que vetou praticamente metade do disco. Assim, a CBS achou por bem arquivar o projeto, que só viu a luz do dia em 1995, por obra de Marcelo Fróes, jornalista e pesquisador carioca.

Para saber mais, vale uma lida nos artigos:

http://www.osarmenios.com.br/2006/08/a-vida-e-obra-de-johnny-mccartney-e-as-aventuras-de-raul-seixas-na-sociedade-da-gra-ordem-kavernista/

http://www.osarmenios.com.br/2009/03/leno-%E2%80%9Cvida-e-obra-de-johnny-mccartney%E2%80%9D-e-relancado-nos-eua/

http://brnuggets.blogspot.com/2007/04/download-faixas-01.html

Aqui, faço um faixa-a-faixa, com algumas amostras de músicas via youtube:

 1.                 Johnny McCartney

Puro rock and roll, tem letra em primeira pessoa, falando sobre alguém que almeja o sucesso, inclusive dizendo “na casa do Roberto eu vou jantar”. Apresenta o personagem-tema do disco. Parceria de Leno e Raulzito.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yrgREuZxS8g&feature=related[/youtube]

 2.                 Por que não?

 Composição de Leno. Faz referência direta (leia-se “plagia”) “All right now”, do Free.

 3.                 Lady baby

 Tem um quê de Beatles em sua fase psicodélica. De Raulzito e Carlos Augusto.

 4.                 Sentado no arco-íris

 Mais uma que investe no som pesado, tipo hard-rock setentista, com letra que fala em buscar em vão saber aonde Deus está. Outra parceria de Leno e Raul.

 5.                 Pobre do rei

 Balada, remete a uma história infantil, “o rei que não sabia de nada”, acrescentando algumas passagens mais picantes ou irônicas, como o trecho “ver a gente amando na grama”. Obviamente, a censura enxergou sacanagem e vetou. Composta por Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle.

 6.                 Sr. Imposto de Renda

 Minha predileta, atual até hoje, tem cara de improviso, diversão. Reproduzo a letra desta:

“Sr. Imposto de Renda
Que renda o Sr. tem me imposto!
Em cada posto que eu passo
O Sr. quer que eu me renda

Sr. Imposto de Renda
Eu me rendo ao seu imposto
Sr. Imposto de Renda
Eu me rendo a seu imposto”

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Ke5sadSw078[/youtube]

 7.                 Peguei uma Apollo

 Composta por Arnaldo Brandão (sim, aquele que posteriormente teve o grupo Hanói Hanói, lembram-se?). Rock and roll básico.

 8.                 Não há lei em Grilo City

 De Leno, um country-rock. A letra metafórica usa referências de faroeste.

 9.                 Convite para Ângela

Outra parceria do cantor com Raulzito, é curta. Curiosidade: anos depois, Raul usou a mesma melodia na composição de “Sapato36”, sem dar crédito a Leno.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=tCxU0a1-J5Q&feature=related[/youtube]

 10.             Deixo o tempo me levar

 Bela balada de Leno com arranjo orquestral e backing vocals dos Golden Boys.

 11.             Contatos urbanos

 Composição de Ian Guest, tem vocais do Trio Ternura. Fala de um flerte em um semáforo.

 12.             Bis

 A mais pop do disco, de Leno e Raul, com refrão pegajoso, em que inventa o verbo “bisar” (de dar bis): “Oh fica / O show não terminou / Pra gente nunca é tarde, pense bem, mas bisa comigo”. Emenda com um pequeno trecho de “Johnny McCartney” fechando o disco.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Z3qdmv02W8M&feature=related[/youtube]

Recentemente, Leno gravou um novo disco, com algumas destas e mais outras parcerias com Raul. Está disponível para audição na página do cantor: http://www.leno.com.br/index.html

A química nossa de cada dia

A história da fita é manjada, mas é curiosa
A história contada não é nada mais que uma viagem completamente inverossímil. Mas é um bom pretexto para apresentar “Everyday Chemistry”, coleção de mashups de canções das carreiras-solo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, compiladas como se fossem gravações inéditas dos Beatles. Segundo nos conta o sujeito que adota o nome fictício de James Richards, ele passeava de carro pelo deserto com seu cão. Ao fazer uma parada no acostamento, acaba sofrendo um acidente, pisando em falso no que parecia ser uma toca de coelho e batendo a cabeça. Segundo ele, acorda em uma casa, para onde foi levado por um homem que diz se chamar Jonas, e que diz viver em um mundo paralelo. Pra encurtar esta história, neste mundo paralelo, os Beatles ainda tocam juntos. Inclusive George e John estão vivos. Jonas mostra a ele gravações “inéditas” do quarteto. Impedido pelo tal sujeito de outra dimensão a levar a fita, Richards acaba surrupiando uma delas. De volta ao mundo real, apresenta então esta gravação através do site “The Beatles Never Broke Up“, além de contar a absurda história. Enfim…
Trazendo a história para o mundo real (de verdade), o tal “Everyday Chemistry” não parece eficaz em mostrar uma hipótese do que poderia vir a ser um disco dos Beatles se eles continuassem juntos. Principalmente pela bateria eletrônica que permeia as gravações, o que talvez fosse necessário para fazer com que as colagens ficassem coesas. Como curiosidade, é extremamente interessante. Mas é só. Pra quem deseja conhecer, basta baixar o álbum completo aqui. De cara, logo na primeira canção, “Four Guys”, dá pra sacar as misturas de canções da carreira-solo de Paul McCartney (maioria no disco), principalmente “Band on the run”.
Seja como for, vale conhecer.

Veja aqui “Four Guys”:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=OSoW78BdjHY&feature=related[/youtube]